quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Inquietos


Restless
(EUA, 2011). De Gus Van Sant. Com Henry Hopper, Mia Wasikowska e Ryo Kase. 

Qual a melhor maneira de lidar com a morte? Na dúvida desta pergunta, quantas as pessoas simplesmente ignoram que a morte existe, justamente para não ter que lidar com ela? Se é difícil para adultos se acostumarem  com a ideia de morrer ou perder um ente querido, um jovem pensar nessa possibilidade é mais inaceitável ainda. Porque, com o tanto de vida que supostamente têm à frente para desfrutar, não faz sentido para os jovens pensar na morte. No entanto, ela existe. Então, qual a melhor maneira de lidar com a morte? É esse conjunto de ideias que Gus Van Sant coloca em “Inquietos”, acrescentando uma pitada de romance com todo o frescor de jovens e promissores atores. 

Enoch é um rapaz que perdeu os pais em um acidente de carro e não frequenta nenhuma escola. Desde o acidente, ele passou a enxergar o fantasma de Hiroshi, um piloto japonês que morreu na Segunda Guerra Mundial. Para passar o tempo, Enoch desenvolveu um hobby: acompanhar os velórios de gente desconhecida e analisá-los. Em um deles, conhece Annabel, uma garota incomum, mas que o chamou a atenção desde o princípio, justamente pela curiosidade em saber o porquê de ele visitar os funerais. Os dois se aproximam e Annabel revela que é uma paciente com câncer terminal. Apesar da gravidade da situação, a garota não se abala nem um pouco e vai levando a sua vida da melhor maneira possível. Enoch cada vez se aproxima mais da garota e tenta não deixar que a doença o abale, mesmo que ele saiba como a história irá terminar.

 

Ao longo de seus trabalhos, Gus Van Sant captou a alma dos jovens de diversas maneiras, mas sempre de maneira incomum. É muito improvável que vejamos retratados em um de seus filmes alguns dos fãs histéricos de Justin Bieber. Os jovens de seus filmes são maduros e, embora confusos com essa fase de suas vidas, esperam evoluir, encontrar um sentido na vida e buscar a felicidade, não importa o preço. Mesmo os perturbados de “Elefante” demonstraram isso. Com Annabel e Enoch não é diferente. A forma com que os personagens encaram a vida (e a morte) faz o espectador refletir involuntariamente. 

A atmosfera leve do filme quase não deixa transparecer que se trata de uma história sobre uma garota com câncer terminal, tamanha é a sutileza. No fim, o que salta é o romance dos protagonistas e o drama de Enoch, vivido por Henry Hopper, filho do ator Dennis Hopper, falecido no ano passado. A história comove, mas nem por isso podemos dizer que ela seja triste. Essa é a missão de Annabel, personagem da sensacional Mia Wasikowska. Mostrar que não existe apenas tristeza na morte, o importante é encará-la como o processo natural que espera todos os seres humanos. 

“Inquietos” é um filme brilhante, com excelente roteiro, fotografia, trilha sonora e um figurino muito charmoso. Gus Van Sant acerta em cheio mais uma vez. O diretor de “Paranoid Park” e “Gênio Indomável” mostra mais uma vez que conhece este universo e consegue contar uma história que emana beleza a cada quadro. Provavelmente, será um dos nomes figurando nas listas para o Oscar em 2012.

Nota: 10

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A Saga Crepúsculo: Amanhecer - Parte 1


The Twilight Saga: Breaking Dawn – Part 1
(EUA, 2011) De Bill Condon. Com Robert Pattinson, Kristen Stewart, Taylor Lautner, Billy Burke, Sarah Clarke, Kellan Lutz, Ashley Greene, Jackson Rathborne, Nikki Reed e Peter Facinelli.

