Mostrando postagens com marcador Ação. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Ação. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Homem de Ferro 3


Iron Man 3
(EUA, 2013) De Shane Black. Com Robert Downey Jr., Gwyneth Paltrow, Ben Kingsley, Don Cheadle, Guy Pearce, Rebecca Hall, James Badge Dale, Jon Favreau, Stephanie Szostak e Paul Bettany.

Enfim, inicia-se a fase 2 da Marvel. Depois do estrondoso e aguardado sucesso de “Os Vingadores”, chegamos ao início de uma nova etapa de desenvolvimento dos filmes da Marvel Studios e, o escolhido, claro, não podia deixar de ser o Homem de Ferro, o que deu início a tudo isso. “Homem de Ferro 3” faz referências tanto a seus antecessores como ao filme dos Vingadores. No entanto, essa terceira parte, apesar de muito melhor trabalhada, com efeitos de primeira e várias cenas de ação, deixa a desejar no roteiro, como se este não fosse importante para a compreensão da história. Há que se pensar qual foi o objetivo da Marvel ao lançar esse filme, pois ele não apresenta nada muito sólido além de muitas (e sucessivas) explosões. Uma aparente fraqueza de Tony Stark aparece recheada de piadas, o que não deixa o espectador mais atento satisfeito e convencido.

Após o ocorrido em “Os Vingadores”, algo mudou na consciência do bilionário Tony Stark. Ele passa a ter um desejo incontrolável por proteger aqueles que mais ama e passa tempo demais desenvolvendo novos trajes e armaduras de ferro, uma melhor que a outra. Tal obsessão pode interferir em sua vida pessoal, ao deixar que isso se meta entre ele e sua amada, Pepper Potts. No entanto, essa preocupação terá que ficar em segundo plano quando um novo terrorista aparece, realizando atentados na cidade e aparições na TV – o perigoso Mandarim. Com um aparentemente infinito poder de fogo, o Mandarim ameaça a soberania dos Estados Unidos e preocupa a população já aterrorizada por ataques constantes. Com isso, Tony Stark precisará sair da clausura e se dispõe a lutar contra o Mandarim, ao mesmo tempo em que se vê de frente com um passado não muito distante, e terá que reencontrar duas pessoas que podem ser a chave de todos os problemas, a cientista Maya e o ambicioso Aldrich Killian.


O diretor Shane Black (de “Beijos e Tiros”.) consegue conduzir bem a história, construindo sequências que prendem o espectador, como o ataque à mansão Stark e um arriscado resgate de passageiros de um avião em pleno ar. No entanto, é o roteiro quem deixa a desejar. Fica difícil acreditar que Tony Stark, um dos homens mais ricos do planeta (no universo Marvel), amigo de poderosos super-heróis, coisa que nem o próprio filme esconde, habilidoso construtor de armaduras igualmente habilidosas, não consiga descobrir o paradeiro de um terrorista como o Mandarim – ou lutar com ele.

 Tudo soa como mais um dia na vida de Tony Stark, nada que lembre os momentos marcantes como a prisão na caverna do primeiro filme, ou a conexão com um vilão que lhe remete diretamente a seu pai, como no segundo filme. O grande trunfo do filme, o vilão temerário que assombra os espectadores no trailer, não tem o desenvolvimento esperado e faz o filme parecer meio, desculpe o termo, boboca. Depois de uma cena onde muitos e muitos mísseis destroem a mansão Stark, você espera que o tal Mandarim seja muito imbatível, quando na verdade ... melhor parar por aqui para não revelar spoilers.

O outro arco do roteiro se apoia na ideia de que a cientista Maya Hansen (interpretada pela desperdiçada Rebecca Hall), anos atrás, apresentou a Tony Stark um meio de regenerar tecidos humanos. Isso é usado por Aldrich Killian, um então nerd abitolado, a se transformar em um empresário de tecnologia e ciência poderoso, que pode estar por trás dos planos do Mandarim. Para isso, ele usa seres humanos modificados geneticamente, cujo efeito colateral é, acredite, a elevação da temperatura corporal, algo que beira a combustão espontânea, mas que parece não afetar as cobaias, apenas os deixa com super força e com muito ódio. Nada muito explicativo.


