My Week With Marilyn
(EUA, UK/2011). De Simon Curtis. Com Michelle Williams, Kenneth Branagh, Eddie Redmayne,
Emma Watson, Julia Ormond, Dominic Cooper e Judi Dench.
Quando Sir Lawrence Olivier finalizou as finlmagens de “O
Príncipe Encantado”, primeiro e único filme de Marilyn Monroe fora dos Estados
Unidos, ele ficou tão aborrecido com o jeito e a forma de atuar da atriz, que
se afastou um bom tempo da direção de filmes. Aparentemente, a forma de
trabalhar de um grande deus britânico da
atuação não combinava com a forma suave e provocante de uma estrela
hollywoodiana. Pelo sim ou pelo não, a relação dos dois não afetou Lawrence,
que não deixou de ser quem é, mas Marilyn cresceu. Cresceu tanto que não cabia
em si. Era outra. Uma personagem em tempo real, full time, ativa 24 horas do dia. Tanto que assusta vermos um
deslumbre da Marilyn real em “Sete Dias com Marilyn”, que conta como o
assistente de direção Colin Clark se envolve com a musa loira durante as
filmagens de “O Príncipe Encantado”.
O filme foi o primeiro bancado pela produtora de Marilyn
Monroe e, talvez por isso, Lawrence Olivier tenha aguentado toda a pressão. No
filme vemos uma pessoa insegura com o modo duro e sem mobilidade do estilo de
atuação britânico, alguém que duvida da sua capacidade diante da adversidade
imposta por uma grande figura do cinema/teatro. Marilyn Monroe era, antes de
tudo, uma pessoa frágil que precisava mostrar todo o vigor necessário para uma
estrela de cinema. Seu relacionamento com Colin Clark, o protagonista da
história que se vê confuso entre a passageira história de amor com a atriz e a
possibilidade real de namorar a figurinista do filme – só denota o quanto ela
precisava de atenção exclusiva. Tudo que sentia falta era ser amada pelo que
ela era, e não pelo que Marilyn representava.
Da mesma forma, Colin ( e todos os homens ao redor dela,
incluindo Olivier) se deixam levar pelo seu encantamento que hipnotizava. Não à
toa, Marilyn Monroe se tornou um dos maiores ícones da história do cinema. Toda
essa pressão resultou na morte precoce da atriz, aos 33 anos.
O filme de Simon Curtis recria o universo dos sets de
filmagens, com toda a austeridade de Olivier e traduz a verdadeira atmosfera da
época, desde o fascínio pela indústria ao culto às celebridades. Michelle
Williams, mesmo não parecida fisicamente, expõe Marilyn da cabeça aos pés, em
uma atuação assombrosa que lhe rendeu a indicação ao Oscar esse ano. Ela
consegue transparecer as várias faces da diva, desde a poderosa presença da
atriz em um palácio britânico à melancolia profunda por ter sido abandonada
pelo marido em um país desconhecido.
Kenneth Brannagh como Sir Lawrence Olivier personifica o
verdadeiro lorde inglês em seu desempenho. Sua atuação também lhe rendeu uma
indicação ao Oscar na categoria Ator Coadjuvante. Vale lembrar que os dois atores interpretaram
Hamlet no cinema, então já tem traços de atuação em comum, o que facilitou
ainda mais a caracterização de Brannagh, que provavelmente cresceu admirando os
papeis de Sir Lawrence no cinema.
Após os fatos apresentados em “Sete Dias Com Marilyn”,
baseado no livro homônimo escrito pelo próprio Colin Clark, Marilyn Monroe
estrelou “Quanto Mais Quente Melhor”, considerada uma das melhores comédias de
todos os tempos. Antes disso, ela já era uma estrela completa após os filmes “O
Pecado Mora ao Lado” e “Os Homens Preferem as Loiras”. Se pudéssemos resumir o
filme (tarefa impossível) em uma frase, uso uma dita no próprio filme. “Lawrence
Olivier era um grande ator tentando ser uma estrela de cinema. Marilyn era uma
grande estrela de cinema tentando se tornar uma grande atriz”. Porém, ela não
precisava treinar, já que era seu charme natural a principal arma de sua
atuação.
Nota: 9,5
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