quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Os piores filmes de 2012




Como todo ano, as listas sempre pipocam com melhores e piores do ano de tudo. Aqui então vai a minha lista de piores filmes que eu assisti em 2012, considerando meu critério pessoal, sem ordem específica. Vi muita coisa esse ano e nem tudo eu tive como postar aqui no blog, mas alguns nem mereceram mesmo. Como os dez a seguir:

O Espião que Sabia Demais – Desculpem, críticos. Eu posso não ter entendido e ter ficado entediado, mas nada me convence de que esse filme é bom. Chato até dizer chega, e mais um pouco ainda.

John Carter – Uma das grandes apostas da Disney que não deu muito certo. Sem um pingo de originalidade e ousadia, “John Carter” será facilmente esquecido.

Espelho, Espelho Meu – Com um ar bem bobo, essa versão da Branca de Neve comeu poeira perto de “Branca de Neve e o Caçador”. Nem Julia Roberts salvou. Detalhe para a dancinha indiana desconexa do fim...

12 Horas – Heitor Dhalia, diretor brasileiro de “À Deriva” e “O Cheiro do Ralo”, produções cultuadas aqui, derrapou na sua estreia em produções americanas. A história, mirabolante demais, também não agradou. Dhalia depois disse que era difícil trabalhar sem liberdade.

À Toda Prova – Steven Soderbergh apresentou a ex-lutadora Gina Carano como protagonista desse thriller de ação que, honestamente, não deu pra entender muita coisa. Não funcionou.

Como Agarrar Meu Ex-Namorado – Katherine Heigl. Morena. Sem mais.

Battleship – O que poderia ter sido um grande filme se perdeu na completa falta de noção do roteiro, que privilegiou explosões e naves alienígenas, sem a mínima explicação ao público do que estava acontecendo.

Chernobyl – São zumbis? São humanos mutantes? São vampiros? Nunca saberemos. Sem o mínimo de coerência, “Chernobyl” não convence, não assusta, não anima, enfim, não faz nada.

O Ditador – Sasha Bahron Cohen é bom em personificações de estereótipos, já provado em vários filmes. Mas faltou mais humor e menos nonsense em “O Ditador”.

Resident Evil 5 – Retribuição – Ainda fazem Resident Evil? Sério?

Menção honrosa nacional: Os Penetras e algumas comédias brasileiras – Se queremos ser levados a sério como comédias, precisamos então de mais cinema e menos TV. Esse humor requentado do Zorra Total não dá, Brasil.

Menção honrosa home vídeo: [REC]³ – Gênesis – Adoro a série “[REC]”, mas a terceira parte é debochar do pobre espectador. Quando tudo estava indo tão bem, me pioram a coisa toda.

Não vi e não gostei: Cada um tem a Gêmea que merece - Adam Sandler, aposente-se.

E mais: Protegendo o Inimigo, O Despertar, Os Infiéis, E Aí, Comeu?, A Saga Molusco: Anoitecer.

O Impossível


Lo Imposible
(Espanha, 2012) De Juan Antonio Bayona. Com Naomi Watts, Ewan McGregor, Tom Holland, Samuel Joslin, Oaklee Pendergast e Geraldine Chaplin.

Ninguém poderia esperar que, um dia após o Natal de 2004, um tsunami de proporções catastróficas iria atingir a costa da Indonésia, Sri Lanka, Tailândia e outros países banhados pelo Oceano Índico, deixando mais de 230 mil mortos e a lembrança de um dos maiores desastres naturais da humanidade. Oito anos depois, o diretor espanhol Juan Antonio Bayona leva às telas a história de uma família de sobreviventes que, como sugere o título, realizou o que parecia ser impossível e conseguiu se reunir, com vida, após a tragédia. Incrivelmente bem executado, “O Impossível” é um filme triste, por motivos óbvios, transmitindo com precisão a agonia dos personagens e o sentimento de desolação que as vítimas sobreviventes sentiram no fatídico 26 de dezembro.

O casal Maria e Henry, junto com os filhos Lucas, Thomas e Simon, vão passar as férias de Natal na Tailândia, um dos lugares mais paradisíacos do mundo. Após a celebração do Natal, no resort onde estão hospedados, a família se vê no meio do desastre, um tsunami com ondas de mais de 30 metros. Maria e o filho mais velho, Lucas, se separam do restante, mas conseguem sobreviver. Com muitos e graves ferimentos, Maria precisa de socorros médicos e é levada para uma base hospitalar montada de improviso para ajudar no resgate. Enquanto isso, Henry envia os filhos Thomas e Simon para outro abrigo para continuar sua busca pela mulher e pelo filho desaparecidos.