No entanto, “Homem de Ferro 3” é um espetáculo audiovisual tão grande que chega a ser difícil reparar nessas coisas. Só com uma reflexão pós-filme é que se percebe que coisas não fazem sentido. Grande parte do espetáculo é mérito de Robert Downey Jr., que parece não conseguir mais sair do personagem Tony Stark – um efeito parecido com o Wolverine de Hugh Jackman há uns anos atrás. Apoiado por Don Cheadle, como o War Machine/Patriota de Ferro/Col. Rhodes, e Gwyneth Paltrow que, literalmente, veste a camisa do Homem de Ferro, o Stark de Downey Jr. é uma atração à parte do filme, com boas sacadas e piadas (algumas fora de hora e algumas sem graça). Robert Downey Jr. sendo Robert Downey Jr., mas na pele de Tony Stark.

Pessoalmente, eu defino “Homem de Ferro 3” como um bom filme. Até porquê, ninguém vai assistir a um filme desse tipo por uma convicção filosófica. E, se for, precisa mudar suas convicções filosóficas. O filme entretém na medida certa, mas peca por subestimar a inteligência dos seus espectadores com um vilão tão fraco e um desfecho tão xoxo. E retorno à pergunta do primeiro parágrafo desse texto: o que a Marvel pretende? Reunir mais espectadores comuns ou agradar fãs de quadrinhos? Parece-me que a vontade de ganhar mais dinheiro superou, pelo menos neste filme, o desejo expresso claramente no primeiro “Homem de Ferro” de ser fiel a seus fãs – esses sim com mais crítica a fazer do que eu fiz. Se a Marvel sempre conseguiu encontrar o meio termo, dessa vez ela fugiu à regra.

Nota: 7,5

Leia mais:

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

A Hora Mais Escura

Zero Dark Thirty
(EUA, 2012) De Kathryn Bigelow. Com Jessica Chastain, Jason Clarke, Joel Edgerton, Chris Pratt, Kyle Chandler e Mark Strong.

A morte de Osama Bin Laden aconteceu em meio a circunstâncias suspeitas e pegou o mundo de surpresa. A ausência de um corpo que pudesse atestar a veracidade das coisas também contribuiu para que a operação do governo americano ficasse cheia de dúvidas. No entanto, “A Hora Mais Escura” ignora todos esses fatores para contar, através do ponto de vista de uma agente da CIA, como a morte do ex-terrorista mais procurado do mundo foi planejada desde os ataques de 11 de setembro de 2001. Ao mesmo tempo em que soa ufanista, o filme se compromete ao assumir um tom negativo, ao ‘confirmar’ o uso de tortura contra prisioneiros no Oriente Médio. Controverso até a alma, o filme fez sucesso apesar de tudo já que conta um dos mais importantes capítulos da história americana e revive o momento em que o principal inimigo dos Estados Unidos é morto. Imagino que, para um americano nativo, da mesma forma que foi com “Lincoln”, a história tenha um apelo maior, mas nada que impede que o público em geral possa apreciar o filme.

O filme acompanha as investigações da CIA desde 2002, quando a agente Maya descobre uma pista que pode levar ao mensageiro pessoal de Osama Bin Laden, revelando o seu paradeiro. Claro, o jogo político não é fácil, além da difícil investigação no Oriente Médio. Em meio aos piores cenários possíveis, Maya continua com os seus instintos e precisa seguir firme na investigação, antes que novos atentados aconteçam.

A história é atraente e reúne os mesmos elementos do filme antecessor de Bigelow, “Guerra ao Terror”. Os diálogos são ágeis, mas a estratégia de contar dez anos de uma vez torna o filme lento e um pouco arrastado em alguns momentos, mesmo para os padrões de Bigleow. No entanto, as cenas de ação, que envolvem tiros e explosões em pleno Paquistão, compensam o clima tenso e devolvem a agilidade que o filme precisa.

