quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Scott Pligrim Contra o Mundo (Último de 2010)

Scott Pilgrim vs. The World
(EUA/Canadá, 2010) De Edgar Wright. Com Michael Cera, Mary Elizabeth Winstead, Mark Webber, Jason Schwartzman, Anna Kendrick, Chris Evans, Brandan Routh, Allison Pil, Johnny Simmons e Kieran Culkin.

"Scott Pilgrim" foi um dos filmes mais injustiçados do ano. Não teve uma boa bilheteria nos Estados Unidos, quase não foi lançado no Brasil (e quando foi, saiu em uma única sala em São Paulo e, meses depois, no Rio) e ainda nem conseguiu se pagar - o filme custou US$ 60 milhões e só arrecadou US$ 47 milhões. Mesmo assim, é um sucesso de crítica e aclamado por fãs da HQ original, fãs de HQ em geral e pessoas mais ligadas em cinema, especialmente a galera entre 20 e 30 anos, claramente o público alvo do filme (e da HQ). O filme é o mais descolado de 2010 e representa muito bem a nova geração de "adultescentes" que está circulando por aí. Não à toa, quem queria ter visto o filme desde o anúncio da produção, já o fez pela internet, o território preferido dessa galera. Ponto pra Edgar Wright, que talvez tenha produzido o filme baseado em HQ mais fiel da história.

Scott é um rapaz de 23 anos que está numa banda de rock junto com seus amigos. Metido a conquistador, ele se envolve com a estudante chinesa Knive, que se torna obsessiva por ele e sua banda. Acontece que Scott encontra a garota dos seus sonhos, Ramona Flowers, uma menina descolada e de cabelo multicolorido. Mas tem algo de estranho com Ramona. Apesar dos avisos, Scott insiste em sair com ela, mas para que eles fiquem juntos, ele vai precisar derrotar a Liga dos Ex-Namorados do Mal, composta por sete ex-namorados de Ramona. Enquanto isso, Scott também precisa lidar com o torneio de rock que sua banda está competindo, com o retorno de uma ex-namorada e com a obsessão da própria Knive, que fica perdida no meio do triângulo amoroso.


Agora, pega essa sinopse curta aí de cima e adiciona todo o espírito dos quadrinhos, dos videogames e das bandas de rock alternativo, mais o visual dos quadrinhos, dos videogames e das bandas de rock alternativo e você tem o filme mais cool do ano. "Scott Pilgrim" não está preocupado com críticas, bilheteria ou o que quer que seja. Ao que parece, a única preocupação do filme é ser legal o suficiente pra conseguir prender a atenção do seu principal público-alvo: os Scott Pilgrim da plateia, pessoas de uma geração que cresceu em meio a uma enxurrada de cultura pop por todos os lados. Esse é Scott. Esse sou eu. Esse é você. E essa é a principal sacada do diretor Edgar Wright: ser fiel á história e contá-la para os seus fãs. Se funciona com os fãs, funciona com todo mundo (em tese).


Os efeitos visuais são um destaque à parte do filme. Cada vez que Scott vai lutar com um ex-namorado do mal, um visual de videogame aparece na tela, os personagens ganham superpoderes e onomatopeias pipocam no filme. As representações gráficas de amor, solidão, ódio, tristeza, entre outros, também são geniais. O roteiro peca um pouco por ser óbvio às vezes, e a montagem é corrida demais. Mas nada que atrapalhe o desempenho do filme ou dos atores, principalmente Michael Cera, que parece que nasceu para os personagens perdedores convictos. Nesse, ele dá a volta por cima, cada vez que Scott derrota um oponente (e cada vez que ele derrota um oponente, ele ganha pontos em forma de... moedas, como no Super Mario!).


Que as lições de "Scott Pilgrim" sejam aprendidas por outros filmes do gênero que tentam, mas não conseguem, ser qualquer outra coisa além de uma máquina de dinheiro. A Marvel está não só conseguindo reverter isso, como aliar uma coisa a outra: ser uma máquina de dinheiro e também um ícone da cultura. A DC Comics ainda tá no meio do caminho, mas a nova franquia Batman mostrou que eles estão aprendendo. Os estúdios (Sony, Fox, Paramount, Warner, etc.) ainda precisam lidar melhor com isso.

Nota: 9,0

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Resoluções de Ano Velho


2010 veio. 2010 está indo. E mais uma vez um mundo de coisas aconteceu. Não apenas dois períodos da faculdade, que se encaminha para o fim, mas acontecimentos incríveis que ficaram marcados na história. O ano dos 23 anos.

Viajei muito, conheci lugares onde nunca estive, nem nunca sonhei estar.

Fiz grandes amigos, cultivei mais a amizade dos antigos.

Me conheci, me descobri, me enganei. Cresci, amadureci, mas ainda mantive sonhos e pensamentos da adolescência, afinal, sou da geração Y e segundo especialistas, todos vamos ficar com 16 anos até os 30. A barba cresceu mais e os olhos, aparentemente, diminuíram e ficaram mais puxados. Ambos compuseram a identidade de 2010.

Vi muitos filmes, como não podia deixar de ser - não tantos quanto eu gostaria, mas bem mais do que no ano passado.

Assisti a mais séries de televisão em 2010 do que na minha vida toda: Glee, The Big Bang Theory, Dexter, True Blood, Being Erica (Canadá), Heroes, House, Ugly Betty, How I Met Your Mother...

Comecei a tomar o maldito presente dos deuses, o Roacutan, que destrói o seu humor junto com as suas espinhas.

Saí de um estágio e entrei em outro. Saí de um site de notícias de cinema para me dedicar mais a outro. Fiquei à toa e engordei. Comecei a correr e emagreci. Parei de correr e engordei de novo (não deixar isso acontecer em 2011!). E bateu na trave a carteira de motorista, que também ficou para o ano que vem, mas dessa vez com a promessa de comprar um carro.

Escrevi. Deus, como eu escrevi! E não só texto pro blog! Texto pros sites em que trabalhei, texto pra revistas, texto pra releases, texto pra twitter e facebook, texto pra cartão-postal pra China, texto pra trabalho de faculdade. Morri fazendo meu projeto de monografia e estudando pra economia, e ressuscitei com as boas notas de ambos. Fiz outro filme.

Aprendi que não dá pra fazer nada sozinho, embora, pra certas coisas, você deve ser o mestre, insubstituível e irredutível. (Ditador, leia-se).

