De Pete Docter. Com Amy Poehler, Phyllis Smith, Richard Kind, Bill Hader. Vozes brasileiras de Miá Mello, Katiuscia Canoro, Dani Calabresa, Otaviano Costa e Léo Jaime.
Já se perguntou de onde vêm as vozes que falam na sua
cabeça? Essa é a premissa de “Divertida
Mente”, o novo filme da Disney/Pixar que estreou na
semana passada. Por se tratar de uma animação colorida, com personagens
fofinhos e cenários coloridos, há quem pense que o filme é para crianças,
certo? Pois saiba que o roteiro do filme foi baseado em estudos de áreas como
psicologia, psiquiatria e neurociência.
Durante seis anos, o diretor Pete Docter (o mesmo que
dirigiu “Up – Altas Aventuras”.) estudou os efeitos da mente nos seres humanos,
após as experiências diárias que ele tinha com a filha adolescente e as
constantes mudanças de humor. A equipe do filme se consultou com psicólogos e
especialistas em emoções da Universidade da Califórnia e outras instituições
americanas para criar a concepção mais próxima possível das cinco emoções
protagonistas do filme: Alegria, Tristeza, Raiva, Medo e Nojinho.
Aliás, a protagonista mesmo é a menina Riley, de 11 anos,
que passa por uma situação que pode ser traumática para qualquer criança: ela
se muda de Minnesota, no meio-oeste americano, para a litorânea San Francisco.
Longe dos amigos e de tudo o que lhe é familiar, Riley passa por picos de humor
que vai de um otimismo inicial à raiva e insegurança. Mal sabe ela que essas
suas reações são controladas pelos pequenos seres dentro da sua cabeça.
Mas espera um pouco. Como um filme que trata sobre
neurociência e conexões da mente humana pode interessar a uma criança?
A resposta a essa pergunta é bem simples. “Divertida Mente”
é um filme extremamente inteligente e, mais importante, não subestima a
inteligência dos pequenos. De forma lúdica, consegue explicar como se formam as
memórias, as emoções e os traços mais importantes que formam a personalidade, chamados
de memórias-base.
A história se passa dentro da mente de Riley, com uma
espécie de centro de controle que é comandada pelas cinco emoções descritas
acima. Alegria é a emoção que dirige o complexo sistema de formação de memórias
de Riley, estimulando pensamentos e reações alegres. Ela só não contava com a
súbita intervenção de Tristeza, que não consegue se conter e modifica algumas
memórias de Riley, deixando-a triste. Quando uma memória-base originada pela
Tristeza se forma, começa uma confusão que deixa todo o emocional de Riley do
avesso. Alegria e Tristeza acabam fora do centro de controle e Raiva, Medo e Nojinho
ficam a cargo do comando das emoções da menina.
Parece confuso? Pois
o filme abusa da diversão e de diálogos cômicos e, por vezes, dramáticos, que
amarram o enredo de forma construtiva e, sem trocadilhos, emocionante. Ao criar
uma aventura dentro da mente, “Divertida Mente” consegue prender a atenção e
ainda conta com uma importante lição: de que está tudo bem chorar e se sentir
triste algumas vezes, pois depois da tristeza, sempre vem a alegria.
“Divertida Mente” pode se firmar como um dos melhores filmes
da Pixar e significa um retorno triunfal do estúdio depois de fracassos de
bilheterias como “Carros 2” e “Aviões”. É um programa que vale muito a pena
curtir com as crianças, mas você pode se surpreender ao se pegar envolvido
demais pela história.