Dividido em capítulos, o roteiro de Mark Boal tenta condensar os principais acontecimentos que culminaram na morte do terrorista sem entrar em consequências políticas mais profundas. No entanto, Kathryn Bigelow mexeu em um vespeiro ao apelar para as cenas que envolvem tortura de uma forma tão explícita. Não pelas cenas em si, que nem são tão pesadas, mas pelo simples tom de denúncia. Aliás, não dá pra saber se o filme condena ou apoia a forma como a operação foi conduzida.


Principal estrela do filme, Jessica Chastain constrói uma mulher aparentemente frágil, mas que amadurece e se transforma a cada ano que passa na operação. A atriz mostra competência, mesmo que o público não conheça nada de sua personagem, nada do seu passado, família, nada, apenas o seu afinco com a profissão.

Longe de ser um “Guerra ao Terror”, este novo filme de Kathryn Bigelow tem seu apelo, mas não deve ir longe nas premiações. Nem mesmo deve ser levado em consideração como fonte segura, como já afirmaram autoridades americanas. Porém, revela mais a capacidade de Bigelow de se relacionar com temas fortes e que mexam com o público, sem medo de tocar em feridas e mexer em egos de políticos ou militares. Ponto pra ela.

Nota: 8,5

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Django Livre

Django Unchained
(EUA/2012) De Quentin Tarantino. Com Jamie Foxx, Christoph Waltz, Leonardo DiCaprio, Samuel L. Jackson e Kerry Washington.

Tarantino é daqueles diretores que, não importa qual o filme ele faça, você deve assistir. Esse foi um posto que ele conseguiu, anos atrás, com “Cães de Aluguel” e “Pulp Fiction”. Sendo assim, assistir a “Django Livre” não era uma opção. Era um dever. Nesse caso, podemos dizer que não há dever mais prazeroso do que assistir a uma obra prima. Sim, Tarantino se superou. Após fazer o inimaginável em “Bastardos Inglórios”, indicado ao Oscar de Melhor Filme, ele repete o mesmo feito em um longa metragem que, ao mesmo tempo, fala de racismo, trata de uma época histórica dos Estados Unidos e presta uma homenagem a todos os faroestes clássicos do cinema. Tudo com muito sangue, tiroteios e diálogos inigualáveis, que exigiram dos atores total comprometimento com seus papeis. Não são todos os diretores/roteiristas que conseguem criar (e manter) um estilo único de contar suas histórias e ainda manter a atenção de um público fiel ao longo dos anos. 

O caçador de recompensas King Schultz resgata o escravo Django para pedir que ele o ajude a reconhecer três bandidos que ele está atrás. Com a ajuda, Schultz promete a liberdade de Django e parte da recompensa. Como o ex-escravo se torna muito bom no ofício, ambos continuam em sua jornada de caçadores até que Django pede a ajuda de Schultz para resgatar sua mulher, traficada para a família de Calvin Candie, um famoso fazendeiro da região. Para resgatar a mulher, os dois terão que sustentar um plano que, ao menor sinal de falha, pode mandar tudo para os ares.


A reconstituição da época da escravidão no sul dos Estados Unidos impressiona. Desde figurino aos cenários, chama a atenção o apuro técnico com o qual o filme foi rodado. Apesar de alguns erros históricos (como constatado no IMDB), o filme não se corrompe pelas falhas, pois o visual convence o espectador, que imerge na situação vivida por Django e rapidamente se coloca ao seu lado. Outro detalhe que impressiona é a mansão de Calvin Candie que, imediatamente, me lembrou de filmes como “...E O Vento Levou” e “Assim Caminha a Humanidade”, com seus casarões no meio do deserto.

Claro que essa afeição ao personagem também se deve a outros fatores, como a interpretação fenomenal de Jamie Foxx como Django. É visível o ódio do personagem contra aqueles que lhe afligiram, mas também o ator passa a inocência dele, que viveu tanto tempo na escravidão. Isso é notório na cena em que Schultz diz a Django que ele pode escolher a própria roupa. Christoph Waltz repete a maestria em um filme de Tarantino. Não é à toa que ele está novamente indicado em Ator Coadjuvante no Oscar desse ano. 