Me apaixonei, assim, com o pronome oblíquo na frente do verbo. Nossa, e como me apaixonei e mesmo depois de ter terminado o relacionamento continuo apaixonado. Talvez a prova de que isso só acontece uma vez pra cada um. Talvez a lição que faltava pra eu aprender que eu preciso me amar mais antes de amar outra pessoa. E essa lição eu aprendi. Errei muito, mas quem é que não errou? Faz parte.

Comprei uma casa nova, um celular novo e uma carteira nova. A carteira já ficou velha.

Descobri o poder de uma boa música, o poder de informação do rádio e o poder revigorante de um delicioso biscoito da vaquinha!

Fiz grandes amigos, cultivei mais a amizade dos antigos (sim, de novo, eles foram importantes).

Facebook deu um chapéu no twitter, que juntos sepultaram o Orkut.

De certa forma, fiquei ainda mais próximo da minha família, os da minha casa, os que eu defendo que nem bicho se algo acontecer a eles. Meu irmão já tá do meu tamanho e juntos somos mais altos que a minha mãe. Proteção total a ela.

Vivi. Acho que vivi mais. Ao contrário do que parece, não abandonei Deus, mas fiquei mais perto d'Ele e mais distante dos homens corruptos e raivosos. Deixei de lado as convenções e fui ser eu mesmo. Passei um 2010 ótimo. Espero passar um 2011 estupendo. Se ele tiver uma pitada de 2010, já vai ser suficiente.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Relembrando 2010

Fim de ano se aproximando e todo mundo faz lista. De preferência, das do tipo “As 10+”, fortalecidas pelo fim do primeiro ano “10” do terceiro milênio. No cinema não podia ser diferente e o que tem de lista dizendo quais foram os 10 melhores filmes do ano não é brincadeira. Praticamente tudo o quanto é mídia especializada está fazendo a sua, e como a minha ficaria repetitiva mesmo (“A Origem”, “Tropa 2”, “A Rede Social” e um monte de outros que todo mundo apontou), achei melhor relembrar o que o mundo do cinema viu de importante em 2010. Foi muita coisa, então nem ia caber aqui tudo, mas vamos lá, tentar fazer a retrospectiva da sétima arte em 2010.

O Fenômeno “Avatar”

O filme de James Cameron foi lançado no fim de 2009, com uma altíssima expectativa, que se confirmou em 2010 como o maior sucesso de bilheteria de todos os tempos. “Avatar” faturou nada menos do que US$ 2.779.551.867,00, se tornando o filme de maior bilheteria de todos os tempos, marca que não deve ser atingida tão cedo. Claro que o filme teve a ajuda dos cinemas 3D, com ingresso mais caro, mas mesmo assim, o feito é impressionante e digno de honra para Cameron, que bateu o próprio recorde que era de “Titanic”.

O Fenômeno “Guerra ao Terror”

Se o público mundial abraçou “Avatar” como o maior sucesso do cinema, os críticos norte-americanos mostraram que nem só de bilhões de dólares vive a indústria. Sendo lançado aos 45 do segundo tempo (chegou a ser vendido direto em DVD no Brasil), “Guerra ao Terror”, um filme de modestos US$ 15 milhões, faturou quase todos os prêmios de melhor filme, inclusive o Oscar, derrotando o longa de James Cameron, consagrando os nomes de Jeremy Renner e Kathryn Bigelow e deixando o mundo boquiaberto. E olha que foi Cameron, ex-marido de Kathryn, que a aconselhou a dirigir o filme. Ela ainda se tornou a primeira mulher a ganhar o Oscar de direção, quebrando um tabu de mais de 80 anos. Foi a verdadeira vitória de Davi contra Golias.

O Fenômeno “Tropa de Elite 2”

Tá, esse é o último fenômeno da lista, mas merece destaque assim também porque o Brasil também teve o seu “Avatar”. “Tropa de Elite 2” quebrou todos os recordes do cinema nacional, mostrando a segunda parte da história do maior herói nacional das telonas. Foi a maior bilheteria de 2010 no Brasil – passando “Avatar”, o filme mais visto da chamada Retomada do cinema brasileiro, derrotando “Se Eu Fosse Você 2”, para a glória de Deus (\o/), a sequência mais vista em terras tupiniquins e, fechando com chave de ouro, o filme mais visto do cinema nacional, ultrapassando “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, de 1976. Coronel Nascimento terminou o ano de alma lavada.

Cinema espírita

O espiritismo invadiu as telas nacionais com três longas diferentes, mas iguais. O primeiro a chegar até nós foi a cinebiografia de “Chico Xavier”, dirigida por Daniel Filho. A resposta do público foi imediata já que Chico Xavier tinha um apelo popular muito grande, mesmo para os não espíritas, por sua bondade e tranquilidade. O segundo da safra foi “Nosso Lar”, adaptação do livro mais vendido do autor, psicografado por ele e ditado pelo espírito de André Luiz, protagonista da trama. Os efeitos especiais chamaram a atenção e o filme também foi sucesso de público. O terceiro, e bem menos visto, foi o documentário “As Cartas Psicografadas de Chico Xavier”, que decepcionou a crítica e não teve a mesma sorte de seus antecessores.

Futuros Heróis

2010 presenciou o retorno do Homem de Ferro, mostrando que o personagem ainda tem muito a oferecer. “Homem de Ferro 2” não só nos deu um pouco mais da personalidade de Tony Stark, como apresentou personagens que serão fundamentais para a nova saga da Marvel, “Os Vingadores”, que estreia em 2012. Esse ano, na Comic Con de San Diego, o estúdio apresentou o time: Scarlett Johanson (Viúva Negra), Robert Downey Jr. (Homem de Ferro), Chris Hermsworth (Thor), Chris Evans (Capitão América), Jeremy Renner (Falcão Negro) e Mark Rufallo (substituindo Edward Norton como Hulk). Samuel L. Jackson e Clark Gregg também estão confirmados no filme que será dirigido por Joss Whedon (“Buffy, A Caça Vampiros”).

A Sony anunciou o nome que deverá ser o rosto do novo Peter Parker, o (até então) desconhecido Andrew Garfield. Foi um alívio e tanto para os fãs do Cabeça de Teia ver a interpretação de Garfield em “A Rede Social”, que promete ser indicada ao Oscar. Emma Stone também teve aprovação dos fãs como Gwen Stacy, assim como o diretor Marc Webb. Pelo menos, por enquanto não teve muito barulho.