O roteiro escrito por Sergio G. Sanchez traduz a atmosfera do desastre, que é captado pelo drama dos protagonistas na busca pelos seus parentes. Enquanto os acompanhamos, é difícil não pensar em todas as outras vítimas, as sobreviventes e as que não tiveram a mesma chance, em todo o sofrimento e pânico causado pelas ondas. O esforço conjunto do roteiro, da direção de Juan Antonio Bayona (O Orfanato), da equipe de efeitos visuais e direção de arte, e dos atores conduz o filme à maestria.

Naomi Watts entrega um de seus papeis mais corajosos no cinema, com uma atuação impecável e comovente como Maria, uma mulher que, acima de tudo, luta com todas as forças pela sobrevivência do filho Lucas no meio da enchente provocada pelo desastre. O intérprete de Lucas, Tom Holland, também merece destaque, se firmando como uma das melhores atuações juvenis dos últimos anos, segundo alguns críticos.

Completando o time de atores, Ewan McGregor também entrega um desempenho comovente como o pai em busca de sua família, assim como as outras duas crianças do filme, Samuel Joslin e Oaklee Pendergast. A participação de Geraldine Chaplin é curta, mas também marcante. Juntos, o elenco transmite todo o drama real de milhares de pessoas. É neles que vemos refletida a garra, a coragem e a superação quando, na verdade, deveria haver só tristeza.
                                                                                   

“O Impossível” é um ótimo filme, com ótimas atuações. Tem bons efeitos especiais e éum espetáculo visual de, literalmente, tirar o fôlego. Mas é carregado e triste demais para ser assistido sem um aviso. Não há como não se transportar para o lugar daquelas pessoas e imaginar o que faríamos se estivéssemos na mesma situação. Por provocar essas experiências no espectador é que Juan Antonio Bayona acertou na mosca. Sem dúvida alguma, um dos melhores filmes do ano.

Nota: 9,5


sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Top 10 - filmes sobre o fim do mundo



21 de dezembro de 2012. O mundo acabou? Não. Pelo menos, não ainda, já que estou escrevendo às 15h31 do referido dia, ou seja, tudo ainda pode acontecer. Mas se você está lendo isso do dia 22 em diante, não, o mundo não acabou. Seja pelos Maias, por Nostradamus, ou por qualquer outro profeta do Apocalipse, o fim do mundo não fez tanto sucesso quanto ele já fez nas telonas do cinema, visto que o povo adora um filme-catástrofe. Então, já que o mundo não vai acabar por agora, nada melhor do que conferir os principais filmes sobre o tema. Quem sabe não dá pra aprender algumas regras quando o fim realmente chegar?

10 A Última Noite
Last Night (1998). De Don McKellar. Com Don McKellar, Sandra Oh e Sarah Polley.

31 de dezembro de 1999, você lembra desta data? Com a chegada do ano 2000, muita gente realmente achou que o mundo ia acabar e é justamente disso que trata o filme. Um grupo de diferentes indivíduos se encontra para decidir como passar o último dia da Terra, já que em 31/12/1999 é o derradeiro. O roteiro mostra como o fim afeta a vida dos moradores da cidade de Toronto, no Canadá, que tentam colocar em prática suas últimas vontades antes do apocalipse. 

Por que vê-lo antes do fim: foi premiado em Cannes e tem a participação de ninguém menos do que David Cronemberg (ele mesmo) como ator.


9 Fim dos Dias
End of Days (1999). De Peter Hyams. Com Arnold Schwarzenegger, Gabriel Byrne e Robin Tunney.

Outro que se passa no final do século XX. Desta vez, o demônio em pessoa, interpretado por Gabriel Byrne, vem à Terra em busca de uma noiva para procriar e, assim, fazer nascer o Anticristo, cumprindo as profecias sagradas sobre o (er) fim dos dias. Cabe a ninguém mais, ninguém menos do que Arnold Schwarzenegger a defender a pobre Christine York (Robin Tunney) das garras de Satã e, assim, evitar o destino terrível da humanidade.

Por que vê-lo antes do fim: Arnold Schwarzenegger versus o Diabo. É o embate do século! Além disso, os efeitos especiais são bem legais (para 1999) e trata de um dos fins mais aceitáveis para a maioria dos cristãos, a chegada do Anticristo.


8 O Fim do Mundo
When Worlds Collide (1951). De Rudolph Maté. Com Barbara Rush e John Hoyt.

Essa ficção científica de 1951 mostra que um planeta está em rota de colisão com a Terra. Sendo assim, um milionário constrói uma nave (!) que poderá levar alguns poucos escolhidos (!!) a outro planeta seguro (!!!). Tá, vamos combinar que na década de 50 esses filmes de ficção científica eram um tanto quanto toscos, dado o orçamento, e que as possibilidades de isso aí dar certo na vida real são absurdas. Mas vale pelo pioneirismo do filme e pelo retrato de como as pessoas encaravam a vida lá fora antigamente.

