quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Senhores do Crime

Eastern Promises
(EUA, Inglaterra 2007). De David Cronemberg. Com Viggo Mortensen, Naomi Watts, Vincent Cassel.

O diretor David Cronemberg entrega esta que é uma obra com traços de sua autenticidade. Logo nas primeiras cenas seu estilo se predomina, quando um pescoço é cortado com uma navalha a sangue frio. Nesta obra, Cronenberg se infiltra na máfia russa instaurada em Londres e revela traços presentes em outros filmes de máfia, como o Poderoso Chefão, com a família em primeiro lugar. O que é de se estranhar é que a história se concentra muito em lugar nenhum e se desfecha da mesma forma que começou. O longa também é sobre até onde os homens vão para conseguirem o que querem,tema já visto esse ano em Onde os Fracos Não tem Vez e Sangue Negro, mas diferentemente desses, não consegue muito atrativo. Naomi Watts tem seu brilho apagado, apesar do envolvimento de seu personagem com o filme. Ela interpreta Anna, uma enfermeira descendente de russos que se envolve com uma prostituta que dá a luz em seu plantão e morre em seguida. Anna segue as pistas da família da moça através do diário dela, que a leva até um restaurante onde a máfia russa se disfarça. Mas nada tira o destaque de Viggo Mortensen. Seu personagem diz tanto quanto uma tela branca, e o ator te deixa a vontade para tirar as conclusões. Ele interpreta o motorista da família, que se destaca e consegue ser mais do que isso. Mortensen se entrega na pele de Nikolai, e seu sotaque russo não decepciona, pelo contrário, envolve mais. Fora isso, o final cai no óbvio e afasta Senhores do Crime da sua obra-irmã, Marcas da Violência, grande destque de Cronenberg, também com Viggo Mortensen. Vincent Cassel também tem ótima atuação, mas tem um gênero absolutamente discutível... Uma obra pra ser apreciada sem esperar muito (apesar de eu ter prometido ver qualquer coisa que Naomi Watts fizer), mas que vale cada centavo do ingresso.

Nota:8,0

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Depois do Oscar... O Framboesa de Ouro!! Divulgados os piores filmes de 2007!


Numa disputa acirradíssima (!!!!!) assim como no Oscar, foram divulgados os piores filmes de 2007 vencedores do prêmio Framboesa de Ouro, entregue um dia antes do Oscar. Na categoria principal, pior filme, ganhou Eu Sei Quem Me Matou, terrorzinho mixuruca com Lindsay Lohan interpretando sósias. Eu Sei Quem Me Matou foi o grande destaque da noite, levando quase todos os prêmios a que concorria. Eddie Murphy também foi agraciado por sua performance em Norbit, que graças ao bom Deus não levou o Oscar a que foi indicado.

Confira a lista completa dos indicados e os vencedores (ou perdedores?) em negrito.

PIOR FILME

Eu Sei Quem me Matou
Bratz
Acampamento do Papai
Eu os Declaro Marido e... Larry!
Norbit

PIOR ATOR

Eddie Murphy (Norbit)
Nicolas Cage (Motoqueiro Fantasma, A Lenda do Tesouro Perdido: O Livro dos Segredos e O Vidente)
Jim Carrey (Número 23)
Cuba Gooding, Jr. (Acampamento do Papai e Norbit)
Adam Sandler (Eu os Declaro Marido e... Larry!)

PIOR ATRIZ

Lindsay Lohan como Dakota (Eu Sei Quem me Matou)
Jessica Alba (Awake, Quarteto Fantástico 2 e Maldita Sorte)
Logan Browning, Janel Parrish, Nathalia Ramos & Skyler Shaye (Bratz)
Elisha Cuthbert (Captivity)
Diane Keaton (Minha Mãe Quer Que Eu Case)
Lindsay Lohan como Aubrey (Eu Sei Quem Me Matou)

PIOR ATOR COADJUVANTE

Eddie Murphy como Sr. Wong (Norbit)
Orlando Bloom (Piratas do Caribe)
Kevin James (Eu os Declaro Marido e... Larry!)
Rob Schneider (Eu os Declaro Marido e... Larry!)
Jon Voight (Bratz, A Lenda do Tesouro Perdido: O Livro dos Segredos, September Dawn e Transformers)

