terça-feira, 29 de março de 2011

#RIP Farley Granger (1925-2011)


Farley Granger. São poucas as pessoas que ligariam o nome à pessoa. Eu sou uma delas. Granger protagonizou o meu Hitchock favorito, “Festim Diabólico”. Ele faleceu nesta terça-feira, na semana seguinte à grande diva Elizabeth Taylor. Ficou famoso por “Festim” e “Pacto Sinistro”, outro clássico do Mestre do Suspense. E esses são os seus únicos trabalhos mais lembrados fora dos Estados Unidos.

A verdade é que Farley Granger teve seus dias de glória em uma Hollywood que começava a ser tomada pelo desespero de fazer dinheiro. Claro, isso sempre existiu. A prova disso foi o todo poderoso Samuel Goldwyn, um dos donos da Metro-Goldwyn-Mayer, a MGM, ter colocado sua confiança na beleza do ator, e não no seu talento. Não poderia ter havido prova de fogo melhor. Para os personagens introvertidos, mas charmosos, de Hitchcock, ele era perfeito.

Aliás, veja a diferença dos padrões de beleza de antigamente, tanto para homens, quanto mulheres. Na época de Granger, o charme contava muito mais do que a beleza física em si –seja lá o que isso signifique. Nomes que o cercavam àqueles tempos, como Cary Grant e Humphrey Bogart, aliavam o charme a um talento inegável para tipos inesquecíveis.

Em “Festim Diabólico”, filme de 1948 que ficou conhecido pelo plano sequência eterno de Hitchcock, Granger interpreta Philipe Morgan, um rapaz introspectivo que é responsável pelo assassinato de um outro jovem, junto com seu colega de quarto, Brandon, interpretado por John Dall. Perto de receber convidados para um jantar, os dois decidem armar um pequeno circo e esconder o corpo em um baú que ficaria o tempo todo no centro da sala. O filme foi baseado na peça de mesmo nome, que por sua vez foi baseada num caso verídico de dois jovens londrinos. À época, Hitchcock foi acusado de fazer um filme subversivo, com dois personagens homossexuais enrustidos (afinal, dois homens bem asseados morando sozinhos num apartamento, a sociedade desconfiava logo). Os boatos e o bom desempenho do filme só renderam mais elogios a Granger.

Em "Festim Diabólico", com James Stewart e John Dall

Depois disso, ele fez alguns outros trabalhos, até estrelar outro filme de Hitchcock, “Pacto Sinistro”, de 1951. Nele, Granger interpreta um homem que está de saco cheio da esposa e encontra um estranho em um trem. O estranho, com tendências psicóticas e que queria se livrar do pai, propõe a ele que façam uma troca. Um mata o familiar do outro e ninguém fica sabendo.

Cena de "Pacto Sinistro"

Granger depois enveredou uma longa carreira na televisão, após finalmente decidir estudar teatro. Passou por telenovelas, séries, minisséries, filmes para a TV, outros filmes para cinema (um deles com o italiano Luchino Visconti) e espetáculos na Broadway, todos sem a mesma expressão de um Hitchcock. Ele faleceu de causas naturais, sem muito rancor, sem aquele deslumbre tresoloucado das celebridades de hoje, vivendo uma vida boa e amando sua profissão. Seu último trabalho foi no filme para TV, “A Arte do Engano”, de 2001.

Sucker Punch - Mundo Surreal

Sucker Punch

(EUA, 2011) De Zack Snyder. Com Emily Browning, Abbie Cornish, Jena Malone, Vanessa Hudgens, Jamie Chung, Carla Gugino, Oscar Isaac e Scott Glenn.

“Sucker Punch” está em produção desde que Zack Snyder terminou as filmagens de “Watchmen”. Aliás, não fosse a ousadia de filmar a bíblia dos quadrinhos, “Sucker Punch” ainda viria primeiro. O projeto é o primeiro escrito por Snyder, em parceria com Steve Shibuya, então pode-se dizer que os estúdios já confiam plenamente no seu trabalho. Snyder cresceu como diretor, mas quem cresceu mesmo foi a protagonista do filme, Emily Browning. Lembra dela, a Violet Baudelaire de “Desventuras em Série”? Agora ela tem 20 anos e já pode sair por aí demonstrando uma sensualidade tão surreal quanto a imaginação de sua personagem, BabyDoll. Também cresceram Vanessa Hudgens, ex- “High School Musical”, e Jena Malone, garota prodígio de filmes como “Lado a Lado” e “Galera do Mal”.

Após a morte da mãe, Baby Doll é levada pelo padrasto para um hospício, após ele incriminá-la pelo assassinato da irmã mais nova. Lá, ela conhece um mundo tenebroso de tortura e abandono e logo planeja escapar de sua lobotomia, marcada para dali a três dias. Nesse meio tempo, ela conhece as internas Blondie, Amber e as irmãs Rocket e Sweet Pea, e traça um plano de fuga do hospício. Só que para não encarar o mundo como ele é de verdade, Baby Doll cria uma fantasia imaginária em um mundo paralelo, que só existe na sua cabeça. Assim, enquanto arquiteta o plano para deixar o sanatório, ela vira dançarina de bordel, enfrenta nazistas-zumbis na Segunda Guerra Mundial, dragões em castelos medievais, entre outros inúmeros elementos de seu mundo surreal.

“Sucker Punch” é uma explosão visual do começo ao fim, assim como foram os dois filmes anteriores de Snyder, “300” e “Watchmen”. Embora seja cheio de efeitos especiais e cenas de ação (o tempo inteiro), o roteiro é bem amarrado e as pontas surreais vão se encaixando aos poucos, de forma que o espectador até se perde no começo, mas logo encontra uma linha de raciocínio que faz com que ele consiga acompanhar a jornada de Baby Doll.

