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terça-feira, 16 de agosto de 2011

Melancolia

Melancholia

(Dinamarca/ 2011) De Lars Von Trier. Com Kirsten Dunst, Charlotte Gainsbourg, Kiefer Sutherland, Alexander Skarsgaard, John Hurt e Charlotte Rampling.

Vamos combinar o seguinte antes de tecer qualquer comentário sobre o novo filme do Lars Von Trier: apesar de qualquer declaração infeliz, inapropriada e estúpida, o cara sabe fazer filme. Isso já está mais do que provado vide a filmografia dele. “Melancolia” não é diferente. O longa pode ser analisado por duas vertentes. A primeira é o filme-catástrofe que se propõe a ser, do seu modo, e as reações das pessoas envolvidas por causa do fim iminente do mundo. A segunda é da própria melancolia em si, um estado humano que está embutido em todos nós, mas que fica latente e só é externada em situações extremas. Charlotte Gainsbourg é a personificação da primeira; Kirsten Dunst, da segunda.

As irmãs Justine e Claire tiveram a mesma educação, observando os problemas dos pais desde sempre. Quando adultas, ambas desenvolvem personalidades diferentes: Claire tende a ser a protetora, controladora e metódica, mas também dedicada e devotada. Já Justine se torna eficiente e prestativa, sempre agradando a todo mundo com seu jeito. Apesar disso, Justine é tomada por um sentimento de inércia, que não é compreendido por ninguém. Isso fica evidente no dia de seu casamento com Michael, quando ela enfrenta um surto repentino de uma pseudo-depressão. Alguns anos mais tarde, Justine enfrenta esse quadro e vai passar um tempo na casa da irmã, Claire, às vésperas de um evento astronômico único: a passagem do planeta Melancolia pela Terra. Claire começa a entrar em desespero com a possibilidade de um choque entre os dois planetas, apesar dos avisos do astrônomo John, seu marido, de que a passagem é inofensiva. Esse evento irá modificar as relações entre as irmãs e ajudá-las a compreender uma a outra, e também a si mesmas.

(Uau, isso é que é sinopse!)

É interessante perceber a grande (literalmente) metáfora usada pelo diretor para contar a história entre as irmãs. A presença do planeta Melancolia, se aproximando cada vez mais da terra para uma colisão iminente, representa a própria descoberta das duas e a crescente aceitação de Justine, que passa de um estado absurdamente melancólico para uma aceitação natural da vida como ela é. Os personagens são levados ao extremo, principalmente o de Kirsten Dunst, que mereceu cada folha daquela Palma de Ouro que levou em Cannes. Já a parte catastrófica do filme (“fim do mundo, grande coisa!”, diria um espectador desavisado) é potencializada pelo sentimento que os personagens transpõem: desespero, falta de controle, aceitação e a própria melancolia.

A fotografia como sempre é espetacular e o início em slow motion, similar ao de “Anticristo” traz aquela poesia que virou marca do diretor. Apesar de ser um filme-catástrofe, o filme não tem altos efeitos especiais e nem precisa. O que ele utiliza cabe perfeitamente na produção. A lição que fica é de que a vida sempre pode ser melhor, ou ser pior, mas o que não dá é ir contra ela só porque algo não está de acordo. Afinal, como diriam os principais livros de autoajuda, a aceitação é o primeiro passo pra enfrentar o problema. “Melancolia” é um grande ensaio sobre a natureza humana e sua relação com o planeta, suas relações externas e sua própria existência. Tem até lugar para um case ecológico. Isso, da cabeça do gênio que cometeu a burrice de falar de Hitler.

PS: sou fã do Von Trier, mas não compartilho das ideias dele, somente admiro sua obra, então não me crucifiquem.

Nota: 9,5

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Kirsten Dunst, Melancholia, Cannes, Lars Von Trier

Bjork, Charlotte Gainsbourg, Kristen Dunst. O que estas mulheres têm em comum? As três ganharam a palma de ouro de melhor atriz em um filme de Lars Von Trier. Aliás, Cannes e Von Trier sempre foram uma parceria mega esperada por jornalistas, cinéfilos do mundo todo e pela própria direção do festival. E nem vem me dizer que “ah, mas ele foi longe demais dessa vez”, porque a Croisette vai perder um pouco da graça. Mas eles mesmos sabem reconhecer a genialidade por trás dos comentários torpes do dinamarquês, tanto é que a banição (ou banimento?) de Von Trier foi só em cima de sua pessoa – não de sua obra.

Não por acaso, nove filmes de Von Trier já foram indicados à Palma de Ouro, sendo que um deles venceu, “Dançando no Escuro”, com a Bjork. “Dogville”, “Manderlay”, “Europa”, “Ondas do Destino”, “Anticristo”. Todos exibidos em Cannes. Todos indicados à Palma. “Melancholia” já está sendo destacado como o melhor filme de sua carreira e parece que isso não diminuiu após os comentários infames do diretor.

O que muda para Kirsten Dunst, vencedora da Palma? Tudo. Ela deixa de ser a Mary Jane do Homem-Aranha pra sempre. Kirsten chegou ao ápice da carreira pelas mãos do diretor, sendo que a Palma é até agora o seu prêmio mais importante. Aos brasileiros resta esperar mais um pouco para ver a atriz de “Maria Antonieta” brilhando na tela num filme grande, adulto.

Ah, sim. “Melancholia” trata sobre a relação conturbada entre duas irmãs após o recente casamento da mais nova (Kirsten). Enquanto isso, um planeta gigante chamado Melancolia se aproxima da Terra, exercendo um efeito devastador nas duas mulheres enquanto anuncia o fim do mundo. (Complexo e genial. A história tinha ficado um pouco esquecida depois que Von Trier falou de Hitler. Esqueceram de focar na obra. Cannes sabia disso e premiou quem devia).

Sou fã da obra de Von Trier. Fã confesso. Leia-se da obra, não das declarações do diretor. Von Trier é superestimado? Talvez. Mas pelo menos ele consegue ousar em um mercado cinematográfico formado por coisas óbvias e simples fazedoras de dinheiro, como um dispensável “Pirata do Caribe 4”.

Aaaaaah falando em Piratas... Penélope Cruz trocou “Melancholia” por esse filme aí. Como ela deve estar se sentindo? Rica, né.