Então. Estou pisando em um território complicado para escrever a crítica de “Amanhecer”. Para isso, revi todas as minhas críticas dos filmes anteriores, assisti ao filme duas vezes, li críticas de diversos lugares do mundo e fiz uma análise interna. E agora, escrevendo esse parágrafo de apresentação, estou percebendo que estúpida foi toda essa preparação! Porque, vamos lá, “Amanhecer” não é o melhor filme do ano, muito menos da história do cinema. É claro, bateu recordes de bilheteria, inclusive no Brasil e isso conta muito. A grande maioria esmagadora torceu o nariz para o longa metragem, mas se esqueceu de uma coisa: os fãs. Será que, depois do primeiro “Crepúsculo”, alguém tem alguma pretensão de achar que a Summit Entertainment fez uma “saga” inteira para leigos no assunto? São os fãs que lotaram o cinema – os dos livros e os dos filmes. Esses sim elegeram “Amanhecer” como o filme do ano e como o melhor da saga até agora. Então eu pergunto: adianta criticar “Amanhecer” se ele cumpre tão bem o seu objetivo inicial, entreter os fãs? Sim, adianta. 

Na primeira parte do desfecho da saga, Bella e Edward se casam, uma vez que essa era a condição para que ele a transformasse em vampira. O amigo lobisomem Jacob não aceita a situação e foge, embora retorne logo depois, já que não consegue ficar com raiva de Bella. Os noivos viajam em lua de mel para o Rio de Janeiro, onde vivem tórridos momentos de romance (e outros nem tão tórridos assim). É nessa viagem que Bella acaba grávida, uma possibilidade que nem Edward nem ninguém sabia que era possível. Agora começa uma corrida contra o tempo, uma vez que a coisa no útero de Bella cresce muito rápido e está matando a garota. Enquanto isso, os lobos veem a gravidez como uma ameaça a humanidade e pretendem destruir, seja lá o que for. É nesse momento que Jacob enfrenta a sua matilha para defender Bella, que por sua vez conta com a ajuda da vampira Rosalie para que não machuquem o seu bebê.


Em frente aos outros três filmes anteriores (Crepúsculo, Lua Nova e Eclipse), a parte 1 de “Amanhecer” é meio parada. A ação só acontece mesmo do meio para o fim, mas isso não chega a comprometer a história, já que colocaram mais carga dramática e romântica na história de Edward e Bella, a gravidez inesperada, a despedida da família e da forma humana, a tristeza de Jacob ao deixar a matilha e tudo o mais. O problema principal por “Amanhecer” não funcionar melhor do que deveria está em um erro que não dá mais para reparar: Kristen Stewart! Por mais sem graça, apática e comum que Stephenie Meyer tenha imaginado Bella Swan, a atriz não poderia ter a deixado pior. É incrível a falta de expressão em momentos como gravidez, primeira vez, enjoos matinais da gravidez e qualquer outra sensação que a personagem experimente.

Robert Pattinson, depois de ter passado por trabalhos diferentes, como “Água para Elefantes”, parece ter encontrado um caminho mais maduro para Edward, embora esteja bem preguiçoso e confortável na posição de ídolo adolescente que não precisa se esforçar mais na composição do personagem. Embora, verdade seja dita, ele mostre perfeição nas falas em que Edward se comunica em português. Decorar ajuda, mas o português é uma língua difícil.

 Taylor Lautner, que ganhou  mais de destaque nesta primeira parte, mostra que está no caminho certo, mas precisa melhorar mais na atuação. Aliás, espectadores foram forçados a prestar atenção na atuação de Lautner, uma vez que Jacob Black só tira a camisa uma (01) vez no filme todo! Recorde absoluto para a franquia. Diante disso, é o elenco de apoio quem consegue tirar bons momentos do filme, com piadas, comentários engraçados e atitudes inusitadas, como o discurso do pai de Bella, Charlie Swan, no casamento da filha. 

Com um orçamento de US$ 127 milhões (MILHÕES!), o que proporcionou uma vinda ao Rio de Janeiro para gravar as cenas da lua de mel, “Amanhecer” deixou um detalhe básico de lado: a continuidade. Stephenie Meyer imaginou um vampiro que brilha no sol, contrariando toda a mitologia existente até hoje, mas, já que ela o criou assim, que assim seja. Então, porque raios em uma das cidades mais ensolaradas do mundo, Edward fica no sol o tempo todo e não emite um raio de luz? A ideia é esdrúxula, claro, mas ué, começou, então termina! 


