(EUA, Brasil, 2009) De Jon Blair.
O documentário "Dançando com o diabo" ganhou certa força no Brasil após ser exibido trechos do filme em uma reportagem do "Fantástico". O boca a boca no dia seguinte foi geral, eu lembro. Afinal, como um americano qualquer entra nas nossas favelas, na polícia e no interior de uma igreja desse jeito, desmascarando facetas de bandidos, policiais e gente comum que, no fundo, todos conhecemos mas temos vergonha de admitir? Aí é que entram as controvérsias. Jon Blair não é um americano qualquer, tendo ganhado o Oscar de melhor documentário por "Anne Frank Remmbered". E outra: o filme foi, simplesmente, o melhor filme que eu assisti no Festival.
O documentário narra a guerra do tráfico em comunidades da Zona Oeste do Rio de Janeiro, sob o ponto de vista de três homens diferentes: o inspetor da polícia federal Leonardo Torres, o chefe do tráfico da favela, Aranha, e o pastor Dione, que além do trabalho de evangelização dos bandidos, cuida de outros que foram espancados e violentados por seus "companheiros".
O interessante do documentário não é só mostrar a realidade do Rio de Janeiro, que já foi explorada no cinema de várias formas. É confrontar as versões dos três personagens, que mostram cada um sua visão das coisas. 1- O bandido que culpa a polícia e se vê como o redentor da comunidade. Aranha faz concursos culturais para as crianças, distrbui alimentos, presta assistência a moradores e chega a recriminar crianças que brincam de bandidos. Culpa o governo por tudo chegar onde chegou e quer se libertar a todo custo e aceitar Jesus. 2- o policial que tem ódio de todos os bandidos e quer a punição. O comandante Leonardo descreve o risco de sua profissão e a falta de piedade de bandidos na hora de matar policiais. Eles miram com a intenção de matar. 3- O pastor que enxerga o melhor das pessoas e sabe que tem esperança para todos nos caminhos de Deus. Ao mesmo tempo, o pastor Dione age como um pacificador da comunidade, intervindo diretamente na ação dos bandidos de facções rivais. Ele chegou a ir em uma comunidade vizinha pedir trégua ao dono do morro. As ações realizadas por ele e sua igreja se estende a outros pontos do Rio de Janeiro e ele tenta a todo custo cuidar de Aranha e aconselhá-lo a largar o tráfico.
Nota: 10++
Nenhum comentário:
Postar um comentário