Leonardo DiCaprio, como Calvin Candie, e Samuel L. Jackson, como o escravo Stephen, também estão fenomenais. Aliás, a sequência do diálogo entre os dois, quando fica ‘claro’ quem realmente manda em Candyland, a fazenda de Calvin Candie, é sensacional. E Leonardo DiCaprio se entregou tanto ao papel que se machucou de verdade em uma das cenas.

Com um roteiro espetacular, e uma reviravolta digna de Tarantino ao final, “Django Livre” se consagra como um dos melhores filmes do diretor (o que é redundante) e conta uma das melhores histórias sobre esse período em um filme. Para encerrar, caso você ainda não tenha visto o filme, repare na cena da emboscada de dezenas de homens encapuzados à carruagem de Django e King Schultz. Não apenas traz um diálogo peculiar, com um tipo de humor que só Tarantino sabe trazer a esses filmes (incluindo a presença de um ator em particular na cena), mas mostra o início do que viria a ser a Ku Klux Klan, alguns anos mais tarde. Realmente, ele sabe mexer nas feridas de forma única.

Nota: 9,5

terça-feira, 30 de outubro de 2012

007 - Operação Skyfall


 Skyfall
(EUA/UK 2012) De Sam Mendes. Com Daniel Craig, Javier Bardem, Judi Dench, Ralph Fiennes, Naomi Harris, Berénice Marlohe e Ben Whishaw.

James Bond é tão icônico para o cinema que continua o sucesso iniciado há 50 anos. “007 – Operação Skyfall” se tornou a maior bilheteria em seu fim de semana de estreia entre os filmes da franquia. Para tal, alguns fatores foram decisivos. A começar pelo próprio Daniel Craig, que encontrou muita resistência no começo, mas que, aos poucos, conseguiu ganhar a simpatia do público, com seu Bond mais sensível e charmoso. Junte a isso uma demanda dos espectadores por filmes de ação mais inteligentes, com tramas mais ‘críveis’ de espionagem, como a trilogia Bourne, a saga Missão Impossível e longas como “Salt” e “Busca Implacável”. “Skyfall” teve uma receita de sucesso seguida a risco, e prova que deu muito certo. O filme segue o espírito da franquia Bond, com explosões, perseguições e sequências de tirar o fôlego. Apesar disso, ele desvia um pouco do rumo para fazer com que a história passe a ser sobre a agente M (Judi Dench), e aí é onde mora o pecado.

Após ser dado como morto em uma operação, cujo objetivo era resgatar uma lista de agentes da MI6 que trabalham incógnitos, o agente secreto James Bond volta à ativa meio fora de forma para investigar um atentado à sede do MI6. O objetivo era liquidar a agente M, que já enfrenta vários problemas por conta do vazamento da lista e da “morte” de Bond e outros agentes. O principal algoz nesse sentido é Garrett Mallory, que sugere que M se aposente de uma vez por todas. Enquanto isso, Bond rastreia o paradeiro do responsável pelo atentado, Silva, um ex-agente do MI6 que pretende se vingar de M, após esta tê-lo deixado para morrer numa missão antiga. Isso faz com que Bond repense se vale mesmo a pena se colocar em risco para salvar a vida da agente, enquanto o vilão desenvolve um plano que pode acabar com toda a atuação do MI6.


Do ponto de vista técnico, “Skyfall” é impecável. As cenas de ação são realizadas com maestria e precisão, com destaque para a perseguição logo no início do filme, em que Bond luta com um inimigo no topo de um trem em movimento. Mesmo as sequências em que o agente não está em sua melhor forma são feitas de forma brilhante. Daniel Craig conseguiu, ao longo dos três filmes, incorporar o estilo 007, ajudando a definir os padrões do homem moderno. Bond é sensível e se mostra mais passível de erros, o que mostra que ele também é humano, como todos.

Javier Bardem também está bem como o vilão afetado Silva, que busca sua vingança contra a agente M. Apesar de não estar completamente explícito, Silva pode ter sido o primeiro vilão gay da franquia 007, como mostra a sequência do diálogo entre ele e Bond. A cena causa mais riso do que espanto, mas fica registrado assim, de qualquer forma.