 O mundo esperava mais de Bill Condon, é verdade. O diretor de “Kinsey” e “Dreamgirls” teve que trabalhar com uma série de exigências, entre elas a de manter cenas de sexo e violência dentro dos limites da classificação indicativa, justamente os elementos que dão mais pimenta ao livro. Porém, com o que tinha nas mãos, fez um filme satisfatório. “Amanhecer” não é o lixo que os críticos dizem que é, mas se mostra um filme água com açúcar demais para uma saga de vampiros e, convenhamos, muita gente não gosta disso. No fim das contas, acaba sendo um filme mais ou menos, com doses de romance e erotismo, um drama entorno de uma gravidez inesperada e uma pitada de ação no confronto com os lobisomens. Para os fãs, funciona claro. Mas podia ser bem mais.

Nota: 6,0 


Amanhecer: post complemento



Reli as minhas críticas de filmes anteriores. Exaltei “Crepúsculo”, que para mim é o melhor filme dos quatro produzidos. “Lua Nova” apresentou os lobisomens e deu certa continuidade ao primeiro. “Eclipse” derrapou sim em algumas coisas, mas não chega a ser tão ruim como eu havia dito aqui. Digo isso porque pode parecer muita contradição eu ter gostado tanto do primeiro filme e as minhas impressões irem decaindo ao longo das produções. Isso se dá porque, ao longo dos anos, a minha própria percepção com relação aos filmes e à escrita cinematográfica mudou. Minha ótica sobre o livro “Crepúsculo”, quando o li a primeira vez, é diferente de quando li “Amanhecer”. Apesar de gostar da leitura, nunca discordei que Stephenie Meyer escreve como uma adolescente. Apesar disso, a aura que ela cria nos personagens funcionou para inebriar esses mesmos adolescentes que ela almeja – coisa que eu mesmo era quando o primeiro livro foi lançado.

Já com os filmes, é diferente. É outra linguagem, mesmo que seja a mesma história. Cada diretor foi único em sua produção e sem dúvida imprimiu sua marca nos filmes. A Summit, de olho no dinheiro que eles iriam trazer, é que forçou a mão enchendo o filme de efeitos e elementos visuais (leia-se Taylor Lautner sem camisa) e esqueceu-se de acertar o roteiro. Confiou demais na legião de fãs e se apoiou na fama de arrasa-quarteirão para entregar histórias que melhoraram na qualidade, mas decaíram no conteúdo. E é assim que percebo a saga: uma saga acomodada em fãs. Claro, o fato de “Amanhecer” ser um tanto mais sem graça que os outros é culpa também do diretor. Embora a principal culpada mesmo seja Stephenie Meyer, que anos depois de escrever “Crepúsculo”, escreveu o desfecho da história de forma simplista, preguiçosa e ruim. Desfecho esse que o público vai esperar um ano para conferir nas telonas.

domingo, 20 de novembro de 2011

4 anos!!!!


Quando eu comecei a escrever este blog, eu utilizava um HTML limitado de uma versão bem antiga do Blogger, atualizado nos computadores gratuitos da faculdade e um banner no topo feito no paint. A evolução das coisas fez muitas mudanças no processo de como os textos são publicados. Blogs ganharam importância nunca antes vista na história da internet e passaram a ser “formadores de opinião” – ou seria “contribuintes” dessa formação? A única coisa que não mudou, claro, foi a paixão pelo cinema e a vontade de escrever. Tudo isso é compartilhado mundo a fora com outros blogueiros que, em quatro anos, também presenciaram mudanças tecnológicas, viram filmes passar num piscar de olhos e, claro, acompanharam a evolução deste que vos fala no desenvolvimento do Cinemarcos.

Por isso, chamei quatro pessoas para falar de tudo isso aí! Cinema, texto, internet, blogs, tecnologia e me ajudar a celebrar o aniversário de uma empreitada que começou há um tempo atrás, no coração e na mente de um calouro de jornalismo.