Por que vê-lo antes do fim: Ganhou o Oscar de Efeitos Especiais em 1951, o que quer dizer muita coisa.




7 Armageddon
(1998) De Michael Bay. Com Bruce Willis, Billy Bob Thorthon e Ben Affleck.

Se Roland Emmerich estivesse muito ocupado para dirigir a cerimônia do fim do mundo, o substituto ideal seria Michael Bay. Em “Armageddon”, um asteroide de proporções colossais está se aproximando da Terra em (pausa para o suspense) 1999! Dá pra ver que porque tanto terror na virada do milênio! Cabe a uma equipe de astronautas, liderada por Bruce Willis, embarcar em uma missão para destruir o tal asteroide.

Por que vê-lo antes do fim: “I don’t wanna close my eeeeeyes...” Se você não ver pelas explosões, por Bruce Willis explodindo um asteroide, e por todo o drama do filme, veja pela música "I Don't Wanna Miss a Thing" do Aerosmith, indicada ao Oscar de melhor canção.


6 Independence Day
(1996) De Roland Emmerich. Com Will Smith, Bill Pullman e Jeff Goldblum.

“Independence Day” é um marco dos filmes-catástrofe, por seu apuro técnico e sua primazia em efeitos especiais.  No dia da Independência dos Estados Unidos, uma nave alienígena se aproxima, deixando a população em pânico. Após um primeiro contato mal sucedido, com a nave alienígena destruindo tudo em seu caminho, uma equipe de fuzileiros entra em ação pra combater o mal vindo do espaço, antes que a destruição seja pior. Até o presidente dos EUA é requisitado pra entrar no meio da ação.

Por que vê-lo antes do fim: Porque tem Will Smith em um dos seus primeiros grandes papeis no cinema, no início da carreira cinematográfica, e um dos últimos papeis relevantes de Jeff Goldblum. Fora isso, os efeitos ainda são de tirar o fôlego. Quem não se lembra da Casa Branca sendo destruída como se fosse feita de cartas de baralho?



5 Procura-se um amigo para o fim do mundo
Seeking a Friend for the End of the World (2012). De Lorene Scafaria. Com Steve Carrell e Keira Knightley.

Esse estreou por aqui e passou quase despercebido. Um dos filmes mais fofos do ano, aproveitando o gancho de que o mundo iria acabar em 2012, mostra um homem recém-abandonado pela esposa que resolve ajudar uma desconhecida a chegar em segurança na casa de sua família, na Inglaterra. Enquanto isso, o mundo se prepara para o fim anunciado e é tomado por saques, ataques de pânico, explosões, etc.

Por que vê-lo antes do fim: Apesar de alguns momentos cômicos, o filme é todo tomado por um tom dramático e melancólico, fazendo com que as atuações de Steve Carrell e Keira Knightley fiquem mais intimistas.


4 Presságio
Knowing (2009). De Alex Proyas. Com Nicolas Cage e Rose Byrne.

Em “Presságio”, Nicolas Cage investiga uma profecia deixada em uma cápsula do tempo, aberta na escola do filho 50 anos depois. Na profecia, uma série de números que cruzam com diversos acidentes. O último deles indicaria o fim da humanidade e, de alguma forma, o filho do personagem de Cage está envolvido.

Por que vê-lo antes do fim: São cenas impressionantes de desastres e várias outras de efeitos especiais. Alex Proyas mistura o filme-catástrofe com um quê de suspense sobrenatural, embora o fim deixe a desejar. Nicolas Cage entrega uma boa atuação, coisa que está rara recentemente.



3 Impacto Profundo

Deep Impact (1998). De Mimi Leder. Com Robert Duvall, Téa Leoni, Morgan Freeman e Elijah Wood.

Um dos melhores do gênero, “Impacto Profundo” mostra os preparativos da Terra (leia-se Estados Unidos) diante do iminente impacto (jura?) de um cometa em rota de colisão com o nosso planeta. Enquanto isso, muito drama se desenrola, como a jornalista que não se dá bem com o pai, uma família que procura desesperadamente fugir para as montanhas e a expectativa de quem irá ser sorteado para o abrigo militar do governo.

Por que vê-lo antes do fim: Esse vale a pena. Um elenco de peso entrega boas atuações e o filme convence. E tem Morgan Freeman como presidente dos Estados Unidos. Imagina Morgan Freeman dando a notícia ao vivo sobre o fim do mundo, num pronunciamento oficial. Vale só por isso.

2 Melancolia
Melancholia (2011) De Lars Von Trier. Com Kirsten Dunst, Charlotte Gainsbourg, Kiefer Sutherland e Alexander Skarsgaard.