São vários mundos imaginários e batalhas fantasiosas – um mundo surreal de fato, como sugere o título brasileiro. Em um visual caprichado, mesmo que exagerado, acompanhamos as aventuras das garotas como uma espécie de videogame, onde é preciso passar de fases e vencer os chefões para atingir seus objetivos. O ‘quê’ a mais fica por conta da sensualidade das meninas. Escolhidas a dedo por Snyder, elas deveriam passar a sensação de garotas indefesas que escondem uma arma mortífera por baixo da capa de cordeiro. E é assim que elas se comportam. Abbie Cornish, de “Brilho de Uma Paixão”, aparece como a mais forte e racional das cinco, enquanto Jena Malone, sua irmã Rocket, é a mais esperançosa. Vanessa Hudgens aparenta ser a mais frágil, porém sedutora, Blondie. Coube a Jamie Chung a parte do intelecto. E Emily Browning é a cola que junta todas elas, mostrando porque Baby Doll é tão especial.

O filme é exagerado e – assim como na recente filmografia do diretor – longo. Snyder engana o espectador ao final, quando dá uma reviravolta na trama e todas as peças se encaixam, num thriller perfeito. A trilha sonora baseada em canções pop e composições originais ajudam a dar o tom. “Sucker Punch” é o chamado ‘filme de autor’ adaptado para o jeitinho de Snyder: fantasioso, audacioso, cheio de ação e com um estilo visual característico.

Nota: 9,0


VIPs


VIP’s
(Brasil, 2010) De Toniko Melo. Com Wagner Moura, Roger Gobeth, Milhem Cortaz, Jorge D’Elia, Gisele Fróes, Juliano Cazarré.

Marcelo Nascimento passou quatro dias fingindo ser o filho do dono da empresa de aviação Gol, durante o Recifolia de 2001. Enganou um monte de gente, inclusive os atores Carolina Dieckman, Marcos Frota e Ricardo Macchi. Essa é a história que ficou conhecida do grande público, até porque o pilantrão fez questão de dar uma entrevista histórica para Amaury Jr. O resto pode ser conferido em “VIP’s”, longa de estreia de Toniko Melo que se aproveita de parte da história para narrar uma trama fictícia. Alguns fatos foram distorcidos (até mesmo para preservar a imagem de quem se viu vítima do golpe), mas a maioria se mantém fiel ao livro “Histórias Reais de um Mentiroso”, de Mariana Caltabiano. O longa venceu o Festival do Rio 2010, inclusive com prêmios de Melhor Ator para Wagner Moura, Melhor Ator Coadjuvante para Jorge D’Elia e Melhor Atriz Coadjuvante para Gisele Fróes.

Louco por aviação, o jovem Marcelo, apelidado de Bizarro por alguns conhecidos, decide fugir de casa em busca do sonho de se tornar piloto de avião, como o pai. Perito na arte de imitar e enganar os outros, ele se mete com um cartel paraguaio de drogas para conseguir sua habilitação. Depois de ser preso e depois liberado, ele retorna ao Brasil ainda com o sonho de ser alguém importante. É quando ele planeja dar um golpe maior do que ele mesmo imaginara. Ele não sabia, porém, era o quanto esse golpe daria certo, e se não fosse por alguns deslizes, nem daria errado no fim.


Confesso que esperava mais de “VIP’s”. Vencedor do último Festival do Rio, com sessões disputadas a tapas, o longa de Toniko Melo se limita apenas a tentar fazer com que o espectador se afeiçoe ao “bandido problemático” com uma trilha sonora bem amarrada e imagens bem filmadas. Porém o roteiro é fraco e sem vida. Como todo mundo já sabe da história, o diretor apenas conduziu a narrativa. Até o que deveria ser surpresa todo mundo já saca bem antes do final do filme.

O filme tem boas piadas, além de fazer lembrar de que essa foi uma história real e aí sim o espectador se pega pensando em como alguém conseguiu bolar uma trama dessas. A forma como foi trabalhado o conflito interno do personagem, de parecer não saber quem é e “não fazer isso por mal” também merece destaque. Sem falar que Wagner Moura salva qualquer cena em que apareça, mostrando um personagem altamente fragilizado por traumas que não são explicados. Aliás, nada é muito explicado no filme, você tem que deduzir sozinho como alguém consegue um helicóptero, um quarto de hotel luxuoso, seguranças e entrada numa área VIP simplesmente na base do nome e da lábia. Pensando bem, nem é tão difícil assim. A famosa carteirada acontece o tempo todo, mas enfim, isso é outra história.



“VIP’s” parecia mais. No fim, fica uma história interessante que com certeza se encaixa em um nível diferente do cinema nacional, em que pelo menos se tenta fazer uma história de verdade. Só me chama a atenção o fato de não terem conseguido nenhum adolescente mais cabeludinho pra fazer o Marcelo nessa faixa etária. O próprio Moura (tentou) interpreta(r) o garoto. Tinham que colocar o Wagner Moura emo? Se bem que, em se tratando do ator, que já interpretou até uma mulher na TV, qualquer papel é bem realizado.



Nota: 6,0

sábado, 26 de março de 2011

Esposa de Mentirinha


Just Go With It
(EUA, 2010) De Dennis Dugan. Com Adam Sandler, Jennifer Anniston, Brooklyn Decker, Nick Swardson e Nicole Kidman.

