quinta-feira, 27 de março de 2008

Não Estou Lá. Nomes da música e seu retrato em tela grande


De alguns anos pra cá, Hollywood tem brindado o público com cinebiografias de grandes nomes da música. Chega aos cinemas brasileiros (finalmente!) o surpreendente Não Estou Lá, a biografia em película do cantor norte-americano Bob Dylan. O filme acompanha as mais variadas fases da carreira do cantor, que multifacetado, também encontra aqui várias faces para interpretar cada fase distinta. E que faces! desde Marcus Carl Franklin - um garoto negro- passando por Cristian Bale, Richard Gere, Heath Ledger (que Deus o tenha!) até chegar na inacreditável Cate Blanchett, talvez a mais parecida com Bob Dylan por mais incrível que seja. Mas não é de hoje que o cinema retrata os seus astros na tela e aqui vão "algumas" dicas de bons filmes baseados em suas vidas.

A cantora Tina Turner já teve sua vida retratada em um filme de 1993 no filme Tina (What's Love Got to Do It), do diretor Brian Gibson. Retratada pela atriz Angela Basset, que ganhou o globo de ouro de melhor atriz pelo papel, Tina foi retratada desde a infância pobre até a vida conturbada ao lado de Ike Turner (Laurence Fishburne). Ray Charles, um dos maiores nomes do jazz americano ganhou performance quase sobrenatural pelo diretor Taylor Hackford em 2004. Ray foi protagonizado pelo ator Jamie Foxx, que ganhou o Oscar de melhor ator pelo papel. Foxx foi aprovado até mesmo pelo próprio Ray Charles, que acompanhou de perto as filmagens, mas não conseguiu ver a obra pronta.

Outra performance quase espírita é da atriz Marion Cotillard na pele de Edith Piaf no francês Piaf - Um Hino ao Amor (La Vie En Rose / La Môme). Como a cantora que encantou Paris com sua voz, é impossível não se deixar levar pela atuação de Marion. Piaf passou por inúmeras tragédias desde a infância e mesmo depois de famosa. O filme foi aclamado em vários países, e Marion Cotillard levou o Oscar desse ano.

Saindo do erudito de Piaf e indo para o mundo de Johnny Cash, interpretado pelo ator Joaquim Phoenix em 2005 no filme Johny & June (Walk the Line). Ao lado de sua companheira June Carter (Reese Witherspoon, oscar), o filme mostra toda a carreira do cantor nos Estados Unidos e ainda embala o espectador na música "I Walk the Line", ícone de Cash.

Entrando no campo das bandas de sucesso, estão os Beatles, que tiveram uma versão americana de suas carreiras no filme The Wonders (That Thing You Do!), dirigido por ninguém menos do que Tom Hanks. Apesar de não ser uma biografia oficial (os meninos da banda The Wonders nem são ingleses) o filme retrata através da banda alguns dos percalços pelos quais os meninos de Liverpool chegaram a passar, desde o sucesso estrondoso até as desavenças internas. Outra "cinebiografia não-oficial" é o fime Dreamgirls - Em Busca de Um Sonho, que seria uma adaptação da carreira do grupo americano The Supremes para a Broadway. A cantora Deena Jones (Beyoncé Knowles) estaria representando a carreira e a vida de Diana Ross, mas nem as Supremes nem os organizadores assumem se é ou não um retrato da banda.

O Brasil também produz suas biografias musicais. O mais badalado deles é sem dúvida 2 Filhos de Francisco, retraro fidedigno da vida dos cantores Zezé Di Camargo e Luciano. Dirigido por Breno Silveira, o filme foi o grande sucesso brasileiro de público e crítica em 2005, mostrando não a dupla sertaneja, mas a vida dura de Francisco e sua obstinação para dar uma vida digna aos filhos e fazer deles cantores de sucesso. Outra grande surpresa foi a atuação magnífica que Daniel de Oliveira fez para Cazuza - O Tempo não Pára, interpretando o maior ícone musical dos anos 80. E não podemos deixar de lado o filme Noel - o Poeta da Vila , que retrata a vida do magnífico Noel Rosa.