Por causa deste filme, Lars Von Trier virou persona non grata no Festival de Cannes, o que não ofuscou o brilhantismo do longa. “Melancolia” traz Kirsten Dunst como uma mulher recém-casada que sofre uma espécie de depressão profunda, impactando toda a sua família em plena festa de casamento. Enquanto a irmã a ajuda a se recuperar, a família se isola em casa enquanto rumores de que o planeta Melancolia estaria se aproximando da Terra começam a aparecer.

Por que vê-lo antes do fim: Apesar de ser polêmico, Lars Von Trier manda bem nesse filme, que traz a melhor atuação de Kirsten Dunst em toda a sua carreira. O filme também se destaca por mostrar o drama particular de uma família enquanto o mundo está prestes a acabar.


 1 2012
(2009) De Roland Emmerich. Com John Cusack, Amanda Peet, Chiwetel Ejiofor e Thandie Newton.

Em minha opinião, “2012” é o mais bem sucedido filme catástrofe já produzido, apesar de falhas grosseiras no roteiro. Primeiro que ele mostra que o fim do mundo é, realmente, o fim do Mundo todo, e não só dos EUA. Segundo que Roland Emmerich soube aproveitar o gancho do apocalipse maia para criar a atmosfera perfeita que o filme precisou. Sem falar nos efeitos especiais que supera toda a lista deste post. O final poderia ser um tanto melhor, mas satisfaz, depois de tanta aflição dos protagonistas.

Por que vê-lo antes do fim: Além do gancho certeiro (que agora já foi) por causa da data 21/12/12, tem a destruição do Cristo Redentor e de outros monumentos ao redor do mundo, os tsunamis no Tibete, o terremoto em Los Angeles... nem dá pra especificar, veja o filme todo!

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

A Saga Crepúsculo: Amanhecer - Parte 2, O Final


The Twilight Saga: Breaking Dawn – Part 2
(EUA, 2012) De Bill Condon. Com Robert Pattinson, Kristen Stewart, Taylor Lautner, Michael Sheen, Dakota Fanning, Lee Pace, James Campbell-Bowen, Maggie Grace e Mackenzie Foy.

O fenômeno “Crepúsculo” é um marco da atual geração adolescente. É inegável o que a saga fez com o cinema atual, criando novos patamares para o lançamento de blockbusters, mudando o panorama de Hollywood e criando novos astros. O trio principal certamente ficará marcado pelos seus papéis, mas saem vitoriosos em busca de novos projetos que os conduzam ainda mais ao estrelato (er, bem, talvez não Kristen Stewart rs). Sobre o filme (a parte dois do final), é um bom encerramento para tudo o que se produziu e uma justa homenagem a todos os que trabalharam na franquia e a seus fãs. “Amanhecer – Parte 2” é, talvez, o melhor dos cinco filmes e, de certa forma, é o pior. Foi gasta toda uma produção, o mais caro filme produzido para a franquia, mas tudo baseado no que Stephenie Meyer escreveu, o que não ajuda muito. Recapitulando tudo o que eu já escrevi no blog sobre “A Saga Crepúsculo”, o grande erro não foi da produção (talvez um pouco de Kristen Stewart), mas da autora de toda essa coisa, que deu um final fraco para sua obra.


Após a “morte” de Bella e sua “ressurreição” como vampira, ela começa a se adaptar com a sua nova forma ao mesmo tempo em que vê o crescimento assustadoramente rápido de sua filha com Edward, Renesmee. Esta é o alvo do imprinting do lobisomem Jacob, uma espécie de atração que o faz proteger a garota para sempre. Bella, Edward e Jacob vão se unir para proteger Renesmee dos Volturi, que acreditam que a criança seja uma ameaça a toda a comunidade vampiresca do mundo. Uma guerra será travada entre os dois lados, embora os Cullen prefiram o não derramamento de sangue, buscando testemunhas ao redor do mundo de que Renesmee é inofensiva. Porém, não será tão fácil convencer os Volturi.

É impressionante o apuro técnico e a dedicação de todos os atores com a última parte. Até Kristen Stewart, geralmente tão apática, consegue se impor mais com sua Bella vampira/mãe/esposa/filha. O problema é o fraco roteiro. No começo, enquanto Bella tenta se adaptar como vampira, a trama se arrasta num ritmo lento e chato, sem falar em certos erros grotescos. Assim que a garota desperta do seu “sono”, ela primeiro se preocupa em abraçar o marido para, só então, notar que está com fome e sede de sangue e se contorcer numa careta digna de quem passa fome no deserto saariano.

Ao fim, para os que leram o livro (e para os que não leram), foi colocada uma sequência inteiramente nova, diferente do que acontece na história original, surpreendendo o espectador. Uma luta espetacular entre os dois lados, com direito a todos os efeitos especiais (e assustadores) que foram poupados em toda a saga. Aí é que mora o perigo, já que o espectador se vê em um dilema quando o final se define: gostar ou não gostar do desvio surpresa da história? 


