Where The Wild Things Are
(EUA, 2009) De Spike Jonze. Com Catherine Keneer, Max Records, James Gandolfini, Forest Whitaker, Catherine O'Hara, Lauren Ambrose, Paul Dano e Mark Ruffallo.
Spike Jonze só fez dois filmes antes de "Onde Vivem os Monstros". Dois com gosto especial para o cinema. O primeiro, porque apresentou a Hollywood algo nunca antes visto, um surrealismo psicológico metafísico que, involuntariamente ou voluntariamente, nos fazia refletir sobre quem éramos, às vésperas do novo milênio. O outro fazia exatamente a mesma coisa, com um pouco menos de psicodelismo e aventuras mentais. Estou falando de "Quero Ser John Malkovich" e "Adaptação". O seu novo filme não é muito diferente, só que dessa vez é através do olhar de uma criança que vemos a complexidade do ser humano. O que também é diferente é que não são os humanos os complexos desse filme.
No filme, Max é o caçula de uma família de três. Ele mora com a mãe, que por ser solteira, trabalha o dia todo para levar o sustento dos filhos, e com a irmã, que está naquela fase chata da adolescência em que todos os adolescentes ficam chatos.Com esse cenário familiar, Max vive sozinho, sem a atenção da mãe e sem a amizade da irmã ou de qualquer outra criança. Por esse motivo ele sempre tem que se virar com a sua imaginação, o que faz com que ele passe metade do tempo com uma fantasia de lobo. Um dia, após uma travessura, a mãe o coloca de castigo e ele resolve fugir de casa. De tanto correr, ele acaba parando numa terra fantástico, a terra dos Monstros Selvagens. Lá, conhece Carol (voz de James Gandolfini, o Tony Soprano), KW (Lauren Ambrose), Douglas (Chris Cooper), o casal Judith e Ira (Catherine O'Hara e Forest Whitaker, respectivamente) e Alexander (Paul Dano). Um pouco desorientados, eles aceitam que o menino se torne seu rei e esquecem a ideia de devorá-lo.
Mas, como toda criança que se preze, Max promove um estado de anarquia em seu reino. "Que a bagunça comece!", determina o garoto para os outros monstros. Aos poucos, ele vai conhecendo mais sobre seus companheiros: Carol está tão perdido em si que vive em conflito com os outros, KW é introspectiva e gosta de seus momentos sozinha, Douglas é cheio de energia e iniciativa, Judith é sarcástica e dominadora, Ira é modesto e paciente e Alexander acha que não é levado a sério o suficiente pelos outros. Conforme os conflitos começam a surgir, Max descobre que nem o seu mundo imaginário é ideal. A partir daí, é hora de considerar o retorno ao lar e à realidade.
Percebe que o filme definitivamente não é apenas para crianças? Max tem que assumir uma posição de liderança no meio das criaturas e precisa colocar a ordem em um ambiente selvagem. Além disso, as criaturas tem personalidades tão fortes, que no fim das contas é Max quem precisa ser maduro o suficiente para lidar com a situação. Sua volta pra casa só vai ser determinada se todos aprenderem suas lições, inclusive ele!
Spike Jonze conseguiu transformar um livro de 40 páginas em uma envolvente história de pouco mais de 1 hora e meia. Todos nós somos como Max, como a mãe, como a irmã e como as criaturas selvagens. Há um pouquinho de cada um de nós nesses personagens. E é com essa reflexão que Jonze está contando. Apesar dos ótimos aspectos técnicos (som, maquiagem e efeitos são muito bons), é a história que prende o espectador. Um ótimo começo de temporada de Oscar.
Nota: 9,0
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