(EUA, 2010) De Debra Ganik. Com Jennifer Lawrence, John Hawkes e Garret Dillahunt
“Inverno da Alma” foi o primeiro filme que eu ouvi sendo chamado de favorito para o Oscar, isso em janeiro de 2010, quando o longa estava em exibição no Festival de Sundance, onde ganhou o Grande Prêmio do Júri. Desde então o filme fez uma grande carreira pelos festivais mundo afora, o que surpreendeu até quem participou da produção. O trunfo do filme está, a meu ver, em duas coisas: na forma como é retratada a vida nas montanhas no interior dos EUA, quase como se não houvessem leis, e a interpretação de Jennifer Lawrence, que já havia brilhado em “Vidas que Cruzam” e dá mais uma mostra do seu talento. Só. Porque, francamente, esperava mais de “Inverno da Alma”.
Ree Dolly é uma jovem de 17 anos que tem que cuidar da sua família após a debandada do pai, em liberdade condicional, mas que está foragido. Ela, seus dois irmãos e sua mãe, que está doente e incapaz, correm o risco de perder a casa onde vivem, quando o xerife local conta que o pai ofereceu a casa como garantia da fiança. Como ele não compareceu à sua última audiência, a casa será tomada. Ree decide ir então ir atrás do pai e acaba descobrindo que ele estava envolvido com tráfico de drogas e metanfetaminas. A todo lugar que vai, ela recebe avisos de que deveria se manter fora desse assunto, até mesmo de seu tio, Teardrop, que sabia com que o irmão estava envolvido. Mas, pela integridade de sua família, Ree decide continuar sua busca, sem a menor ideia do que pode encontrá-la no fim.
Apesar de ser um bom thriller que acompanha a rotina de Ree tentando ser uma jovem normal, apesar de ela mesma saber que não tem como ser por causa de suas responsabilidades, “Inverno da Alma” acaba sendo fraco. Nenhum dos personagens, À exceção de Ree e seus dois irmãos é capaz de cativar a plateia e o enredo se perde no meio pra deixar a busca pelo pai e seus crimes de lado – fatos, aliás, que nem são tão bem esclarecidos. Chegando ao desfecho, que pretende ser surpreendente, mas não cumpre esse papel, a impressão é de que nada mudou muito e que tudo não passou de um momento complexo na vida daquela família, quase como um sonho.
O destaque do filme é mesmo a atuação de Jennifer Lawrence, cuja personagem passa por maus bocados praticamente o filme inteiro e ela exala uma coragem necessária para enfrentar as adversidades impostas. Aos 20 anos, Lawrence pode se orgulhar do trabalho e de sua indicação ao Oscar. “Inverno da Alma” é intimista e mostra um ambiente um tanto quanto desconhecido para americanos e estrangeiros. Uma sensação de insegurança acompanha todo o filme e isso é bom, mas o roteiro peca por evitar a profundidade e preferir sentimentos mais superficiais, com uma lição moral tipo “não importa o que aconteça, faça a coisa certa”.
Nota: 7
*Indicado ao Oscar de Melhor Filme, Atriz (Jennifer Lawrence), Ator Coadjuvante (John Hawkes) e Roteiro Adaptado.
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