Entre outros ainda há retratos de Cole Porter (De-Lovely: Vida e Amores de Cole Porter), Madonna (Quem é Essa Garota?) e Selena (Jennifer Lopez, lembra?). E Hollywood ainda promete mais. Vem por aí as películas com as vidas e obras da cantora Mercedes Sosa, dos cantores Iggy Pop e David Bowie, da banda Queen e do imortal John Lennon.O ícone do tango Carlos Gardel também pode ser adaptado para as telas. No Brasil, ainda está previsto o filme sobre Renato Russo e uma cogitação sobre um dos Paralamas do Sucesso.

terça-feira, 25 de março de 2008

20 anos; 20 filmes

As pessoas sempre me perguntam qual foi o filme que eu mais gostei,ou qual é o melhor, só porque eu sou cinéfilo. Aí eu digo que tem vários e todo mundo sempre vem com aquela: "ah, mas escolhe um!" Aí eu escolho Sociedade dos Poetas Mortos e todo mundo me solta uma tipo: "ai, esse filme ruim?" A verdade é que não há pra mim um melhor. Eu gosto é de cinema, e tem uma infinidade de filmes que eu amo, por razões diferentes. Eu amo O Senhor dos Anéis por sua técnica e pelos efeitos; aí vem 21 Gramas porque eu adoro a Naomi Watts; Harry Potter entra na lista porque foi o primeiro filme que eu vi sozinho no cinema, o que começou essa paixão toda. Pra mim não há um filme só, há vários. Então resolvi criar essa lista, com 20 filmes que representaram alguma coisa pra mim, e definitivamente acabar com o estigma de que só um flme é o melhor. Vale lembrar que, à exceção de Sociedade dos Poetas Mortos ,os outros não seguem uma ordem específica de classificação.

1. Sociedade dos Poetas Mortos
(Dead Poets Society) De Peter Weir. Com Robin Williams e Ethan Hawke.

Robin Williams é um grande comediante, mas é nesse filme que na minha opinião ele entrega seu melhor papel. O filme ensina o que muitas pessoas às vezes despreza: ensina a pensar, a ter opinião própria. Apesar de se tornarem seguidores do professor, os jovens alunos conseguiram entender a lição, que mudaria definitivamente as suas vidas. As poesias nunca foram o meu forte, mas é através delas que o filme se desenrola. Como o filme sinaliza: Carpe Diem (Aproveite o dia). Mas não só o dia. Todos os outros que se seguem também.



2.Os Infiltrados
(The Departed) De Martin Scorsese. Com Leonardo Di Caprio, Matt Damon, Jack Nicholson, Mark Whalberg, Alec Baldwin.

Oscar de Melhor Filme de 2006, Os Infiltrados enxerga através dos olhos da máfia. Até que ponto ela se encaixa no conceito de família e até que ponto é permitido ter vontade própria? Enxerga também através dos olhos da polícia. Podia ser o Tropa de Elite americano. Martin Scorsese costura todas as pontas e trabalha essencialmente com as emoções que envolvem esse "mundo dos negócios" e ainda entrega um dos melhores mafiosos de todos os tempos no cinema, Frank Costello (Jack Nicholson). Destaque para a drama pessoal de Billy Costigan (Leo Di Caprio), infiltrado do FBI na máfia, que é absolutamente o oposto de Collin Sullivan (Matt Damon), infiltrado da máfia no FBI. Final surpreendente e intrigante.



3.Clube da Luta
(Fight Club) De David Fincher. Com Edward Norton, Brad Pitt e Helena Bonham Carter.

Considerado o retrato mais completo da subversão, Clube da Luta foi o filme que me trouxe de vez para o mundo cinéfilo, que me colocou cara a cara com as pessoas que eu estava lidando. Depois de uma árdua discussão sobre o filme, num fórum do orkut, foi que eu realmente decidi que era isso que eu ia ser para o resto da vida: cinéfilo. Claro que o filme é ótimo e super original, e diz muito sobre as faces escondidas das pessoas. E pensar que quando eu vi o filme pela primeira vez eu nem sabia o que era subversivo...