O Havaí deve ter um encantamento mágico que faz com que os filmes do Adam Sandler se tornem mais divertidos. Foi assim em “Como Se Fosse a Primeira Vez” e o efeito se repete agora em “Esposa de Mentirinha” (título ruim, mas fazer o quê). Comparando com títulos como “Zohan” e “Um Faz de Contas que Acontece”, o novo filme de Sandler ajuda a levantar a moral do comediante, que é um dos maiores nomes da comédia americana e continua na ativa com bons trabalhos, mesmo sendo da chamada “velha guarda”. Will Ferrell, por exemplo, não está tendo a mesma sorte e Ben Stiller tem andado bem fraco. Depois de “Gente Grande”, filme mediano, Sandler engata esta comédia romântica clichê, como todas as outras, mas com piadas que funcionam e fazem o espectador rolar de rir.

O cirurgião plástico Danny sempre usa um truque para conquistar as mulheres: usa uma aliança e finge que é casado, mas que leva um relacionamento terrível com a esposa. Assim, ele consegue a atenção de todo o tipo de mulher. Até que um dia ele conhece Palmer, uma garota linda, atraente e inteligente que cativa o coração dele no primeiro instante. Mas ao descobrir a aliança falsa, Palmer exige uma explicação de Danny, que recorre à sua assistente Kathryn. Ela sugere que Danny diga a Palmer que está se divorciando, mas ninguém contava que Palmer iria querer conhecer a suposta ex-esposa. É aí que Kathryn terá que bancar a esposa de mentirinha, mas por quanto tempo Danny conseguirá levar essa mentira adiante?

Cheio de boas piadas, é o carisma do casal principal que segura a onda do filme todo. Adam Sandler faz o sujeito bacana de sempre, mas Jennifer Aniston está absolutamente deslumbrante. Pena que ela sempre tenha cara de Rachel... Mas nesse papel ela consegue ótimos momentos de destaque. Os coadjuvantes também estão ótimos, sobretudo as crianças Bailee Madison e Griffin Gluck, os filhos de mentirinha, mercenários que só eles.
Como não foi divulgado para manter uma certa surpresa, o comentário a seguir vai como SPOILER: O que é Nicole Kidman nesse filme? Ela talvez tenha entregue o personagem mais irritante da sua carreira – com exceção de Sarah Ashley, de “Austrália”, que é hors concours. Mas isso não quer dizer que Kidman não esteja hilária no papel de Devlin, a amiga má de Kathryn que pode ser a responsável por desmascarar a trama. Destaque também para o cantor Dave Matthews, numa participação super engraçada.

Nota: 9,0

sexta-feira, 25 de março de 2011

Diários do Roacutan



Resolvi fazer um texto sobre o famigerado Roacutan, que tanto falei (e tomei) nos últimos seis meses. Como muita gente, eu também fui procurar muitas respostas na Internet, já que todos nós brincamos um pouco de médico na hora da automedicação. E encontrei muita coisa na internet, por isso decidi contar o meu caso.

O Roacutan é um medicamento fabricado pela Roche com base no composto isotretinoína. O que você toma é basicamente ácido retinoico, ou seja, Vitamina A. Só é recomendado em casos muito específicos de acne vulgar, daquelas que não se trata com creme nenhum. No meu caso, eu usei para tratar as costas, o tórax e os braços, além do rosto, claro.

A coisa mais importante que eu aprendi é que ninguém é melhor para esclarecer as suas dúvidas do que o seu médico dermatologista. Primeiro, porque se ele te receitou o remédio, é porque ele viu que você tinha condições de tomar. Então não adianta espernear e implorar pra um dermatologista te passar o Roacutan se ele disser que não. Segundo, porque o médico passa a ser o seu principal aliado quando os efeitos começam – ele será parcial o suficiente pra te orientar. Por isso, NÃO se baseie em informações da internet se for tomar o remédio.

Agora, o fato de não se basear não significa que a troca de experiências não possa acontecer. No Twitter, Orkut e Facebook existem muitas pessoas usando o Roacutan que contam seus martírios diários. Eu mesmo era um que enchia o saco. É legal ver como o remédio se comporta com cada um, embora os efeitos variem muito de pessoa pra pessoa. Se você já não tiver ido ao Google e vasculhado tudo quanto é possível, procura pela hashtag #Roacutan no twitter e seja feliz. Mais uma vez: o médico é o único perfeitamente capaz de tirar suas dúvidas.

O que aconteceu comigo: no começo a pele ressecou pra caramba, descascando e esfarelando 24 horas por dia. Dava vergonha de sair na rua, ir pra faculdade, pro trabalho, etc. Mas viver era preciso. Então usava protetor solar o tempo todo. Os de FPS 30 dão conta do recado direitinho. Evite mesmo o sol, praia, piscina, etc. Se for um programão indispensável, como eu tive alguns, exagere sem vergonha no protetor. Sério. A diversão não compensa o tanto que você arde depois, por 1 semana ou mais.

Depois veio o ressecamento da boca, pra mim a pior parte. No começo tava tranquilo, mas com o passar dos meses, ela ficava tão ressecada, mas tão ressecada, que chegava a sangrar em algumas situações. Abrir a boca pra comer num restaurante virou um desafio. Não dava pra gargalhar de nenhuma piada sem estourar a boca em sangramento e até dormir era complicado. Apesar do susto, isso é normal e depois você aprende a lidar com isso.