PIOR ATRIZ COADJUVANTE

Eddie Murphy como Rasputia (Norbit)
Jessica Biel (Eu os Declaro Marido e... Larry! e O Vidente)
Carmen Electra (Deu a Louca em Hollywood)
Julia Ormond (Eu Sei Quem me Matou)
Nicolette Sheridan (Operação Limpeza)

PIOR PAR

Lindsay Lohan & Lindsay Lohan (Eu Sei Quem me Matou)
Jessica Alba & Hayden Christensen (Awake) ou Dane Cook (Maldita Sorte) ou Ioan Gruffudd (Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado)
Qualquer combinação de dois personagens descerebrados (Bratz)
Eddie Murphy & Eddie Murphy (Norbit)
Adam Sandler & Kevin James ou Jessica Biel (Eu os Declaro Marido e... Larry!)

PIOR REFILMAGEM OU PARÓDIA

Eu Sei Quem me Matou (Paródia de Hostel, Jogos Mortais e The Patty Duke Show - comédia familiar de 1963)
Uma Casa de Pernas Para o Ar (Refilmagem/Paródia de Lar, Meu Tormento, de 1948)
Bratz (Uma paródia de si mesmo!)
Deu a Louca em Hollywood (Paródia de todos os filmes que parodia)
Who's Your Caddy? (Paródia de Clube dos Pilantras)

PIOR PRELÚDIO OU SEQÜÊNCIA

Acampamento do Papai
Aliens Vs Predador 2
A Volta do Todo Poderoso
Hannibal - A Origem do Mal
O Albergue: Parte II

PIOR DIRETOR

Chris Siverston (Eu Sei Quem me Matou)
Dennis Dugan (Eu os Declaro Marido e... Larry!)
Roland Joffe (Captivity)
Brian Robbins (Norbit)
Fred Savage (Acampamento do Papai)

PIOR ROTEIRO

Eu Sei Quem me Matou (escrito por Jeffrey Hammond)
Acampamento do Papai (Roteiro de Geoff Rodkey e David J. Stem & David N. Weiss)
Deu a Louca em Hollywood (escrito por Jason Friedberg & Aaron Seltzer)
Eu os Declaro Marido e... Larry! (escrito por Barry Fanaro e Alexander Payne & Jim Taylor)
Norbit (roteiro de Eddie Murphy & Charles Murphy e Jay Sherick & David Ronn)

PIOR DESCULPA PARA UM FILME DE TERROR

Eu Sei Quem me Matou
Aliens Vs Predador 2
Captivity
Hannibal - A Origem do Mal
O Albergue: Parte II

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

A Noite mais aguardada do ano... pra mim. Oscar 2008.

Numa noite recheada de emoções e surpresas, a festa do Oscar na noite deste domingo relembrou os 80 anos de entregas de prêmios aos melhores filmes. Marcaram presença na festa Jessica Alba, Jennifer Garner, Seth Rogen, Colin Farrel, Nicole Kidman, Martin Scorsese, Hillary Swank, John Travolta, Tom Hanks e Jack Nicholson, entre outros. Estava lá ainda Miley Cyrus - a Hannah Montana - fazendo-se o quê, não se sabe, mas ela apresentou uma das canções do filme Encantada.
Por falar em Encantada, que concorria com três canções na categoria de Canção Original, não levou nenhum prêmio, apesar das coreografias inspiradas no filme (uma em que a própria Amy Adams cantou a canção "Happy Working Song"). Os louros de melhor canção ficou para o filme irlandês Once, com a canção "Falling Slowly". A dupla vencedora Glen Hansard e Marketa Irglova discursou emocionada sobre a honra de estar numa festa como aquela.


