segunda-feira, 4 de outubro de 2010
Cópia Fiel
Copie Conforme
(França/Itália, 2010). De Abbas Kiarostami. Com Juliette Binoche e William Shimmel.
Sempre que eu escrevo um filme, eu adiciono uma tag indicando o gênero a que ele pertence: drama, comédia, romance, etc. Com "Cópia Fiel" vou ser obrigado a inaugurar uma tag nova: arte. O puro e simples filme de arte. Porque o diretor Abbas Kiarostami fez uma história que não se encaixa tecnicamente em nenhum gênero já conhecido do cinema. É um daqueles filmes que ficam fazendo você raciocinar o tempo todo, se perguntando se você tá entendendo alguma coisa, e quando você acha que tá entendendo, ele muda o rumo da coisa e você se perde de novo.
Elle é dona de uma loja de objetos de arte que vai ao encontro do escritor inglês James Miller. Este está na Toscana para divulgar a versão italiana de seu mais novo livro, "Copia Conforme". Elle marca um encontro com James para que ambos possam discutir sobre os aspectos do livro e ela acaba cicceroneando ele pela cidade. No passeio, os dois começam a discutir vários aspectos da arte, das cópias, da finalidade do casamento, entre outras coisas, até que se chega a um ponto em que parece que eles são mais íntimos do que parece. Seria isso verdade ou mais um truque deles demonstrando a Cópia Fiel?
Na verdade, "Copie Conforme" é um grande discurso de análise da arte enquanto arte e das máscaras que colocamos em nós mesmos. O filme discute até que ponto a arte pode ser considerada arte e também o perigo ou benefício das cópias. Mais do que tudo isso, o filme questiona o nosso próprio senso de narração, ao construir um modelo de contar histórias totalmente ao avesso do que estamos acostumados. Os enredos se misturam. O filme todo é um grande diálogo entre o casal principal pelas ruas da Toscana, com assuntos que começam falando de arte, de cópias, de envelhecimento, de amor e até de fingimento.
O casal protagonista caminha como desconhecidos, falando sobre o livro do autor sobre cópias. A certa altura, os atores mudam de personalidade, e encaram a figura de marido e mulher, e você não sabe se eles são ou não são um casal. Será que aquilo era mais um jogo da Cópia Fiel e eles estavam tentando provar cada um a sua teoria? Seriam as cópias melhores, ou tão boas, quanto as originais? Acho que pra responder essas questões eu teria que assistir ao filme de novo, mas fiquei tão zonzo da primeira vez que eu não sei se aguentaria mais uma tão cedo. Mas fica a dica, "Cópia Fiel" é um ótimo exercício cinematográfico que vai fazer você se surpreender com seus próprios questionamentos.
Nota: 8,0
PS: Detesto sair do cinema com cara de burro.
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