Os Inquilinos
(Brasil, 2009) De Sérgio Bianchi. Com Marat Descartes, Ana Carbatti,Umberto Magnani, Lennon Campos, Cássia Kiss, Caio Blat, Ana Lúcia Torre, Aílton Graça, Sidney Santiago, Leona Cavalli.
Ás vezes você vai ao cinema e tem algumas surpresas. Fui para assistir "Direito de Amar" mas o cinema estava sem luz. Tive que ir em outro cinema no bairro carioca de Botafogo (que aliás eu amo) tentar ver se o filme estava passando lá. Não estava. Decidi ver "O Segredo de Seus Olhos", mas só ia passar muito tarde. O jeito foi assistir a "Os Inquilinos", que estava passando no horário. O que era quase uma punição se tornou uma experiência interessante, que faz ver que no cinema brasileiro existe vida além de "Se Eu Fosse Você", Xuxas e Didis afins. "Os Inquilinos" mostra que o brasil pode ir além no seu cinema, mesmo que o filme seja falho e pouco satisfatório. No fim, esse filme foi um dos casos onde o que contou foi a intenção.
Valter é um homem comum, pacato e trabalhador que mora em uma comunidade de São Paulo com a mulher e os dois filhos. O vizinho é obrigado pela ex-mulher a alugar a casa dos fundos para três homens misteriosos e suspeitos. Eles são bagunceiros, barulhentos, desordeiros e aos poucos começam a mudar a rotina e os pensamentos da família do lado. Valter começa a se preocupar mais ainda com sua família ao mesmo tempo que precisa manter um olho bem aberto na casa do lado.
A princípio, pelo trailer, "Os Inquilinos" dá aquele ar de suspense, mas vai muito além disso. É basicamente uma crítica social à violência e ao caos urbano que vemos todo dia no cotidiano. Pipocam ônibus queimados, tiros dados a esmo e até menção à pedofilia. O filme é bem produzido e filmado, mas todas essas tramas paralelas estão lá apenas para encher linguiça, já que o próprio filme se encarrega de dizer que o foco da trama não são esses e sim o tal causo dos vizinhos indesejados. Aí sim, quando o filme toma esse rumo as coisas degringolam, tomando forma. Faz até você pensar no seu próprio vizinho barulhento que quase todo mundo tem ao lado. A história se desenrola mesmo do meio para o fim, quando tudo quanto é diálogo sobre a sociedade se dissipa e a trama se concentra.
Cheio de coadjuvantes de luxo, como Cássia Kiss, Caio Blat e Aílton Graça, o filme perde metade da graça quando vemos o casal de protagonistas, interpretados por Marat Descartes e Ana Carbatti. Eles não tem química e ele é o típico marido banana. A gente se pergunta porque uma mulher forte como ela quis ficar com um frouxo como ele. Não dá, simplesmente eles não funcionam juntos. Separados até que ganham outras conotações, como quando Valter toma uma injeção de "seje homi" e enfrenta os inquilinos suspeitos. Fica a crítica social e a boa produção de Sérgio Bianchi, mas se era para fazer um filme desse tipo, ele podia ser mais focado e menos alegórico.
Nota: 6,5
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