The Descendants
(EUA, 2011) De Alexander Payne. Com George Clooney, Shailene Woodley, Beau Bridges, Robert Forster, Mathew Lillard e Judy Greer.
(EUA, 2011) De Alexander Payne. Com George Clooney, Shailene Woodley, Beau Bridges, Robert Forster, Mathew Lillard e Judy Greer.
Candidato forte ao Oscar, “Os Descendentes” é mais complexo do que se imagina a primeira vista. Já pelo pôster, parece que veremos um novo filme com George Clooney sendo... George Clooney. A verdade é que o ator parece menos do que é – em um bom sentido. Sim, estamos acostumados a vê-lo como galã, bom vivant, etc., mas Clooney tem conseguido cada vez mais papeis desafiadores, o que o coloca com um diferencial entre os atores de sua geração. Claro, Clooney sempre é Clooney e todos os seus papeis lembrarão sempre o Danny Ocean de “Onze Homens e um Segredo”, a melhor versão de Clooney sendo Clooney (a segunda melhor é aquele comercial do Nespresso). Mas, ao analisar alguns de seus filmes recentes, como “Syriana”, “Amor Sem Escalas” e “Os Homens que Encaravam as Cabras”, percebemos um amadurecimento gradual do galã para este senhor, pai de família que vemos em “Os Descendentes”, o que faz com que o desempenho de Clooney seja o principal motor do filme, aliado a um roteiro bem amarrado, adaptado por Alexander Payne, Nat Faxon e Jim Rash.
O advogado Matt King se vê as voltas com uma situação complicada em sua família. Sua esposa sofreu um acidente de lancha, o que a coloca em coma profundo. Totalmente deslocado de questões domésticas, ele traz para casa a filha mais velha, Alexandra, para ajudá-lo com a filha mais nova, Scottie. Alexandra estava em uma situação complicada com a mãe, assim como estava o casamento de Matt, que só entende a gravidade da situação quando a filha revela que a mãe o estava traindo. No meio dessas questões, Matt precisa decidir sobre uma partilha de terras na sua família que pode mudar o destino do Havaí, enquanto os médicos deixam sua esposa sem esperanças, dizendo que terão que desligar os aparelhos que a mantém viva.
Clooney transparece bem o turbilhão de emoções que seu personagem passa enquanto precisa colocar a família em ordem. Basicamente, é nas costas dele que o filme é carregado, uma vez que é do ponto de vista das emoções de Matt King que irão se desenrolar os outros personagens da trama: a filha adolescente com a rebeldia natural, a filha mais nova, o sogro que enfrenta seus problemas pessoais com a mulher, a melhor amiga da esposa que esconde o segredo da traição. Os coadjuvantes são a escada perfeita para a condução de Clooney, cujo personagem tem que ser o pilar para todos os outros, quando ele mesmo está caindo aos pedaços com tantas informações.
Já o roteiro aborda muito bem as questões sobre como reagir diante de tantas adversidades, sem medo de ser original e não cair em clichês, como a pena natural que todos sentimos diante de um paciente em coma. O filme usa do humor negro, não como deboche ou crítica, mas como simples instrumento narrativo, como quando o amigo de Alexandra, Sid, ri das coisas sem sentido que a avó da menina diz, uma vez que ela tem Alzheimer. O alívio cômico (e o fato de o filme se passar no Havaí, repetindo o clichê criticado pelo próprio filme) impede que “Os Descendentes” se torne uma história totalmente triste e chata.
Alexander Payne, conhecido por “Sideways”, construiu um drama familiar ousado, mas que poderia acontecer em qualquer casa do mundo – inclusive no Havaí, repetindo mais uma vez o clichê do filme. E mesmo o final, que alguns podem achar meio banal, inclusive eu, tem o seu propósito de ser daquele jeito, já que o principal argumento do filme é que esse é mais um problema da vida, mas que tudo se resolve com o tempo... até que outra turbulência aconteça.
*Indicado ao Oscar de Melhor Filme, Ator (George Clooney), Direção, Roteiro Adaptado e Montagem.
Nota: 9,0
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