sábado, 11 de outubro de 2008

Violência Gratuita

Funny Games (EUA 2007)
De Michael Haneke. Com Naomi Watts, Tim Roth, Michael Pitt, Brad Colbert.

Depois de muito esperar, eis que finalmente Violência Gratuita, versão USA, estréia por aqui. São poucos os filmes que despertam tanta expectativa dessa maneira, e talvez o pôster de Naomi Watts chorando tenha sido o responsável imediato, já que prometi assistir a tudo o que Naomi fizer no cinema. Mas depois de já conhecer a sinopse e toda a história de desenvolvimento do filme, posso dizer que já entrei na sala de cinema com medo. Sim, estava com medo. Sabia o que ia acontecer, sabia que a cara de rapazes bem educados de Michael Pitt e Brad Colbert escondiam dois sádicos, mas nem assim deixei de ter medo pelo que iria acontecer.

Violência Gratuita conta a história de um casal e seu filho que vão passar o fim de semana numa casa de férias e são surpreendidos por dois rapazes bem educados e aparentemente santos e tranquilos. Os dois entram na casa e se recusam a sair, é quando começa a tortura dos dois com a família, que passa a ser vítima de jogos sádicos onde está em jogo a vida dos três. Agressões, espancamentos, terror psicológico, piadas com as vítimas e tudo sem a menor explicação. Tudo é mesmo gratuito.



O que diferencia o filme de Haneke de um filme tosco e sem explicações é a maneira como o filme é conduzido. Esse é um remake de uma obra sua de 1997, e todos os padrões do original foram mantidos, com exceção de uma ou outra cena que se adequou ao século XXI. Tudo na casa é branco, talvez para se contrastar com a violência que se instala no lugar. O filme tem planos longos, mas possivelmente para atraira a tenção do expectador para alguma coisa que possa acontecer. E acontece, o sofrimento de cada um dos personagens é acompanhado de perto em longas sequencias sem cortes, sobretudo quando (... censurado...).

Todo o elenco está muito bem, Naomi Watts é competente no papel da esposa, Tim Roth como o marido que se sente incapacitado de proteger mulher e filho dos agressores também está ótimo. Mas a dupla Michael Pitt e Brad Colbert não poderia estar melhor. A cara de anjo de Pitt e de criança de Colbert são a essência dos personagens e do filme como um todo. Um aviso de que a violência pode vir de onde menos se espera, de que não se pode confiar em todo mundo. Não fica muito claro o porqueê, lembra muito a abstração de "Onde os Fracos Não Tem Vez", mas de qualquer modo, a violência é gratuita, isso já foi avisado.

OBS: Um detalhe importante e incrivelmente interessante do filme é o fato de o personagem de Michael Pitt vez ou outra olhar para a câmera e conversar com o espectador na sala de cinema. Medo...

Nota: 8,5

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Queime Depois de Ler

Burn After Reading (EUA 2008)
De Joel e Ethan Coen. Com George Clooney, Brad Pitt, John Malkovich, Tilda Swinton, Francis McDormand, J.K. Simmons.

O filme mais aguardado do festival foi um ótimo programa de encerramento para o mesmo. A melhor forma de encerrar o Festival do Rio foi sem dúvida assistindo a Queime Depois de Ler. Os Coen compuseram uma obra tão rica e complexa e uma comédia fantástica, se formos pensar que a obra funciona melhor como comédia do que como ação ou drama. Na verdade, apesar da história dramatica, o filme é um comédia. Humor negro como só eles sabem fazer. É Fargo novamente, meus caros, os irmãos controversos de volta a sua velha forma.

A história é complexa, vamos lá. Osbourne Cox (John Malkovich) é um ex-agente da CIA que começa a escrever seu livro de memórias. Enquanto isso, sua esposa, Katie (Tilda Swinton) contrata os serviços de uma advogdo para dar entrada no seu divórcio e analisar suas finanças. Esse advogado pede a sua secretária para gravar os dados em um cd, mas ela perde o tal cd na academia. Academia essa onde trabalham Chad (Brad Pitt) e Linda (Francis McDormand). Chad encontra o cd e acha que tem arquivos secretos da CIA, quando são apenas dados financeiros. Ele convence Lina a chantagear Cox para poderem ganhar algum dinheiro. Linda está desesperada para fazer suas 4 cirurgias plásticas então aceita o negócio. Ela é uma mulher que se envolve com caras da internet, um deles é Harry (George Clooney), ex-guarda costas que por acaso é amante de Katie, esposa de Cox. Vixe!

