domingo, 24 de fevereiro de 2013

Indomável Sonhadora

 Beasts of the Southern Wild
(EUA, 2012) De Benh Zeitlin. Com Quvenzhané Wallis, Dwight Henry, Gina Montana e Levy Easterly.

O último indicado ao Oscar a estrear no Brasil é diferente de todos os outros filmes nomeados esse ano. “Indomável Sonhadora” é um filme cercado de sentimentos e nos coloca no ponto de vista de uma garotinha que precisa lidar com muito mais do que a sua idade permite. Não por acaso, a pequena Quvenzhané Wallis chamou a atenção do mundo (e dos votantes da Academia), se tornando a mais nova indicada na categoria Melhor Atriz. O filme é todo sobre Hushpuppy e a forma como ela encara os problemas que a cerca. O que nos faz perguntar como uma menina sem experiência em atuação consegue segurar um filme praticamente sozinha? Assim como ela, a maior parte do elenco é composta por moradores de New Orleans, nos arredores de onde o filme foi rodado, pessoas com pouca ou nenhuma experiência em atuação. Junte isso ao esforço de uma equipe dedicada fazendo um filme independente e pronto: um filme bonito que conseguiu batalhar o seu espaço no meio dos grandes. Assim como Hushpuppy.

Os moradores da região conhecida como “Banheira” vivem uma situação delicada. O lugar onde eles moram está prestes a ser inundado pelas cheias da baía que os cerca. Porém, mesmo após uma enchente que devasta a região, eles permanecem no local, se prendendo às raízes de sua comunidade. A pequena Hushpuppy está no meio deles e parece ter um dom de se conectar com a natureza. Além dessa situação, ela precisa ainda lidar com o pai, um homem doente e que tem mudanças bruscas de humor, mas que é o seu único exemplo e família. Com o passar do tempo, Hushpuppy aprende que para sobreviver no seu mundo, ela precisa de coragem, seja para enfrentar o temperamento do pai, seja para enfrentar criaturas pré-históricas que estão à solta.


Misturando pitadas de comédia, muito drama e até um pouco de fantasia, “Indomável Sonhadora” parece um pouco non-sense à primeira vista, sobretudo na parte dos animais pré-históricos, mas aos poucos as peças vão se encaixando. A principal liga de todos esses elementos é Quvenzhané Wallis, que consegue transmitir uma conexão muito forte com o seu personagem. Se por um lado, “Amor” nos fazia ficar no lugar do casal de idosos, imaginando as complicações naturais dessa faixa etária, “Indomável Sonhadora” nos faz lembrar de como é ser criança e de como elas enfrentam tanta coisa em seu mundo particular, sem muitas vezes serem levadas a sério. É com isso que Hushpuppy precisa conviver, já que por vezes parece ser muito mais adulta do que o seu pai.


Na tentativa de tornar seu filme uma fábula sobre coragem e sonhos, o diretor Benh Zeitlin constrói um mundo fantástico e um tanto assustador para dar vazão aos sonhos de Hushpuppy, mas isso pode dificultar a compreensão do filme, já que algumas coisas não fazem muito sentido nem são explicadas. Porém, com um pouco de paciência e compreensão do espectador de que se trata de uma experiência vivenciada por uma criança, “Indomável Sonhadora” se transforma em um filme muito bonito e encantador.

Nota: 8,0

Nenhum comentário: