(EUA, 2011). Com
Brad Pitt, Jessica Chastain, Sean Penn, Fiona Shaw e Hunter McCracken.
Terrence Malick é conhecido tanto por seus bons trabalhos
quanto pelo tempo que fica sem realizar seus filmes. Chega a ser curioso que
ele tenha ficado nada menos do que vinte anos sem filmar entre um trabalho e
outro, no caso os longas “Dias de Paraíso” (1978) e “Além da Linha Vermelha”
(1998). Foram seis anos entre “O Novo Mundo” (2005) e seu último trabalho, “A
Árvore da Vida”. Para se ter uma ideia, Spielberg fez seis filmes nesse período
– Woody Allen fez sete. Porém, a cada intervalo, Malick entrega um filme
encantador e que o confirma cada vez mais como um dos nomes mais aclamados do
cinema. Com “A Árvore da Vida” não foi diferente. O longa levou a Palma de Ouro
em Cannes, em 2011, e dividiu opiniões entre público e crítica, tendo seus
adoradores e detratores. O filme é inteligente e traça uma linha não
convencional para retratar um quebra-cabeças emocional que envolve uma típica
família americana dos anos 1950 e seu lugar no universo, entre passado,
presente e futuro.
O foco principal é a família de Jack O’Brien, que está nos
dias atuais relembrando a sua infância e a passagem para a sua adolescência,
quando começa a perceber as nuances verdadeiras de sua família. Ele embarca
numa viagem que o faz recordar do carinho da mãe, da rigidez do pai e do afeto
dos irmãos. Para situar Jack e sua família em seu papel no planeta, o filme
remonta toda a criação do universo, desde o vazio da Terra e seu processo de
resfriamento, o surgimento das primeiras formas de vida, a extinção dos
dinossauros e a evolução humana até encontrar Jack e sua família.
Apesar dos poucos diálogos, todos eles são profundos e
transbordam os sentimentos dos personagens. Brad Pitt transmite bem a ausência
de um pai rígido e que viaja muito a trabalho, mas que esboça de vez em quando
o amor que sente pelos seus filhos. Jessica Chastain também é competente em
mostrar a compaixão da mãe disposta a proteger seus filhos de tudo e todos,
mesmo que do próprio pai.
O mérito de “A Árvore da Vida” é a forma como as histórias
são contadas, em uma montagem não convencional, que mistura antepassado,
passado, presente e futuro. As cenas da criação do universo, embaladas por
música clássica, como se fosse uma ópera, são de arrepiar. Mesmo um dinossauro
totalmente deslocado, se analisarmos a narrativa dramática da história
principal, encontra o seu lugar dentro da teia criada por Malick para nos
convencer de que todos os acontecimentos foram importantes para complementar o
que somos.
“A Árvore da Vida” faz pensar. Faz refletir sobre a
existência, sobre Deus, sobre a forma como nos relacionamos com a natureza, com
a nossa família e, o mais importante, sobre como nos relacionamos com nós
mesmos. O Jack O’Brien do presente, interpretado por Sean Penn, claramente se
arrepende de certas coisas, dadas as expressões em seu rosto. É quando o
espectador pode pensar em toda a sua própria trajetória de vida e ver o que
pode ser feito de diferente, porque ainda dá tempo. Em minha opinião, quando um
filme consegue fazer toda essa reflexão, ele não precisa de um Oscar para
comprovar a sua grandeza: ele por si só já é vitorioso.
Nota: 10
Um comentário:
Aquela cena BELÍSSIMA na praia me deixa admirado e resume bem o sentido do filme, né? Não preciso dizer que vejo a mensagem da "redenção" ali...todos os personagens confrontando com afeto e perdão e amor o personagem do Penn. Belíssimo momento. Um filme pra sentir, sentir mesmo...obra-prima!
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