terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Os Mais Jovens no Oscar - update


A indicação de Quvenzhané Wallis por “Indomável Sonhadora” em 2013 fez com que ela fosse a atriz mais jovem a concorrer ao Oscar, com apenas 10 anos. Detalhe que ela tinha apenas 5 quando rodaram o filme. Sendo assim, vamos fazer um update no post “Os Mais Jovens no Oscar”, relembrando aqueles que conquistaram indicações quando ainda eram crianças ou pré-adolescentes.



1- Justin Henry – indicado a Melhor Ator Coadjuvante em 1979 por “Kramer Vs. Kramer” (8 anos);

2- Jackie Cooper – indicado a Melhor Ator em 1931 por “Skippy” (9 anos e 20 dias) – foi o primeiro caso de uma criança indicada ao Oscar e foi o mais novo por quase 50 anos.

 3 - Quvenzhané Wallis, indicada a Melhor Atriz por “Indomável Sonhadora” (9 anos) – entre as atrizes, ela ocupa a primeira posição;

4 – Tatum O’ Neil, ganhou como Atriz Coadjuvante “Lua de Papel” em 1973 (10 anos e 106 dias). É a mais jovem vencedora de um Oscar competitivo;

 5 - Mary Badham, indicada como Atriz Coadjuvante em 1962 por “O Sol É Para Todos” (10 anos e 141 dias);

6 – Quinn Cummings, indicada a Atriz Coadjuvante em 1977 por “A Garota do Adeus” (10 anos e 192 dias);

7 - Abigail Breslin concorreu a Melhor Atriz Coadjuvante por “Pequena Miss Sunshine” em 2006 (10 anos e 284 dias). Há quem diga que a menina deveria ter sido indicada à Atriz Principal, por ser a protagonista do filme;

8 – Patty McCormack tinha 11 anos e 181 dias quando foi indicada a  Atriz Coadjuvante no filme “A Tara Maldita”, em 1956. O filme era de terror e Patty fazia uma das criancinhas assustadoras típicas do gênero;











9 - Anna Paquin ganhou o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por “O Piano” (1993) quando tinha apenas 11 anos e 200 dias. Depois disso, ela ficou conhecida como a Vampira da série de filmes “X-Men” e como a Sookie Stackhouse, da série “True Blood”;

10 -Haley Joel Osment tinha 11 anos quando concorreu a Ator Coadjuvante por “O Sexto Sentido” (2000). Mais um indicado por um filme de terror/suspense;

11 -Linda Blair tinha 13 anos quando protagonizou “O Exorcista” (1973) filme pelo qual foi indicada a Melhor Atriz Coadjuvante. Outro caso de criança indicada por um filme de terror - curiosamente foi indicada junto com Tatum O'Neil.

12 -Saoirse Ronan tinha 13 anos quando concorreu por “Desejo e Reparação” (2005) ao Oscar de Atriz Coadjuvante;


13 - Também aos 13 anos, Keisha Castle-Huges foi indicada a Melhor Atriz de 2003 pelo filme “Encantadora de Baleias”. Depois, se envolveu em uma polêmica com a Igreja Católica por interpretar Maria em “Jesus – A História do Nascimento”, sendo que a atriz tinha ficado grávida ainda adolescente;

14 - Aos 14 anos, Jodie Foster foi indicada como Atriz Coadjuvante em “Taxi Driver”(1976). Foi indicada ainda outras três vezes, ganhando duas por “Acusados” e “O Silêncio dos Inocentes”. É a mais bem sucedida da lista no ramo da atuação;

15 - Com 14 anos, Hailee Steinfeld foi indicada a Atriz Coadjuvante em 2011, por seu papel em "Bravura Indômita".




*Apesar de nunca ter concorrido oficialmente a uma estatueta, Shirley Temple ganhou um Oscar honorário como Personalidade em Destaque em 1934, aos 6 anos de idade, se tornando a pessoa mais jovem a ganhar um Oscar até hoje (e talvez por muito tempo).

Lincoln

 Lincoln
(EUA, 2012) De Steven Spielberg. Com Daniel Dae-Lewis, Sally Field, Tommy Lee Jones, David Strathairn, Joseph Gordon-Levitt, Hal Holbrook, James Spader, Jackie Earle Haley, John Hawkes, Lee Pace e Tim Blake Nelson.

Steven Spielberg reuniu um elenco de peso para recontar um dos momentos mais importantes da história americana, a aprovação da 13ª emenda à constituição, proposta que iria abolir a escravidão nos Estados Unidos. O movimento foi liderado pelo então presidente Abraham Lincoln, uma figura quase que mitológica por si só. Sendo assim (e conhecendo o trabalho do diretor), é difícil pensar que “Lincoln” não poderia ser menos que um grande filme. Foram necessários 12 anos de muita pesquisa para o longa metragem sair do papel. Também foi preciso um pequeno esforço de convencimento para que Daniel Dae-Lewis pudesse aceitar interpretar o ex-presidente, quando parece impossível que outro ator pudesse fazê-lo. Por ser justamente o filme grandioso que é, “Lincoln” foi indicado a 12 Oscars, incluindo Melhor Filme e parecia, pelo menos até pouco tempo atrás, favorito absoluto a ganhar todos. Assistindo ao filme, constatamos o porquê.