Os prêmios técnicos foram divididos entre vários filmes, à exceção de O Ultimato Bourne, que levou 3 Oscars pra casa, Montagem, Edição de Som e Mixagem de Som, deixando pra trás o até então favorito para os prêmios tecnicos, Transformers. O filme dos robôs alienígenas perdeu ainda o prêmio de Efeitos Visuais, onde é mestre praticamente, para A Bússola de Ouro. Tudo bem que eu também não gostei de Transformers, mas a apuração técnica é inegável. Enfim, a academia é famosa por injustiças (ou nesse caso, foi feito justiça mesmo?).Já para Figurino, Elizabeth-A Era de Ouro faturou a estatuetadeixando para trás Across the Universe e Sweeney Todd, que levou o prêmio de Direção de Arte. Piaf-Um Hino ao Amor ganhou o Oscar de Maquiagem, pela caracterização de Marion Cotillard em Edith Piaf.


Piaf-Um Hino ao Amor ainda levou um dos prêmios principais da noite, nesse caso para Maion Cotillard, como melhor Atriz do ano. Marion interpreta Edith Piaf de uma forma assombrosa de arrepiar a espinha até de quem nunca ouviu mais do que "La Vie en Rose" de Edith Piaf. A atriz recebeu o Oscar das mãos de Forest Withaker, e, emocionada, agradeceu a honra máxima do cinema absolutamente surpresa - a até então favorita era Julie Christie, apesar de esta ser uma das categorias mais apertadas.

Outra surpresa de abocanhar a todos foi a entrega do prêmio de atriz coadjuvante para Tilda Swinton, por Conduta de Risco. Não que Tilda não tenha merecido, mas o mundo inteiro já tinha se rendido ao Bob Dylan de Cate Blanchett em Não Estou Lá. Cate, que foi indicada duas vezes esse ano, não levou nenhuma das duas pra casa, mas vibrou muito com a premiação tanto de Tilda Swinton, quanto de Marion Cotillard.


Ratatouille confirmou o favoritismo como longa de animação, vencendo o francês Persepolis. O outrora favoritão da noite, o inglês Desejo e Reparação teve de se contentar com o prêmio de Trilha Sonora para Dario Marianelli (apesar de eu preferir O Caçador de Pipas, humpf!). E a garota mais querida de Hollywood, Juno, fez Diablo Cody sair aos prantos do palco, ao receber o prêmio de Roteiro Original, e Ellen Page ser ovacionada ao ter seu nome anunciado.




Sangue Negro deixou uma dúvida no ar: será que o filme é bom mesmo ou você se encantou demais por daniel Dae-Lewis? Palavras de José Wilker (que eu faço questão de registrar a minha antipatia), mas sou obrigado a concordar. O longa de Paul Thomas Anderson levou o oscar de Fotografia e, claro, o prêmio de melhor ator para Daniel Dae-Lewis, com o seu enigmático Daniel Plainview. Ele recebeu seu oscar das mãos de Hellen Mirren, que ganhou ano passado por A Rainha. Daniel, se curvou e foi "condecorado" no palco por Hellen.



Mas não teve jeito. A noite foi deles. Os irmãos Joel e Ethan Coen roubaram a noite arrasando no palco do Kodak Theather com os concorrentes nas categorias principais. Os Coen levaram o prêmio de Roteiro Adaptado e Direção. Não satisfeitos, aind afaturaram a estatueta de Melhor Filme. Onde os Fracos Não tem Vez arrebatou platéias do mundo todo com a história não dos personagens reais, mas de uma personagem abstrata,a violência desencabida que habita cada um de nós secretamente, que foi personificada com Javier Bardem, que obviamente levou o prêmio de ator coadjuvante por seu impressionante Anton Chigurg.



No mais, foi entregue um prêmio honorário a Robert Boyle, diretor de arte há mais de 50 anos, o prêmio de filme estrangeiro foi para a Áustria por The Counterfeiters, soldados americanos no Oriente Médio apresentaram a categoria de melhor Documentário em Curta Metragem, e Michael Moore voltou pra casa chupando o dedo, porque não levou o prêmio de Documentário em Longa Metragem, por SOS Saúde (quem levou foi o favorito Taxi to the dark Side). E ainda teve as piadas impagáveis de John Stuart, o anfitrião da noite. Noite que aliás, vai entrar pra história do Oscar, como uma das premiações mais surpreendentes desses 80 anos de Oscar. Após um ano muito conturbado na indústria do cinema, essa festa foi o sinal de que bons tempos no mundo dos filmes irão chegar.