Gostando ou não, esse trecho foi incluso justamente porque Meyer não soube fazer isso com o próprio livro que escreveu, sendo preciso um toque hollywoodiano para que a franquia não se finde de forma apática. E é isso que salva “A Saga Crepúsculo” como um todo: ter sido transformada em filme.

Os créditos finais também deixam clara a homenagem a todos os que trabalharam nos cinco longas, mostrando que esse foi um filme feito especialmente para os tão devotados fãs da saga. “Amanhecer – Parte 2” encerra uma das mais bem sucedidas franquias do cinema, que revitalizou o gênero vampiresco e projetou um time de novos atores, produtores e diretores. Apesar dos pesares, foi um bom final para uma saga que não deve ser esquecida tão cedo.

PS: Alguém sabe quanto Dakota Fanning ganhou para dizer só uma palavra?

Nota: 7

terça-feira, 30 de outubro de 2012

007 - Operação Skyfall


 Skyfall
(EUA/UK 2012) De Sam Mendes. Com Daniel Craig, Javier Bardem, Judi Dench, Ralph Fiennes, Naomi Harris, Berénice Marlohe e Ben Whishaw.

James Bond é tão icônico para o cinema que continua o sucesso iniciado há 50 anos. “007 – Operação Skyfall” se tornou a maior bilheteria em seu fim de semana de estreia entre os filmes da franquia. Para tal, alguns fatores foram decisivos. A começar pelo próprio Daniel Craig, que encontrou muita resistência no começo, mas que, aos poucos, conseguiu ganhar a simpatia do público, com seu Bond mais sensível e charmoso. Junte a isso uma demanda dos espectadores por filmes de ação mais inteligentes, com tramas mais ‘críveis’ de espionagem, como a trilogia Bourne, a saga Missão Impossível e longas como “Salt” e “Busca Implacável”. “Skyfall” teve uma receita de sucesso seguida a risco, e prova que deu muito certo. O filme segue o espírito da franquia Bond, com explosões, perseguições e sequências de tirar o fôlego. Apesar disso, ele desvia um pouco do rumo para fazer com que a história passe a ser sobre a agente M (Judi Dench), e aí é onde mora o pecado.

Após ser dado como morto em uma operação, cujo objetivo era resgatar uma lista de agentes da MI6 que trabalham incógnitos, o agente secreto James Bond volta à ativa meio fora de forma para investigar um atentado à sede do MI6. O objetivo era liquidar a agente M, que já enfrenta vários problemas por conta do vazamento da lista e da “morte” de Bond e outros agentes. O principal algoz nesse sentido é Garrett Mallory, que sugere que M se aposente de uma vez por todas. Enquanto isso, Bond rastreia o paradeiro do responsável pelo atentado, Silva, um ex-agente do MI6 que pretende se vingar de M, após esta tê-lo deixado para morrer numa missão antiga. Isso faz com que Bond repense se vale mesmo a pena se colocar em risco para salvar a vida da agente, enquanto o vilão desenvolve um plano que pode acabar com toda a atuação do MI6.


Do ponto de vista técnico, “Skyfall” é impecável. As cenas de ação são realizadas com maestria e precisão, com destaque para a perseguição logo no início do filme, em que Bond luta com um inimigo no topo de um trem em movimento. Mesmo as sequências em que o agente não está em sua melhor forma são feitas de forma brilhante. Daniel Craig conseguiu, ao longo dos três filmes, incorporar o estilo 007, ajudando a definir os padrões do homem moderno. Bond é sensível e se mostra mais passível de erros, o que mostra que ele também é humano, como todos.

Javier Bardem também está bem como o vilão afetado Silva, que busca sua vingança contra a agente M. Apesar de não estar completamente explícito, Silva pode ter sido o primeiro vilão gay da franquia 007, como mostra a sequência do diálogo entre ele e Bond. A cena causa mais riso do que espanto, mas fica registrado assim, de qualquer forma.

Do meio para o final, a história muda e tudo se torna uma grande corrida para proteger a agente M, numa clara homenagem a Judi Dench e à personagem, que se manteve fiel por anos a fio ao lado de James Bond na luta contra os inimigos da Grã-Bretanha. Isso deixa a desejar um pouco, pois falta aquela sensação de conspiração global que sempre esteve presente nos filmes da franquia, mas ao mesmo tempo é uma boa forma de conhecer melhor a personagem de Dench. No mais, “Skyfall” segue a linha de seus antecessores, mostrando que o agente 007 a serviço secreto de sua Majestade deve permanecer com fôlego pra muitos e muitos anos ainda.


OBS: Destaque para a sequência de abertura, ao som da canção “Skyfall”, na voz de Adele, quase um videoclipe. Perfeito.