“Lincoln” não é um filme todo biográfico, mas mostra apenas os eventos que envolveram a aprovação da 13ª Emenda no Congresso americano. Entre os esforços em comandar o País, conseguir a aprovação da emenda e ainda lidar com o iminente término da Guerra Civil americana, algo que poderia colocar toda a tramitação no Congresso a perder, Lincoln se vê ainda em uma crise familiar com sua mulher e seu filho mais velho, que acha que poderia ser mais útil no exército, lutando para defender o seu país. Tendo que articular bem cada um de seus movimentos, o então presidente faz cada um de seus movimentos com sabedoria, com o conhecimento de que precisa do apoio tanto de parlamentares republicanos, como Thadeus Stevens, crucial na votação, como de democratas. 

Se você não é americano e não conhece bem esta parte da história, “Lincoln” pode ser um tanto ineficaz, porque toda a discussão política no início do filme, as implicações com a Guerra Civil e a articulação entre os partidos pode soar muito confusa. É preciso passar por isso e focar naquilo que une os diferentes povos (leia-se “plateias”) que irão assistir ao filme: a desigualdade social por meio da cor da pele. Spielberg toca numa ferida que, aparentemente, deveria ter sido consertada com a 13ª Emenda, mas ainda encontra grandes reflexos no Século XXI. Essa é a grande discussão do filme e não tem como não simpatizar com a causa e com a forma que ela é conduzida por Abraham Lincoln ao longo do filme.

Lincoln, claro, foi interpretado com maestria por Daniel Dae-Lewis, que prova por que é um dos melhores (se não, o melhor) atores de sua geração. Ele incorpora o ex-presidente e transmite a simpatia e a afeição que tantos americanos sentem por ele inclusive nos dias de hoje. Ao mesmo tempo, passa a característica de um homem que precisa manter o controle de seu país, que é um pai zeloso e preocupado com a sua família. Claro que a versão do filme é romantizada para fazer o público sentir essa simpatia pelo herói do filme, mas não há falhas no roteiro que deixem os espectadores perceberem isso. A magistral interpretação de Lewis também sela essa questão.

Outras atuações deste elenco de peso contribuem para o sucesso do filme. Sally Field interpreta a esposa de Abraham Lincoln e é responsável, junto com Lewis, por uma das cenas mais impactantes de todo o filme: uma discussão entre o casal sobre a família, o desenvolvimento dos filhos e o sofrimento de uma mãe que já perdeu um filho e não quer perder outro para a Guerra. Outro que se destaca é Tommy Lee Jones, que mostra a força de um ator veterano e que, apesar de conhecido do público, consegue surpreender com uma ótima interpretação.

A produção de “Lincoln”, caprichada com os detalhes encontrados nos doze anos de pesquisa por parte de Spielberg e pela sua equipe, faz jus à época em que o filme se passa. O problema é que o roteiro do filme se apoia no jogo político da época, o que pode dificultar o entendimento por parte do espectador. Spielberg atenua isso com alguns recursos cômicos, mas ainda assim a política é presente em todo o momento. Fora a referida cena citada acima, Sally Field quase não consegue submergir, frente a tantos homens discutindo essa questão, fazendo com que a questão familiar fique bem em segundo plano.


Mesmo não sendo um filme biográfico em si, “Lincoln” consegue mostrar o caráter do ex-presidente e ajuda a compreender por quê a sua figura ainda é tão querida pelo povo americano. Típico filme feito para ganhar o Oscar, só não deve ganhar caso a Academia confirme que não quer mais ver filmes tão conservadores e reconheça outros cujo mérito está na ousadia e na inovação, como “Argo” – o que tem se confirmado até agora. De qualquer modo, Spielberg deve estar satisfeito com seu trabalho, que se junta aos retratos construídos pelo diretor de outras partes da história, assim como Daniel Dae-Lewis, que sai do filme consagrado como o profissional que é.

Nota: 9


sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

O recorde de Quvenzhané Wallis



 

Ainda não assisti a “Indomável Sonhadora”, mas se tivesse uma categoria no Oscar de Melhor Fofura, a atriz Quvenzhané Wallis (fala-se Kuvenzané) ganharia de lavada. Dá uma olhada na senhorita na foto? Não é linda? Além disso, essa mocinha da Louisiana, EUA, é também uma recordista. Quvenzhané é a indicada mais nova ao prêmio de Melhor Atriz em toda a história do Oscar. Ela tem apenas 9 anos de idade (nas categorias gerais, ela é a terceira mais nova, perdendo para Justin Henry, indicado em 1979 a Ator Coadjuvante por “Kramer vs. Kramer” com apenas 8 anos; e Jackie Cooper, que tinha 9 anos e 20 dias quando foi indicado ao Oscar de Melhor Ator por “Skippy” em 1931!).

