terça-feira, 5 de junho de 2012

Branca de Neve e o Caçador

 Snow White and the Huntsman
(EUA, 2012). De Rupert Sanders. Com Kristen Stewart, Charlize Theron, Chris Hemsworth, Ray Winstone, Sam Clafin, Bob Hoskins, Nicki Frost, Sam Spruell, Eddie Marsan, Brian Gleeson, Toby Jones.

A beleza é uma das principais armas de uma mulher. Tanto é que algumas são extremamente obssessivas com sua aparência e fazem de tudo para chegar ao rosto e corpo perfeitos. Essa sempre foi uma das vertentes pelas quais passeou o conto Branca de Neve e os Sete Anões, presente há muitos anos no imaginário popular. Nessa nova adaptação para o cinema, a segunda este ano, o que está em jogo é a vida de uma princesa, a honra de um caçador e o destino de todo um reino quando uma mulher busca incessantemente ser a mais bela de todas. Em “Branca de Neve e o Caçador”, são as motivações da rainha Ravena o que mais chama a atenção. É em seu passado sombrio que entendemos o que a faz ser como é, destruindo o que estiver entre ela e seu objetivo, em uma interpretação magistral de Charlize Theron que transmite crueldade e profunda tristeza. 

Em um reino muito distante, após tramar a morte do Rei, a rainha Ravena trancafia sua enteada, Branca de Neve, na torre mais alta de seu castelo. Para manter um encantamento que sempre a salvaria e a tornaria a mais bela de todas, Ravena se alimenta da energia vital de mulheres jovens em todo o reino, comendo-lhes o coração. Até que um dia seu espelho mágico avisa que existe sim alguém mais bela do que ela. Sim, é Branca de Neve, que aproveita uma distração para fugir do castelo e se engendrar na Floresta Negra, onde os poderes de Ravena não fazem efeito. Por isso, a rainha contrata um caçador que teve sua mulher assassinada por Ravena, mas que ela prometeu trazer de volta caso ele a ajudasse. Só que, no meio da empreitada, o Caçador se alia à causa de Branca de Neve e junto com sete anões da Floresta irão organizar uma rebelião armada contra o domínio de Ravena, que apenas a mais bela pode derrotar.


Ao colocar traços sombrios na história, o diretor Rupert Sanders acerta e constrói uma trama que mistura traços cômicos com um ritmo de ação que não prejudica o desenvolvimento dos personagens, que são a alma do filme. Kristen Stewart, apesar de não ter sido a melhor escolha para o papel,  se sai bem como a mocinha que sofre do começo ao fim, passando por um zilhão de provações pelo caminho. Ao seu lado está o Caçador, interpretado por Chris Hemsworth, que se despe da montanha de músculos de Thor para encarnar um guerreiro mais hábil na batalha corpo a corpo, com uma história de dor e amargura.

O melhor desempenho fica por conta de Charlize Theron que consegue transmitir um ódio sem tamanho ao mesmo tempo em que deixa transparecer uma Ravena também com um passado marcado por dor e sofrimento. A personagem seria quase humana, não fossem as atitudes diabólicas e maléficas que pratica.


Os efeitos especiais, o figurino e a direção de arte são também um ponto chave do filme, se tornando essenciais para a formação da história. Diferente do seu par “Espelho, Espelho Meu”, “Branca de Neve e o Caçador” sai do burlesco e colorido e coloca tons mais sombrios e reais na tela. O diretor Rupert Sanders, em seu filme de estreia, provou ser a escolha certa para dirigir o filme justamente apostando nesse visual. As ambições iniciais eram fazer de “Branca de Neve e o Caçador” uma trilogia, dependendo do resultado de seu primeiro exemplar. 

 O filme tem seus defeitos. Kristen Stewart é a responsável pela maioria deles. O principal é sequer terem cogitado que ela poderia ser mais bela que Charlize Theron. Mas, assim como a moral do filme nos ensina, a beleza é relativa. Nesse caso, literalmente.

Nota: 8,5

Ó, Grande Veado Branco... oh, wait!.

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