Do meio para o final, a história muda e tudo se torna uma grande corrida para proteger a agente M, numa clara homenagem a Judi Dench e à personagem, que se manteve fiel por anos a fio ao lado de James Bond na luta contra os inimigos da Grã-Bretanha. Isso deixa a desejar um pouco, pois falta aquela sensação de conspiração global que sempre esteve presente nos filmes da franquia, mas ao mesmo tempo é uma boa forma de conhecer melhor a personagem de Dench. No mais, “Skyfall” segue a linha de seus antecessores, mostrando que o agente 007 a serviço secreto de sua Majestade deve permanecer com fôlego pra muitos e muitos anos ainda.


OBS: Destaque para a sequência de abertura, ao som da canção “Skyfall”, na voz de Adele, quase um videoclipe. Perfeito.

Nota: 8,0

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Resident Evil 5: Retribuição


Resident Evil: Retribution
(EUA, 2012) De Paul W.S. Anderson. Com Milla Jovovich, Siena Guillory, Michelle Rodriguez, Kevin Durand e Shawn Roberts.

Peço desculpas desde já pelo afastamento de tanto tempo do blog (nossa, última atualização foi em 20 de agosto, shame on you, blogueiro!). Peço mais desculpas ainda se a volta ao blog é com o quinto filme da franquia “Resident Evil”. Sim, desculpas, mas é preciso falar sobre esse filme. Filme? Que filme? “Retribuição” é um videogame de quase 2 horas, onde a cada vilão vencido pela heroína ela pula uma fase, até chegar ao chefão final. E nem é dos bons. Seria melhor ter pego toda a sequência de “Resident Evil 5”, o jogo, e lascar na tela. Os personagens virtuais têm muito mais diálogo e história do que o filme, que apela para uma ação desenxabida sem o mínimo comprometimento com a história. História? Que história?

No quinto filme, após um flashback que mostra o que aconteceu nos outros quatro, Alice é capturada pela Umbrella Corporation e é auxiliada por Ada Wong, uma agente que trabalha para Albert Wesker, antes vilão, agora parceiro. Wong faz parte de uma missão que pretende resgatar Alice, mas escapar da Umbrella não será tão fácil, ainda mais depois que antigos companheiros voltam do mundo dos mortos e Alice encontra uma garotinha, que acredita que a agente é sua mãe.


Mesmo esse arremedo de história aí não convence e é muito mal explicado. Apesar do flashback, fica difícil de tentar entender tudo o que acontece e com qual propósito. Na verdade, a minha impressão foi de que eu deveria ter assistido ao quarto filme e isso aí era alguma fase secreta do jogo, porque o que importa mesmo será o que vem no próximo. Próximo? Que próximo?

Sim, senhores leitores, haverá um próximo, dado o final deste. Aliás, esse quinto filme é absolutamente descartável (assim como os outros quatro). Nem zumbis tem direito e quando tem eles não são mostrados muito bem. Mas “The Walking Dead” tá aí né pra quem quiser ver zumbis e histórias de verdade.

O que me deixa intrigado é que o diretor Paul W.S. Anderson se leve tão a sério, assim como os estúdios que ainda capitaneiam essa bodega.  “Resident Evil”, o jogo, merece um tratamento de mais respeito e, não, a linguagem de videogame não se adapta ao cinema. É preciso recontar a história, de maneira satisfatória, mas sem perder sua essência. Para quem gosta de ação, isso o filme tem de sobra, com saltos espetaculares, muitos tiros e explosões e perseguições de zumbis (que zumbis?). Mas só isso também. O espectador ficará mais perdido do que cego em tiroteio.

Ah, de bom o filme tem Milla Jovovich. Ela tá mais artificial do que nunca, mas pelo menos é bonita.

Nota: 2,0


segunda-feira, 20 de agosto de 2012

O Vingador do Futuro

Total Recall
(EUA, 2012) De Len Wiseman. Com Colin Farrell, Kate Beckinsale, Jessica Biel, Brian Cranston e Bill Nighy.