Eu criei um vício de ficar umedecendo a boca com a língua o tempo todo (espero que isso passe), mas o melhor mesmo é comprar um hidratante. Se o seu dermatologista não passar nenhum específico (o que eu duvido), procure o Epidrat, que é muito bom, embora um pouco caro. Se você quiser uma opção mais barata, procure o LipCare da Nivea, que é à base de água. Mas NÃO use manteiga de cacau, só piora tudo e a beiça frita no sol. Ah, nem precisa dizer que não é bom ficar descascando a pele da boca, porque pode ocasionar feridas, embora seja muito incontrolável às vezes.

Para os rapazes: fazer barba é um tormento normalmente, imagine com a pele mais sensível. Opte pelos barbeadores elétricos no lugar dos descartáveis.

Eu não tive problemas com álcool, porque já não bebia antes, mas ele também deve ser evitado. O Roacutan é sintetizado no fígado, assim como o álcool. Então, pra não sobrecarregar o órgão, nada de porres homéricos e exageros na bebida.

Eu também evitei fazer atividades físicas prolongadas, porque em certo ponto comecei a ficar cansado demais, os músculos doíam por qualquer esforço, então achei melhor dar uma parada e retomar as atividades ao fim do tratamento.

Eu tive um problema em particular, que não sei se aconteceu com todo mundo. Com a pele muito sensível, fiquei mais suscetível a machucados, então vivia me cortando com um simples esbarrão. Dedos, braços, pernas, perdi as contas de quantos curativos eu usei. A pele das mãos fica esquisita, parecendo que você está mais velho, e o cabelo fica seco que dá vergonha. E não adianta quantos cremes você usar, ele continuará seco até o fim do tratamento.

Ah, e a depressão e as mudanças de humor? Não posso afirmar que meu estado de espírito tenha sido afetado pelo remédio, mas é verdade que você fica mais nervoso e mal humorado. Ás vezes batia uma tristeza que eu não sabia de onde. Mas me diz, com tantos efeitos colaterais, não é pra ficar nervoso? Minha boca simplesmente abria e se esvaía em sangue, meu cabelo tá um lixo, óbvio que isso me deixava chateado e estressado. Então, prefiro acreditar que é mais causa/efeito do que efeito colateral do remédio, mas...

Apesar de tudo isso, não foi um bicho de sete cabeças. Só de cinco rsrs. Sério, os efeitos são incríveis e a sensação de você passar a mão na sua pele e sentir tudo lisinho compensa qualquer efeito colateral que o remédio possa causar. Não é tão assustador quanto parece, é só um tanto desconfortável. Mais uma vez, CONSULTE seu médico em qualquer situação que você não saiba reagir. Mesmo que tenham sido similares ao que eu passei, cada caso é um caso e o seu organismo pode reagir diferente do meu.

Vão virar seus melhores amigos: protetor solar, hidratante labial, band-aid, drinks sem álcool e lenços de papel.

Fora isso, seja feliz!

segunda-feira, 21 de março de 2011

Em construçao #mobile

O blog ta meio parado... Será que Marcos parou de ir no cinema???

Nâo. Definitivamente näo. Positivamente näo.

O problema mesmo é aquele que afeta a maioria das pessoas quando chegam à idade adulta: responsabilidades...

Trabalhando muito, estudando muito e tendo que comandar a reforma de uma casa, mais a mudança!
Näo sobrou tempo de descanso nem pra ir ao cinema, entao imagina pra atualizar o blog? To escrevendo esse texto do celular, a caminho do trabalho.

Nesse meio tempo, só assisti Besouro Verde, Bruna Surfistinhha e Esposa de Mentirinha. Mas em breve eu volto aqui com novidades, inclusive um novo layout!

É so ter paciencia e esperar mais um pouquinho!
Bjos no coraçäo e muitos filmes!

domingo, 20 de março de 2011

Cópia Fiel


Copie Conforme
(França/Itália, 2010). De Abbas Kiarostami. Com Juliette Binoche e William Shimmel.

Sempre que eu escrevo um filme, eu adiciono uma tag indicando o gênero a que ele pertence: drama, comédia, romance, etc. Com "Cópia Fiel" vou ser obrigado a inaugurar uma tag nova: arte. O puro e simples filme de arte. Porque o diretor Abbas Kiarostami fez uma história que não se encaixa tecnicamente em nenhum gênero já conhecido do cinema. É um daqueles filmes que ficam fazendo você raciocinar o tempo todo, se perguntando se você tá entendendo alguma coisa, e quando você acha que tá entendendo, ele muda o rumo da coisa e você se perde de novo.

Elle é dona de uma loja de objetos de arte que vai ao encontro do escritor inglês James Miller. Este está na Toscana para divulgar a versão italiana de seu mais novo livro, "Copia Conforme". Elle marca um encontro com James para que ambos possam discutir sobre os aspectos do livro e ela acaba cicceroneando ele pela cidade. No passeio, os dois começam a discutir vários aspectos da arte, das cópias, da finalidade do casamento, entre outras coisas, até que se chega a um ponto em que parece que eles são mais íntimos do que parece. Seria isso verdade ou mais um truque deles demonstrando a Cópia Fiel?



Na verdade, "Copie Conforme" é um grande discurso de análise da arte enquanto arte e das máscaras que colocamos em nós mesmos. O filme discute até que ponto a arte pode ser considerada arte e também o perigo ou benefício das cópias. Mais do que tudo isso, o filme questiona o nosso próprio senso de narração, ao construir um modelo de contar histórias totalmente ao avesso do que estamos acostumados. Os enredos se misturam. O filme todo é um grande diálogo entre o casal principal pelas ruas da Toscana, com assuntos que começam falando de arte, de cópias, de envelhecimento, de amor e até de fingimento.



