terça-feira, 17 de julho de 2012

Na Estrada

On the Road
(França, UK, EUA e Brasil, 2012). De Walter Salles. Com Sam Riley, Garrett Hedlund, Kristen Stewart, Kristen Dunst, Amy Adams, Tom Sturridge, Danny Morgan, Alice Braga, Elisabeth Moss e Viggo Mortensen.

Por Raphael Evangelista*

Após “Diários de Motocicleta”, o cineasta brasileiro Walter Salles se junta novamente ao roteirista José Rivera e retorna ao gênero do road movie no seu mais recente projeto estrangeiro, apresentando uma adaptação do romance norte-americano “On the Road”, do escritor Jack Kerouac. Já exibido no Festival de Cannes desse ano, o novo filme de Salles teve bom desempenho ao transportar para as telas a jornada de um grupo de amigos em busca de liberdade e de autoconhecimento. Apesar da expectativa, o filme não se concentra apenas na típica receita de um carro desbravando as estradas afora, mas sim no espírito jovem, na personalidade marcante e nas relações e experiências sentimentais entre seus personagens principais. Mas mesmo com um bom elenco, a produção de Francis Ford Coppola e uma história a principio empolgante, o longa-metragem acaba se tornando cansativo no seu desenrolar e parece se arrastar até um final clichê.

A história se desenvolve em torno de Sal Paradise (Sam Riley), um jovem burguês aspirante a escritor que, após o falecimento de seu pai, conhece e se aproxima do ex-prisioneiro Dean Moriarty (Garrett Hedlund). Sempre em busca de um bom roteiro para o seu livro, Sal acaba se aproximando cada vez mais de Dean, tornando-o um objeto de veneração, devido à mente aberta, vontade de conhecer o mundo e a moral inconstante do rapaz. Na companhia de seu novo amigo e sua jovem esposa Marylou (Kristen Stewart), o protagonista embarca em uma viagem de descobertas pelas estradas dos Estados Unidos, se aventurando em um mundo repleto de drogas, álcool e muito sexo. 


A película tem seus pontos altos e o diretor acerta em misturar cenas de dramaticidade com outras que rendem boas risadas. Vale destacar a cena inicial, que mostra a câmera acompanhando os pés do protagonista enquanto ele cantarola caminhando sobre o solo seco, e as cenas de nudez e sexo que não são nem um pouco gratuitas. Contando com um elenco que demonstrou ótimo desempenho, o espectador mergulha facilmente nas aventuras dos personagens, que desfrutam de sua jovialidade e se libertam de qualquer julgamento. O roteiro não se preocupa em dar explicações sobre seus personagens, ao invés disso prefere demonstrar suas personalidades através de suas experiências. Garrett Hedlund consegue um Dean Moriarty seguro de si e sedutor, enquanto que Kristen Stewart entrega um de seus melhores trabalhos, transportando a sensualidade e a paixão adolescente à sua Marylou, mostrando que talvez se dê melhor com personagens que mais se pareçam com ela. Kirsten Dunst também está bem na pele de Camille, assim como Viggo Mortensen na sua curta participação como Old Bull Lee.

No geral, “Na Estrada” é um filme bonito e consegue trabalhar bem as aventuras dos personagens, mostrando que algumas experiências são importantes na vida das pessoas, e dando uma grande lição no que diz respeito à evolução e na passagem para a vida adulta, principalmente sobre a amizade. A trilha sonora de Gustavo Santaolalla e a fotografia de Eric Gautier favorecem a beleza e o espírito do longa. O único problema que pode abalar toda a impressão do filme é sua duração, que parece se arrastar depois de sua primeira hora de projeção, aliado a um desfecho previsível em se tratando de uma jornada de um escritor que procura reunir boas histórias para o seu futuro livro. “Na Estrada” diverte e emociona com suas boas atuações, e cumpre o seu papel como adaptação de uma obra literária, talvez entrando para a lista dos melhores filmes de Walter Salles.

Nota: 8,0

 *A resenha foi escrita pelo parceiro Raphael Evangelista, em sua primeira colaboração aqui para o blog. Espero que seja a primeira de muitas!




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