Lembro muito pouco de “O Vingador do Futuro”, filme de 1990 com Arnold Schwarzenegger. Aliás, o título em português se deve ao êxito anterior do ex-governador da Califórnia, “O Exterminador do Futuro”. Para pegar carona no sucesso do filme no Brasil, os distribuidores decidiram associar os títulos, colocando “do Futuro” em ambos. Algo que não faz muito sentido para o remake, mas isso é até irrelevante. O que não é irrelevante é a forma descabida em que a história no filme de 2012 é contada, sem profundidade ou objetivo inicial. “O Vingador do Futuro” é um espetáculo de efeitos especiais, apuros técnicos e artes marciais, mas sem propósito aparente, além da diversão pura e simples. Sim, é um bom entretenimento, mas adivinha qual dos dois filmes você continuará lembrando daqui a um tempo, o de 1990 ou o de 2012?

Em um futuro não muito distante, o simples operário Douglas Quaid mora na Colônia, cidade subterrânea completamente diferente da Federação, rica e abastada. Querendo uma vida com melhores lembranças, ele recorre à empresa Rekall, capaz de implantar memórias novas no cérebro das pessoas, mas algo sai errado e algo de sombrio do seu passado vem à tona. É quando Douglas descobre que teve sua memória apagada por ter sido um agente rebelde do regime de Matthias, um opositor ao governo opressor de Cohaagen. Sendo perseguido por sua própria esposa, ou melhor, uma agente especial que assumiu esse papel após Douglas ter sua memória apagada, ele é ajudado por Melina, também uma rebelde, e juntos tentarão recuperar as lembranças de Quaid e encontrar Matthias, para juntos deterem Conhaagen.


Apesar da direção de arte e dos efeitos visuais serem de muita qualidade, o filme se perde no meio deles, colocando muita ação sem sentido mesclada com cenas mais sem sentido ainda. Imagine que você dorme e acorda ao lado de Kate Beckinsale todos os dias e, de repente, ela se transforma em um personagem maligno, que mantém essa mesma carranca maligna o resto do filme. Agora, imagina que, no meio da perseguição, com a demônia atrás de você, você para tudo o que está fazendo e toca piano. Não, não dá. Tudo bem que a cena se encaixa e tem um propósito (ufa), mas não podiam achar uma solução que se enquadrasse melhor com o ritmo do filme? 
 

Fora isso, o clima de “Corra Lola, Corra” é constante, com muitas explosões e poucas explicações sobre o que é a Federação, porque existe um exército rebelde e contra o quê eles se rebelam e, afinal, quem é o tal Douglas Quaid. Uma das cenas iniciais, com Colin Farrell lutando contra uma dezena de robôs, é mostrada em multi-câmera num plano sequência bem executado, um dos pontos altos do filme. Mérito do próprio Colin Farrell, aliás. Porém, a primazia dos efeitos é sufocada pela falta de razões para que eles aconteçam ou para que, do nada, apareça uma prostituta de três peitos, sem que nenhuma outra bizarrice seja mostrada ou explicada. Junta tudo isso e adiciona um protagonista heroico, porém apático (Colin Farrell com a mesma cara de coitado o filme todo) e uma parceira com cara de nada, além da demônia Kate Beckinsale. Pronto, temos um vingador que diverte, mas em breve será esquecido.

Nota: 6,0

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge


The Dark Knight Rises
(EUA, 2012) De Christopher Nolan. Com Christian Bale, Tom Hardy, Anne Hathaway, Gary Oldman, Matthew Modine, Joseph Gordon-Levitt, Marion Cotillard, Michael Caine e Morgan Freeman. 

Começo esse texto da mesma forma como comecei a resenha de “Batman – O Cavaleiro das Trevas”, quatro anos atrás. Nunca fui fã do Batman. Mesmo após três filmes extremamente bem sucedidos, continuo afirmando que não sou fã do Homem-Morcego, por inúmeras razões. Por isso, talvez “Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge”, assim como toda a trilogia, tem um mérito tão grande dentro da história do cinema. A parte final da saga recriada por Christopher Nolan é admirável, impressionante e épica. A atmosfera do filme é tão intensa e contagiante que, por um momento, nos esquecemos de que o filme é sobre um homem que se veste de morcego. “O Cavaleiro das Trevas Ressurge” é um longa carregado de mágoa, dor e raiva. Todas companheiras de Bruce Wayne, protagonista da trama, mas que rodeia praticamente todos os moradores de Gotham City. No mundo real, essa característica também é presente em todos nós, em algum momento da vida. Daí, a identificação popular, fora o apelo do personagem, não é surpresa.