O casal protagonista caminha como desconhecidos, falando sobre o livro do autor sobre cópias. A certa altura, os atores mudam de personalidade, e encaram a figura de marido e mulher, e você não sabe se eles são ou não são um casal. Será que aquilo era mais um jogo da Cópia Fiel e eles estavam tentando provar cada um a sua teoria? Seriam as cópias melhores, ou tão boas, quanto as originais? Acho que pra responder essas questões eu teria que assistir ao filme de novo, mas fiquei tão zonzo da primeira vez que eu não sei se aguentaria mais uma tão cedo. Mas fica a dica, "Cópia Fiel" é um ótimo exercício cinematográfico que vai fazer você se surpreender com seus próprios questionamentos.

Nota: 8,0

PS: Detesto sair do cinema com cara de burro.

sábado, 5 de março de 2011

CINEMARCOS - Os Melhores de 2010 (the results)

Nunca é fácil escolher o melhor filme do ano. Por isso, a cada ano a minha lista fica cada vez mais difícil de preencher – a gente vai ganhando experiência e vai aprendendo a separar o bom do ruim, o joio do trigo. Eu sigo um método diferente: espero todo o furor das premiações passar e daí levo em consideração os filmes que estrearam no Brasil em 2010 (não importa se eles são de 2009) e escolho os meus melhores. Goste ou não, essas são as minhas escolhas. E as suas quais são? É muito tarde pra fazer essa pergunta? Ah, que isso, nunca é tarde pra se fazer essas perguntas..

Melhor Filme
A ORIGEM (Inception)


O termo “Inception” foi o mais procurado, falado, escrito, buscado no twitter em 2010. Não é pra menos. “A Origem”, filme guardado às sete chaves por Christopher Nolan até onde ele pôde, mostrou um estilo de cinema irreal que há muito tempo não se via. O filme faz uso de efeitos especiais, retrato dos novos tempos no cinema, para enveredar por uma trama mirabolante tão bem arquitetada quanto os cenários dos sonhos mostrados no longa. Ao mesmo tempo, fica no ar aquela sensação de estar sendo enganado, típica dos filmes de Nolan, que te fazem querer ver o filme duas, três vezes. Apoiado numa trilha sonora magnífica de Hans Zimmer e em atuações espetaculares de seus atores– mesmo que menos significativas em suas carreiras – além de misturar suspense, ação, drama e um pinguinho de terror, “A Origem” foi o filme de 2010, não importa o que os críticos digam.

A Rede Social, Preciosa, Amor Sem Escalas, Ilha do Medo.

Melhor Atriz
ANNETE BENING - MINHAS MÃES E MEU PAI

Certos papéis são difíceis de interpretar na nossa sociedade ultra conservadora. Quando “Minhas Mães e Meu Pai” surgiu, mostrando ao mundo uma família um tanto inconvencional, levando suas vidas felizes como quaisquer outras, olha que surpresa, isso não foi um choque. O filme preza pela aura familiar e a alma disso é Annette Benning, que interpreta Alex, uma das mães do título que faz de tudo para manter sua família unida e seu casamento de pé. Benning se mostra tão devotada ao papel que é impossível não se afeiçoar ao casal de lésbicas interpretado por ela e por Julianne Moore. Um verdadeiro macho de saias, mas que nem por isso estereotipa um grupo de pessoas. Ao contrário. O personagem não perde feminilidade mas exige o respeito que toda uma “comunidade”, seja lá o que isso quer dizer, merece. Alex não deve ser tachada somente de “lésbica”, mas de mãe de família, esposa, trabalhadora, dedicada e um monte de outras coisas que Benning transmite com a maior naturalidade. Assim como o mundo real deveria ser.

Julianne Moore, Gabourey Sidibe, Carey Mulligan, Sandra Bullock.


Melhor Ator
COLIN FIRTH - DIREITO DE AMAR

Colin Firth acabou de levar o Oscar pelo seu papel em “O Discurso do Rei”, mas ele já tinha brilhado antes em “Direito de Amar”, filme de estreia do estilista Tom Ford na direção. O seu papel nesse filme cumpre mais ou menos a mesma coisa que o de Annette Benning, mostrando um lado real e humano naquilo que a maioria das pessoas desprezam: o amor entre duas pessoas do mesmo sexo. Esquecendo esse ponto um instante, Firth entrega um papel tocante, que demonstra todo seu natural talento para personagens dramáticos. Também pudera, ele foi forjado pela escola britânica de atuação. Cada gesto, diálogo e minuto de Firth na tela mostra um homem fragilizado, que vai da alegria à tristeza (e vice-versa) sem necessariamente abordar qualquer polêmica. E conseguir falar do tema em um tom natural, sem levantar bandeiras, polêmicas e afins, é preciso ser muito bom ator. E isso a gente já sabia que Colin Firth era muito antes do seu Oscar.

Jesse Eisenberg, Jeff Bridges, Ricardo Darín, Ryan Reynolds

Melhor Atriz Coadjuvante
MO'NIQUE – PRECIOSA

Tenho uma leve queda pela personagem de Amanda Seyfried em “O Preço da Traição” e me senti tentado a apontá-la como melhor atriz coadjuvante do ano passado, mas a performance de Mo’Nique em “Preciosa” é suprema demais para ser ignorada, até mesmo por mim. Afinal, colocar pra fora o monstro que é a mãe de Precious como ela fez não deve ser fácil. Em sua atuação ela transmite ao espectador um misto de sensações, que vão do ódio à pena, mas todos desagradáveis. Ela é quase o fundo do poço, por que lá mesmo quem está é Precious. A Academia reconheceu o seu talento e a performance foi aplaudida no mundo todo, ganhando o reconhecimento que merece e dando a Mo’Nique o status de estrela.