"Mesmo sendo o avô das redes sociais, os blogs são interativos, informais, pessoais e profissionais - tudo ao mesmo tempo. Como normalmente são feitos a partir de ferramentas simples de elaboração e publicação, os blogs usam a sua simplicidade para valorizar a informação e o debate acima de tudo. Para o blog não importa se há 125 maneiras diferentes de interagir com a página, se há um flash super desenvolvido fazendo a logomarca se movimentar, se há ferramentas em 3D aqui e acolá. Na verdade, poucos blogueiros sequer sabem como essas coisas funcionam. Para a grande maioria, o que importa é o conteúdo e a maneira como esse conteúdo é lido, reapropriado, debatido, comentado, replicado... E acredito que é exatamente isso - informação, debate e troca - que faz com que os blogs sejam ainda hoje uma das ferramentas mais importantes da internet e da forte cultura participativa que estamos vivendo".
Ariane Holzbach - doutoranda em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense e uma das autoras do site Clipestesia.

 "Essa paixão por escrever eu vejo como um aprendizado pra mim. Eu analiso a mim mesmo. Eu me identifico com o que vejo e, para isso, eu acabo refletindo muita coisa em minha vida. Eu gosto de me "encontrar" em histórias que idealizo no telão, é onde me sinto seguro. E falar de cinema sempre foi um hobbie pra mim, desde pequeno. Não vejo como uma obrigação. É um tesão, na realidade. É algo incondicional. Por isso dizem que cinema é magia. A criação do Apimentário foi um projeto pessoal mesmo, pois sempre tive o prazer em refletir abordagens sexuais através da Sétima Arte. Acho interessante a possibilidade de provocar o espectador através de análises sobre filmes temáticos, sensuais e até polêmicos".  
Cristiano Contreiras - jornalista, autor do blog Apimentário.

"Sempre gostei de cinema. Lembro o primeiro filme que assisti em uma telona. Foi O Rei Leão. Agora não me pergunte o ano... Mas foi há cerca de oito anos, em 2003, que eu me tornei um cinéfilo. Daí partir imediatamente para escrever sobre cinema porque me ajudava a fixar mais a minha opinião sobre os filmes. Comecei a ler e me interessar cada vez mais. Em 2005 ingressei pra faculdade de Jornalismo, me formei e hoje sou crítico amador. Vou ao cinema em média duas vezes por semana (em cabines para imprensa e como público) e escrevo sempre que possível, já que o tempo continua cada vez mais escasso. Não reclamo, pois estou em um momento de crescimento profissional e pessoal. Mas sempre que posso dou uma fugidinha para o cinema. E sempre que não posso ir, dou um jeito de assistir a um DVD ou à TV à cabo em casa mesmo. Um fato curioso da minha vida é que eu pedi a minha namorada em namoro durante uma sessão do filme A Vila, do polêmico diretor M. Night Shyamalan. Isso aconteceu há exatamente seis anos, dois meses e quatro dias. Isso rendeu bons frutos e hoje somos casados e ela também adora cinema."
Anderson Siqueira - jornalista, autor do blog Cinestesia 


Ver vários comentários em uma postagem... Acessar o Google Analytics e ver que seu blog é lido até fora do Brasil e que o número de acessos já ultrapassa as seis casas decimais... Receber vários RTs nos links que você twitta... Com tudo isso não falta é motivação em nós blogueiros para postar cada vez mais. Comecei meu "jornal virtual" ainda nos tempos da faculdade e já se vão quase quatro anos falando sobre música gospel, seja analisando CDs e DVDs ou fazendo cobertura de grandes eventos (o que é ainda mais motivador por poder sair da frente do PC e ir onde está a notícia). O reconhecimento é bom, mas o que realmente me motiva é poder desbravar a mata fechada que é o jornalismo gospel, algo ainda muito preso às denominações e que só vive do simples CTRL+C CTRL+V. Ao longo desse tempo, consegui ainda uma equipe sólida e interessada em fazer a diferença assim como eu. É isso que me motiva: minha paixão pela música, a vontade de informar sobre o que está acontecendo e fazer um jornalismo gospel sério. Dificuldades existem, mas poder escrever sobre o que a gente gosta e ainda poder contar com amigos (assim chamo meus colaboradores) é algo que não tem preço e me faz querer acordar, já pular pra frente do PC, digitar www.blogger.com e escrever até não poder mais. Afinal, blogueiro que é blogueiro tem que ser apaixonado pelo que faz.

