(França, UK, EUA e Brasil, 2012). De Walter Salles. Com Sam Riley, Garrett Hedlund,
Kristen Stewart, Kristen Dunst, Amy Adams, Tom Sturridge, Danny Morgan, Alice
Braga, Elisabeth Moss e Viggo Mortensen.
Por Raphael Evangelista*
Após
“Diários de Motocicleta”, o cineasta brasileiro Walter Salles se junta
novamente ao roteirista José Rivera e retorna ao gênero do road movie no seu
mais recente projeto estrangeiro, apresentando uma adaptação do romance
norte-americano “On the Road”, do escritor Jack Kerouac. Já exibido no Festival
de Cannes desse ano, o novo filme de Salles teve bom desempenho ao transportar
para as telas a jornada de um grupo de amigos em busca de liberdade e de
autoconhecimento. Apesar da expectativa, o filme não se concentra apenas na típica
receita de um carro desbravando as estradas afora, mas sim no espírito jovem,
na personalidade marcante e nas relações e experiências sentimentais entre seus
personagens principais. Mas mesmo com um bom elenco, a produção de Francis Ford
Coppola e uma história a principio empolgante, o longa-metragem acaba se
tornando cansativo no seu desenrolar e parece se arrastar até um final clichê.
A
história se desenvolve em torno de Sal Paradise (Sam Riley), um jovem burguês
aspirante a escritor que, após o falecimento de seu pai, conhece e se aproxima
do ex-prisioneiro Dean Moriarty (Garrett Hedlund). Sempre em busca de um bom
roteiro para o seu livro, Sal acaba se aproximando cada vez mais de Dean,
tornando-o um objeto de veneração, devido à mente aberta, vontade de conhecer o
mundo e a moral inconstante do rapaz. Na companhia de seu novo amigo e sua
jovem esposa Marylou (Kristen Stewart), o protagonista embarca em uma viagem de
descobertas pelas estradas dos Estados Unidos, se aventurando em um mundo repleto
de drogas, álcool e muito sexo.
A
película tem seus pontos altos e o diretor acerta em misturar cenas de
dramaticidade com outras que rendem boas risadas. Vale destacar a cena inicial,
que mostra a câmera acompanhando os pés do protagonista enquanto ele cantarola
caminhando sobre o solo seco, e as cenas de nudez e sexo que não são nem um
pouco gratuitas. Contando com um elenco que demonstrou ótimo desempenho, o espectador
mergulha facilmente nas aventuras dos personagens, que desfrutam de sua jovialidade
e se libertam de qualquer julgamento. O roteiro não se preocupa em dar
explicações sobre seus personagens, ao invés disso prefere demonstrar suas
personalidades através de suas experiências. Garrett Hedlund consegue um Dean
Moriarty seguro de si e sedutor, enquanto que Kristen Stewart entrega um de
seus melhores trabalhos, transportando a sensualidade e a paixão adolescente à
sua Marylou, mostrando que talvez se dê melhor com personagens que mais se
pareçam com ela. Kirsten Dunst também está bem na pele de Camille, assim como
Viggo Mortensen na sua curta participação como Old Bull Lee.
No
geral, “Na Estrada” é um filme bonito e consegue trabalhar bem as aventuras dos
personagens, mostrando que algumas experiências são importantes na vida das
pessoas, e dando uma grande lição no que diz respeito à evolução e na passagem
para a vida adulta, principalmente sobre a amizade. A trilha sonora de Gustavo
Santaolalla e a fotografia de Eric Gautier favorecem a beleza e o espírito do
longa. O único problema que pode abalar toda a impressão do filme é sua
duração, que parece se arrastar depois de sua primeira hora de projeção, aliado
a um desfecho previsível em se tratando de uma jornada de um escritor que
procura reunir boas histórias para o seu futuro livro. “Na Estrada” diverte e
emociona com suas boas atuações, e cumpre o seu papel como adaptação de uma
obra literária, talvez entrando para a lista dos melhores filmes de Walter
Salles.
Nota:
8,0
*A resenha foi escrita pelo parceiro Raphael Evangelista, em sua primeira colaboração aqui para o blog. Espero que seja a primeira de muitas!
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