4.21 Gramas
(21 Grams) De Alejándro González Iñarritú. Com Sean Penn, Benício Del Toro e Naomi Watts.

Foi com esse filme que eu me apaixonei definitivamente por Naomi Watts e prometi ver qualquer coisa que ela fizer, mesmo que a carreira dela afunde. O diretor filmou três histórias que acabam se cruzando entre si, produziu um filme inteiro e depois parece que pegou a tesoura, cortou tudo, misturou, jogou pra cima e colou tudo de novo! Um dos melhores quebra-cabeças da história do cinema, 21 Gramas merece ser visto com atenção, e deve ser visto assim, ou você se perde no meio do caminho. Depois desse, veio o mega sucesso Babel, também um quebra-cabeça, onde Iñarritú se supera.



5.V de Vingança
(V for Vendetta). Dos Irmãos Wachovsky. Com Nathalie Portman e Hugo Weaving.

Foi de onde eu tirei o meu msn: V_de_vinicius...Tá, não foi só por isso, o filme é realmente brilhante, e nos mostra como é importante superar os medos e tirar as máscaras. O justiceiro V faz isso com Eve (Portman, careca),trazendo-a para uma realidade que faz parte dela mas que ela não percebe. O visual que combina Londres, o futuro e o nazismo é de impressionar. Um hino ao respeito e à igualdade, tão pregada nos últimos anos, sem falar que Nathalie Portman deve ter tido muita coragem ( e ter sido muito bem paga) para raspar a cabeça.



6. Pequena Miss Sunshine
(Little Miss Sunshine) De Johnathan Dayton e Valerie Faris. Com Greg Kinnear, Toni Collette, Steve Carrel, Paul Dano, Alan Arkin e Abigail Breslin.

Precisa dizer? Olive rules! É impossível não se encantar (por que não dizer, se indentificar) com a história dessa família que tem tudo pra dar errado. O que impressiona mais é que tudo dá errado mesmo! Mas, fala a verdade, não já aconteceu o mesmo com você? E quando tudo parece perdido, é a pequena miss sunshine Olive que traz de volta a esperança da família, que se convence de que não poderia ser melhor se fosse diferente.



7.Tropa de Elite
De José Padilha. Com Wagner Moura, André Ramiro, Caio Junqueira, Fernanda Machado, Milhem Cortaz.

Simplesmente, o filme de maior sucesso no Brasil em anos. Confesso que não sou tão fã do cinema nacional como gostaria, mas a grande maioria dos filmes parecem episódios em tela grande de telenovelas ou de programas de humor. Quando a originalidade bate a porta, é hora de a crítica aplaudir. O que aconteceu dessa vez foi que tanto crítica quanto público aplaudiram esse que foi chamado até de "facista" no exterior. Depois do incrível documentário Ônibus 174, José Padilha revelou um filme brilhante, que mostra mais do Rio de Janeiro do que qualquer outro filme. Vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim 2008. Oscar?



8.Juno
(Juno) De Jason Reitman. Com Ellen Page, Jenniffer Garner, Michael Cera, J.K. Simmons.

Por que nunca vimos um filme como Juno antes??? O que a torna tão próxima de nós é o fato de ela não se encaixar em tipo nenhum. Ela é a garota normal. E é justamente essa falta de estereótipos que me fez gostar mais de Juno. Eu não sei se eu me encaixo em algum estereótipo, mas se ele existe, por favor, você que me conhece, me diga. Juno é a garota que todo mundo gostaria de conhecer no colégio, mas preferia não dizer porque tinham outras mais bonitas, ou mais gostosas, ou mais inteligentes, ou mais qualquer coisa. Quando ela fica grávida e se vê diante de uma situação completamente fora de sua rotina normal, suas escolhas provam de que ela é somente uma adolescente e que ainda não está pronta para encarar o mundo real. Podia ser mais fofo????

9.A Ilha
(The Island) De Michael Bay. Com Ewan McGregor, Scarlett Johanson, Michael Clark Duncan, Steve Buscemi.