A DC Comics e a Warner contra-atacaram anunciando as novas produções de “Batman” e “Superman”. O primeiro terá Christopher Nolan mais uma vez, comandando “The Dark Knight Rises”, o último filme do Batman, pelo menos sob a sua batuta. Nolan deve voltar ainda como consultor de “The Man of Steel”, a tão esperada sequência (ou não) do decepcionante “Superman – O Retorno”, que será dirigida por ninguém menos do que Zack Snyder, de “300” e “Watchmen”.

Mulheres do ano

Papéis fortes femininos se destacaram no cinema. No começo do ano vimos Gabourey Sidibe e Mo’Nique laureadas pelas atuações em “Preciosa”. O ano, inegavelmente, foi de Sandra Bullock, que viveu o inferno e o paraíso astral no início de 2010. Ela passou por um escândalo e consequente separação do marido e levou o prêmio de pior atriz de 2009 (merecidamente, diga-se de passagem) por “Maluca Paixão”. Mas deu a volta por cima ao aparecer glamourosa em quase todas as premiações positivas por suas atuações em “Um Sonho Possível” (Oscar) e “A Proposta”. Tudo isso sorrindo muito ao lado do filho adotivo. Palmas. Com o fim do ano, um novo nome poderoso se confirma – e deve se gritado aos quatro ventos no começo de 2011: Natalie Portman em sua atuação elogiadíssima em “Cisne Negro”. Fiquemos de olho.

Xuxa? Didi?

Graças ao bom Deus fechamos 2010 quase sem aparições dos dois nos cinemas, à exceção de “O Mistério de Feiurinha”, resquício de 2009, que foi embora tão cedo chegou. Próximo.

Vampiros X Bruxos

A terceira parte da Saga Crepúsculo chegou aos cinemas, levando fãs às filas e lotando as salas. “Eclipse” deu um tom mais sombrio à trama, e chega a ser melhor que os anteriores, mas ainda assim é um reflexo da trama fraca escrita por Stephenie Meyer (sim, a culpa é dela). O maior erro foi substituir Rachelle Lefevre por Bryce Dallas Howard, completamente perdida no meio da história. Pra apimentar o embate entre fãs de Crepúsculo VS. Fãs de Harry Potter, o primeiro filme da última parte da saga do bruxo dá um banho nos vampiros. “Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 1” traz o amadurecimento final dos seus personagens e da trama em si, começando a concluir os eventos que se arrastaram por mais de dez anos nos cinemas. Já é a maior franquia do cinema, algo que os vampiros e lobisomens de Stephenie não vão sentir nem o cheiro.

Argentina

A rivalidade Brasil X Argentina nos esportes, na política externa, na culinária, entre outros setores já encheu o saco, mas é legítima. No que diz respeito ao cinema, é bom os brasileiros saírem de fininho. Mesmo sem grandes sucessos de bilheteria, como “Tropa 2”, por exemplo, a Argentina lançou por aqui dois dos melhores filmes do ano, dramas consistentes e palatáveis. O primeiro foi “O Segredo de Seus Olhos”, Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, surpresa do ano. O segundo, o candidato da Argentina ao Oscar 2011, “Abutres”. Ambos com Ricardo Darín, maior ator do cinema da Argentina e um dos melhores da América Latina.

Teens no cinema

Pra fazer uma mea culpa com os brasileiros agora, temos que exaltar o cinema nacional, que parou de engatinhar e agora está dando passos sozinho, mesmo que com alguns tropeços. E alguns sucessos veio de onde menos se esperava. Se falássemos de adolescentes no cinema nacional há pouco tempo atrás, íamos ver algo do tipo “Xuxa Popstar” ou o (blurp!) “High School Musical – O Desafio”. Mas foram eles que deram o que falar neste ano com os excelentes “As Melhores Coisas do Mundo”, de Laís Bodansky, “Sonhos Roubados”, de Sandra Werneck, e “Os Famosos e os Duendes da Morte”, de Esmir Filho. Em 2011, mais um da safra deve chegar às telas, “Desenrola – O Filme”, que tem um clima mais “Malhação”, mas talvez siga a cartilha.

Christopher Nolan e “A Origem”

Assim que terminou “Batman – O Cavaleiro das Trevas”, Christopher Nolan começou a trabalhar no seu novo projeto, que era descrito apenas como um épico de ação arquitetado dentro da mente. Só isso. Sem mais detalhes, já que o diretor fez o favor de esconder todo o jogo até meses antes da estreia no cinema. Todo o suspense valeu a pena, já que “A Origem” se mostrou mais um dos jogos “reviravoltosos” (ui!) do diretor e entregou brilhantes atuações de Leonardo DiCaprio e Marion Cotillard. Nem todo mundo entendeu muito bem a história, muita gente ficou pensando por horas a fio no contexto do filme que precisou ser visto mais de uma vez até por mim. Essa obra arquitetada por Nolan pode render frutos ao diretor, já que o filme é cotado pro Oscar.

Animações

Pixar. De novo. Quando ninguém mais achava possível que o estúdio iria trazer uma aventura tocante aos corações de crianças e adultos, eles fazem isso. O problema é que os principais espectadores de “Toy Story 3” são as crianças crescidas que assistiram a “Toy Story 1”! Ou seja, ao ver o Andy crescido, todo mundo se encaixou no personagem e o berreiro começou. Golpe baixo da Pixar que pode ter feito a sua melhor animação desde o princípio do estúdio. Mas nem só de Pixar viveu 2010. Aliás, é bom John Lasseter se cuidar, a Dreamworks tá chegando lá. A prova disso é “Como Treinar Seu Dragão”, filme que diverte mais traz incríveis lições de moral, coragem e superação, além de ser tecnicamente competente. Se por um lado a Dreamworks acerta, por outro ela encerra a franquia que a levou ao patamar da Pixar. “Shrek Para Sempre” não traz o brilho do original, mas pelo menos é melhor do que o terceiro e encerra a saga do ogro verde de uma forma digna. Correndo por fora, “Meu Malvado Favorito” e “Megamente” também divertiram um bocado. Alguém sente falta de animações em 2D, quadro a quadro?