Acusado da morte de Harvey Dent, Batman some das ruas de Gotham City, assim como Bruce Wayne, que decidiu se recolher em luto após a morte de Rachel Dawes. Com isso, uma lei baseada em Harvey Dent reduziu os índices de criminalidade, fazendo a cidade acreditar que não precisa mais do herói – e a própria polícia se acomoda, exceto pelo comandante Gordon, que continua seu trabalho com primazia. A coisa muda de figura com a aparição de um novo vilão, Bane, que planeja um novo caos às ruas de Gotham acionando uma bomba-relógio a partir de um reator nuclear de propriedade da Wayne Enterprises. Para isso, Bane contrata Selina Kyle, exímia ladra de joias que rouba as digitais de Bruce Wayne, fornecendo a deixa que o vilão precisa para colocar as mãos na arma. Quem também se interessa      pelo reator é Miranda Tate, que pretende investigar novas fontes de energia renovável para o planeta. Com tudo isso acontecendo, a volta de Batman se torna inevitável, mas ele deve mesmo ajudar as mesmas pessoas que viraram as costas pra ele?

 Com cenas de ação e efeitos especiais de qualidade, “O Cavaleiro das Trevas Ressurge” demonstra um apuro técnico aprimorado, mais familiarizado com as traquitanas utilizadas por Batman e companhia. Por “traquitanas” leia-se carros ultramodernos, motocicletas futuristas (o BatPod) e uma máquina voadora capaz de fazer inveja ao exército americano. Fotografia e trilha sonora também são alinhadas com a ação que se passa nas telas, ajudando a conduzir a atmosfera de Gotham City ao tom realista da trilogia de Nolan. A montagem deixa a desejar em alguns momentos, criando cortes um tanto estranhos, mas que não prejudicam a trama em momento algum.

O filme preza também por sua conexão com os filmes anteriores, amarrando todas as pontas soltas da trilogia. Apesar de nenhuma menção ao Coringa, estrela do segundo filme, são as ações desencadeadas de “O Cavaleiro das Trevas” as responsáveis por conduzir o início do filme. 



Com um elenco espetacular, fica difícil destacar uma melhor atuação, mas a dedicação de Anne Hathaway à Selina Kyle (que em nenhum momento é chamada de Mulher-Gato no filme) nos leva diretamente a associá-la a um gato. Movimentos, fala, maneira de lutar e, claro, a personalidade da personagem, são fruto de dedicação da atriz. Da mesma forma, o Bane de Tom Hardy está magnífico, e olha que, só vemos os olhos e parte da face do ator sob aquela máscara.

O fim perfeito para a trilogia, que se torna assim a melhor sequência de um super-herói da história do cinema. Christopher Nolan escreveu seu nome na eternidade quando topou recriar o personagem no cinema, dando um tom próprio ao filme. Seu próximo desafio é reinventar (de novo) o Superman, já que é produtor executivo de “O Homem de Aço”. Já o Batman deve ter uma nova história em 2016, com novas pessoas envolvidas. Será uma continuação do trabalho de Nolan, que deixa a cadeira de diretor vitorioso.

Nota: 9,5


quarta-feira, 11 de julho de 2012

O Espetacular Homem-Aranha

The Amazing Spider-Man
(EUA, 2012). De Marc Webb. Com Andrew Garfield, Emma Stone, Rhys Ifans, Sally Field, Martin Sheen e Denis Leary