Rafael Ramos - jornalista, criador e editor do site Gospel no Divã

Com tantas opiniões variadas, faço das palavras dos amigos as minhas palavras. E que venham mais quatro anos!!

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Reféns


 Trespass
(EUA, 2011) De Joel Schumacher. Com Nicolas Cage, Nicole Kidman, Cam Gigandet, Liana Liberato, Ben Meldelsohn e Jordana Spiro. 

Joel Schumacher, Nicolas Cage e Nicole Kidman. Cada um, a seu modo, precisa exorcizar os seus demônios. O primeiro é diretor de filmes variados que quase sempre são esquecíveis, apesar do sobrenome forte. Schumacher ganhou um fantasma bem ruim em suas produções depois do desastre que foi “Batman e Robin”, mas geralmente seus filmes têm uma recepção regular do público, como em “Por um Fio”, “O Fantasma da Ópera” e “Número 23”. Já Nicolas e Nicole tem uma história bem parecida: grandes astros de Hollywood, nomes de peso e respeitados em todo o mundo, mas que precisam dar uma reviravolta na carreira prejudicada por más escolhas.  Nicole Kidman até que deu um ‘chega pra lá’ na fase ruim, sendo até indicada ao Oscar recentemente por “Reencontrando a Felicidade”, Já no caso de Cage, a coisa é bem pior. Endividado e cheio de trabalhos medíocres no currículo, o astro veio decaindo ao longo da última década.  “Reféns” não chega a ser a redenção de nenhum deles e também deve entrar no rol de filmes esquecíveis de cada um.


O misterioso Kyle Miller mora numa casa luxuosa com a mulher Sarah e a filha Avery. Numa noite, a casa é invadida por um grupo de assaltantes que vem observando os passos de Kyle durante um tempo e estão em busca de diamantes e dinheiro que estariam escondidos na casa. A família é feita refém, mas as ações de Kyle em negar a entrega dos pertences complica toda a operação. Aos poucos, a natureza do assalto vai se mostrando mais complicada do que um simples roubo, revelando delicadas condições psicológicas não só dos bandidos, mas como da família. A suspeita de que Sarah teria um caso com um dos bandidos só piora tudo e é Kyle quem deve decidir se mantém ou não os seus próprios segredos.


O filme tem uma linha de suspense psicológico que funciona para manter a tensão durante toda a projeção. Os problemas de instabilidade mental e a pressão que os bandidos demonstram estar sofrendo levam a situações inusitadas, por vezes engraçadas, que dão o tom certo da história, fazendo com que esta tenha várias reviravoltas que conseguem surpreender o espectador em alguns momentos. Mas a fraqueza do roteiro, na insistência de querer fugir do óbvio, acaba dando mais consistência a ele e o filme se perde. Por exemplo: o marido traído que desconfia da sua esposa, mas acredita nela embora minta para salvá-la da situação; a quadrilha de bandidos formada pelo líder destemido, um brutamontes impaciente e sanguinário, um espertinho e uma mulher descontrolada. Perfis variados, mas todos previsíveis. Nesse caso, apelar para o óbvio traz bons resultados quando esses personagens acabam por tornar a trama divertida e não deixar o filme cair na monotonia. Porém, em outros aspectos, a falta de coerência típica desse gênero acaba atrapalhando.O clímax também é interessante, apesar da forma como o longa acaba, sem mais explicações.
 
Nicole Kidman e Nicolas Cage, apesar da boa forma, já estiveram melhores. As atuações são corretas, mas o casal não tem muita sintonia. Já Liana Liberato, a jovem atriz de quem já falei aqui, e Cam Gigandet, são dois destaques do filme, mostrando que estão no caminho certo de grandes projetos – afinal, trabalhar com esses dois protagonistas e segurar a onda ainda é muito importante. Quanto a Joel Schumacher, fez mais um filme sensacionalmente esquecível, um grande candidato às noites do Supercine.

