(EUA, 2010) De David O. Russell. Com Mark Wahlberg, Christian Bale, Melissa Leo e Amy Adams.
Eu sei que eu falo mal do Mark Wahlberg algumas vezes, mas no fundo eu gosto do cara. Ele é simpático, faz uns filmes bacaninhas e até é um bom ator quando escolhe o papel certo. No caso dele, fazer essas escolhas acabam sendo um tanto quanto raras, vide sua filmografia que inclui grandes filmes como “Boogie Nights” e “Os Infiltrados”, e pérolas como “Fim dos Tempos” e “Max Payne”. Em “O Vencedor”, em um papel que parece ter sido escrito pra ele, Wahliberg aparece em destaque mais uma vez, mas é engolido pelos que estão ao seu redor. Mais ou menos o que acontece com o lutador do filme.
Micky Ward é um lutador de boxe que está sempre com péssimos resultados, servindo de “trampolim” para outros lutadores. Ele é treinado pelo irmão Dicky Eklund, um ex-lutador que se gaba de ter derrotado Sugar Ray Leonard em uma luta lendária, porém Dicky deixou se levar pelas drogas e acabou em decadência. Isso se reflete na carreira do irmão e por causa disso, Micky se encontra desanimado em relação ao Boxe. É quando ele conhece a garçonete Charlene, alguém que injeta confiança nele e o faz querer lutar de novo. Quando Dicky se mete em mais uma confusão e vai preso, uma nova chance é dada a Micky, mas ele precisa trabalhar sem a interferência do irmão problemático ou da mãe e empresária de Micky, Alice, que não faz nada além de tentar enxergar os méritos de Dicky e colocar o outro filho no limbo.
“O Vencedor” é baseado na história real do início da carreira de Micky Ward, o Irlandês, que se tornou profissional e encerrou a carreira em 2005. Não fosse isso, o filme poderia entrar na categoria “eterno clichê”, já que do meio pro fim tudo cai na obviedade e o final já é esperado, sem muitas surpresas. Mesmo assim, “O Vencedor” é um filme que merece ser visto, pois foca em relações humanas e familiares, coisas que sempre despertam uma certa aproximação com o público. E pra quem gosta de boxe, também vale a pena assistir.
O trunfo do filme é mesmo de seus atores. Mark Wahlberg, apesar de ser o protagonista, perde o espaço completamente para Christian Bale, que assume a liderança do filme sem pena nenhuma do colega. Claro que para todos eles são como “escadas” para a história central – Micky Ward se tornando um lutador de verdade – mas é o personagem drogado de Bale que conduz a história toda. Dicky é a alma, ainda que podre, que dita as regras da vida do irmão e mesmo quando ele se rebela, Dicky se sobressai. Melissa Leo e Amy Adams completam o show de interpretação dramática do longa.
O filme merece ser visto e marca uma volta quase que desacreditada do diretor David O. Russell, que de marcante mesmo só fez “Três Reis”, com George Clooney (e Mark Whalberg) e “Huckabees – A Vida é uma Comédia”, com Naomi Watts (e Mark Wahlberg). Não deve ter muitas chances no Oscar exceto para seus atores coadjuvantes, mas fica o registro de uma boa história com uma produção dedicada (o filme se passa no início dos 1990) e grandes atuações.
Nota: 9,0
*Indicado ao Oscar de Melhor Filme, Ator Coadjuvante (Christian Bale), Atriz Coadjuvante (Melissa Leo e Amy Adams), Montagem, Direção (David O. Russell) e Roteiro Original.
Nenhum comentário:
Postar um comentário