Amanda Seyfried, Anna Kendrick, Chloe Moretz, Julianne Moore.



Melhor Ator Coadjuvante
ANDREW GARFIELD - A REDE SOCIAL

Mark Zuckerberg nunca seria quem é não fosse o aporte inicial e a amizade de Eduardo Saverín, o brasileiro co-fundador do Facebook. Assim sendo, o personagem de Jesse Eisenberg precisa tanto, ou mais, de Andrew Garfield pra chamar a atenção. Apesar de ser Eisenberg o centro das atenções de “A Rede Social”, o talento de Garfield é extremamente necessário para o desempenho de todo o filme. Seu personagem é o responsável por certo equilíbrio nas ações de Zuckerberg, o único que aposta no amigo antes da fama. Mesmo depois do chute que toma dele, com a chegada de Sean Parker, o fundador do Napster, as emoções disparam e é isso que Garfield transparece na telona, mas ainda do que a apatia de Zuckerberg através de Eisenberg. Um jovem talento promissor, ignorado na cerimônia do Oscar mas celebrado como um ótimo ator. Ele terá que defender agora um outro personagem icônico, ninguém menos que o Homem-Aranha, mas ele já deu prova suficiente de seu talento.

Josh Brolin, Matt Damon, Mark Rufallo, Jeremy Renner.


Melhor Direção
CHRISTOPHER NOLAN - A ORIGEM

David Fincher, Rodrigo Cortés, Lee Daniels, Martin Scorsese.

Em um ano relativamente fraco, os diretores acabaram se sobressaindo colocando suas marcas pessoais em filmes um tanto quanto medianos. David Fincher, apesar de ter feito um ótimo trabalho, não fez um filme “seu” e sim do roteirista Aaron Sorkin. Rodrigo Cortés manda bem como inciante, Lee Daniels conseguiu comover o mundo e Martin Scorsese, apesar de ter feito um bom trabalho, ficou um tanto aquém de si mesmo. O único que realmente fez algo original, extraordinário e pessoal foi Christopher Nolan, que tirou a história de “A Origem” toda de sua cabeça, fez o filme do jeito que quis e criou um mundo irreal, mirabolante e fantástico, produzindo um dos filmes mais marcantes do ano, o melhor de sua carreira – ou seria “Batman”?.

Melhor Comédia/Musical
ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS

Gente Grande, Uma Noite Fora de Série, Minhas Mães e Meu Pai, Um Parto de Viagem.

“Qual a semelhança entre um corvo e uma escrivaninha?”. Eu não sei, você não sabe, muito menos o Chapeleiro Maluco. Mas se tem um filme que divertiu além da conta, esse foi “Alice no País das Maravilhas”, de Tim Burton. Talvez não seja nem o filme mais engraçado do ano, mas foi absolutamente o melhor produzido, o que deixou mais personagens icônicos e que fez todo mundo se lembrar de como era ser criança e assistir à “Alice” da Disney. Redescobrimos o personagem e sua psicodelia, entramos na mente de um fazedor de chapéus doidinho doidinho, além de presenciar a briga entre uma rainha cabeçuda e uma rainha branca que com certeza deve viver numa viagem de ácido. Se você tem muiteza, com certeza gostou de “Alice no País das Maravilhas”.

Melhor Filme de Ação
ESQUADRÃO CLASSE A

HP7, Machete, Homem de Ferro 2, A Origem

Todo mundo duvidava da nova versão da série “Esquadrão Classe A” e vamos combinar que era meio improvável mesmo dar certo. Eles colocaram Bradley Cooper, Sharlto Copley, Liam Neeson e Quinton Rampage para o quarteto principal. A princípio, eles não tinham nada a ver com os personagens e isso podia gerar não só polêmica quanto um desempenho fraco dos atores e dos ingressos vendidos. Ledo engano. “Esquadrão Classe A” fez muito sucesso com fãs de ação e também com os fãs da série, mostrando cenas que utilizaram um bom roteiro casado com uma montagem legal e efeitos especiais. Destaque para Liam Neeson, que aproveitou o embalo e virou uma improvável sensação em filmes do gênero.

Ah, menção honrosa para “Machete”, que tem o melhor espírito Robert Rodriguez de ser.

Melhor Terror/Suspense
REC² - POSSUÍDOS

O Último Exorcismo, Jogos Mortais – O Final, Atividade Paranormal 2, Demônio

Quando “[REC]” surgiu, em 2007, plateias do mundo todo pulavam das cadeiras por causa do filme, que utilizava uma forma já vista antes em “A Bruxa de Blair”. Porém duas coisas chamavam mais atenção: um estilo documental jornalístico mesmo e o charme da língua espanhola, além claro dos sustos. Em “[REC]²”, a história continua e passamos a conhecer mais sobre o mal que levou o isolamento dos moradores daquele edifício, colocando mais personagens de frente com os supostos “zumbis”, que ganham uma explicação um tanto batida, mas plausível dentro da história. Dentre tantas produções americanas, a Espanha ganha mais uma vez. E olha que teve a continuação de “Atividade Paranormal”, muito melhor do que o primeiro filme.