As graphic novels que foram mas não foram

Eu cheguei a escrever sobre os candidatos a filmes mais “cool” do ano, as adaptações de três graphic novels, “The Losers”, “Kick-Ass” e “Scott Pilgrim contra o Mundo”. Pois bem, “Kick-Ass” foi elogiado pela crítica, abraçado com muito carinho pelos fãs, mas ignorado pelo público geral. Desastre de bilheteria, perto do que se esperava. E olha que tinha uma das melhores personagens do ano, a Hit Girl! Pois bem, se “Kick-Ass” teve um fraco desempenho, “Scott Pilgrim” teve destino de semelhante a pior. Depois de pressão dos fãs, a Paramount lançou o filme – em salas limitadas, só em São Paulo, ou seja, o melhor filme que ninguém viu. Portanto, os fãs recorreram à internet pra ver um dos melhores do ano. Pior destino teve “The Losers”, lançado direto em DVD no Brasil e nem sequer mencionado por muitos lugares. Fiasco.

O resto vocês sabem né, “A Rede Social” talvez seja o melhor filme do ano, talvez não, mas todo mundo adorou ver; Outro que todos adoraram ver foi “Alice no País das Maravilhas”, talvez o maior surto psicótico de Tim Burton numa viagem de metanfetaminas visuais; Os independentes “Winter’s Bone” e “Minhas Mães e Meu Pai” chamam a atenção do mundo, assim como o tailandês “Uncle Boonme”; Sofia Coppola ganhou o Leão de Ouro em Veneza por “Somewhere”, na maior marmelada do ano – ela é ex-namorada do presidente do Júri, Quentin Tarantino; Woody Allen perdeu a força? Talvez, mas “Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos” é delicioso de assistir; “Atividade Paranormal 2” é melhor que o primeiro. Próximo; Stallone fez um comentário sobre as filmagens de “Os Mercenários” que o fez inimigo número 1 dos brasileiros. Mesmo assim, todo mundo foi assistir o filme; Vin Diesel, Gerard Butler, Paris Hilton, Robert Pattinson e Kristen Stewart estiveram no Brasil; Depois da lenga-lenga, Tom Cruise volta em “Missão Impossível 4”; Charlie Sheen e Mel Gibson foram acusados de agressão; “Money Never Sleeps” talvez nunca devesse ser feito; Peter Jackson assumiu a direção de “O Hobbit”, após a saída de Guillermo Del Toro, e anunciou um monte de gente no elenco; “Lula – O Filho do Brasil” é escolhido como representante do País no Oscar, uma das maiores atitudes cara-de-pau do cinema. Coitado, não tem a mínima chance; Sandra Bullock e Scarlett Johanson se beijam no MTV Movie Awards...

Nossa, muito mais coisa aconteceu, mas olha o tamanho desse trem? Gigante! Ah, falando nisso, o Cinemarcos foi escolhido o blog do mês da rádio Paradiso, com direito a aparição e tudo na rádio, e também participou do prêmio Top Blog 2010. Não foi dessa vez, mas ano que vem a gente tenta de novo. E eu realizei mais um curta-metragem, “Palácios da Cidade – Os Cinemas de Rua do Rio de Janeiro”, ao lado de quatro grandes amigos meus. Ano que vem tem mais um bando de coisas, é bom se preparar, porque o cinema nunca dorme.


domingo, 26 de dezembro de 2010

As Crônicas de Nárnia: A Viagem do Peregrino da Alvorada

The Chronicles of Narnia: The Voyage of the Dawn Trader
(EUA, 2010) De Michael Apted. Com Georgie Henley, Skandar Keynes, Ben Barnes, Will Poulter e Tilda Swinton. Vozes de Simon Pegg e Liam Neeson.

A história das adaptações do livro "As Crônicas de Nárnia", de C.S. Lewis dariam um outro filme, só contando tudo o que a produção passou. Sucesso na literatura inglesa, o livro não tinha tanta tradição em outros países e o primeiro filme foi um passo arriscado, mas que a Disney estava disposta a dar. "O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa" chegou a ser chamado de "o novo Harry Potter" à época de seu lançamento, mas não teve fôlego igual. O que não impediu o filme de ser um sucesso entre fãs e não fãs do livro. "Príncipe Cáspian", o segundo filme, não foi tão bem quanto o primeiro e, mesmo que tenha atingido seu objetivo junto aos fãs da saga, foi o ponto final da Disney na história. Ressucitado pela Fox, o terceiro (e último) filme da trilogia dá aquele tom de despedida decente. Está claro que o filme não foi feito (apenas) para ganhar dinheiro - até porque, ele não chega aos pés dos dois primeiros - e para quem gosta das histórias do mundo de Nárnia, até que o resultado chega a ser satisfatório.

Dessa vez, os irmãos Pevensie estão separados. Enquanto Susana e Pedro estão nos Estados Unidos, durante a Segunda Guerra Mundial. Lúcia e Edmundo ainda estão na Inglaterra, na casa de um tio, tendo que aguentar as chatices do primo Eustáquio. Mas, por alguma razão, os dois irmãos mais novos são convocados a Nárnia mais uma vez, agora a bordo do Peregrino da Alvorada, o navio do agora Rei Cáspian. Edmundo, Lúcia e, por tabela, Eustáquio, não fazem ideia do que foram fazer em Nárnia, até pousarem em uma das terras do reino dominada por saqueadores. Eles ficam sabendo que uma nova onda do mal, manifesta numa névoa, está ameaçando trazer a maldade de volta ao reino. Cabe então a Cáspian, Lúcia e Edmundo, reis de Nárnia, a combater esse mal junto com a tripulação leal do navio. Isso sem descansar um minuto das chatices do primo Estáquio.


Os efeitos visuais dão um show, é verdade, mas essa terceira parte decepciona um pouco. O roteiro é confuso e mirabolante, deixando o espectador perdido na maioria das vezes. Não há uma explicação lógica sobre o porque de eles estarem lá e o que está assolando Nárnia. Resumindo, é tudo muito jogado na tela num ato desesperado de salvar a trilogia que tinha sido considerada morta pela Disney. Uma Nárnia talvez mais "humana" e política é apresentada, em vez da magia de um mundo mágico que surgiu há alguns anos nas telas. Mesmo sendo o mais fraco dos três, "A Viagem do Peregrino da Alvorada" consegue divertir, apesar de tudo. Ver a última jornada dos Pevensie nas telas encerra um ciclo que marcou a geração do início do século XXI. Afinal, "As Crônicas de Nárnia" tiveram um enredo construído por um gênio (C.S. Lewis) e representado nas telas com maestria por grandes artistas dos efeitos visuais, copiados depois em diversas outras produções. Aslan, o leão, que o diga.