Se você já viu A Ilha, deve estar pensando, porque está nessa lista? Porque A Ilha estaria em qualquer lista??? Acredite você ou não, muitos dizem que este filme é ruim, além de não ter tido muito sucesso de bilheteria. Mas A Ilha é o filme de ação que eu mais gostei até hoje. E olha que estamos falando de Michael Bay, o homem que deu vida a Transformers! Então não é de pouca ação que estamos falando. Nesse misto de ação, romance e ficção científica, um contingente de humanos estão confinados como sobreviventes de um desastre que destruiu a Terra e a tornou inabitável. Vivendo sob um regime rígido, a cada semana os sobreviventes concorrem em uma loteria que os leva numa viagem para "a Ilha", único recanto da Terra que ainda pode ser habitado. Uma chance de liberdade para os confinados, até que um deles percebe que alguma coisa de estranho há nisso tudo. Faça um favor a si mesmo: se quiser diversão, nada mais, veja esse filme.


10.Harry Potter e a Pedra Filosofal
(Harry Potter and the Philosopher Stone) De Chris Columbus. Com Daniel Radcliffe, Rupert Grint, Emma Watson, Richard Harris, Alan Rickman, Maggie Smith, Tom Felton.

O primeiro filme a gente nunca esquece. Antes desse, eu só tinha ido ao cinema três vezes (aos 2 anos de idade pra ver Olha Quem Está Falando, aos 6 pra ver O Rei Leão e aos 10 pra ver Titanic). Harry Potter não foi apenas o primeiro filme que eu vi sozinho, foi o que começou toda essa epopéia através dos filmes e me iniciou no mundo fantástico do bruxinho. A Pedra Filosofal pode não ser o melhor filme da série, mas com certeza foi o que envolveu mais magia em torno do seu lançamento. A série está acabando, faltam dois (ou três) filmes pra terminar. O final a gente já sabe. Mas é sempre bom relembrar do começo.



11.Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban
(Harry Potter and the Prisoner of Azkaban) De Alfonso Cuarón. Com Daniel Radcliffe, Rupert Grint, Emma Watson, Gary Oldman, Timothy Spall, Maggie Smith, Alan Rickman, Michael Gambon.

Outro Harry Potter? Eu podia colocar os cinco filmes da série aqui. Mas é quase uma unanimidade entre todos que O Prisioneiro de Azkaban é o melhor filme da série. Alfonso Cuarón não só conseguiu dar continuidade no mundo bruxo sem perder o foco dos outros filmes, como retratou a melhor fase de Harry Potter nos livros: a passagem da infância para a adolescência. Pela primeira vez Harry sente a falta dos pais de verdade e encara o mundo dessa forma. Isso fica claro na parte em que ele não pode ir a Hogsmeade porque os responsáveis não assinaram a permissão. Some-se a isso ser "o menino que sobreviveu" e ter um assassino louco atrás de você e o que se tem é uma explosão de emoções que provam que os bruxos são tão humanos quanto nós, trouxas.


12.Cantando na Chuva
(Singin' in the Rain) De Gene Kelly e Stanley Donen. Com Gene Kelly, Donald O'Connor, Debby Reynolds, Jean Hagen.

O musical dos musicais. Uma das melhores metalinguagens do cinema sobre o cinema. Astros do cinema mudo, Don Lockwood e Lina Lamont vêem suas carreiras ameaçadas quando a "moda" dos filmes falados prova que não é só mais uma moda. A solução é Don e Lina começarem a falar em seus filmes, o que se torna uma tarefa mais difícil do que parece. Com cenas e músicas antológicas do cinema, Cantando na Chuva passou por incríveis percalços pra ficar pronto mas valeu a pena. E a voz estridente de Lina Lamont dá vontade de você prender ela numa gaiola pra ficar cutucando com um espeto...



13.Bonequinha de Luxo
(Breakfast at Tiffany's) De Blake Edwards. Com Audrey Hepburn, George Peppard, Patricia Neal.

Audrey Hepburn virou símbolo depois desse filme. Ela já era uma atriz conceituada antes mas foi Bonequinha de Luxo que a transformou em diva. E é na primeiríssima cena que você se apaixona por Holy Golightly,a acompanhante de luxo, quando ela desce do táxi no vestido preto icônico, com uma tiara na cabeça, para em frente a joalheria Tiffany & Co. e...toma café! Assim, naturalmente. Ao longo do filme, as situações mais improvaveis envolvem a personagem, desde uma festona no seu micro-apartamento até ser presa injustamente. Sem falar na canção "Moonriver", que embala o filme todo. É simples, mas diz tudo.


