sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Leões e Cordeiros - Quem é Quem? RELOADED


Como prometido, o primeiríssimo post sobre cinema do Cinemarcos ganhou uma nova versão. Publicado originalmente no dia 21 de novembro de 2007, o post sobre "Leões e Cordeiros", o filme que eu tinha acabado de assistir, me fez refletir bastante. E agora eu reflito de novo, dando essa cara nova pro post, que estava bem cru, sem imagens, sem informações do filme, sem nada. Mas foi uma das melhores coisas que eu ja escrevi aqui pro Cinemarcos. 2 anos depois as anotações feitas sobre esse filme espetacular continuam atuais - mesmo que os EUA tenham um novo e reacionário presidente. Enjoy. Feliz Aniversário.


Lions for Lambs
(EUA, 2007) De Robert Redford. Com Tom Cruise, Meryl Streep e Robert Redford.

Assistindo ao filme "Leões e Cordeiros", do diretor Robert Redford, você tem a nítida sensação de que vive numa bolha vigiada a todo instante. O filme apresenta razões boas demais para se acreditar que toda a história da atual guerra do Iraque é planejada pelos Estados Unidos com rigor de detalhes.
A história começa mostrando o ponto de vista político de pessoas distintas: uma jornalista, um senador, um professor, um estudante e dois soldados que estão em guerra no Afeganistão. O senador apresenta uma nova medida pra justificar a presença dos soldados americanos no país, alegando que no momento em que as tropas sairem de lá, todo o regime Taliban vai retornar a o Afeganistão. O papel da jornalista seria justamente ajudar a mitifcar toda a coisa.

Aí é que eu me pergunto, na função de futuro jornalista: Esse é realmente o papel da mídia? Fazer as pessoas acreditarem no que não é real para justificar ações governamentais? Falando assim parece que o filme é de uma alta conspiração política, mas reflete simplesmente os aspectos mais radicais da sociedade. A jornalista Janine Roth (Meryl Streep, numa versão que nem de longe lembra a Miranda Priestly de "O Diabo Veste Prada") se vê nesse dilema. Ela deve publicar o artigo assim como ele é, pra ajudar a maquiar as transações do senador, que ela mesma ajudou a criar, ou deve seguir o seu instinto de cidadã ao querer que os filhos americanos em combate no Oriente Médio retornem para casa? Enquanto isso, no canal que Janine trabalha, um telejornal que fala mais sobre escândalos de celebridades e outras baboseiras da televisão de hoje é veiculado com alto sucesso. Cadê a credibilidade numa hora dessas?
O senador, interpretado por Tom Cruise, não vê escrúpulos nem maldade para por seu novo plano tático em prática: mandar soldados americanos como iscas, para que sejam atacados por talibãs rebeldes. Esse ataque gera um contra-ataque natural das tropas americanas e pronto: está justificada a permanência das tropas americanas no Afeganistão.Enquanto isso, numa universidade, o personagem de Robert Redford tenta convencer um aluno a retomar a posição política, já que este abandona os seus ideais por nao acreditar mais no sistema político. Ele usa o exemplo de Arian e Rodriguez, dois estudantes que acreditavam no total engajamento político dos cidadãos para resolver questões governamentais. Esses jovens mais tarde se alistam voluntariamente no exército americano e se vêem no meio da guerra.

Todas as reflexões feitas no filme podem ser completamente absurdas e extremamente ufanistas. Para os brasileiros, a guerra do Iraque nem é tão impactante no nosso cotidiano, mas é só fazer as ligações. Se os apontamentos feitos pelo filme são verdade, então as questões sobre o imperialismo americano que tanto se tem discutido podem ter um fundo de verdade também. Mas é essa a graça do cinema: nos filmes, mesmo as coisas que não fazem o menor sentido podem ser verdadeiras. O importante é pensar.

Nota: 9,5

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