Filme - Onde Os Fracos Nâo Tem Vez
Direção - Joel e Ethan Coen(Onde os Fracos Não tem Vez)
Ator - Daniel Dae-Lewis (Sangue Negro)
Atriz - Marion Cotillard (Piaf - Um Hino ao Amor)
Ator Coadjuvante - Javier Bardem (Onde os Fracos Não tem Vez)
Atriz Coadjuvante - Tilda Swinton (Conduta de Risco)
Roteiro Original - Juno
Roteiro Adaptado - Onde os Fracos Não tem Vez
Animação - Ratatouille
Figurino - Elizabeth-A Era de Ouro
Maquiagem - Piaf-Um Hino ao Amor
Direção de Arte- Sweeney Todd
Montagem - O Ultimato Bourne
Edição de Som - O Ultimato Bourne
Mixagem de Som - O Ultimato Bourne
Efeitos visuais - A Bússola de Ouro
Canção - "Falling Slowly" (Once)
Trilha Sonora - Desejo e Reparação
Fotografia- Sangue Negro
Filme Estrangeiro - The Counterfeiters
Documentário - Taxi to the Dark Side

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Petróooooleo! Sangue Negro.



There Will Be Blood
(EUA, 2007)
De Paul Thomas Anderson. Com Daniel Dae-Lewis, Paul Dano, Dillon Frasier.

Estamos novamente no palácio do cinema no Rio de janeiro: O Odeon. O que mais me atrai lá não é o cinema em si, mas saber que lá, a cultura é realmente valorizada. As pessoas que foram assistir a Sangue Negro ontem comigo foram pelo filme. Certamente, a grande maioria sabia do que o filme se tratava, que ele é um dos favoritos ao Oscar desse ano, e com certeza conhecem Paul Thomas Anderson e Daniel Dae-Lewis. Lá não é um lugar comum. É o meu terreno. Não é como nos cinemas comerciais (que também adoro, que me perdoem UCI e Cinemark!), onde as pessoas menos dotadas de cultura escolhem um filme porque é o único passando (Vide o que escrevi aí embaixo sobre Sweeney Todd). Lá querem ver Sangue Negro de verdade, e não porque sugere que haverá matanças sangrentas. Ainda que tenha mesmo.

Sangue Negro nos entrega desde seus primeiros minutos de exibição a sua proposta: é a briga pelo petróleo na virada para o século XX. Como os homens são capazes de se transformar pelo poder e pela riqueza. O diretor faz um longa extremamente inteligente, ode conquista os espectadores pela curiosidade sobre o caráter duvidoso de Daniel Plainview. A princípio, todos se simpatizam com ele, pela sua história de vida e como cresceu na indústria do petróleo pelos seus próprios méritos. Uma tragédia no início do filme o liga a uma criança, que se torna companheira inseparável de Plainview. Daniel Dae-Lewis está na sua melhor forma e entrega aos poucos várias faces de Daniel Plainview para que todas elas se montem como em um quebra-cabeças no final. Ele revela seu Plainview como um homem de princípios, que preza, sobretudo, a família. Ao longo do filme Daniel Plainview se mostra ganancioso e vil, mas ainda assim não consegue causar antipatia no público, que chega a entender e apoiar seus atos. E ainda há o jovem pastor interpretado por Paul Dano (Pequena Miss Sunshine). Seu Eli Sunday é tão ganancioso quanto o próprio Plainview, mas usa a religião para encobrir seus objetivos. As cenas de exorcismo no filme praticadas por Eli são a prova de que Paul Dano é um dos maiores nomes da nova geração de Hollywood que não se entrega totalmente a filmes comerciais (como Shia La Beouf ,por exemplo)

Com uma trilha sonora maravilhosa, e um roteiro que se desenrola naturalmente, sem enrolações com o público, e um ápice no final que revela todas as características de Daniel Plainview que ficaram obscuras ao longo do filme, Paul Thomas Anderson constrói filme com paisagens abertas e dá o tom certo de entretenimento, para que o filme não caia na mesmice. Baseado no livro "Oil!", de Upton Sinclair, provavelmente deve levar o Oscar de Roteiro. Dae-Lewis também deve levar o seu pra casa nesse domingo, que me desculpem Johnny Depp, George Clooney e Viggo Mortensen (ainda verei Eastern Promises!,). E, se bobear ainda vai continuar tendo sangue no Oscar de Melhor Filme. Votei nos irmãos Coen, mas depois de ver esse, não sei não. E ainda tem Desejo e Reparação no páreo, melhor deixar as surpresas pra domingo.