Só pelo roteiro complexo podemos imaginar que só mesmo os Coen podem fazer uma mágica capaz de ligar todos esses elos. E eles fazem. O roteiro praticamente não tem falhas, sem falar nas suas piadas de humor negro que não poderiam faltar. george Clooney e Brad Pitt estão diferentes de tudo o que já fizeram e John Malkovich está ótimo como sempre.Tilda Swinton também se sai bem, e esse, posso dizer com absoluta certeza, foi o primeiro filme dela que eu a achei bonita! Francis McDormand fantástica, enfim, tudo muito bom mesmo.



Ficamos sempre na expectativa depois que um diretor faz um enorme sucesso com um filme (nesse caso, Onde os Fracos Não Tem Vez). Algumas vezes não dá certo e o público se decepciona. Parece que isso não deve acontecer tão cedo com os irmãos, que sabem costurar pontas soltas como ninguém e fazer filmes estupendos. Já virei fã. E a academia deve estar com sérios problemas se ignorar Queime Depois de Ler no Oscar. Os atores acho meio dificil levar, mas pra filme, direção e roteiro uma indicação tem que sair. Vamos esperar até fevereiro e confirmar os fatos. Nunca foi tão bom terminar um festival.

Nota: 10

Só uma nota

Todo Mundo Tem Problemas Sexuais (Brasil, 2008)
De Domingos Oliveira. Com Pedro Cardoso, Cláudia Abreu, Priscila Rozenbaum, Orã Figueiredo

Gostaria de ressaltar o meu repúdio a "Todo Mundo tem Problemas Sexuais", de Domingos Oliveira. Na sua noite de estréia, o ator Pedro Cardoso fez um discurso de quase 30 minutos exaltando a sua repulsa pela pornografia na TV e pela nudez de atores e atrizes em filmes e novelas. Pois bem, após seu "emocionado" discurso, o que assisti foi a 1h e 30min de pura pornografia e sacanagem. O elenco é ótimo, isso sem dúvida (Claudia Abreu, Priscila Rosenbaum, o próprio Pedro Cardoso) e, se for mesmo como Domingos Oliveira diz no começo do filme, uma homenagem ao teatro, funciona perfeitamente.

O que não cabe é ressaltar valores humanos durante severos minutos diante de uma platéia para depois destruí-los numa ode ao sexo, à sacanagem e à pornografia. Claro, o filme fala de problemas sexuais e todo mundo realmente os tem. Mas "Closer - Perto Demais" fez a mesma coisa sem zombar do público. O que mata é ver Pedro Cardoso dizer que o povo brasileiro não se resume a "bundas", "peitos" e sacanagem na tv e depois ele mesmo protagonizar um filme com tantas referencias e palavrões que faz toda a platéia rir. Que circo é esse que vivemos?

Sem falar que o filme parece que foi feito com uma câmera digital comprada nas Casas Bahia. Filme é que não era. Se for parar nas salas de cinema do grande circuito, deve fazer sucesso, porque Pedro Cardoso e Cláudia Abreu são fantásticos, e nesse "filme" não é diferente. Dói ver ela sair de "Os Desafinados", por exemplo, e se render a isso, mas enfim. Pelo menos, depois de mais algumas exibições Brasil a fora, Cardoso vai ver que a sacanagem realmente reina na cabeça dos brasileiros. Uma coisa que ele disse é verdade: o filme não tem nenhuma cena de nudez (como se precisasse). Era melhor ter ido ver o Pelé.

*Só pra lembrar que o filme é baseado na peça homônima que ficou anos em cartaz. Nada contra a peça, que é divertidíssima até na tela grande. O repúdio está no discurso de Pedro cardoso e no filme enquanto filme.

Nota: 2,0

Guerra Sem Cortes


Redacted (EUA /Iraque 2007)
De Brian De Palma. Com Patrick Carroll, Rob Devaney e IzzyDiaz.

