quarta-feira, 31 de março de 2010

A Caixa

The Box
(EUA, 2009) De Richard Kelly. Com Cameron Diaz, James Marsden, Frank Langella.

Quando um diretor como Richard Kelly resolve lançar um filme, todo mundo entra na expectativa. Afinal, o cara é o que trouxe para o mundo cinematográfico a história de "Donnie Darko", um dos filmes mais cultuados dos últimos vinte anos. Porém, parece que Kelly sofre de uma maldição que acomete alguns diretores tachados de "gênios" algum dia, como, por exemplo, M. Night Shayamalan, ou seja, "diretores de um filme só". Isso porque o filme seguinte de Kelly, "Southland Tales" ficou muito aquém das expectativas e o mesmo se repete com este "A Caixa", que chega ao Brasil com certo atraso.

No filme, um casal dos anos 1970 que enfrenta problemas financeiros recebe uma caixa deixada na porta de sua casa. A caixa é a representação de uma oferta que lhes é feita por um homem, cujo rosto desfigurado espanta quem o vê. Dentro do pacote está um dispositivo feito de madeira, com um botão vermelhor protegido por uma redoma de vidro. A oferta é simples: se eles apertarem o botão, ganham US$ 1 milhão em dinheiro. Porém, se o fizerem, uma pessoa que eles não conhecem irá morrer. Apertar ou não apertar? Essa é a questão que envolve o casal, que não faz ideia no que está prestes a se meter, sobretudo quando decidem investigar o que há por trás do homem misterioso.

A trama em si não é ruim e o espírito dos filmes de Richard Kelly está presente o tempo todo. O problema é que no afã de apresentar toda a linha de esquisitices que está por trás da caixa misteriosa, o diretor (que também é o roteirista) se perde todo ao contar a história, que fica por inteira sem sentido. No final, um tanto desapontador, já que não revela bulhufas, temos uma leve esperança com um suspense inserido, mas não é o suficiente para segurar a onda de confusão já formada pelo filme.


O mérito de tudo vai para a divulgação do filme, já que "A Caixa", junto com "Caso 39", de Renée Zellwegger, tem sido um dos filmes de suspense mais aguardados, justamente por causa da demora do lançamento. A propaganda também ajuda a vender o filme como um thriller de suspense, com toques sobrenaturais, quando na verdade não é nada disso. Não dá pra negar que o longa apresente toques de inteligência, mas eles se perdem na imensidão de coisas inexplicadas que acontecem. Ainda não foi dessa vez que Kelly venceu a si próprio.

SPOILER: Há alguns anos atrás, fui cheio de expectativa ver um filme de suspense, em moldes sobrenaturais também, chamado "Os Esquecidos". Não só estava animadíssimo, como convenci metade da minha turma do segundo grau a ir ver também. Quem assistiu a "Os Esquecidos" sabe que a vontade de todos era de me linchar quando o filme acabou, de tão ruim que é. Sem falar na explicação do filme. E não é que a mesma entidade de "Os Esquecidos" se faz presente em "A Caixa"? O filme não diz, mas é meio óbvio que são os marcianos quem dominam a mente dos humanos e estão fazendo os testes com as caixas, para saber se nós merecemos ou não continuar vivos. Qual é, Hollywood, sejamos mais inteligentes! ET's de novo? Se bem que, dessa vez, a culpa é do autor do livro "Button! Button!", em que Richard Kelly se baseou para fazer o filme. Mas aposto que no livro os alienígenas, ou os "empregadores", estão muito melhor explicados.

Nota: 5,0

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