Zero Dark
Thirty
(EUA, 2012)
De Kathryn Bigelow. Com Jessica Chastain, Jason Clarke, Joel Edgerton, Chris
Pratt, Kyle Chandler e Mark Strong.
A morte de Osama Bin Laden aconteceu em meio a circunstâncias
suspeitas e pegou o mundo de surpresa. A ausência de um corpo que pudesse
atestar a veracidade das coisas também contribuiu para que a operação do
governo americano ficasse cheia de dúvidas. No entanto, “A Hora Mais Escura”
ignora todos esses fatores para contar, através do ponto de vista de uma agente
da CIA, como a morte do ex-terrorista mais procurado do mundo foi planejada
desde os ataques de 11 de setembro de 2001. Ao mesmo tempo em que soa ufanista,
o filme se compromete ao assumir um tom negativo, ao ‘confirmar’ o uso de
tortura contra prisioneiros no Oriente Médio. Controverso até a alma, o filme
fez sucesso apesar de tudo já que conta um dos mais importantes capítulos da
história americana e revive o momento em que o principal inimigo dos Estados
Unidos é morto. Imagino que, para um americano nativo, da mesma forma que foi
com “Lincoln”, a história tenha um apelo maior, mas nada que impede que o
público em geral possa apreciar o filme.
O filme acompanha as investigações da CIA desde 2002, quando
a agente Maya descobre uma pista que pode levar ao mensageiro pessoal de Osama
Bin Laden, revelando o seu paradeiro. Claro, o jogo político não é fácil, além
da difícil investigação no Oriente Médio. Em meio aos piores cenários
possíveis, Maya continua com os seus instintos e precisa seguir firme na
investigação, antes que novos atentados aconteçam.
A história é atraente e reúne os mesmos elementos do filme
antecessor de Bigelow, “Guerra ao Terror”. Os diálogos são ágeis, mas a
estratégia de contar dez anos de uma vez torna o filme lento e um pouco
arrastado em alguns momentos, mesmo para os padrões de Bigleow. No entanto, as
cenas de ação, que envolvem tiros e explosões em pleno Paquistão, compensam o
clima tenso e devolvem a agilidade que o filme precisa.
Dividido em capítulos, o roteiro de Mark Boal tenta
condensar os principais acontecimentos que culminaram na morte do terrorista
sem entrar em consequências políticas mais profundas. No entanto, Kathryn
Bigelow mexeu em um vespeiro ao apelar para as cenas que envolvem tortura de
uma forma tão explícita. Não pelas cenas em si, que nem são tão pesadas, mas
pelo simples tom de denúncia. Aliás, não dá pra saber se o filme condena ou apoia
a forma como a operação foi conduzida.
Principal estrela do filme, Jessica Chastain constrói uma
mulher aparentemente frágil, mas que amadurece e se transforma a cada ano que
passa na operação. A atriz mostra competência, mesmo que o público não conheça
nada de sua personagem, nada do seu passado, família, nada, apenas o seu afinco
com a profissão.
Longe de ser um “Guerra ao Terror”, este novo filme de
Kathryn Bigelow tem seu apelo, mas não deve ir longe nas premiações. Nem mesmo
deve ser levado em consideração como fonte segura, como já afirmaram
autoridades americanas. Porém, revela mais a capacidade de Bigelow de se
relacionar com temas fortes e que mexam com o público, sem medo de tocar em
feridas e mexer em egos de políticos ou militares. Ponto pra ela.
Nota: 8,5
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