Quando se fala em Guerra do Iraque geralmente estamos tentando mostrar uma verdade anti-Bush demais para que possamos acreditar em alguma coisa dita em filmes. No caso de Guerra sem Cortes, a história é tão bem elaborada que é impossível não acreditar. Não querendo afirmar a teoria de Thomas Hobbes, que o homem é mau por natureza, mas há indivíduos que são assim mesmo naturalmente. No caso de uma guerra, basta um estopim para ativar tudo de ruim que existe em uma pessoa.

O filme narra a trajetória de cinco soldados americanos que trabalham em um posto de controle no Iraque. Eles verificam a entrada e saída de pessoas à procura de terroristas. Quando um comandante é atingido por uma bomba, se desencadeia um sentimento de vingança em alguns dos soldados, que vão até as últimas consequencias, matando uma família inteira de inocentes e estuprando a filha mais velha. O desenrolar do filme é visto através da câmera de Salazar, soldado que está documentando suas experiências para poder cursar cinema quando voltar aos EUA.

Brian de Palma construiu um filme polêmico. Além de mostrar o lado dos soldados, como eles enfrentam seus dias e suas frustrações, ainda mostra um lado do Iraque que é obscuro pra muitos de nós que ignora o que acontece por lá. Soldados matam e morrem todos os dias e árabes matam e morrem todos os dias. Quem tem mais necessidade de cumprir suas obrigações? Quem realmente faz isso por que são ordens ou porque acredita que seja o certo? O psicológico humano é dificil de entender e mesmo que DePalma tenha feito um ótino trabalho, essa vai ser uma questão incógnita para sempre.

Nota: 9,5

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

O Casamento de Rachel

Rachel Getting Married (EUA, 2008)
De Johnathan Demme. Com Anne Hathaway, Rosemarie DeWitt, Bill Irwin, Debra Winger.

Presentes como O casamento de Rachel não acontecem todos os dias. uma obra completa sobre uma família que vê seus dramas pessoais retornarem quando a irmã problemática retorna ao lar. O tema não é nada novo, por isso, Johnathan Demme teve um cuidado especial para não cair na mesmice. Para isso, contrastou os momentos de conflitos com os bons momentos em família, como se um não pudesse interferir no outro, mas o completasse. Afinal, família é família sempre.

Quando Rachel marca a data de seu casamento toda a família se reúne para comemorar essa data especial. A família acaba por se completar com a chegada da irmã mais nova de Rachel, Kim, que está de volta de uma clínica de reabilitação para viciados em narcóticos. Mesmo que pareçam felizes com o casamento de Rachel e com o retorno de Kim, aos poucos as angústias e sofrimentos vão vindo à tona, e todos eles acabam jogando, mesmo que sem querer, a culpa em Kim, que culpa a si mesma por todas as desgraças que acarretou em sua família. Enquanto isso, os preparativos do casamento vão ocorrendo e vamos conhecendo bons e maus momentos da família.

O diretor conseguiu mesclar vários aspectos, felizes e tristes, de uma forma sutil e que pretende identificar o espectador de alguma forma no meio da confusão. Em opinião pessoal, acho que esse é o papel dos dramas familiares. Anne Hathaway faz jus aos rumores que se formaram ao seu redor sobre uma possivel indicação ao Oscar de melhor atriz. O filme é todo focado sobre a ótica da problemática Kim, mesmo quando todo mundo sabe que o casamento é de Rachel. Na verdade, é a eterna disputa de atenção entre irmãs, somado a um drama do passado que assombra a família, que pode ameaçar o bom andamento do casamento. Brilhante, leve e comovente, podem esperar por algumas indicações ao Oscar.

Nota: 9,0

Rebobine, Por Favor


Be Kind Rewind (EUA, 2008)
De Michael Gondry. Com Jack Black, Mos Def, Danny Glover, Mia Farrow.