Nota 6,0


quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Palácios da Cidade



Orgulho. Por mais amador e simples que esse filme possa ser, não existe palavra melhor pra definir esse trabalho. É com orgulho que eu apresento "Palácios da Cidade - Os Cinemas de Rua do Rio de Janeiro", curta metragem produzido para a cadeira de Projetos Experimentais da Faculdade de Comunicação Social da Uerj. Mas esqueça a parte acadêmica. Esse é um projeto feito a cinco mãos, com um trabalho árduo de pessoas que se uniram pra contar uma história. E que história!

Tão grande era essa história que achamos ser impossível contá-la em quinze minutos. E a verdade é que é realmente impossível contar essa história em quinze minutos! Não falamos nem de um terço dos cinemas de rua do Rio de Janeiro que se extinguiram. Nem um quinto, arrisco a dizer! Talvez, nem um décimo. Mas tentamos traduzir em quinze minutos a magnitude do que foi uma época que não deve voltar mais no Rio de Janeiro. Uma época em que ir ao cinema estava mais do que infiltrado no cotidiano carioca, era praticamente uma obrigação, já que em alguns lugares, como a Tijuca, existia um cinema a cada cinco metros!

Cinelândia e Tijuca estão melhor traduzidos no curta, mas são uma representação de todo o Rio de Janeiro. Mais uma vez, digo que colocar todos os cinemas levaria muito mais do que uma trilogia em longa metragem. Além de mostrar o espaço físico, tentamos levar também a magia de estar numa sala de cinema, de sentir o cheiro de pipoca, de conversar com um amigo na fila e de curtir cada segundo do filme. Sensação que mudou com o tempo, mas que permanece viva em quem gosta de cinema.

Parte 1



Parte 2



Palácios da Cidade - Os Cinemas de Rua do Rio de Janeiro


Documentário em curta-metragem realizado pelos alunos de jornalismo do curso de Projetos Experimentais da FCS/Uerj.

O filme mostra a trajetória dos cinemas de rua no Rio de Janeiro, falando da sua ascenção e do seu declínio, através das vozes de um hisoriador e de um antigo frequentador, ambos saudosistas de uma época que não volta. Cinelândia e Tijuca são o foco fo curta, que tenta abranger todos os do Rio de Janeiro na história.

Ficha Técnica:
Produção: Átilas Campos, Hugo Mirandela, Jessica Baptista, Marcos Nascimento e Thaís Montezano.

Roteiro: Marcos Nascimento
Edição: Marcos Nascimento
Imagens: Hugo Mirandela, Marcos Nascimento e Thaís Montezano
Entrevistas: Jéssica Baptista e Thaís Montezano
Pesquisa: Átilas Campos
Orientação: Patrícia Iorio

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Machete


Machete
(EUA, 2010) De Robert Rodriguez. Com Danny Trejo, Robert de Niro, Steven Segal, Jessica Alba, Michelle Rodriguez, Lindsay Lohan, Jeff Mahey e Cheech Marin.

Há exatos três anos atrás, eu estava no Festival do Rio 2007 quando fui assistir ao novo projeto de Robert Rodriguez e Quentin Tarantino, chamado "Grindhouse", uma homenagem aos filmes trash dos anos 1960 e 1970. Só que o projeto já tinha sido anteriormente dividido nas suas duas partes, e naquele ano só pude assistir à "Planeta Terror", segmento de Rodriguez. Só que um outro atrativo, além do filme em si, estava embutido naquela sessão, o trailer de um filme chamado "Machete", totalmente falso, produzido apenas como brincadeira para abrir "Planeta Terror". O trailer foi tão bem produzido e tinha um roteiro tão promissor - dentro dos padrões de Rodriguez, claro - que virou filme, três anos depois. É o ciclo do cinema.

Mas sem ladainhas, vamos ao filme. Quem viu o trailer repetidas vezes no DVD de "Planeta Terror", já sabe que Machete é um ex-federal mexicano que teve sua família assassinada por um narcotraficante do México e por isso, foi para os EUA como imigrante ilegal. Lá, confundido com um trabalhador normal, recebe uma proposta de matar o senador John McLaughlin, que está se candidatando è reeleição com a proposta de banir os imigrantes ilegais do país (leia-se mexicanos). Ele aceita o serviço, mas tudo não passa de uma armadilha para incriminar Machete e alavancar a eleição. Ele então parte para buscar a justiça contra àqueles que tramaram seu mal. Ele vai contar com a ajuda da Rede, uma rede (oooooh!) que ajuda os imigrantes no país, liderados por Shé, uma figura lendária que nunca aparece, a não ser pelos relatos de Luz, uma vendedora de tacos integrante da Rede. Eles também vão ter que escapar do cerco de Sartana, uma policial do departamento de imigração que aposta na honestidade, e também de toda a coligação do mal que quer ver a eleição do senador: o assessor dele Michael Booth, o vigilante das fronteiras, Von Jackson, e o narcotraficante mexicano Torrez.



Repleto de violência e apelo sexual, daqueles de ter sangue espirrando, "Machete" é sensacional. É trash, claro, mas e daí? Ele cumpre fielmente a sua proposta de entreter e de criar uma história que consegue se sustentar, sem necessariamente se basear na violencia em si. Tudo que está na tela é plausível, mesmo que beire o absurdo, e é aí que reside o mérito de Robert Rodriguez. As cenas de ação são bem executadas e temos que admitir que Danny Trejo nasceu pro papel.


Três mulheres são a atração à parte do filme. Jessica Albra, em cenas bem calientes, até pra ela mesma; Michelle Rodriguez, que mais uma vez encarna a mulher durona, tipo que já está virando clichê na sua carreira; e (pasmem!) Lindsay Lohan, tentando dar a volta por cima interpretando ninguém menos do que ela mesma na tela, uma garota problema (Só pra destacar, ela foi aplaudida na sessão em todas as vezes que apareceu). Já entre os homens, Steven Segal sai coroado do filme como o filho esquecido de "Os Mercenários", e está muito fora de forma, física e profissional. Robert de Niro encarna um tipo engraçado, mas esquecível. O principal desse time é Michael Booth, como o assessor perverso, pai de April (Lohan).

