Recordista de indicações no Oscar – onze ao todo -, “Hugo”, “Hugo
Cabret” ou “A Invenção de Hugo Cabret”, como queiram chamar, representa muito
mais do que as indicações que recebeu, a maioria em categorias técnicas, e não
é pra menos, considerando todas as propriedades que o cercam.
O longa é o primeiro rodado em 3D pelo diretor Martin
Scorsese. Depois da adesão de James Cameron à técnica, seguido por Peter
Jackson e Steven Spielberg, ter um mestre do cinema no comando da mesma
tecnologia de “Avatar” é de suma importância para o futuro da sétima arte. Não
estou falando do 3D porco, convertido à força por alguns estúdios, na tentativa
de fazer dinheiro, como os realizados em “Fúria de Titãs” e “Lanterna Verde”, e
sim ao uso do 3D como parte importante da narrativa. “Os estúdios estão tomando as decisões erradas
e estão abusando do 3D!”, afirmou James Cameron uma vez.
O que Martin Scorsese faz em “Hugo” (e que outros diretores
devem começar a fazer em breve, como o francês Jean-Pierre Jeunet) é se
apropriar da técnica como apoio narrativo para ajudar o espectador a se
transpor para a história de uma forma melhor. Foi o que aconteceu em “Avatar”,
em “As Aventuras de Tintim” e até em “Transformers: O Lado Escuro da Lua” – o problema
nesse último é que a história é ruim mesmo.
Com a adesão de um nome de peso como Scorsese, a tendência é
pintar novos filmes em 3D cada vez mais com apuro técnico impecável e bons
roteiros, e não apenas uma desculpa para fazer coisas pularem da tela. O
reconhecimento disso para a indústria veio nos bilhões de dólares faturados por
“Avatar” e suas indicações ao Oscar, e agora no retorno positivo para Scorsese
que adaptou sua linguagem a uma tecnologia moderna e fez de seu filme uma obra
elogiada por público e crítica.
A indicação de "Hugo" também significa que a Academia está aberta ao 3D, assim como foi com "Avatar", o que indica que o que falta para mais produções do tipo emplacarem no Oscar não é a boa vontade, e sim, melhores histórias.
Melhor filme 3D – “Avatar”, por saber aliar um mundo todo
construído digitalmente à narrativa com o uso do 3D.
Pior filme 3D – Empate entre “Fúria de Titãs” e “Lanterna
Verde”. Ambos foram convertidos às pressas para o formato, deixando a desejar
nas sensações de profundidade e em várias coisas sem muito sentido. Especialmente
“Fúria”, que era uma confusão visual só.
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