À primeira vista, Rebobine, Por Favor pode parecer mais uma comédia besteirol e boba, se baseando em piadas típicas de Jack Black. Isso, só à primeira vista. Porque na medida em que o filme vai se desenvolvendo, podemos perceber que é muito mais do que apenas uma comédia. O filme do diretor Michael Gondry é cheio de referências ao cinema, e não apenas porque é todo feito baseando-se na refilmagem de filmes - "suecando" os filmes. Na verdade, os refilmados nem chegam a ser os grandes clássicos, obras intocáveis e coisas do tipo. As obras lembradas são aquelas que você assiste completamente sem propósito algum, numa sessão da tarde da vida, e que não é exatamente um primor do cinema mas você não se cansa de ver todas as vezes que passa.

Tudo parece normal na locadora Be Kind Rewind, mas a loja está indo mal nos negócios. Até o dia em que o proprietario, Sr. Fletcher, decide fazer uma viagem para observar outras lojas e melhorar seu próprio negócio, antes que a prefeitura local decida por demolir o prédio, em péssimo estado de conservação. Por isso, ele deixa a loja aos cuidados de Mike, seu funcionário . Só que ele é amigo do pirado Jerry, que é vítima de um acidente elétrico e adquire uma estranha magnetização. Jerry acaba sem querer apagando todas as fitas da locadora e os dois tem a brilhante idéia de refilmar todas as fitas da loja. O que eles não esperavam é que as versões "suecadas" fariam mais sucesso do que as originais.

O filme tem falhas gritantes, mas nada disso importa para o espectador. Porque o diretor leva a história de uma forma tão comovente, que não abre espaço para percepção de falhas. As atuaçoes de Mia Farrow e Danny Glover, e uma pontinha de Sigouney Weaver, fazem o filme valer a pena. Sem falar nas "brilhantes" refilmagens de cenas clássicas de filmes como "Os Caça-Fantasmas", "A Hora do Rush 2", "Conduzindo Miss Daisy" e "2001". O filme fala ainda de vários aspectos que envolvem o cinema - o hábito de ver filmes em casa, o mercado de DVD, a pirataria. Tudo isso pra criar uma ode aos filmes e como eles afetam o cotidiano das pessoas. Lindo e tocante, merece ser apreciado mais de uma vez.

Nota: 8,0

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Downloading Nancy

Downloading Nancy (EUA, 2008)
De Johan Renck. Com Maria Bello, Jason Patrick e Rufus Sewell.

Quando se ouve a expressão "Midnight Movies" espera-se que venham filmes fortes e que tenham uma mensagem controversa. É exatamente isso que acontece com esse filme, "Downloading Nancy". O filme é tão intenso e ao mesmo tempo tão despretensioso que consegue arrancar sentimentos de pena pela personagem principal, mesmo sendo realmente muito despretensioso. A cada momento o espectador vai assistindo a história e espera que venha mais.

Nancy é uma mulher perturbada por ter sofrido abuso sexual por parte do tio quando tinha apenas 7 anos. Hoje, casada com um homem que a despreza, ela busca seu socorro na internet e em rituais de sadomazoquismo, onde ela se corta com giletes para conseguir algum alívio. Quando Nancy sai de casa e se encontra com um dos caras da internet, o marido começa a ficar preocupado e percebe que sua esposa tem mais valor do que ele imaginava. O porém fica por conta de Nancy, que pode ir até as últimas consequências para se livrar de sua vida monónota e vazia.

Por mais que Maria Bello tenha construído uma imagem tão negativa por ter destruído a Dra. Eve em "A Múmia: Tumba do Imperador Dragão", ela consegue se redimir numa atuação tão convincente que é impossível não se apegar a Nancy. O problema, aliás, não está no elenco, e sim no roteiro e na direção. O diretor Johan Renck (de vídeos comerciais de Maddona, Chris Cornell e Kylie Minogue) em seu filme de estréia até consegue uma visão diferenciada mas falta muito para um filme sólido. Um quebra-cabeças desnecessário e confuso, ainda que importante, e expectativas criadas para não revelar nada mais do que o óbvio. Um bom filme. E só. Uma pena, porque potencial ele tem, e muito.

Nota: 7,5

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Vicky Cristina Rio de Janeiro Barcelona


Vicky Cristina Barcelona (Espanha/ EUA, 2008)
De Woody Allen. Com Javier Bardem, Rebeca Hall, Scarlet Johanson, Penelope Cruz, Patricia Clarkson.