14.O diabo veste Prada
(The devil Wears Prada) De David Frankel. Com Meryl Streep, Anne Hathaway, Emily Blunt, Stanley Tucci.

Talvez se não tivesse a Miranda Priestly de Meryl Streep, esse filme podia ser um simples filme sobre moda. Mas é em torno da editora-chefe da Runway que tudo se desenrola. Mesmo quando algumas cenas parecem se tratar da vida de Andy Sachs (Hattaway), elas são, na verdade, sobre Miranda. Claro que isso tudo é só uma brincadeira. O diabo veste Prada é um dos melhores filmes, tanto sobre moda, quanto sobre jornalismo de moda, ainda sobre relações de sobrevivência no trabalho e competição. Até onde as pessoas vão por ambição? É, dá pra levantar questões filosóficas entre uma bota Chanel aqui ou ali.Uma história divertida, leve e bonita de se ver. Vale lembrar que esse filme é baseado numa história real.


15. O Talentoso Ripley
(The Talented Mr. Ripley) De Anthony Minghella. Com Matt Damon, Jude Law, Gwyneth Paltrow, Cate Blanchett, Phillppe Seymour Hoffman.

É incrível como Matt Damon se revela nesse filme. Há uma relação profunda entre Tom Ripley e "Dick", o canastrão interpretado por Jude Law. De verdade, faltam palavras pra descrever esse longa brilhante sobre falsificação, troca de identidades e relações de poder. Ninguém chega a ser totalmente capaz de acreditar nas coisas que Ripley faz pra se dar bem e o final chega a ser incrivelmente surpreendente. Vale a pena de verdade ver, nem que seja só uma vez. Teve uma sequência e um prelúdio (O Retorno do Talentoso Ripley e Ripley-No Limite), mas nenhuma chegou aos pés desse filme.



16. O Fabuloso Destino de Amélie Poulain
(Le Fabuleux Destin D'Amélie Poulain/ Amélie) De Jean-Pierre Jeunet. Com Audrey Tatou, Mathieu Kassovitz.

Toda mulher tem um pouco de Amélie. Essa expressão é clássica para quem gosta do filme. O que é verdade sobre Amélie? O que é mentira sobre Amélie? Ela gosta das coisas simples da vida e não vá me dizer que você mesmo não se imagina fazendo as coisas que ela faz. O que falta na maioria dos seres humanos sobra em Amélie Poulain, a vontade de ajudar os outros sob recompensa de fazer bem a si mesma. E quando ela mesma se depara com o amor, fica absolutamente desnorteada. Sabe, esse filme é mais importante pra mim do que eu realmente imagino...e eu até que sei disso...só gostaria que mais alguém soubesse também.


17. A Paixão de Cristo
(The Passion of Christ) De Mel Gibson. Com Jim Caviezel, Monica Belucci.

Quando Mel Gibson saiu com esse filme da manga, o mundo entrou em choque. Quer dizer, as pessoas sabem que Jesus morreu na cruz por elas, mas isso nunca foi "visualizado" com clareza. Nem mesmo no aclamado (e respeitadíssimo por mim) Jesus de Nazaré, de Franco Zefirelli. O choque de ver o maior personagem da história da humanidade se transformou em sentimento de culpa por ter deixado uma coisa dessas acontecer. Mais do que barulho, Gibson fez com que muitos repensassem a forma de encarar o sofrimento de Cristo, mesmo que o que tenha sido retratado na tela grande não tenha representado 1/4 da realidade, ao meu ver.



18. Procurando Nemo
(Finding Nemo) De Andrew Stanton. Nas vozes de Eric Bana, Ellen De Generes e Willem Dafoe.

De todos os filmes de animação digital produzido recentemente, talvez Shrek 2 tenha sido o melhor em entretenimento e Ratatouille, o mais profundo em roteiro. Mas Procurando Nemo é o filme definitivo da Pixar! As representações do oceano ficaram tão reais que a Pixar exigiu que os efeitos ficassem um pouco mais "animados"! Mesmo assim, dá pra perceber por aí o quanto a computação gráfica avançou. Dá pra perceber também que dá pra fazer um grande filme, com texto profundo numa animação digital. Sem falar que não dá pra nao se apaixonar por Marlin, Dori, Nemo e companhia subaquática.