"Machete" é ideal pra quem procura um bom filme de ação, repleto de bobagens, mas que estão ali pura e simplesmente para diversão. A genialidade de Robert Rodriguez, dentro do que ele se propõe, fica comprovada e estampada nas telas, o que o eleva a um patamar pop que se aproxima cada vez mais do seu 'buddy' Quentin Tarantino.

OBS: Destaque para as cenas do trailer que foram devidamente inseridas no filme. As histórias casam perfeitamente. Ponto para Rodriguez.

Nota: 8,0

Curiosidades do Cinema - As Crônicas de Nárnia


O primeiro filme da franquia "As Crônicas de Nárnia" foi lançado em 2005 com um peso muito grande nas costas. Primeiro: tinha que fazer juz aos milhões de dólares e corações ganhos pela Disney com uma outra trilogia que tinha se iniciado dois anos antes, "Piratas do Caribe". Segundo: precisava ser o estepe perfeito do estúdio e sustentar a aura de dois dos maiores sucessos do início do século XXI - "O Senhor dos Anéis" e "Harry Potter". O primeiro da série, "O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa" mistura a mitologia e a história épica dos filmes de Peter Jackson com a ação e os elementos necessários para ganhar o público infanto-juvenil.

O primeiro filme fez um tremendo sucesso, abrindo caminho para o segundo, "Príncipe Cáspian", que não foi tão bem assim, e custou a saida da Disney do projeto, mas não antes sem deixar uma legião de fãs para trás, que por muito pouco não ficaram órfãos da série. O terceiro filme, "A Viagem do Peregrino da Alvorada", chega aos cinemas com a missão de, no mínimo, dar um desfecho digno à série, que se iniciou cinco anos atrás.

Confira aqui algumas curiosidades sobre "As Crônicas de Nárnia: O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa".

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Megamente

Megamind
(EUA, 2010) De Tom McGrath. Com Will Ferrell, Tina Fey, Jonah Hill, J.K. Simmons e Brad Pitt.

"Megamente" é um filme muito, mas muito despretensioso. Por essa mesma razão, é muito divertido. A Dreamworks Animation tem aprendido a lição e se mostrando uma produtora forte no mercado arrebatado pela Pixar, embora este não seja o melhor longa da linhagem. Porém, o filme se desprende de todo e qualquer cunho pesado e emocional que tem pairado sobre as recentes animações e se mostra diversão garantida pra família toda, sem exageros. Vale destacar os nomes que dão as vozes originais deste longa, incluindo Brad Pitt.

Megamente é um alienígena enviado a terra junto com uma outra criança, que é dotada de superpoderes. O outro, como o nome do filme diz, teve que se contentar com a ineligência, mas como caiu acidentalmente em um presídio, foi criado para ser um supervilão, enquanto o outro cresceu e se tornou o superherói Metroman. Os dois travam uma batalha épica de vilão e herói, até que Megamente consegue o seu propósito: destrói o Metroman. Aí ele começa a perceber que ser um vilão sem herói não tem a menor graça, então ele decide criar um novo herói através do DNA perdido do Metroman. Enquanto isso, ele descobre que a vida de mocinho também pode ser muito boa, quando se apaixona pela jornalista Rosane Rocha (Roxanne Ritchi, no original), e vê que seus planos não saíram tão bem quanto ele previu.



Depois de "Shrek", ser anti-herói da status no mundo da animação. Isso fica provado neste longa, que tem o vilão como protagonista, e já de cara o público se encanta pelo carisma de Megamente. E com um show de personagens secundários, sobretudo o peixe-robô-alien Criado, amigo do vilão, que o filme ganha os seus espectadores, se mostrando uma comédia divertida. Não veja "Megamente" como um concorrente direto de "Toy Story 3", por exemplo, ou o filme perde todo o seu propósito. Veja sem grilos, num fim de tarde, com os filhos, irmãozinhos ou afilhados. Assim, a diversão vai ser bem maior.

Nota: 8,5
Efeitos 3D: 9,0


sábado, 4 de dezembro de 2010

A Rede Social

The Social Network (EUA, 2010)
De David Fincher. Com Jesse Eisenberg, Andrew Garfield, Justin Timberlake, Rooney Mara, Max Minghella, Rashida Jones e Armie Hammer.

Há pouco mais de um ano eu escrevi uma notícia que eu mesmo desacreditei. Era sobre o fato de David Fincher, aclamado diretor de "Clube da Luta" e recém-saído de "O Curioso Caso de Benjamin Button" ter sido escolhido para adaptar a história da criação do Facebook. Em meio à adaptações absurdas, como a cogitada história do Cubo Mágico, essa parecia mais uma. Esse espanto pode ter vindo por eu não conhecer, à época, a história que levou o Facebook ao estrelato. Vejamos só a evolução dos números da minha nota à estreia do filme, nesta sexta. Em junho de 2009, o site tinha 200 milhões de membros e era avaliado em US$ 16 bilhões. Hoje, o número saltou para 500 milhões de membros, com avaliação em US$ 25 bilhões. É muita gente. É muito dinheiro. É claro que a história por trás disso seria ótima de contar. Há um ano atrás eu não podia estar mais errado.

O filme mostra como Mark Zuckerberg, em 2003, um estudante da universidade de Harvard, criou, ao lado de seu amigo Eduardo Saverín, o Facebook. Essa é a sinopse óbvia. Acontece que Zuckerberg teria roubado a ideia de outros alunos do campus, que teriam sugerido uma rede interna apenas para a universidade. Zuckerberg aproveitou a ideia e construiu algo maior: uma rede social que colocasse todos os paradigmas sociais do dia-a-dia na internet e que você só teria acesso se fosse convidado, como um clube particular. Ele usou a ideia em conjunto com os algoritmos (e os recursos) do amigo Eduardo, que aposta na ideia de Mark, mas sempre é colocado de lado. Quando o Facebook começa a ganhar notoriedade, ele vira alvo de disputas, seja a dos acusadores de plágio, seja de investidas de Sean Parker, o inventor falido do Napster que vê no Facebook sua chance de retornar ao topo da elite virtual. As investidas de Parker são vistas com desagrado por Eduardo, que se vê traído por Zuckerberg e passa a ser um de seus maiores inimigos.