Dois filmes em especial são os mais esperados do Festival do Rio. Um é Queime Depois de Ler, dos irmãos Coen, e outro é esse aqui. Com uma fila gigantesca, que aliás, já é comum nesse festival, Vicky Cristina Barcelona, do mestre Woody Allen, estreou com uma mágica no ar. Afinal, o filme passou pelos festivais mundo afora e trouxe um pouco de polêmica e expectativas na bagagem. Nada novo para um filme de Woody Allen.

A história se passa na cidade de Barcelona (óbvio). Duas amigas, Vicky e Cristina (óbvio, de novo) estão em férias na cidade. Vicky está procurando informações sobre a cultura catalã para seu mestrado. Cristina apenas está curtindo a aventura. As duas tem a personalidade mais diferente possível. É quando em uma visita a uma galeria de arte conhecem Juan Antonio, um pintor que se separou a pouco tempo da esposa e acaba por seduzir as duas amigas. Apesar de difícil e racional, Vicky se entrega ao pintor, mas está noiva e logo desiste da idéia. Juan Antonio então vai com tudo pra cima de Cristina, que gosta da idéia e embarca de cabeça no romance. É quando tudo parece que está se endireitando - Vicky inclusive casa em Barcelona - que a ex-esposa de Antonio, Elena, retorna e passa a fazer parte da história. Vicky ainda se descobre terrivelmente apaixonada pelo pintor espanhol.

Woody Allen entregou uma história muito leve, divertida e intensamente provocante. O diretor desafia as pessoas a continuarem apoiando a história, como se realmente existissem várias verdades para uma mesma coisa, como diz Maria Elena, personagem de Penelope Cruz, que aliás, está competente como sempre. Apesar de ter sido transformado no galã que não queria ser, Javier Bardem sempre vai ser Javier Bardem e está impecável no papel do sedutor. Scarlett Johanson nunca esteve tão linda em um filme e sua Cristina é o retrato perfeito de uma grande aventura. Quem ficou muito apagada por conta da divulgação, mas que é tão importante para a história quanto os demais é Rebecca Hall. Vicky é peça chave da trama, sem ela, não existiria metade dos conflitos do filme e Rebecca está muito competente como a mulher dividida entre a razão do casamento e o coração.

O filme é intenso e bem atual. O diretor toca em assuntos delicados como uma relação a três com tanta naturalidade, que é compreensivel entender porque tanta gente ficou escandalizada ao redor do mundo. Ele finalmente encerra a sua temporada inglesa (Match Point, Scoop e O Sonho de Cassandra) e encaixa Barcelona com suavidade, no pano de fundo perfeito para a hstória. Se fosse em qualquer outro lugar do mundo talvez a história não funcionasse. Deve ter sido a magia de Barcelona. E Woody Allen, apesar de tudo, sempre é Woody Allen.

Nota: 9,0

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

"Feliz Natal" estréia em noite de gala no Festival do Rio



Feliz Natal (Brasil, 2008)
De Selton Mello. Com Leonardo Medeiros, Darlene Glória, Graziella Moretto, Lúcio Mauro, Paulo Guarnieri.

Depois de vários filmes na frente das câmeras, o ator Selton Mello arrisca passos na direção. E consegue um ótimo trabalho. Depois de passar pelos Festivais de Paulínia e Gramado, eis que Feliz Natal chega ao Fetsival do Rio e é recebido com uma noite de gala e uma sala lotada de espectadores. A exibição foi no Palácio, sala que tem capacidade para 800 pessoas sentadas, e ainda tinha pessoas despejadas pelos corredores. Antes do filme, Selton fez subir toda a equipe ao palco do cinema e fez um discurso dizendo sobre o sonho de ser diretor e as dificuldades de realizar esse sonho. Disse ainda que o filme tem um significado especial, porque seu pai fazia aniversário no Natal.

O filme conta a história de um homem, Caio, traumatizado pelo seu passado que fuigiu da sua cidade natal para o interior e, depois de muito tempo, retorna para passar o natal com a sua família. Família essa que revela seus problemas e mágoas justamente no dia em que deveriam estar comemorando união e felicidade. É quando o passado de Caio retorna e as angústias daquela família se intensificam. Ótimas atuações de Leonardo Medeiros e Darlene Glória.

