quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Scott Pligrim Contra o Mundo (Último de 2010)

Scott Pilgrim vs. The World
(EUA/Canadá, 2010) De Edgar Wright. Com Michael Cera, Mary Elizabeth Winstead, Mark Webber, Jason Schwartzman, Anna Kendrick, Chris Evans, Brandan Routh, Allison Pil, Johnny Simmons e Kieran Culkin.

"Scott Pilgrim" foi um dos filmes mais injustiçados do ano. Não teve uma boa bilheteria nos Estados Unidos, quase não foi lançado no Brasil (e quando foi, saiu em uma única sala em São Paulo e, meses depois, no Rio) e ainda nem conseguiu se pagar - o filme custou US$ 60 milhões e só arrecadou US$ 47 milhões. Mesmo assim, é um sucesso de crítica e aclamado por fãs da HQ original, fãs de HQ em geral e pessoas mais ligadas em cinema, especialmente a galera entre 20 e 30 anos, claramente o público alvo do filme (e da HQ). O filme é o mais descolado de 2010 e representa muito bem a nova geração de "adultescentes" que está circulando por aí. Não à toa, quem queria ter visto o filme desde o anúncio da produção, já o fez pela internet, o território preferido dessa galera. Ponto pra Edgar Wright, que talvez tenha produzido o filme baseado em HQ mais fiel da história.

Scott é um rapaz de 23 anos que está numa banda de rock junto com seus amigos. Metido a conquistador, ele se envolve com a estudante chinesa Knive, que se torna obsessiva por ele e sua banda. Acontece que Scott encontra a garota dos seus sonhos, Ramona Flowers, uma menina descolada e de cabelo multicolorido. Mas tem algo de estranho com Ramona. Apesar dos avisos, Scott insiste em sair com ela, mas para que eles fiquem juntos, ele vai precisar derrotar a Liga dos Ex-Namorados do Mal, composta por sete ex-namorados de Ramona. Enquanto isso, Scott também precisa lidar com o torneio de rock que sua banda está competindo, com o retorno de uma ex-namorada e com a obsessão da própria Knive, que fica perdida no meio do triângulo amoroso.


Agora, pega essa sinopse curta aí de cima e adiciona todo o espírito dos quadrinhos, dos videogames e das bandas de rock alternativo, mais o visual dos quadrinhos, dos videogames e das bandas de rock alternativo e você tem o filme mais cool do ano. "Scott Pilgrim" não está preocupado com críticas, bilheteria ou o que quer que seja. Ao que parece, a única preocupação do filme é ser legal o suficiente pra conseguir prender a atenção do seu principal público-alvo: os Scott Pilgrim da plateia, pessoas de uma geração que cresceu em meio a uma enxurrada de cultura pop por todos os lados. Esse é Scott. Esse sou eu. Esse é você. E essa é a principal sacada do diretor Edgar Wright: ser fiel á história e contá-la para os seus fãs. Se funciona com os fãs, funciona com todo mundo (em tese).


Os efeitos visuais são um destaque à parte do filme. Cada vez que Scott vai lutar com um ex-namorado do mal, um visual de videogame aparece na tela, os personagens ganham superpoderes e onomatopeias pipocam no filme. As representações gráficas de amor, solidão, ódio, tristeza, entre outros, também são geniais. O roteiro peca um pouco por ser óbvio às vezes, e a montagem é corrida demais. Mas nada que atrapalhe o desempenho do filme ou dos atores, principalmente Michael Cera, que parece que nasceu para os personagens perdedores convictos. Nesse, ele dá a volta por cima, cada vez que Scott derrota um oponente (e cada vez que ele derrota um oponente, ele ganha pontos em forma de... moedas, como no Super Mario!).


Que as lições de "Scott Pilgrim" sejam aprendidas por outros filmes do gênero que tentam, mas não conseguem, ser qualquer outra coisa além de uma máquina de dinheiro. A Marvel está não só conseguindo reverter isso, como aliar uma coisa a outra: ser uma máquina de dinheiro e também um ícone da cultura. A DC Comics ainda tá no meio do caminho, mas a nova franquia Batman mostrou que eles estão aprendendo. Os estúdios (Sony, Fox, Paramount, Warner, etc.) ainda precisam lidar melhor com isso.

Nota: 9,0

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