Nota: 8,0

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

As Vantagens de Ser Invisível


 The Perks of Being a Wallflower
(EUA, 2012) De Stephen Chbosky. Com Logan Lerman, Emma Watson, Ezra Miller, Nina Dobrev, Johnny Simmons, Mae Withman, Dylan Mc Dermott, Kate Walsh e Paul Rudd.

Quando se é jovem, você só espera um momento da sua vida em que você consiga se encaixar, encontrar um grupo, fazer amigos e, mais do que tudo, poder expressar as maravilhas de ser você mesmo. Mas até descobrir quem você é, um tempo se passa. Nesse tempo, sofremos um sem fim de problemas internos de aceitação e outros aspectos que os adultos nem sequer levam em conta. Afinal, “ah, você é tão novo, que problemas que você tem?”. Por isso é tão importante viver um momento de cada vez, porque logo você cresce e esquece o momento imediatamente anterior. Essa é apenas uma das reflexões de “As Vantagens de Ser Invisível”, um dos melhores filmes sobre a adolescência e suas dificuldades dos últimos tempos.

Charlie acaba de ingressar na nova escola, é o calouro do high school e, por isso mesmo e por outros motivos, não consegue se enturmar de cara. Ele passou por algumas situações bem difíceis na sua vida, como a perda de uma tia muito próxima e o suicídio de uma migo. Charlie toma coragem e se aproxima de Patrick e sua meia-irmã Sam, ambos no último ano, mas que tem muito em comum com Charlie, que é aceito de cara pelo grupo dos “deslocados”. Como não são os mais populares da escola, os três se sentem livres para fazer as mais variadas loucuras que incluem, claro, pensar no futuro e no valor da amizade, o que significa muito para Charlie. O garoto também nutre uma paixão secreta por Sam, que namora um cara mais velho. Por isso, Charlie acaba se envolvendo com Mary Elizabeth, uma amiga do grupo. Essas relações vão gerar conflitos, mas eles vão perceber que dependem mais uns dos outros do que imaginam.


Mesmo com um tema, a princípio, clichê, o diretor e roteirista Stephen Chbosky conseguiu captar com maestria o ambiente escolar, as dificuldades de ser novo e de se enturmar. Embalado por uma trilha sonora nostálgica, que inclui The Smiths, Sonic Youth, David Bowie e Morrissey, a história de amor e amizade entre os três deslocados da escola encanta e emociona facilmente, pois desperta o adolescente que há em nós e faz refletir, pensar na vida e em tudo o que você já fez (e o que poderia ter feito de diferente).

O ator Logan Lerman, depois de encarnar Percy Jackson e uma série de outros filmes, se destaca com sua interpretação de Charlie, um rapaz que sofre algum tipo de perturbação (que só é revelado ao fim do filme), mas que passa por tudo para tentar se aproximar de Sam e Patrick. Emma Watson também continua dando provas de que consegue se livrar de Hermione, sua personagem em Harry Potter, e entrega uma personagem encantadora, envolvente, rebelde e, por que não, sexy, tudo ao mesmo tempo.  Só a (ainda) cara de Hermione é que não permite uma identificação ainda maior com Sam, mas aí não é culpa somente da atriz. Por fim, Ezra Miller, que já tinha se destacado em “Precisamos Falar sobre Kevin”, encara o desafio de interpretar Patrick, que é gay e tem que esconder que está namorando um dos rapazes mais populares da escola.

Juntos, os três personagens vivem momentos que ficarão marcados em suas vidas, especialmente para Charlie, que vê seu mundo mudar com a entrada na nova escola. “As Vantagens de Ser Invisível” tem muitas lições, que podem ser interpretadas de várias maneiras, para quem achar que a carapuça possa servir. Um filme encantador e envolvente que, com certeza, irá marcar esta nova geração de atores tão bem escolhidos porque, na minha opinião, não poderia haver Sam, Charlie e Patrick melhores.

Nota: 9,0

 

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Atividade Paranormal 4


Paranormal Activity 4
(EUA, 2012) De Henry Joost e Ariel Schulman. Com Kathryn Newton, Matt Shively, Brady Allen, Aiden Lovenkamp e Katie Featherson.

Eu não sei se eu é que fiquei mais sensível nos últimos anos ou se realmente capricharam mais ao longo dos filmes, mas “Atividade Paranormal 4” é um exemplo raro de filme que, com o numeral 4 ao lado do título, não dá sinais de cansaço à sua franquia. Ainda mais uma franquia de terror. De uma ideia relativamente simples que foi o primeiro (um tanto amador, mas que cativou milhões de espectadores mundo afora), a franquia se transformou em uma potência que não perde o fôlego e, ao contrário de séries como "Jogos Mortais”, capricha mais a cada produção que é exibida. O número 4 continua tentando explicar os eventos ocorridos no primeiro filme e é impressionante como todo mundo lembra os detalhes passados quando eles são mostrados. Honestamente, não é toda franquia que faz isso.