Nota: 6,5

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

O Preço do Amanhã


In Time (EUA, 2011)
De Andrew Niccol. Com Justin Timberlake, Amanda Seyfried, Olivia Wilde e Cillian Murphy.

Justin Timberlake resolveu mesmo investir na carreira de ator e Hollywood comprou o barulho dele. Depois de “Amizade Colorida” e “Professora Sem Classe”, ele desembarca no Brasil com um terceiro título, o futurista “O Preço do Amanhã”, em que estrela ao lado de outra atriz em ascensão, Amanda Seyfried. Ambos lindos e atraentes já que é nisso que o filme se baseia: um futuro onde a moeda de troca é o tempo e todos envelhecem lindos, gostosos e estonteantes. 

Então, nesse futuro onde a moeda de troca é o tempo e todos envelhecem lindos, gostosos e estonteantes, os jovens crescem normalmente até os 25 anos e depois o tempo começa a retroceder. Para garantir sua sobrevivência por mais tempo, os seres humanos precisam arranjar mais tempo, seja trabalhando, trocando, compartilhando ou mesmo roubando. O tempo compra e paga tudo. Quando perde a sua mãe, o jovem Will Sallas esbarra em um estranho no bar que, cansado de viver, entrega pra ele 100 mil anos de uma vez. Will começa a ser procurado como ladrão e se envolve com a filha de um magnata. Ambos começam uma corrida contra o tempo – sem trocadilhos – para provarem que Will é inocente e tentar escapar do agente do tempo Raymond Leon.

O mundo criado pelo diretor Andrew Niccol, que também roteiriza o filme, até que é bastante sedutor, mas não há elementos que o tornem crível, ainda mais com algo tão relativo como o tempo. A história é fraca, com diálogos razoáveis, mas consegue prender o espectador por conta do desempenho do próprio Timberlake, que está lá pra isso.  Uma pitada de drama que vem por conta da desigualdade em que o mundo se tornou, com ricos e pobres separados por zonas e a trama se torna um pouco mais consistente. Mas o que estraga é justamente esse excesso de coisas que tentam colocar goela abaixo do espectador, como, por exemplo, Justin ser filho de Olivia Wilde! 

Nota: 6,0
 

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

A Pele que Habito


La Piel Que Habito (Espanha/2011). 
De Pedro Almodóvar. Com Antonio Banderas, Marisa Paredes, Elena Anaya, Jan Cornet e Blanca Suárez.

 Um Almodóvar é sempre um Almodóvar, isso é fato mais que sacramentado no mundo do cinema. Ele é um dos poucos diretores que consegue passear por estilos que vão da comédia ao suspense, sem perder a assinatura única que tem. E é assim que acontece em “A Pele que Habito”: um ritmo mais devagar e um tanto menos ‘colorido’, digamos assim, mas que não deixa dúvidas de que se trata de um Almodóvar legítimo, quase uma pintura em movimento e com uma reviravolta de surpreender ao mais cético dos espectadores.

O cirurgião plástico Robert Ledgard perdeu a esposa em decorrência de um acidente de carro que deixou o seu corpo totalmente queimado. Supostamente, em decorrência da morte da mãe, sua filha mais nova acaba enlouquecendo depois de uma festa. Na esperança de se recuperar de seus sentimentos e reparar alguns erros do passado, ele mantém uma paciente em constante observação, fazendo vários experimentos. Trata-se de Vera, que não usa nada além de um collant cor de pele e passa seus dias trancafiada. Aos poucos vamos conhecendo a história por trás da morte da esposa de Robert, da loucura de sua filha e da própria Vera, que carrega consigo um segredo arrebatador.


