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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Biutiful

Biutiful
(México/Espanha, 2010) De Alejandro Gonzáles Iñárritu. Com Javier Bardem, Maricel Álvarez, Diaryatou Daff, Luo Jin, Cheng Tai Shen, Hanaa Bouchaib, Guillermo Estrella e Eduard Fernández.

Alejandro Gonzáles Iñárritu não tem uma filmografia extensa. “Biutiful” é apenas o seu quarto longa metragem. Porém, nesse caso, número não quer dizer nada, já que o diretor mostra que tem força para segurar um bom filme desde “Amores Brutos”, de 2000. Os três primeiros filmes utilizaram a técnica do “recorte e cole” do diretor, picotando o filme inteiro, jogando pra cima e recolocando os pedaços. Em “21 Gramas”, a não linearidade foi algo novo e instigante na trama. Já em “Babel”, apesar da mesma técnica de montagem aleatória, os pedaços seguiam uma linha narrativa cronológica. Em “Biutiful”, Iñárritu não usa nada disso, mas espalha ao longo do filme pequenas dicas de como tudo irá se conectar no fim. Porém, não é de técnica que se trata o longa, e sim explorar o drama particular do personagem de Bardem que, honestamente, poderia acontecer com qualquer um.


Uxbal é um homem que atua negociando trabalho de chineses ilegais a uma fábrica de produtos falsificados, repassando esses produtos a senegaleses, também ilegais. Esse é o trabalho que sustenta os seus dois filhos, Ana e Mateo. Uxbal sente o peso da responsabilidade de ter que criar os filhos e ter que afastá-los da mãe, Marambra, uma ex-viciada com transtorno bipolar. Só que aos poucos, ele percebe que é responsável por muito mais coisa nesse mundo. Uxbal possui o dom de se comunicar com os mortos e a aflição dele só aumenta quando ele mesmo terá que encarar a morte, cada vez mais próxima, por conta de um câncer de próstata.



“Biutiful” escancara a forma como vemos a morte. Por causa de seu dom, Uxbal parece treinado para encarar o evento como apenas um rito de passagem, mas ele percebe que ao seu redor, não é tão simples assim. Ele simplesmente se recusa a partir deixando pra trás todos os problemas que tem e seus filhos desamparados. É nesse drama todo que entra o talento de Javier Bardem, um dos melhores atores da atualidade, mais versátil impossível e que acaba de conquistar mais uma indicação ao Oscar por causa do papel.



Apesar das tramas paralelas que se inserem meio sem sentido (há espaço até para um romance gay), o diretor deixa sua marca registrada ao estampar um drama profundo nas telas e mostrar que a vida não é um mar de rosas. Temos problemas, momentos felizes e tristes e tudo isso pode ser interrompido a qualquer momento. “Biutiful” é sobre a natureza humana no seu mais íntimo.
Nota: 8,0




*Indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro pelo México e de Melhor Ator para Javier Bardem.