(EUA, 2012) De Benh Zeitlin. Com Quvenzhané Wallis, Dwight
Henry, Gina Montana e Levy Easterly.
O último indicado ao Oscar a estrear no Brasil é diferente
de todos os outros filmes nomeados esse ano. “Indomável Sonhadora” é um filme
cercado de sentimentos e nos coloca no ponto de vista de uma garotinha que
precisa lidar com muito mais do que a sua idade permite. Não por acaso, a
pequena Quvenzhané Wallis chamou a atenção do mundo (e dos votantes da
Academia), se tornando a mais nova indicada na categoria Melhor Atriz. O filme
é todo sobre Hushpuppy e a forma como ela encara os problemas que a cerca. O
que nos faz perguntar como uma menina sem experiência em atuação consegue
segurar um filme praticamente sozinha? Assim como ela, a maior parte do elenco
é composta por moradores de New Orleans, nos arredores de onde o filme foi
rodado, pessoas com pouca ou nenhuma experiência em atuação. Junte isso ao
esforço de uma equipe dedicada fazendo um filme independente e pronto: um filme
bonito que conseguiu batalhar o seu espaço no meio dos grandes. Assim como
Hushpuppy.
Os moradores da região conhecida como “Banheira” vivem uma
situação delicada. O lugar onde eles moram está prestes a ser inundado pelas
cheias da baía que os cerca. Porém, mesmo após uma enchente que devasta a
região, eles permanecem no local, se prendendo às raízes de sua comunidade. A
pequena Hushpuppy está no meio deles e parece ter um dom de se conectar com a
natureza. Além dessa situação, ela precisa ainda lidar com o pai, um homem
doente e que tem mudanças bruscas de humor, mas que é o seu único exemplo e
família. Com o passar do tempo, Hushpuppy aprende que para sobreviver no seu
mundo, ela precisa de coragem, seja para enfrentar o temperamento do pai, seja
para enfrentar criaturas pré-históricas que estão à solta.
Misturando pitadas de comédia, muito drama e até um pouco de
fantasia, “Indomável Sonhadora” parece um pouco non-sense à primeira vista,
sobretudo na parte dos animais pré-históricos, mas aos poucos as peças vão se
encaixando. A principal liga de todos esses elementos é Quvenzhané Wallis, que
consegue transmitir uma conexão muito forte com o seu personagem. Se por um
lado, “Amor” nos fazia ficar no lugar do casal de idosos, imaginando as
complicações naturais dessa faixa etária, “Indomável Sonhadora” nos faz lembrar
de como é ser criança e de como elas enfrentam tanta coisa em seu mundo
particular, sem muitas vezes serem levadas a sério. É com isso que Hushpuppy
precisa conviver, já que por vezes parece ser muito mais adulta do que o seu
pai.
Na tentativa de tornar seu filme uma fábula sobre coragem e
sonhos, o diretor Benh Zeitlin constrói um mundo fantástico e um tanto
assustador para dar vazão aos sonhos de Hushpuppy, mas isso pode dificultar a
compreensão do filme, já que algumas coisas não fazem muito sentido nem são explicadas.
Porém, com um pouco de paciência e compreensão do espectador de que se trata de
uma experiência vivenciada por uma criança, “Indomável Sonhadora” se transforma
em um filme muito bonito e encantador.
Nota: 8,0
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