Não há como descrever a genialidade da trama de “A Pele que Habito”, cujo tema central é a cirurgia plástica. Mas não pense que ela está ali para discutir vaidade e outros assuntos que jornalistas desinformados adoraram perguntar ao diretor durante as coletivas de imprensa. A cirurgia plástica é quase como um personagem fundamental da história, o que dá sentido a toda ela. Apesar disso, são os sentimentos humanos, tão rechaçados nas histórias dos personagens do filme, que conduzem toda a história.
Antonio Banderas volta a trabalhar com Almodóvar, o diretor que o consagrou há anos atrás, em um papel calculista e frio, diferente do bon vivant que estamos acostumados. Ele não se sai tão bem como nos seus papeis mais calientes, mas não chega a comprometer o personagem nem a atuação de Elena Anaya, mais conhecida no Brasil pelo filme “Um Quarto em Roma”. Quem aparece um tanto apagada, quem diria, é Marisa Paredes, outra parceira de Almodóvar que tem um papel mais coadjuvante, sem muita expressão, uma pena.

Cheio de referências visuais e com uma narrativa construída em flashbacks, onde aos poucos o espectador vai desvendando a história, “A Pele que Habito” não tem o mesmo charme de produções como “Má Educação”, “Volver” ou “Tudo Sobre Minha Mãe” – os clássicos, digamos assim – da mesma forma como foi o com “Abraços Partidos”. Mas sem dúvida, merece e muito ser assistido por ter uma das reviravoltas mais impensáveis do cinema. Até porque, um Almodóvar SEMPRE é um Almodóvar.

Nota: 8,5

Ai, se eu te pego! 

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Não tô morto!


Oi gente! Marcos tem estado fora ultimamente tendo muita coisa que ajeitar na sua vida, fazendo planos pro futuro, entre outras coisas. Descobrindo a vida de adulto, na verdade, e ela tem certos aspectos interessantes, como por exemplo, levar o blog mais a sério! Sim, porque eu to crescendo e, claro, o cinema cresce junto comigo. Pra não abandonar isso aqui de vez, to postando meio que aleatoriamente, mas posso dizer que to vendo bem mais filmes do que anteriormente, com o caos instaurado da monografia.
Anyway, aguardem novidades por aqui! Logo estaremos 100% no vapor! Vamos então a um resumo do que eu vi nesses dias, porque infelizmente escrever tudo não dá.

Amizade Colorida (Friends with Benefits/EUA, 2011)
 Com  Justin Timberlake, Mila Kunis, Patricia Clarkson e Woody Harrelson.

“Amizade Colorida” não apresenta muita coisa de novo e tem um roteiro meio mirabolante demais pra ser crível, mas até que convence em certas coisas e se revela uma comédia bem legalzinha. É legal a forma como referências do século XXI estão expressas no filme, como o Youtube, o Facebook e os flashmobs. Mila Kunis se sai bem, já que tipos avoados caem bem com ela. Justin Timberlake parece que embarcou mesmo nessa onda e até que leva jeito pra coisa, mas precisa melhorar muito ainda pra ser um ator respeitado e não um ex-cantor se aventurando mais um pouco. Ah, e nudez, nudez, nudez. Pelo menos lidaram com isso de uma forma que o sexo não seja a atração principal do filme, embora seja o que pareça.

Nota: 7,0

Gigantes de Aço (Real Steel /EUA, 2011) 
Com Hugh Jackman, Evangeline Lilly e Dakota Goyo.

Wolverine+boxe+robôs=awesome! O filme é bem despretensioso, apesar de todos os efeitos especiais que apresenta. Não tenta ser um “Transformers”, muito menos um “O Exterminador do Futuro”, mas pega carona no estilo pra fazer divertir um pouco. Apesar de mexer com sentimentalismo, o filme consegue deixar claro que a afeição aos robôs é pura ficção, uma vez que eles NÃO têm sentimentos. Parece que têm, mas não, eles não têm. A emoção é toda um fruto da cabeça do garotinho e da história de “superação” do personagem de Hugh Jackman.

Nota: 8,0

Qual Seu Número? (What’s your Number? / EUA, 2011) Com Anna Faris, Chris Evans, Ed Begley Jr., Zachary Quinto.

Comédia romantica incrivelmente clichê. Mas é divertidinha. Vai fazer sucesso na Sessão da Tarde daqui há alguns anos.

Nota: 6,5