E que venha o Oscar, porque vai ter sangue.

Nota: 10

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Dicas para assistir a Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet


Sweeney Todd: The Demon Barber of Fleet Street
(EUA, 2007) De Tim Burton. Com Johnny Depp, Helena Bonham Carter, Alan Rickman, Sacha Baron Coen, Timoty Spall.

Sweeney Todd é um filmão, Johnny Depp é o cara e Tim Burton um mestre na direção. Só isso seria o suficiente para decrever o filme inteiro na sua concepção. Um conselho, porém, deve ser dado: não assista esse filme se você está com muito sono por ter acordado cedo demais ou dormido mal na noite anterior, ou ainda se trabalhou o dia inteiro. Ele se torna meio enfadonho se visto dessa forma, e você acaba não conseguindo entender a proposta do diretor com clareza. Digo isto porque eu sei que Sweeney Todd é ótimo, um longa sobre a vingança e sobre como as pessoas reagem ao serem injustiçadas, mas nas condiçoes que eu me encontrava, todas as músicas soavam pra mim como uma canção de ninar. Outra coisa: não ache que Sweeney Todd é uma comédia ou um filme de terror. É um drama dark ao melhor estilo Tim Burton, mas é um MUSICAL!. Ou seja, ele é inteiramente cantado. O mal é das pessoas que aproveitam as promoções do cinema na segunda-feira e vão assistir ao filme pq era o único passando e é com o Jack Sparrow! A grande maioria reclamava o tempo todo pq ele era inteiramente cantado e as mortes demoravam muito a acontecer. Custa pesquisar os filmes em cartaz antes???? E aí vai mais uma dica: se vc não gosta de musicais, não vá. E certifique-se bem do que se trata a história e prepare o seu senso crítico para analisar o filme e refletir. Porque é essa a intenção de Tim Burton, mostrar Benjamin Barker, o barbeiro, como destruído porque lhe arrancaram o que de mais precioso tinha. E pondo seu plano de vingança em ação, acaba pondo os pés pelas mãos (isso você vai ter que descobrir sozinho).

O visual sombrio e dark de Sweeney Todd é típico de Tim Burton, que está menos Tim Burton (da Fábrica de Chocolate) e está mais Tim Burton ( de Ed Wood e Peixe Grande). Johnny Depp mostra que consege não ser Johnny Depp, num dos raros casos em que você não simpatiza com ele. Talvez essa fosse a intenção, mostrar o barbeiro demoníaco com a frieza que possui. Por esse papel, Depp foi inicado ao oscar pela terceira vez (as outras foram por Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra e Em Busca da Terra do Nunca). E ainda tem Helena Bonham Carter com a Sra. Lovett, a fazedora de tortas de carne que usa como matéria prima os corpos das vítimas de Todd. Siga as dicas e divirta-se. Sweeney Todd é diversão para cinéfilos, as massas vão odiar. Além da indicação de Depp a melhor ator, foi indicado ainda nas categorias de Direção de Arte e Figurino.

Nota: 8,5 (mas essa nota é pouco relevante dadas as circunstâncias em que foi assistido, talvez merecesse mais)

domingo, 17 de fevereiro de 2008

27 motivos para você ir ao cinema.


27 dresses
Direção: Anne Fletcher. Com Katherine Heigl, James Marsden, Malin Akerman e Edward Burns.