Melhor Drama
O PREÇO DA TRAIÇÃO

A Rede Social, Educação, Preciosa, Enterrado Vivo

“O Preço da Traição” fez um certo barulho. Muito antes de “Minhas Mães e Meu Pai” pintar na cena cinematográfica, Julianne Moore já tinha colocado seu lado lésbico pra fora neste longa, ao lado da então angelical Amanda Seyfried. O filme mostra um jogo de intrigas e mentiras que envolve Chloe, uma prostituta de luxo que é contratada pela personagem de Julianne Moore para testar seu marido. O que acontece é que quem se envolve com Chloe é a esposa, e a acompanhante acaba entrando em uma obsessão. Com boas atuações, sobretudo de Amanda Seyfried, e uma história que prende a respiração, “O Preço da Traição” mostra um drama atual e ao mesmo tempo ilusório, daqueles de novela mas que poderia muito bem acontecer aí no seu bairro – ou com você.


Melhor Romance
CARTAS PARA JULIETA

Idas e Vindas do Amor, Comer, Rezar e Amar, Querido John, Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos

Amanda Seyfried de novo. “Cartas Para Julieta” não poderia deixar de ser o melhor romance de 2010, até porque o pano de fundo da história é o maior romance de todos os tempos, “Romeu e Julieta”. O filme traz a personagem de Seyfried, Sophie, que tenta localizar a dona de uma carta deixada no muro de Julieta, em Verona, há 50 anos atrás. Ela acha a senhora e responde a carta de tal maneira que a convence a voltar e procurar o seu amor perdido, a contragosto do neto. Junta essa história de amor antiga, com uma história de amor nova, com um romance mais antigo ainda e Verona, a cidade dos amantes. Pronto.


Melhor Canção
"ALICE (UNDERGROUND)" - ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS

“I’m freakin out, so what am I now? Upside down and I can’t stop it now…” A letra da música na voz de Avril Lavigne traduz toda a confusão que a própria Alice sente e não só por estar no Mundo Subterrâneo, mas por sua vida real estar uma bagunça. Na verdade, Alice está só crescendo e “Alice (Underground)” fala disso, de sobreviver às suas batalhas e enfrentar o seu próprio mundo subterrâneo. E quem melhor do que Avril Lavigne, porta voz de uma geração digamos rebelde-responsável, pra cantar (e compor) a música tema do filme?

Melhor Filme de Animação
COMO TREINAR SEU DRAGÃO - TOY STORY 3

Posso empatar isso aí? Porque para o mundo “Toy Story 3” reina absoluto, mas “Como Treinar Seu Dragão” é igualmente bom. Isso aí, nem melhor, nem pior, apenas diferente. Sem falar que o primeiro diverte mais ainda, função primordial de uma animação. Por isso não tem como não dar empate a essas duas obras-primas da Dreamworks e da Pixar. Claro, Pixar é sempre Pixar. Os dois filmes provam de que um bom roteiro combinado com todos os elementos cinematográficos (direção, trilha, montagem) fazem um filme excelente, independente de ser animação ou com atores reais. Na verdade, Pixar e Dreamworks deram uma lição em muita produtora de filme live-action por aí. Não é à toa que tinha muita gente torcendo pra “Toy Story 3” para Melhor Filme no Oscar.

Meu Malvado Favorito, Mary e Max, Megamente


Melhor Filme de Ficção Científica/HQ
SCOTT PILLGRIM CONTRA O MUNDO

A Origem, Homem de Ferro 2, Tron: O Legado, Kick-Ass

Se você não viu “Scott Pilgrim Contra o Mundo”, culpe a Paramount. Devido a um desempenho relativamente fraco lá fora, o filme por pouco não foi lançado aqui. Só mesmo os fãs da HQ que também são fãs de cinema pra fazer um coro que fez com que o filme fosse distribuído em apenas algumas poucas salas no Brasil. Uma pena, porque Edgar Wright fez um filme diferente de tudo o que já foi produzido, agregando um monte de efeitos, ritmo de videogame, montagem de videoclipe e um monte de outras coisas legais e bacanudas que refletem o espírito do livro. Mas quem se importa com bilheteria em cinema? Quem queria mesmo ver o filme, baixou na internet. Um monstro que a própria Paramount ajudou a construir. E o cinema se sabota mais uma vez.

Melhor Filme Estrangeiro Não Norte-Americano
O SEGREDO DOS SEUS OLHOS (Argentina)

O Profeta, Os Homens Que Não Amavam As Mulheres, Eu Matei a Minha Mãe, A Fita Branca.

Não adianta chorar, o cinema argentino é muito melhor do que o brasileiro, isso é fato. E por lá a coisa está tão evoluída que já dá pra ter uma briga de cachorro grande, como a que aconteceu no Oscar de 2010, quando mais uma vez a Argentina levou o prêmio pra casa com “o Segredo de Seus Olhos”. Quando eu vi o filme eu fiquei pensando por um bocado o que de fato teria dado tantas honras a ele, que nada mais é do que um thriller de suspense. Aí é que está o pulo do gato. “O Segredo de Seus Olhos” tem tanta humanidade, tantas emoções escondidas que o filme se estende para além do tom de suspense, e consegue misturar romance, drama e ação sem desprestigiar nenhum dos gêneros. E ainda tem Ricardo Darín, o maior nome da América do Sul do momento.

Melhor Cena de Efeitos Especiais
ARQUITETURA DOS SONHOS - A ORIGEM

HP7, Scott Pilgrim contra o Mundo,Tron: O Legado, Alice

Como são os seus sonhos? Organizados, confusos, coloridos, preto e branco, escuros, reais. Tudo pode acontecer num sonho, então, pela lógica, tudo poderia acontecer em um filme sobre sonhos, até entortar uma avenida inteira até ela se sobrepor à sua cabeça. Essa é apenas uma das cenas icônicas de “A Origem”, que vai ficando com os cenários mais complexos à medida que entramos mais fundo nos sonhos. Um trabalho digno do Oscar que conquistou em efeitos especiais. Uma curiosidade: Chris Nolan teve que mandar inventar uma engenhoca giratória para a cena em que Joseph Gordon-Levitt está em um corredor de hotel.