O que mais chama a atenção não é fato de essa ser uma história real. É que essa é uma história real contemporânea. Contemporânea demais! Há cinco anos, quando o Facebook estourou no mundo, eu nem tinha internet ainda. Não se pensava no mundo globalizado como está hoje e parte desse pensamento se deve ao avanço de redes sociais, como o Facebook. O que Mark Zuckerberg fez foi mudar a maneira como nós nos relacionamos com as pessoas. No seu dia-a-dia você mal conversa com um colega de classe, mas comenta todos os status dele na rede social! E se ele se tornou o bilionário mais jovem do mundo, bem, isso se deve à sua visão da coisa toda. Pra ele, a principal razão de o Facebook ser tão popular é porque o site é, nas suas palavras, legal.

Saindo do campo das reflexões, David Fincher acertou mais uma vez ao conferir um toque pessoal ao filme que aproxima o espectador. Acertou também na escolha dos seus protagonistas. Jesse Eisenberg sai dos porões de comédias como "Zumbilândia" e "Férias Frustradas de Verão" e se projeta como um ator com futuro promissor, ainda mais com um desafio de encarnar um personagem ainda vivo: ele é apenas alguns meses mais velho que o Zuckerberg real.


Justin Timberlake até que pode continuar investindo na carreira de ator. Aqui ele interpreta uma espécie de antagonista. Na prática, ele divide as atenções de Mark com Eduardo Saverín, consegue ganhar mais atenção mas detrói tudo por causa de sua vida relapsa. Ou melhor, não destróooi tudo, mas uma poa parte. Já a surpresa do filme é Andrew Garfield, quase um desconhecido quando foi contratado para "A Rede Social" e com os olhos voltados pra ele na estreia do filme. É que Garfield vai ficar com um dos papeis mais icônicos do cinema deste início de século: Peter Parker/Homem-Aranha. E é dele que parte as melhores atuações do filme, como o amigo traído/usado/confiante ou /qualquer outro adjetivo que se queira usar, de Mark Zuckerberg. Já se cogita uma indicação certa para ele no Oscar de Melhor Ator Coadjuvante.


Falando em Oscar, "A Rede Social" já estreia como um dos favoritos para a premiação do ano que vem. A Academia está dando preferência a histórias contemporâneas ultimamente, vide seus últimos ganhadores. Então, as chances do filme se potencializam consideravelmente. E antes que eu me esqueça, compartilha aí e me adiciona no Facebook.






Nota: 9,0

sábado, 27 de novembro de 2010

Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos

You Will Meet a Tall Dark Stranger
(EUA/UK, 2009) De Woody Allen. Com Anthony Hopkins, Naomi Watts, Gemma Jones, Josh Brolin, Freida Pinto, Antonio Banderas e Lucy Punch.

Já participo da cobertura do Festival do Rio há 3 anos, fora os anos que já estive como mero espectador. Confesso que nunca vi uma fila como a que eu vi se formar para "Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos", novo de Woody Allen. É claro que tudo isso foi uma ilusão minha, já que o Festival deve ter filas grandes em quase todas as sessões, mas pude ver pela procura dos ingressos e pela quantidade de pessoas na fila, a força que Allen tem como diretor. Há dois anos, eu vivi a mesma coisa na sessão de "Vicky Cristina Barcelona" e reafirmo a admiração por um cineasta que mudou (pra melhor) ao longo dos anos. Comédias românticas ainda são o forte dele, mas a dose de realidade que explora a complexidade humana continua nos surpreendendo.

Helena está passando por um momento complicado de sua vida, após seu marido, Alfie, pedir a separação depois de 40 anos de casado. Ele diz que se recusou a envelhecer e procurou um novo estilo de vida, mais "jovem". Helena não se conforma e chegou até a tentar o suicídio, mas encontra conforto mesmo nas palavras da vidente Cristal, que dá os mais variados palpites sobre a sua vida, e a de sua filha Sally. Ela é casada com Roy, um escritor com problemas em publicar seu novo romance e o casal depende de Helena para continuar pagando as contas. Sally trabalha numa galeria de arte e se vê cada vez mais atraída por seu patrão, Greg. Já Roy encontra uma nova musa inspiradora na vizinha da frente, a estudante Dia, que está sempre de vermelho. Pra sacudir mais essa família, Alfie decide se casar com uma mulher três vezes mais nova que ele, a desvairada Charmaine, e Helena se vê as voltas com a chance de um possível novo amor, um estranho alto e moreno previsto por Cristal.



O que se pode dizer mais senão que esse é um filme de Woody Allen? Apesar de ser inconclusivo e bem mais fraco que "Vicky Cristina Barcelona" ou "Match Point", o diretor aplica toda a sua experiência nas relações humanas modernas e explora como as pessoas podem ficar perdidas depois de muito tempo acomodadas em suas posições. Sobretudo quando diz respeito a envelhecer e a formar família. O filme tem uma leveza única que cativa o espectador do início ao fim.



Allen acertou na escolha do elenco e do cenário. Ele transforma Londres em um lugar irreconhecível, se afastando do tom cinzento e dos prédios vitorianos que sempre são mostrados nos filmes. Anthony Hopkins sustenta o personagem do sessentão que passa por uma crise da velhice e Gemma Jones também está ótima. O papel de musa do filme sai de Scarlett Johanson e passa para Freida Pinto, a nova cara do cinema indiano em Hollywood. E os atores Josh Brolin, Naomi Watts e Antonio Banderas, no auge da maturidade e de suas carreiras como atores, arrematam o tom suave do filme. O rosto mais desconhecido do longa, Lucy Punch, cumpre seu papel como a loira burra interesseira, embora seu personagem desperte um certo asco (será que não era isso que Allen almejava?).


Parece que os dias de noivo neurótico de Woody Allen acabaram, para dar lugar a um novo estilo. Ele consegue compreender os ritmos da nova sociedade moderna, e isso em qualquer lugar, seja em Nova York, na Espanha ou em Londres. Sua filmografia atual traça uma biografia dos novos relacionamentos, assim como "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa" fez com a sociedade dos anos 1970, só que sem a mesma neurose, já que os tempos são outros. E "Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos" entra para esse arsenal.

Nota: 9,0


OBS: Filme assistido no Festival do Rio 2010

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Cinemarcos - 3 ANOS!!


3 anos. Nossa, tem tudo isso mesmo? Isso me lembra que há esse tempo eu estava começando uma tranformação mental que veio com a entrada na faculdade. E tanta coisa aconteceu desde lá. Conheci e desconheci pessoas que passaram, deixaram sua marca, foram embora ou continuam por aí, sempre ao alcance do braço. Assisti a muitos filmes, claro, aumentei o vício de internet e conheci o Facebook e o Twitter! Uau, olha só, há 3 anos essas duas ferramentas que não conseguimos viver sem hoje sequer eram conhecidas do grande público, ainda engatinhavam no nosso Brasil.

