(EUA, 2010) De Nathan Greno e Byron Howard. Vozes originais de Mandy Moore, Zachary Levi e Ron Perlman. Voz brasileira de Luciano Huck.
A Disney nunca foi muito boa em animações digitais, vide alguns de seus títulos como “O Galinho Chicken Little” e “A Família do Futuro”. Esses são filmes que até divertem, mas são facilmente esquecidos, o que nem de longe lembra o espírito marcante das animações tradicionais, marca registrada do estúdio. (Ah, não confunda, Disney e Pixar podem se pertencer mutuamente, mas não são a mesma coisa!). O único que talvez tenha escapado a essa regra foi “Bolt”, que a Disney colocou um pouco mais de aventura, no afã de se tornar uma Pixar. Daí, todo cuidado é pouco na hora de colocar no universo digital a pedra da coroa do estúdio: os contos de fadas. Mais do que só contos de fadas, fazer uma princesa Disney ir pro mundo computadorizado precisou de um processo complexo ou, de outro modo, assistiríamos a uma versão mais romântica de “Shrek”. Nesse sentido, “Enrolados” cumpre muito bem o seu papel e vai além: é divertido pacas!
No filme, o rei e a rainha estão prestes a ter um bebê, mas a esposa sofre complicações no parto. O rei então ordena que os cavaleiros saiam em busca de uma flor mágica, que cura todos os males. A mesma flor é objeto de desejo de Gothel, uma bruxa que usa a flor em busca da juventude. Porém, é com a rainha que a flor vai parar e assim ela faz uma poção que a ajuda no parto. Nasce então uma criança com poderes semelhantes aos da flor. Quando a criança canta, os cabelos dela crescem. Gothel, sabendo disso, sequestra a criança e a cria como filha. Para que ninguém descubra, ela coloca a menina numa torre alta, isolada e sem portas, e dá o nome de Rapunzel, que tem os cabelos quilométricos quando completa 18 anos e quer sair da torre para ver as lanternas que crê que sejam pra ela. Contrariada por Gothel, Rapunzel vai contar com a ajuda do ladrão Flynn Rider para ver as lanternas, mas acaba se metendo numa jornada muito mais perigosa do que imaginava.
Apesar do tom um pouco mais profundo, é o clima de comédia que faz de “Enrolados” um grande filme. A princesa foi construída de uma forma mais brejeira, fazendo de Rapunzel a princesa Disney mais bacana de todas! Claro, ela canta, rodopia, pinta, borda e faz tudo o que uma princesa faz, mas imagina tudo isso com um climão caipira? No geral, “Enrolados” traz de volta um clima de contos de fadas em que o suposto bandido se apaixona pela mocinha e se redime no fim, mas num clichê bem ensaiado e divertido.
O mérito também vai para os personagens coadjuvantes do filme, que roubam a cena, como Maximus, o cavalo mais esperto do cinema, ao que parece, e o camaleão Pascal. Talvez “Enrolados” tenha adquirido esse tom graças ao novo produtor executivo da Disney, John Lasseter, ex-todo poderoso da Pixar, ou seja, ele sabe o que está fazendo. O filme fecha o ano (ele foi lançado em 2010 nos EUA) das animações no Brasil, que, no fim das contas, trouxe mais diversão e menos melancolia.
O que estraga o filme? A dublagem em português de Flynn Rider, feita por Luciano Huck. Não é por nada não, a dublagem é até bem feita, mas parece que estamos vendo o “Lar Doce Lar” ou o “Lata Velha”.
Nota: 9,5
Ah: "Enrolados" é o 50° filme de animação da Disney.
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