O mundo sempre adorou comédias românticas. Qualquer história água-com-açúcar sempre vai ter público disponível para assistí-las. Vide as novelas brasileiras, por pior que elas sejam sempre tem um condenado que assiste. De qualquer maneira, eu mesmo já queria ver Vestida pra Casar há seculos, desde o começo das suas especulações. Primeiro, porque a propaganda faz questão de exaltar que ofilme é dos mesmos criadores de O diabo veste Prada, que eu adoro (mesmo que isso não signifique muita coisa). Segundo, Katherine Heigl (da série Grey's Anatomy) virou a nova sensação das comédias de Hollywood depois de estrelar uma das mais bem sucedidas comédias do ano passado: o longa Ligeiramente Grávidos, produzido pela não menos sensação Judd Apatow. E é justamente em Katherine que toda a trama se centra. Ela vive Jane, uma mulher obcecada por casamentos desde criança, e que já foi madrinha (leia-se como organizadora, faz-tudo, tudo mesmo) de 27 casamentos - daí os 27 vestidos do título original. Enquanto sonha com um príncipe encantado, ela ver suas chances desmoronarem quando o homem que ama (Edward Burns) se apaixona por ninguém menos do que sua irmã Tess (Malin Akerman, de Antes só do que Mal Casado). E tudo piora quando é Jane quem tem que organizar o casamento da irmã. Fora os encontros e desencontros que tem ao acaso com o jornalista Kevin Doyle (James Marsden), que cobre as festas de casamento e procura desesperadamente um furo de reportagem.



Vestida pra casar consegue ser um grande atrativo e entretenimento. Tem a dose certa de comédia e romantismo, apesar que o fraco roteiro e alguns escorregões feios na reta final chegam a estragar tudo. A diretora Anne Fletcher (do fraco Ela Dança, Eu Danço) não consegue envolver mais do que o necessário e em alguns momentos a trama chega a ser boba. No final o que segura mesmo o filme é o carisma do casal principal, que não decepciona e faz com que o público se apaixone por eles. Na verdade,a neurótica vivida por Katherine Heigl lembra muito as pessoas neuróticas que nós mesmos conhecemos. E não se engane, você conhece uma.

Nota: 7,5

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

ALELUIA!

"
Greve dos roteiristas está encerrada
Data: 11 de Fevereiro de 2008
Por: Caio Castelo
A direção do Writers Guild of America declarou neste domingo, 10, que aprovou o novo acordo com a Alliance of Motion Pictures and Television Producers, representante dos estúdios, e que fará uma votação entre os seus membros no início desta semana para oficializar definitivamente a decisão.

Após três meses em greve, o sindicato anunciou que roteiristas e estúdios haviam chegado a um "acordo preliminar" na manhã deste sábado, 9. Representantes dos roteiristas e dos estúdios se reuniram durante duas horas e meia na noite do mesmo sábado para discutir um possível fim da greve e como aprovar formalmente o novo contrato, que deverá ter duração de três anos.

Patric Verrone e Michael Winship, presidentes do sindicato, afirmam em comunicado aos membros que "apesar de o acordo não ser perfeito nem ser tudo o que merecemos pelas inúmeras horas de trabalho duro e sacrifício, nossa greve tem sido um sucesso". E concluem: "dar seguimento à greve agora não trará ganhos suficientes para sobrepujar riscos potenciais. Chegou a hora de aceitar este contrato e encerrar a greve."

O acordo do Writers Guild of America com a Alliance of Motion Pictures and Television Producers prevê a jurisdição do sindicato na divisão dos lucros obtidos por meio de novas mídias, além de um aumento de cerca de 3,5% nos honorários dos roteiristas. Filmes transmitidos na internet com o patrocínio de anunciantes passarão a render aos roteiristas 1,2% do lucro obtido pelo distribuidor. No caso de programas de TV, essa porcentagem sobe para 2%. Verrone e Winship sintetizaram os termos do contrato da seguinte forma: "Quando eles são pagos, nós somos pagos".

No dia 5 de novembro, cerca de 10.500 roteiristas interromperam suas atividades para reivindicar maiores lucros sobre as obras veiculadas em novas mídias, como DVD, celular e internet. Desde então, filmes, programas e séries de TV sofreram uma paralisação que já dura três meses, comprometendo até a temporada de premiações. O Globo de Ouro, considerado a principal prévia do Oscar, não contou com a presença dos atores e foi reduzido a uma mera entrevista coletiva, sem o glamour de costume. O People's Choice Awards foi cancelado.