Se “Indomável Sonhadora” tivesse sido lançado mais cedo, a atriz provavelmente teria conseguido uma posição geral maior. Wallis tinha cinco anos quando fez a audição para o filme e mentiu a idade para participar, já que o mínimo aceito era seis anos. 

Segundo o diretor Behn Zeitlin, ele ficou tão impressionado com as habilidades da menina que não teve dúvida assim que a viu. “Indomável Sonhadora” fez uma boa carreira em 2012, saindo aclamado dos festivais de Sundance e de Cannes.

O filme conta a história de Hushpuppy,uma menina que vive com seu pai doente em uma comunidade pobre da Louisiana. Quando uma forte tempestade atinge o povoado, uma realidade fantástica se abre para a menina, ao mesmo tempo em que busca encontrar a sua mãe desaparecida. Estreia no Brasil em 8 de fevereiro e está indicado ao Oscar também em Melhor Filme, Roteiro Adaptado e Direção.

Quvenzhané em "Indomável Sonhadora"

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Django Livre

Django Unchained
(EUA/2012) De Quentin Tarantino. Com Jamie Foxx, Christoph Waltz, Leonardo DiCaprio, Samuel L. Jackson e Kerry Washington.

Tarantino é daqueles diretores que, não importa qual o filme ele faça, você deve assistir. Esse foi um posto que ele conseguiu, anos atrás, com “Cães de Aluguel” e “Pulp Fiction”. Sendo assim, assistir a “Django Livre” não era uma opção. Era um dever. Nesse caso, podemos dizer que não há dever mais prazeroso do que assistir a uma obra prima. Sim, Tarantino se superou. Após fazer o inimaginável em “Bastardos Inglórios”, indicado ao Oscar de Melhor Filme, ele repete o mesmo feito em um longa metragem que, ao mesmo tempo, fala de racismo, trata de uma época histórica dos Estados Unidos e presta uma homenagem a todos os faroestes clássicos do cinema. Tudo com muito sangue, tiroteios e diálogos inigualáveis, que exigiram dos atores total comprometimento com seus papeis. Não são todos os diretores/roteiristas que conseguem criar (e manter) um estilo único de contar suas histórias e ainda manter a atenção de um público fiel ao longo dos anos. 

O caçador de recompensas King Schultz resgata o escravo Django para pedir que ele o ajude a reconhecer três bandidos que ele está atrás. Com a ajuda, Schultz promete a liberdade de Django e parte da recompensa. Como o ex-escravo se torna muito bom no ofício, ambos continuam em sua jornada de caçadores até que Django pede a ajuda de Schultz para resgatar sua mulher, traficada para a família de Calvin Candie, um famoso fazendeiro da região. Para resgatar a mulher, os dois terão que sustentar um plano que, ao menor sinal de falha, pode mandar tudo para os ares.


A reconstituição da época da escravidão no sul dos Estados Unidos impressiona. Desde figurino aos cenários, chama a atenção o apuro técnico com o qual o filme foi rodado. Apesar de alguns erros históricos (como constatado no IMDB), o filme não se corrompe pelas falhas, pois o visual convence o espectador, que imerge na situação vivida por Django e rapidamente se coloca ao seu lado. Outro detalhe que impressiona é a mansão de Calvin Candie que, imediatamente, me lembrou de filmes como “...E O Vento Levou” e “Assim Caminha a Humanidade”, com seus casarões no meio do deserto.

Claro que essa afeição ao personagem também se deve a outros fatores, como a interpretação fenomenal de Jamie Foxx como Django. É visível o ódio do personagem contra aqueles que lhe afligiram, mas também o ator passa a inocência dele, que viveu tanto tempo na escravidão. Isso é notório na cena em que Schultz diz a Django que ele pode escolher a própria roupa. Christoph Waltz repete a maestria em um filme de Tarantino. Não é à toa que ele está novamente indicado em Ator Coadjuvante no Oscar desse ano. 

Leonardo DiCaprio, como Calvin Candie, e Samuel L. Jackson, como o escravo Stephen, também estão fenomenais. Aliás, a sequência do diálogo entre os dois, quando fica ‘claro’ quem realmente manda em Candyland, a fazenda de Calvin Candie, é sensacional. E Leonardo DiCaprio se entregou tanto ao papel que se machucou de verdade em uma das cenas.

Com um roteiro espetacular, e uma reviravolta digna de Tarantino ao final, “Django Livre” se consagra como um dos melhores filmes do diretor (o que é redundante) e conta uma das melhores histórias sobre esse período em um filme. Para encerrar, caso você ainda não tenha visto o filme, repare na cena da emboscada de dezenas de homens encapuzados à carruagem de Django e King Schultz. Não apenas traz um diálogo peculiar, com um tipo de humor que só Tarantino sabe trazer a esses filmes (incluindo a presença de um ator em particular na cena), mas mostra o início do que viria a ser a Ku Klux Klan, alguns anos mais tarde. Realmente, ele sabe mexer nas feridas de forma única.

Nota: 9,5