sábado, 25 de fevereiro de 2012

Tão Forte e Tão Perto

Extremely Loud and Incredibly Close
(EUA, 2011). De Stephen Daldry. Com Thomas Horn, Tom Hanks, Sandra Bullock, Max Von Sydow e Viola Davis.

Stephen Daldry, a exemplo de Terrence Malick, tem uma filmografia curta. A diferença é que ele tem bem menos tempo de carreira que o diretor de “A Árvore da Vida”. Porém, a aclamação de Daldry é praticamente a mesma. Seus quatro filmes em longa-metragem receberam indicações ao Oscar, três deles na categoria Melhor Filme. Todos os filmes envolvem temas humanos, histórias comoventes e que poderiam estar presentes na vida de cada um. No caso de “Tão Forte e Tão Perto”, a história tem como pano de fundo a tragédia do 11 de setembro de 2001 que, bem ou mal, tocou o mundo inteiro de alguma forma. Claro, tocou muito mais os americanos, talvez a razão pelo sucesso do filme por lá e sua indicação ao Oscar. Mas o drama com pitadas de comédia é encantador por si só e entrega performances maravilhosas de seus atores, sejam veteranos como Max Von Sydow, sejam iniciantes como Thomas Horn.

Oskar Schell é um garoto prodígio, que não é igual aos demais da sua idade. Ele tem que lidar com um mistério que envolve uma chave encontrada no armário de seu pai, morto na queda das Torres Gêmeas em 11 de setembro de 2001. Oskar parte então numa jornada para encontrar a fechadura onde a chave se encaixa, e assim vai conhecendo pessoas e histórias diferentes por todos os lugares que passa. Enquanto isso, a mãe de Oskar, Linda Schell, tenta encontrar uma maneira de se recuperar da morte do marido e se conectar novamente ao filho, cuja relação se esfriou após o ocorrido. Para ajudar na sua procura pela fechadura perdida, Oskar vai contar com a ajuda do inquilino de sua avó, um senhor que não se comunica a não ser por bilhetes escritos em um caderninho.


O filme reúne elementos que, sozinhos, são capazes de agradar público e crítica. Primeiro, a própria história, do garoto mais do que esperto tentando superar o trauma da morte do pai, algo comum não apenas pelo 11/9, mas por todos os americanos que morreram na Guerra do Iraque ou qualquer outro conflito que os EUA tenham se metido. Segundo, é o novo filme do diretor de “As Horas” e “O Leitor”. Terceiro, dois dos maiores arrecadadores de bilheteria estão no filme, Tom Hanks e Sandra Bullock. Apesar desses elementos, é o garoto Thomas Horn e o veterano Max Von Sydow quem tomam conta de todo o longa. A intensidade da interpretação de Horn, como Oskar, é de tirar o fôlego. O diretor acertou em cheio na escolha. Oskar é falastrão, entende de coisas que muito marmanjo não saberia lidar, independente e com o raciocínio muito rápido para um garoto de sua idade. Horn dá vida a esse menino com maestria e me espanta que ele não tenha conseguido uma indicação ao Oscar.


“Tão Forte e Tão Perto” é intenso e comovente e a cada novo pedaço da história, o espectador se envolve no drama pessoal de Oskar e sua mãe, assim como na curiosidade e suspense por saber que mistérios aquela chave guarda. Stephen Daldry criou um filme dinâmico e ágil, assim como a mente de seu personagem principal. Os coadjuvantes de luxo são um brinde à parte, mas Max Von Sydow e o garoto Horn são as estrelas absolutas. Coincidência ou não, Daldry criou personagens marcantes tanto para o cinema como para os atores. A intensidade de seu filme faz com que ele seja mais um páreo duro na cerimônia do Oscar, mas a essência do longa vai muito além de premiações. Está em cada um de nós, na garra, vontade e coragem que temos ao levantar todos os dias e encarar nossos problemas e conflitos todos os dias.

Nota: 9

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