19. O Grande Truque
(The Prestige) De Christopher Nolan. Com Christian Bale, Hugh Jackman, Scarlett Johanson, Michael Caine, David Bowie.

Filmes com final-reviravolta sempre são legais. Mas o que atrai nesse filme é a personalidade dos mágicos protagonistas e como a mágica era levada a sério por mágicos lendários como o Grande Houdini. É essa magia que é levada às telas, e o espectador não tem muita certeza do que acontece até o final. Quem é o vilão? Quem é o bandido? Christopher Nolan traz a mesma aura de Batman Begins (incluindo o Batman) mas com um toque a mais de charme. E coloca Christian Bale e Hugh Jackman longe dos estigmas dos personagens de Batman e Wolverine.



20. O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei
(The Lord of The Rings: The Return of the King) De Peter Jackson. Com Viggo Mortensen, Liv Tyler, Elijah Wood, Ian MacKellen, Orlando Bloom, Sean Astin, Cate Blanchett, Miranda Otto, Hugo Weaving...

Esse filme representa a trilogia inteira. A Sociedade do Anel é muito bom, As Duas Torres foi mais um complemento do que um filme único, mas O Retorno do Rei é definitivo. Uma pena que nós brasileiros não tivemos a cultura de ler esse livro na escola como os americanos, porque esses sim, puderam ver na tela uma obra mais fantástica do que qualquer outra. Esse é talvez o filme mais espetacular de todos os tempos, o épico definitivo, e outros tantos adjetivos que não cabem aqui. A trilogia inteira veio na hora certa, nas mãos do diretor certo. Que venha O Hobbit!





Faltam vários outros filmes, como O Chamado, 300, Dreamgirls, Sobre Meninos e Lobos, Os Sonhadores, Mera Coincidência, O Garoto, Sete Noivas Para Sete Irmãos, Um Sonho de Liberdade (hey, little kid!) e lá vai fumaça. Mas os filmes que nos marcam a gente leva pra vida toda. Ás vezes é bom se refugiar nesse mundo e escapar um pouco do mundo real, mas eles também nos lembram quão real é o nosso mundo.

sábado, 1 de março de 2008

A Vida em Preto e Branco - Persepolis


Persepolis (França, 2007).
De Marjani Satrapi e Vincent Parronoud.


Persepolis podia ser filmado em Live-action, como um drama adulto pelas mãos de Martin Scorsese. Foi até congitada uma versão com Brad Pitt (!!!). Poderia ter sido feito em animação 3D pela Pixar de Brad Bird. Podia ser um musical, podia ser feito por Tim Burton, podia até ser mais colorido. Mas aí não seria Persepolis. A beleza da obra adaptada do livro autobiográfico de Marjani Satrapi é exatamente ser do jeito que é, em preto-e-branco, em 2D, em francês.

O filme narra a história da própria Marjani Satrapi, uma menina iraniana que sempre se meteu a saber de tudo. Marji, como é chamada, vê o Irã como somente uma criança poderia ver e acompanha a guerra do seu país com naturalidade e emoção. Quando cresce, se muda para a Áustria para fugir da guerra e lá aprende sobre a vida, sobre como é o mundo e descobre que nada é melhor do que o lar. Persepolis poderia ser uma mistura de Juno com O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, como uma dose grande de ousadia, ironia e emoção. Marjani Satrapi teve muito cuidado na hora de escolher como sua história seria adaptada para as telonas e acertou em cheio. Persepolis é tão bom, mas tão bom, que foi escolhido representante oficial da França para concorrer ao oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Não rolou, mas também as escolhas da academia foram bem estranhas pra essa categoria (ignorar 4 meses, 3 semanas e 2 dias foi um crime!). Persepolis também não foi escolhido como melhor animação, sendo preterido por Ratatouille. Mas e daí? A leveza da história da pequena Marji até a Marji adulta é de envolver qualquer um. Inclusive quem gostou de Juno. Virou animação obrigatória da temporada para cinéfilos e prova que as animações estão cada vez mais adultas (vide o próprio Ratatouille e outros desenhos como As Bicicletas de Belleville e A Lenda de Beowulf). Animação, sim. Infantil? Nem a sombra!

Nota: 9,5