(EUA, 2011) De Rob Marshall. Com Johnny Depp, Penelope Cruz, Geoffrey Rush, Ian McShane, Sam Claflin e Astrid Berger-Frisbey.
A franquia “Piratas do Caribe” é um sucesso, isso é inegável. Contudo, o patrimônio que se formou em torno do honorável Jack Sparrow, de longe o personagem mais idolatrado de tantos tipos que Johnny Depp interpretou, vai além do financeiro. Até então, o filme era uma ode ao entretenimento de qualidade, que contava com a benção dos fãs, não importando o quanto de dinheiro entrasse nos cofres da Disney. Agora, a quarta parte da franquia mostra que, mesmo com a vontade incansável de Johnny Depp em interpretar Sparrow, fazer dinheiro é a prioridade, e os fãs que se lixem. “Piratas 4” é divertido, bem produzido, mas se apoia em duas pernas de pau para se sustentar no convés: um roteiro que beira o cúmulo do clichê e a presença de Penélope Cruz.
Na quarta aventura, Jack Sparrow sai em busca da Fonte da Juventude, um local mágico que requer um ritual para conceder a juventude eterna a quem beber de suas águas. Só que, além do pirata mais doido do Caribe, também estão atrás das águas lendárias a frota espanhola e a inglesa, liderada por ninguém menos que um “redimido” Barbossa. Quando o antigo capitão do Pérola Negra encontra Jack Sparrow, começa uma nova caçada que termina com Sparrow caindo no navio do temido pirata Barba Negra, que (veja só) também está atrás da Fonte. Sparrow chega ao navio depois de encontrar uma pirata que se faz passar por ele para conseguir marujos, Angélica, uma antiga paixão do pirata que (veja só²) é filha de Barba Negra e quer evitar que uma maldição se cumpra, dando mais anos de vida ao pai. Todos refazem a rota de Ponce de Leon em busca dos cálices de prata que precisam para o ritual e também atrás de outro ingrediente: a lágrima de uma sereia.
Confuso? No começo do filme, uma reviravolta atrás da outra fazem o espectador se perder em relação ao que é realmente importante na história: a busca pela fonte. Mas o diretor Rob Marshall insiste em colocar um zilhão de tramas paralelas, com sucessivas lutas e cenas de ação (bem produzidas, é verdade). Se na trilogia inicial, Sparrow era um coadjuvante de luxo, que logo tomou o papel de protagonista, desta vez Johnny Depp – que é o protagonista – some em algumas cenas e se torna um coadjuvante mimado, do tipo “Ah, vocês sabem que eu sou esperto e to aqui o tempo todo”.
A verdade é que “Piratas 4” é um filme preguiçoso. Podia trabalhar melhor cada uma das tramas paralelas, centralizando melhor suas ações. Por exemplo, você já tinha ouvido falar de Angélica, uma mulher que Sparrow desonrou anos atrás e abandonou? Pois é, de onde ela surgiu? E o lendário Barba Negra, porque ele é tão temido? E quando foi que Jack Sparrow achou o mapa da fonte? Dava pra explicar isso? Sim. Quiseram? Não, porque partiram do princípio de que todo mundo é fã de Piratas do Caribe e vai entender qualquer coisa, desde que Jack Sparrow faça umas gracinhas, corsários e piratas se enfrentem no mar e uma donzela bonita não seja tão indefesa assim.
O melhor do filme, além de suas incontáveis cenas de ação, são as atuações de protagonistas e coadjuvantes, todo mundo se esforçando de verdade pra dar vida a um roteiro vazio e cafona. Em certos momentos, há até uma mistura de fé com mitologia pirata, que o próprio filme desmente ao colocar sereias no plano principal a certa altura. “Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas” é um bom passatempo, mas um filme desnecessário.
Nota: 6,0
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