(EUA, 2012). De Marc Webb. Com Andrew Garfield, Emma Stone, Rhys Ifans,
Sally Field, Martin Sheen e Denis Leary
Lançado em 2002, o primeiro “Homem-Aranha” é simbólico para
diversos fãs de quadrinhos e cinema (e filmes de quadrinhos). Significava o
novo rumo que as adaptações das histórias de super-heróis iriam tomar. Mais
denso e profundo, mostrando um Peter Parker gente como a gente, um herói real
que sofre, sangra e tem mazelas em sua vida, o filme de Sam Raimi gerou duas
continuações e marcou a carreira de Tobey Maguire e Kirsten Dunst. Dez anos
depois, a franquia se reinventa, desta vez pelas mãos do diretor Marc Webb (500
Dias Com Ela). E as diferenças não poderiam ser mais gritantes. Apesar de a
história ser, em sua maioria, a mesma, a forma de ser contada é que mudou. A
Sony apostou em uma nova abordagem dos quadrinhos, colocando um Peter mais
jovem e espontâneo, como um adolescente normal (e não o Homem-Aranha maduro da
trilogia original). Isso deu leveza ao novo filme, levando-o mais para o lado
da comédia e dando um tom mais de aventura do que de ação.
Peter Parker é um adolescente comum, com problemas com os
valentões da escola, mas não chega a ser totalmente um excluído. Ele mora com
os tios desde a morte dos pais, que começa a investigar após achar uma antiga
valise. Assim, ele conhece o Dr. Curt Connors,
cientista que trabalhava com o seu pai em uma fórmula para regeneração de células.
Em meio a uma visita ao seu laboratório, Parker encontra uma câmara onde
aranhas geneticamente modificadas são cultivadas. É lá que ele acaba sendo
picado, tendo o seu próprio DNA modificado, ganhando assim super força e um
sentido aguçado, como o das aranhas. Com isso, o garoto passa a se aventurar e
se gabar de seus novos poderes, até a morte do tio Ben, que sempre o criou. Ele
sai em busca do assassino do tio e, assim, se transforma no Homem-Aranha, o
vigilante das ruas de Nova York passa a ser caçado pela polícia. Nesse meio
tempo, Parker se vê às voltas com Gwen Stacy, sua colega de classe, interesse
amoroso e filha do chefe de polícia. Enquanto isso, os planos do Dr. Connors
saem pela culatra após testar nele mesmo uma fórmula extraída das propriedades
regenerativas dos lagartos, transformando-o em um super Lagarto. Seus planos
então mudam para forçar a humanidade como um todo a evoluir, começando pelo
espalhamento da fórmula por toda a cidade.
“O Espetacular Homem-Aranha” tem um apelo mais jovem,
depositando suas forças principalmente nas costas de Andrew Garfield, que faz
jus à nova roupagem que o herói ganha. A história, mais próxima da vista no
desenho animado de mesmo nome, envolve mais gags de humor e a forma como Peter
Parker ganha os seus poderes e se transforma em Homem-Aranha é mais
convincente. Livre dos dramas da trilogia anterior, o filme mostra um Peter
Parker ainda experimentando os poderes e, de certa forma, se vangloriando
deles. Nesse aspecto, o filme acerta mais pela aproximação de seu público-alvo,
os jovens de hoje (e não os de dez anos atrás).
Emma Stone está confortável no papel de Gwen Stacy, apesar
de não estar tão cômica como o de costume. Alguns podem estranhar a saída de
Mary-Jane Watson, a mais conhecida namorada do Homem-Aranha, mas Gwen se
encaixa bem sem nenhuma menção à ruiva. Rhys Ifans até que dá um bom Curt
Connors, mas o visual do Lagarto deixa um pouco a desejar, em especial pela
face da criatura. Em comparação com filmes anteriores, os efeitos visuais são
melhor empregados, mas o Lagarto poderia ser melhor trabalhado. Já Martin Sheen
e Sally Field, nos papeis de Tio Ben e Tia May, apesar de aparecerem pouco,
conseguem mostrar o talento que ambos tem, já visto também ao longo dos seus
anos de carreira.
A Sony, apesar de toda a pressão e críticas que recebeu ao
informar que iria reinventar toda a franquia, acabou acertando por dar uma cara
nova ao personagem e à história em si, deixando-a diferente em certos pontos.
Marc Webb também acertou na condução da trama da forma leve que estamos
acostumados a ver seus trabalhos. No entanto, este filme ainda perde um pouco o
apelo que o original teve, com menos ação e mais diversão. “O Espetacular
Homem-Aranha” diverte e faz seu papel ao tirar a imagem cansada que “Homem-Aranha
3” deixou na franquia, servindo bem ao espetáculo que propõe, iniciando uma
nova trilogia.
Nota: 8,0
Efeitos 3D/IMAX: 6,0
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