O fim da greve permitirá que produções como "Shantaram", novo filme de Johnny Depp ("Edward Mãos de Tesoura"), e a adaptação do livro "Anjos e Demônios", do escritor Dan Brown, sejam retomadas; além de garantir que a cerimônia de entrega do Oscar seja realizada no seu formato habitual, o que é um grande alívio para a Academia. As estatuetas serão entregues no dia 24 de fevereiro. "

Retirado do site Cinema Com Rapadura

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Juno. Apaixone-se.


Juno
(EUA, 2007) Direção: Jason Reitman. Com Ellen Page, Michael Cera, J.K. Simmons, Jennifer Garner, Jason Bateman.


Depois de quase três semanas tentando assistir a Juno na pré-estréia, finalmente consgeui. Se as expectativas em torno de Juno se confirmassem, com certeza levaria o Oscar de Melhor Filme. A história da adolescente que engravida acidentalmente do melhor amigo é envolvente, emocionante, engraçada, é tudo. O que a Juno da escritora Diablo Cody tem de diferente de todas as outras adolescentes descerebradas do cinema americano? Simples: Juno não é descerebrada!

Juno é o tipo de garota que todo mundo um dia conheece, mas tem vergonha de admitir. A não ser que tenha sido igual a ela. Ela é esperta, descolada, um pouco desajustada, desregulada, mas não faz nenhum estereótipo do tipo que estamos acostumados. Ela não é nenhuma cheerleader loira de pompons; ela não é a nerd que se mata de estudar e só pensa nisso; ela não é a gótica depressiva que só se veste de preto; tampouco é a popular da escola. Nem a própria Juno sabe ao certo quem ela é e parte do filme é em torno dessa busca por si mesma. Como o próprio filme faz questão de deixar claro, Juno é única. Ela acaba engravidando pela maneira mais natural do mundo...pelo amor. Claro que foi uma estupidez não ter se protegido, fato que ela não nega. Mas a ingenuidade tanto de Juno, quanto de Beeks (Michael Cera) o pai da criança, prova de que não teria outra explicação para o que aconteceu se ambos não gostassem um do outro. Quando Juno decide entregar a criança (ou "a coisa", como ela chama) para adoção e começa a se envolver na vida do casal que vai receber a criança (Jennifer Garner, incrível e Jason Bateman, o adulto que ainda não cresceu totalmente) ela percebe que está crescendo e essa criança vem no momento em que ela justamente começa a curtir a melhor fase da vida: a das escolhas.


Diablo Cody entrega um roteiro mais que original, simples e de fácil identificação com o espectador. não há que não enxergue em Juno um pouco de si mesmo. Jason Reitman (diretor) constrói uma trama na dose certa de drama e comédia com humor inteligente. Mas o filme não seria o mesmo se não fosse todo o talento de Ellen Page (X-men: O Confronto Final). Ela é a alma de Juno e sua interpretação é tão natural quanto magnífica. Sem nenhum esforço ela entrega uma das melhore personagens do cinema do ano. Vale lembrar também a incrível trilha sonora, sobretudo a canção que Juno e Paulie Bleek cantam no fim do filme...

Oscar? Deve certemente levar o de Roteiro (eu apostei nisso, por favor), já que a fórmula é a que vem agradando a academia há anos (Vide Brilho Eterno de Uma Mente sem Lembranças e Pequena Miss Sunshine). Com muitas surpresas, não custa nada torcer para levar a de Melhor Filme e de atriz para Ellen Page. Improvável, mas para Juno, nada é impossível.

Nota: 9,5

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Onde os Fracos Não Tem Vez. Onde é que Eles teriam???

No Country For Old Men
(EUA, 2007) Direção: Joel e Ethan Coen. Com Javier Bardem, Tommy Lee Jones, Josh Brolin.

Assistir a "Onde os Fracos Não tem Vez" se compara talvez à esperar a próxima película de James Cameron ou Pedro Almodóvar. Você se pergunta "o que os irmãos Coen aprontaram dessa vez?" . As mentes por trás de "Fargo" e "Gosto de Sangue" já provaram o seu valor e sua contribuição para o mundo do cinema. Então, para assistir ao mais novo filme dos Coen você já se prepara dias antes. Ainda mais com relação a esse, aclamado em torno do mundo e o favoritão ao Oscar desse ano. Com tanto murmúrio (e poucas salas de exibição, quase todas na zona sul e apenas o Odeon no Centro!!!),fui eu ver os irmãos Coen no palácio do cinema do Rio.





