The Hurt Locker (EUA, 2008)
De Katherine Bigelow. Com Jeremy Renner, Anthony Mackie, Brian Geraghty e participações de Guy Pearce, Ralph Fiennes, David Morse e Evangeline Lilly.
Todos aguardaram ansiosamente a chegada de "Guerra ao Terror" ao Brasil. Vamos então por partes da trajetória: em 4 de setembro de 2008 (sim, dois mil e OITO), o filme foi escrito e exibido no Festival de Veneza, onde a diretora chegou a ser nomeada para o Leão de Ouro; Dias depois foi a vez do Festival de Toronto. Após tres festivais nos Estados Unidos,já em 2009 o filme é lançado diretamente e discretamente em DVD no Brasil, em 15 de abril. Ninguém viu, é claro, a não ser os muito fanáticos. 26 de junho de 2009: o filme é lançado em salas limitadas nos Estados Unidos. Pronto, estrago feito. "Guerra ao Terror" se tornou um dos filmes mais comentados do ano, nos níveis de burburinho de "Avatar". O que um filme pequeno, de baixo orçamento, de uma diretora quase desconhecida e sobre a guerra no Iraque tem de tão especial?
Em plena Guerra do Iraque, os soldados americanos nunca sabem o que podem encontrar no meio do caminho. É por isso que a base americana do exército mantém equipes antibombas especialmente para caso eles encontrem uma mina terrestre ou uma ogiva "perdida" no meio do caminho (e isso é relativamente frequente). Quando o líder da equipe morre em uma missão, entra em cena o Sargento William James, especialista em desarmar bombas, mas com um parafuso a menos. Sua coragem e loucura mexem com o senso de equipe, uma vez que ele sempre põe o time em risco quando se coloca em risco. Com isso aumentam as perguntas e especulações sobre se a guerra vale a pena e o medo da morte. Quando um garoto árabe aparentemente aparece morto como cadáver-bomba, James surta e passa a colocar suas emoções acima de sua razão, colocando a equipe em mais risco ainda.
Mais não dá pra falar. A diretora Katherine Bigelow talvez tenha querido passar a ideia de como deve ser dificil a vida dos americanos que estão baseados no Iraque. Sem muita profundidade, ela passeia por questões que são inerentes a cada ser humano, e assim o espectador pode fazer os seus próprios julgamentos. O problema nas plateias brasileiras vai ser a dificuldade de tentar se enxergar no filme, uma vez que a guerra não é nossa. Não são os nossos parentes, familiares e amigos que estão lá, lutando em vão por uma guerra inútil, injusta e vaidosa. Mesmo quando, aparentemente, não há feridas a serem abertas, a diretora consegue cutucar.
Apesar disso, não é tanto o roteiro ou a história - com boas doses de comédia, acredite - que são o melhor do filme. O estilo de direção, a montagem, os efeitos especiais, é tudo tão vibrante e correto que prendem o espectador e ajudam a dar o estilo do filme. A grande maioria das cenas é filmada em um estilo documental, com a câmera na mão para dar um tom mais intimista ao filme. A interpretação de Jeremy Renner surpreende para um ator meio desconhecido, assim como seus coadjuvantes que também são competentes. As participações de luxo não ousam roubar o mérito deles (Ralph Fiennes, Guy Pearce e Evangeline Lilly), mas sim para complementar a história. Sendo assim, "Guerra ao Terror" conseguiu 9 indicações ao Oscar, mas esperava mesmo mais do filme. O burburinho era tanto que fez a Imagem Filmes distribuir o filme nos cinemas, mesmo depois de uma infrutifera distribuição em DVD. Os resultados podem surpreender e Bigelow pode até vencer James Cameron e levar o prêmio de direção pra casa, já que a Academia adora essas festinhas (ela pode ser a primeira mulher a levar o premio de direção). Vamos aguardar os envelopes se abrirem.
Nota: 8,0
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