No quarto filme, cinco anos se passaram desde os eventos do primeiro e a família de Alex, uma garota adolescente comum que filma tudo com sua câmera e com a webcam de seu computador, passa a receber a visita do vizinho Robbie, quando a mãe do menino passa mal e vai para o hospital. Robbie é introspectivo e se comunica apenas com o filho mais novo da família, Wyatt. A partir daí, os eventos sobrenaturais passam a atormentar também Alex, que tenta contar para os pais o que acontece, mas eles não acreditam. É quando se descobre que Robbie e sua mãe não são tão inocentes assim, já que os conhecemos muito bem de filmes passados.

 “Atividade Paranormal 4” tem um caráter mais explicativo sobre como os eventos paranormais funcionam e assustam mais pelo suspense. Nesse sentido, a parte 3 produz muito mais sustos ao longo do filme do que este. Mas o terror psicológico é muito bem trabalhado em cada frame e, a cada novo momento do filme, o espectador se segura bem firme na cadeira.

Com muito mais investimentos do que os modestos US$ 15 mil que custou o primeiro filme, a parte 4 tem uma produção e direção mais sofisticadas. As atuações são modestas, mas devemos dar mérito para Katie Featherson, a única do elenco original presente em todos os filmes e que, de certa forma, consegue criar uma atmosfera quase demoníaca só em estar presente numa cena. Destaque também para o garotinho Brady Allen, o intérprete de Robbie.


De resto, “Atividade Paranormal 4” peca por onde todos os outros pecaram: afinal, quem, pelo amor de Deus, anda com uma câmera o tempo todo filmando seu cotidiano? Uma falha no roteiro que se faz incrivelmente necessária, já que é dessa forma que sabemos dos acontecimentos. Mas isso é um detalhe mais do que caprichoso deste blogueiro, afinal, saí tremendo da sessão e fechei os olhos algumas vezes durante a projeção.


 

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

007 - Só se faz 50 anos uma vez


Sou fascinado por 007 desde a primeira vez que entrei no cinema para ver “007 – Um Novo Dia Para Morrer”, em 2002. Eu, jovem cinéfilo, entrei para conferir o último longa com Pierce Brosnan como James Bond, e Halle Berry e Rosamund Pike como as Bond Girls. Anos mais tarde eu perceberia o quanto este exemplar da franquia é pífio (tinha Madonna!) perto de tudo o que o agente secreto mais famoso do mundo já fez nas telonas. Desde então, passei a devorar tudo o quanto foi filme do agente secreto.

Hoje completa-se 50 anos que "007 Contra o Satânico Dr. No" foi às telonas, o primeiro da série. De lá pra cá, foram 23 filmes, contando com “Skyfall”, que estreia este ano. Cada um, bom ou ruim, deixou sua marca na história. Ao longo dos anos, Sean Connery, George Lazemby, Roger Moore, Timothy Dalton, Pierce Brosnan e Daniel Craig emprestaram seus rostos, corpos e habilidades para dar vida a James Bond, o agente secreto britânico a serviço de Sua Majestade. O 00, tão famoso, é o código secreto que o dá permissão para matar. Ou seja, cuidado!

James Bond já lutou contra nazistas, soviéticos, chineses, comunistas, imperialistas, mafiosos, loucos de pedra, enfim, uma gama de vilões não foi páreo para Bond, que sempre se apresenta com um bom Martini na mão e uma bela mulher na outra, dentro de um super carro.

Claro que tanto charme e sucesso renderiam cópias, paródias e outros agentes secretos surgiram. Desde Austin Powers, passando pelo Agente 86, Johnny English, até Jason Bourne, Ethan Hunt e outros bebem na fonte de James Bond.

De todos, Sean Connery continua sendo o mais celebrado dos atores que interpretara o agente. Ao todo, Connery vivenciou Bond em cinco filmes (sem contar a refilmagem “Nunca Mais Outra Vez”) e conferiu o estilo que seria seguido por todos os outros atores.

Roger Moore foi o que mais vezes levou a chancela 007 nos ombros, tendo atuado em sete longas-metragens, um deles, inclusive, com cenas no Brasil em “007 Contra o Foguete da Morte”.

George Lazemby viveu o agente por uma única vez e Timothy Dalton, duas vezes. Pierce Brosnan foi o Bond da geração 1990 e, talvez por isso, os adultos de hoje na casa dos 20-30 anos o associem mais à imagem de 007. Com Daniel Craig, em 2006, a saga sofreu uma espécie de reboot, contando a história desde o início, tendo como base o primeiro conto de Ian Fleming, “Cassino Royale”.