Lançado em 2002, o primeiro “Homem-Aranha” é simbólico para diversos fãs de quadrinhos e cinema (e filmes de quadrinhos). Significava o novo rumo que as adaptações das histórias de super-heróis iriam tomar. Mais denso e profundo, mostrando um Peter Parker gente como a gente, um herói real que sofre, sangra e tem mazelas em sua vida, o filme de Sam Raimi gerou duas continuações e marcou a carreira de Tobey Maguire e Kirsten Dunst. Dez anos depois, a franquia se reinventa, desta vez pelas mãos do diretor Marc Webb (500 Dias Com Ela). E as diferenças não poderiam ser mais gritantes. Apesar de a história ser, em sua maioria, a mesma, a forma de ser contada é que mudou. A Sony apostou em uma nova abordagem dos quadrinhos, colocando um Peter mais jovem e espontâneo, como um adolescente normal (e não o Homem-Aranha maduro da trilogia original). Isso deu leveza ao novo filme, levando-o mais para o lado da comédia e dando um tom mais de aventura do que de ação.

Peter Parker é um adolescente comum, com problemas com os valentões da escola, mas não chega a ser totalmente um excluído. Ele mora com os tios desde a morte dos pais, que começa a investigar após achar uma antiga valise.  Assim, ele conhece o Dr. Curt Connors, cientista que trabalhava com o seu pai em uma fórmula para regeneração de células. Em meio a uma visita ao seu laboratório, Parker encontra uma câmara onde aranhas geneticamente modificadas são cultivadas. É lá que ele acaba sendo picado, tendo o seu próprio DNA modificado, ganhando assim super força e um sentido aguçado, como o das aranhas. Com isso, o garoto passa a se aventurar e se gabar de seus novos poderes, até a morte do tio Ben, que sempre o criou. Ele sai em busca do assassino do tio e, assim, se transforma no Homem-Aranha, o vigilante das ruas de Nova York passa a ser caçado pela polícia. Nesse meio tempo, Parker se vê às voltas com Gwen Stacy, sua colega de classe, interesse amoroso e filha do chefe de polícia. Enquanto isso, os planos do Dr. Connors saem pela culatra após testar nele mesmo uma fórmula extraída das propriedades regenerativas dos lagartos, transformando-o em um super Lagarto. Seus planos então mudam para forçar a humanidade como um todo a evoluir, começando pelo espalhamento da fórmula por toda a cidade.

“O Espetacular Homem-Aranha” tem um apelo mais jovem, depositando suas forças principalmente nas costas de Andrew Garfield, que faz jus à nova roupagem que o herói ganha. A história, mais próxima da vista no desenho animado de mesmo nome, envolve mais gags de humor e a forma como Peter Parker ganha os seus poderes e se transforma em Homem-Aranha é mais convincente. Livre dos dramas da trilogia anterior, o filme mostra um Peter Parker ainda experimentando os poderes e, de certa forma, se vangloriando deles. Nesse aspecto, o filme acerta mais pela aproximação de seu público-alvo, os jovens de hoje (e não os de dez anos atrás).

Emma Stone está confortável no papel de Gwen Stacy, apesar de não estar tão cômica como o de costume. Alguns podem estranhar a saída de Mary-Jane Watson, a mais conhecida namorada do Homem-Aranha, mas Gwen se encaixa bem sem nenhuma menção à ruiva. Rhys Ifans até que dá um bom Curt Connors, mas o visual do Lagarto deixa um pouco a desejar, em especial pela face da criatura. Em comparação com filmes anteriores, os efeitos visuais são melhor empregados, mas o Lagarto poderia ser melhor trabalhado. Já Martin Sheen e Sally Field, nos papeis de Tio Ben e Tia May, apesar de aparecerem pouco, conseguem mostrar o talento que ambos tem, já visto também ao longo dos seus anos de carreira.
 
A Sony, apesar de toda a pressão e críticas que recebeu ao informar que iria reinventar toda a franquia, acabou acertando por dar uma cara nova ao personagem e à história em si, deixando-a diferente em certos pontos. Marc Webb também acertou na condução da trama da forma leve que estamos acostumados a ver seus trabalhos. No entanto, este filme ainda perde um pouco o apelo que o original teve, com menos ação e mais diversão. “O Espetacular Homem-Aranha” diverte e faz seu papel ao tirar a imagem cansada que “Homem-Aranha 3” deixou na franquia, servindo bem ao espetáculo que propõe, iniciando uma nova trilogia.

Nota: 8,0
Efeitos 3D/IMAX: 6,0