Você não sabe o que esperar. Na trama, Lewelyn Moss, um cowboy texano (Josh Brolin), acredita ter encontrado a solução da sua vida ao achar uma maleta recheada de dólares em meio a uma carnificina. Carnificina, aliás, é pouco para descrever a violência que o filme mostra. Não aquela violência que vemos com balas perdidas (Rio de janeiro), bombas atômicas ou ataques terroristas. Mas o que se esconde no psicológico de quem as pratica e de quem sofre tal ato. É preciso parar e raciocinar o que os Coen quiseram que você pensasse. Se esperava só um faroeste moderno, esqueça. "Onde os Fracos Não tem Vez" é um filme sobre violência gratuita, que "vem do nada e por nada" como diz o personagem de Tommy lee Jones, um xerife prestes a se aposentar que segue, sem acreditar no que vê, os rastros do assassino Anton Chigurh, que passa a perseguir Lewelyn, e interpretado por Javier Bardem. Bardem, alías, é a pura essência do filme, a personificação da maldade na pele do assassino que mata sem motivo, nem reação, apenas porque é o seu trabalho. Javier Bardem não é só Chigurh, é a própria violência que os Coen querem demonstrar. O ator espanhol entrega a sua melhor atuação desde...desde... "O Amor nos tempos de Cólera" (!), seu último filme, sim, porque Bardem é um ator único que já deu todas as informações que precisamos pra saber que ele é um raro espécie da sua geração de atores.

No mais, cada um dos personagens centrais do filme exemplificam a sensação que nós temos no nosso próprio cotidiano: nós vivemos pra tentar salvar a nossa própria pele, como por instinto de sobrevivência; Os poucos que se importam com os outros se sentem incapazes de fazer algo (como o xerfife de Tommy Lee Jones). Assista "Onde os Fracos Não tem Vez" com paciência e continue refletindo após o filme, só assim pra você tirar suas próprias conclusões. Afinal, os melhores filmes são os que fazem você pensar. E na matéria de fazer pensar, os irmãos Coen são mestres.

Nota:9,0

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

O CAÇADOR DE PIPAS


The Kite Runner
(EUA, 2007) De Marc Foster. Com Khalid Abdalla, Homayoun Ershadi,Zekeria Ebrahimi.
Drama. 122 min.

Adaptar um livro não deve ser tarefa das mais fáceis. Ainda mais quando se trata de um best-seller mundial. "O Caçador de Pipas" é um dos livros mais aclamados da atualidade e já foi traduzido para mais de 29 países. A Adaptação ficou a cargo do diretor Marc Foster (Em Busca da Terra do Nunca).

O diretor consegue trazer a aura do Afeganistão dos anos 70 até a mente de quem o assiste. Através da história de Amir e Hassan, duas crianças de Cabul, separadas pela posição social que ocupam, mas amigos acima de tudo. Hassan é completamente devotado ao amigo, porém Amir é um pouco menos "devotado". A relação dos dois estremece quando o pai de Amir dá atenção demais à Hassan e faz pouco caso de Amir. Mas quando um ato de violência acontece com Hassan e Amir o presencia, a amizade dos dois fica abalada. Amir não defende o amigo, nem tampouco denuncia o que aconteceu. Esse fato passa a assombrar Amir pelo resto da sua vida até os anos 2000, quando já se encontra nos EUA e tem de retornar ao Afeganistão para resolver assuntos "pendentes".

Marc Foster mostra-se sensível ao sentimento das duas crianças, e consegue extrair o máximo dos jovens atores. Quanto aos mais velhos (Khalid Abdallah - Amir adulto/ Homayoun Ershadi -baba) a relação de pai e filho que eles mostram na tela reflete a parceria que deu certo atrás dela. Ershadi chegou a dar uma declaração de que havia ganho um novo filho com as filmagens de "O Caçador de Pipas". A emoção durante todo o filme é inevitável e cada segundo da história é embalado pela trilha sonora do premiado Alberto Iglesias.

Nota: 8,5