Seja como for, James Bond enfeitiça homens e mulheres. Os homens são presos por toda a ação da história, os apetrechos que o agente utiliza em suas missões, os carros e corridas alucinantes e, claro, as Bond Girls. Já as mulheres caem aos pés de Bond, sempre charmoso, sempre de terno.

Em 2012, “Skyfall” vem pra marcar os 50 anos da franquia cinematográfica mais longa. Daniel Craig retorna para continuar a saga que, se depender de seus fãs e da história do cinema, continuará firme por mais 50 anos.

1-007 Contra o Satânico Dr.No (1962)
2-Moscou Contra 007 (1963)
3-007 Contra Goldfinger (1964)
4-007 Contra a Chantagem Atômica (1965)
5-Com 007 Só Se Vive Duas Vezes (1967)
6-007 A Serviço Secreto de Sua Majestade (1969)
7-007 - Os Diamantes são Eternos (1971)
8-Com 007 Viva e Deixe Morrer (1973)
9-007 Contra o Homem com a Pistola de Ouro (1974)
10-007- O Espião que me Amava (1977)
11-007 Contra o Foguete da Morte (1979)
12-007 Somente para Seus Olhos (1981)
13-007 Contra Octopussy (1983)
14-007 - Na Mira dos Assassinos (1985)
15-007 - Marcado para a Morte (1987)
16-007 - Permissão para Matar (1989)
17-007 Contra GolednEye (1995)
18-007 – O Amanhã Nunca Morre (1997)
19-007 – O Mundo Não é o Bastante (1999)
20-007 – Um Novo Dia Para Morrer (2002)
21-007 – Cassino Royale (2006)
22-007 – Quantum of Solace (2008)
23-007-Operação Skyfall (2012)



segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Ted


Ted
(EUA, 2012). De Seth MacFarlane. Com Mark Wahlberg, Mila Kunis, Seth MacFarlane, Giovani Ribisi e Patrick Stewart.

Ted é um beberrão desbocado, que pega várias mulheres. Um boa vida que só quer saber de aproveitar tudo o que tem direito em festas, bares, bebidas e outras diversões. Ted é nerd e, junto com seu melhor amigo, John Bennett, adora viver cada dia intensamente. Um detalhe: Ted é um urso de pelúcia que ganhou vida após um desejo de John quando criança virar realidade. Podia ser uma ideia com tudo pra dar errado, beirando o besteirol, mas dá tão certo que você pode até esquecer que o urso da tela costumava ser inanimado. “Ted” é o primeiro trabalho live action como diretor de Seth MacFarlane, criador de “Uma Família da Pesada”, ou seja, pode esperar daí muito humor negro e pouquíssimas papas na língua.

Quando John era criança, costumava não ter nenhum amigo, até o dia em que ganhou Ted, um urso de pelúcia, na noite de Natal.  John fez um pedido para que Ted ganhasse vida e, para surpresa de todos, o desejo se realiza. Ted vira uma imediata celebridade, mas mesmo assim permanece amigo de John e ambos juram serem companheiros para toda vida. Só que, quando cresce, John é colocado contra a parede pela namorada, Lori, para que assuma mais comportamentos de homem e deixe de ser um garoto brincando com um urso. Ted consente em sair de casa, mas isso irá gerar mais problemas do que soluções.

Cheia de histórias absurdas, “Ted” conquista por vários motivos. Primeiro, a situação absurda em si, mas que funciona. Afinal, quem nunca sonhou que seus brinquedos ganhassem vida?  Depois o fato de ser um urso de pelúcia e, por fim, o humor afinado, apesar de ácido, de Seth MacFarlane, que também assume o roteiro e a personalidade do urso, já que ele é o dublador de Ted. O filme se assume uma comédia, mas não deixa de ter seus momentos dramáticos, sobretudo no fim e, mesmo que desemboque em um final clichê, à la contos de fadas, ainda assim prende o espectador e provoca suspiros (dignos dos contos de fadas, ora bolas!).

O elenco (humano) também tem destaque. Mark Whalberg, que já tem experiência em falar com objetos, se encaixa em uma ocasião bem sucedida como o cara de 30 e tantos anos com espírito adolescente. Mila Kunis foge um pouco do estereótipo ‘garota descolada’ para encarnar a mocinha que anseia por um relacionamento comprometido, mas também cumpre bem o seu papel. E Giovani Ribisi é Giovani Ribisi, interpretando um fã maníaco de Ted que vive querendo compra-lo de John. Algumas participações (surpresa) acontecem no filme, mas nenhuma rouba o centro das atenções do próprio urso, animado pelo Tippett Studio, o mesmo de efeitos da Saga Crepúsculo, “Os Smurfs” e “Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2”. Mérito da animação, mas mérito também de Seth MacFarlane, a alma do urso (e do filme).

Nota: 9,0