Melhor Filme Nacional
TROPA DE ELITE 2

Sonhos Roubados, Os Inquilinos, Os Famosos e os Duendes da Morte, As Melhores Coisas do Mundo

Um fenômeno digno de sua história. Assim é “Tropa de Elite 2” que quebrou todos os recordes que um filme nacional poderia quebrar. Mas não é só pelo sucesso comercial que o filme se vangloria – se fosse assim “Se Eu Fosse Você” já teria ganhado um Oscar de melhor filme estrangeiro. É a coragem e ousadia de José Padilha de voltar a um tema para dar sequência à história de 2007. Dessa vez, o tema é tão mais atual que ficamos boquiabertos e estarrecidos com tudo o que nos é apresentado. “Tropa 2” quebrou muito mais do que as barreiras das cifras, mas nos mostrou um cinema verdade de verdade, onde até a mais profunda ferida vem à tona pra cutucar cada um de nós. Saímos do cinema indignados e talvez fosse assim mesmo que Padilha quisesse que saíssemos.

Melhor Ator Nacional
WAGNER MOURA - TROPA DE ELITE 2

Caio Blat, Francisco Miguez, Irandhir Santos, Daniel de Oliveira

Capitão Nascimento é o personagem mais representativo do cinema nacional dos últimos anos. Talvez de toda a historia. Wagner Moura já tinha dado a fuça por ele mas agora o capitão virou coronel. O mesmo cara marrento e honesto, cheio de gás pra comprar uma briga boa pela justiça, mas agora pai de um moleque de 15 anos e sentindo o peso da idade. Com mais responsabilidades, Nascimento vê que ser da polícia é mais do que valentia, é participar de um grande jogo político. O drama que aflorou ainda mais no personagem é digno do ator que o interpreta e assim, Wagner Moura se consolida de vez como o maior nome do nosso cinema, um camaleão humano e incrivelmente talentoso. Aguarde “VIP’s”.

Melhor Atriz Nacional
NANDA COSTA - SONHOS ROUBADOS

Ana Lúcia Torre, Ana Paula Arósio, Daniela Escobar, Ana Carbatti

Quem viu Nanda Costa na TV, na novela “Viver a Vida” teve apenas um vislumbre do que foi o seu papel em “Sonhos Roubados”. No filme, seu personagem Daiane é o coração de toda a história, mesmo que tenham outras duas meninas atuando ao seu lado. Nanda entrega uma menina que poderia muito bem estar ali na nossa frente. Como Daiane, a garota que “rala muito pra ser gostosa” e não vê problema nenhum em se prostituir, Nanda Costa cavou fundo sua edificação na atuação, no que pode ser o início de uma carreira brilhante, se for bem aproveitada.

Filme + Cool
SCOTT PILGRIM CONTRA O MUNDO
Kick-Ass, Machete, A Origem, Zumbilândia

Não adianta, vou continuar reclamando. “Scott Pilgrim” tinha um potencial enorme se tivesse sido bem divulgado, mas foi desacreditado pela própria distribuidora. É uma pena mas quem viu pôde conferir uma obra genial que fala a língua do seu espectador: adolescentes de 12 a 29 anos que se divertiram à beça com cada cena. Sem falar em mostrar ainda mais o trabalho de Michael Cera, que desde “Superbad” tem mandado bem nos papeis que escolhe. Não sei dizer se “Scott Pilgrim” (o filme) é fiel a “Scott Pilgrim” (o livro). Mas sua genialidade com certeza deve ser a mesma, uma vez que o gibi é muito cultuado mundo a fora. O filme, provavelmente, também deve ser.


Melhor Uso do 3D
COMO TREINAR SEU DRAGÃO

Alice, Fúria de Titãs, Toy Stoy 3, Tron: O Legado


Depois de “Avatar” tudo quanto é filme virou 3D. Talvez por isso tenha surgido um monte de filmes 3D capengas esse ano, nos mais variados gêneros. O melhor deles no ano passado – e me perdoem fãs de “Toy Story 3” – foi “Como Treinar Seu Dragão” e suas cenas de vôo, ação e agilidade. A melhor cena em 3D do filme é a que se aproxima do final, ao contrário de muitos outros títulos que colocam meia dúzia de efeitos no começo e depois se esquecem do recurso, e a história se desenrola sem 3D algum. O uso dessa técnica requer cuidado porque, de outra forma, vai passar a ser apenas mais uma forma de extorsão do público com ingressos mais caros.


Melhor Personagem Secundário
DOBBY - HARRY POTTER E AS RELÍQUIAS DA MORTE: PARTE 1

Agnes (Meu Malvado Favorito), Mal (A Origem), Rainha Branca (Alice), Hit Girl (Kick-Ass)

Amo Agnes de “Meu Malvado Favorito”. Mas se tem algum personagem que é uma unanimidade, esse é Dobby. Para se ter uma idéia, no seu ato triunfal em “Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 1”, o elfo doméstico foi amplamente aplaudido por todos os presentes. E isso mesmo sua participação na franquia cinematográfica ter sido drasticamente reduzida, se compararmos com a dos livros. Dobby nem é de carne e osso, mas sua atitude mudou o curso do filme e seu fim trágico levou muitos às lágrimas. Símbolo máximo de lealdade, Dobby vai descansar em paz nos corações dos fãs que receberam com isso mais um aviso de que a jornada de uma vida inteira está para chegar ao fim.