O meu blog é como um filho. A gente cuida, dá carinho, briga de vez em quando, finge que esquece pra ver se toma vergonha e vê crescer. Eu vi o meu crescer . Claro, ele ainda não é o maior blog de cinema do país, nem é nenhum formador de opinião da sociedade. Mas é meu. E na condição de meu, considero-o o melhor pra mim. São só 3 anos escrevendo publicamente, mas são 23 vivendo intensamente a essência dos textos que compõem esse blog. 3 anos depois eu sou outro, sou diferente, sou igual. Nem o cinema é o mesmo. Os filmes mudaram, os diretores mudaram. Há 3 anos atrás, não existiam vampiros brilhantes nem lobisomens descamisados. Não existia gente colorida. Não existiam filmes sendo exibidos em 3D. Não tinha tanto blu-ray a rodo.

Mas o cinema está aí, não está? Cada dia mudando as suas perspectivas e sobrevivendo a toda horda tecnológica que as pessoas acham que irá detoná-lo. Ele segue firme. E enquanto existirem filmes, vontade de escrever e uma ferramenta que me proporcione isso, aqui estarei eu, comentando, discutindo, discordando, elogiando, criticando ou só sendo eu.

sábado, 20 de novembro de 2010

Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1

Harry Potter and the Deathly Hallows - Part 1
(EUA/UK, 2010) De David Yates. Com Daniel Radcliff, Rupert Grint, Emma Watson, Ralph Fiennes, Tom Felton, Helena Bonham Carter, Alan Rickman, Evana Lynch, Imelda Staunton, Bill Nighly, Rhys Ifant, Julie Walters, Helen McCroy, Jason Isaacs, Brendan Gleeson, David Thewlis.

Há quase dez anos os fãs da saga Harry Potter esperam por esse momento. Desde quando o primeiro filme foi lançado, esperar pelo último, que vai pôr um fim em tudo o que foi escrito e vivido por milhões de pessoas ao redor do globo se tornou um hábito inevitável. A melhor parte de poder sentar e assistir às mais de 2 horas e 30 minutos de "Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1" é ver que, por mais que alguns detalhes estajem (obviamente) subtraídos, a maior parte do filme está ali descrita com uma precisão incrível. A floresta, o chalé das conchas, o Ministério da Magia, tudo. Finalmente aprenderam a fazer um filme completo e dar o desfecho que a saga merece.

Na primeira parte do último capítulo da saga, Harry precisa procurar as outras quatro Horcruxes que contém partes da alma de Voldemort, enquanto o Senhor das Trevas domina o mundo bruxo e parte em busca de uma varinha que seja capaz de matar o seu oponente. Depois de um ataque à uma festa de casamento na família Weasley, Harry, Rony e Hermione saem sozinhos migrando de lugar em lugar em busca das horcruxes. Mas nessa jornada eles irão ver que tem muito mais em jogo do que simplesmente matar Voldemort e sim descobrir muito mais sobre eles mesmos e sobre a amizade e a compaixão que sempre uniu o trio. Harry ainda terá que descobrir onde estão e quais são as horcruxes desaparecidas, e porque um sinal relativo às Relíquias da Morte insistem em aparecer.

A trama é extensa e complexa e justifica a divisão do filme em dois. Por mais que o motivo seja principalmente comercial, não daria mesmo pra colocar tantos detalhes da história em apenas um filme, a menos que ele fosse mais mutilado do que os outros seis filmes. Ao mesmo tempo, dá a impressão de que apenas fãs que leram o livro final irão entender a história. Olhando por um certo ângulo, montagem, junção de roteiro e outros aspectos fazem o filme perder um pouco a consistência no geral, embora isso não tire o brilhantismo da sua realização.

HP7-1 é o melhor filme da série até agora. É o que mais traduziu na tela o sentimento de aflição e tristeza que permeia a história, uma vez que o mundo bruxo está sendo assolado pelas forças das trevas e não há esperança pra ninguém. Isso fica mais evidente com a trilha sonora e com a fotografia do filme, sempre em tons escuros que em nada lembra os tons mais quentes e alegres de um longínquo "Harry Potter e a Pedra Filosofal". Apesar disso, manter a esperança e estar junto dos amigos é importante e esse parece ser o papel do Eleito, Harry Potter, que parte em busca da salvação do mundo bruxo não apenas por heroísmo banal, mas porque só ele conhece bem Lord Voldemort, suas intenções e aspirações, conhecimentos que lhe foram passados ao longo de sua curta vida acadêmica.

Com relação ao filme, os efeitos especiais nunca estiveram tão aprimorados e as cenas de ação dão agilidade ao filme - tanto que eu não me importaria em ficar ali por outras 3 horas, se resolvessem fazer tudo num único filme. O desempenho dos atores principais foi o melhor de toda a saga, como se eles estivessem dando cada gota do suor de seu trabalho pra fazer tudo perfeito na parte que termina. David Yates mostrou porque se tornou o diretor definitivo da série e imagino o que teria acontecido se ele tivesse dirigido todos. Com "HP7-1" ele se torna o diretor que esteve mais vezes à frente da saga, superando Chris Columbus e as duas partes iniciais.

Destaque também para a cena que descreve o "Conto dos Três Irmãos", importantíssimo para a história das Relíquias da Morte, que é contado através de uma animação impecável, que lembra os "Contos do Cargueiro Negro", história à parte do filme "Watchmen". Outro destaque para a participação de Dobby, o elfo doméstico do segundo filme, que ressurge para alegria (e tristeza) dos fãs. Posso dizer que Dobby foi amplamente aplaudido na sessão que eu assisti. Aliás, falando no segundo filme, tive a impressão que nesta última parte o espectador revive todos os outros filmes junto com Harry: o pomo de ouro, o mapa do maroto Dolores Umbridge, Dobby, Fleur deLaCour e Madame Maxime, a família Malfoy,
entre outras coisas.

O início do fim deixa claro de que esse é o melhor filme da série, mas só até agora. Infelizmente ficaremos com gostinho de quero mais até àquele que deve ser mesmo o melhor de todos os filmes, a Parte 2. É bom nem ir contando os segundos, porque uma vez os créditos finais de "Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2" subam, em julho de 2011, saberemos que realmente terá sido o fim.

Nota: 9,5