O cinema nacional já ganhou muito com nomes como o de Selton Mello na atuação. Na direção, ele constrói um filme que faz a platéia pensar e se emocionar junto com as histórias narradas. Ao final da sessão, diretor e equipe foram ovacionadas e a cada nome exibido nos créditos, mais palmas. O filme é um dos exibidos da Premiére Brasil do Festival , que concorrem ao Troféu Redentor. O filme tem roteiro do próprio Selton em parceria com Marcelo Vindicatto e foi filmado no Rio de Janeiro.


Nota: 8,0

Rock'n Rolla - A Grande Roubada

Rock'n Rolla (UK, 2008)
De Guy Ritchie. Com Gerard Butler, Tom Wilkinson, Thandie Newton, Mark Strong, Jeremy Piven.

Assistindo a Rock'n Rolla mudei totalmente a opinião que tinha formada sobre Guy Ritchie. A visão era de um diretor recluso, que filmava o que dava na telha e nem sempre saía com um resultado tão bom. Além, é claro, de ser o sr. Maddona. O diretor de "Snatch - Porcos e Diamantes" e "Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes" consegue um trabalho tão espetacular nesse novo filme que é impossível não passar a venerá-lo depois de uma sessão.

Rock'n Rolla traz várias histórias dentro dele. Um empresário ligado à máfia russa no ramo das construções precisa de uma licença para construir seu novo empreendimento. Com tantas irregularidades, a única saída é recorrer a um poderoso homem que consegue qualquer coisa que deseja. Só que ao redor de tudo isso, várias coisas acontecem indiretamente para atrapalhar o plano dos dois. Nesse meio tempo, uma gangue londrina sobrevive de pequenos golpes e alguns trabalhos sujos e quando menos esperam estão envolvidos na trama toda.

O filme é uma comédia vinda de um país onde o humor é sempre uma incógnita: A Inglaterra. Consegue, no entanto, arrancar risadas do início ao fim, com um roteiro que, apesar de deixar algumas pontas soltas, prende o espectador. Os ganchos deixam claro que é bem possível que haja uma continuação desse filme, para alegria de quem gostou. Gerard Butler está muito à vontade no seu papel, um dos integrantes da gangue londrina. Thandie Newton é a contadora do empresário russo que é a origem do caos que se forma, uma grande revelação do cinema nos últimos anos, apesar de já trabalhar ha um tempinho. O rei do filme é Tom Wilkinson, que se impõe totalmente no poder de seu personagem.

Cheio de elementos de cultura pop, com um ritmo ágil, o filme pode lembrar Tarantino, mas duvido que essa tenha sido a ambição inicial. Guy Ritchie fez um filme diferente de tudo o que já foi produzido na inglaterra, com exceção dos seus próprios filmes. Ah, e só pra lembrar, Rock'n Rolla é uma expressão que denomina...ah, descubra você mesmo no filme.

Nota: 8,5

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Sob Controle


Surveillence (EUA, 2007)
De Jennifer Lynch. Com Bill Pullman e Julia Ormond.

Talento vem de berço. Esse fato pode ser comprovado nesse filme de Jennifer Lynch. Filha de David Lynch, a diretora imprime um estilo de filmas parecido mas com um tom mais leve que o do pai. Vai ver é genético ou algo do tipo. Esse Sob Controle pode não ser uma grande obra-prima mas sabe como manter o espectador fixo no filme até o seu final.

Uma série de assassinatos acontece numa cidade do interior dos EUA e apenas três pessoas são testemunhas do que aconteceu: um policial, uma jovem viciada em cocaína e uma garotinha. Quando dois agentes do FBI chegam para investigar melhor o caso, as respostas vão aparecendo de acordo com os pontos de vistas dessas três pessoas. A cada visão, como um grande quebra-cabeças, as respostas vão mostrando que nem tudo é o que parece ser.

O filme se mostra um suspense policial que funciona muito bem. As histórias são amarradas, apesar de ter um ou outro furo que fica confuso no meio da história. Bill Pullman e Julia Ormond funcionam bem como o casal de policiais do FBI e as cenas dos assassinatos são muito bem feitas. Falta ao filme um pouco mais de ambição. Ele se mostra tímido ao tentar levar a história ao espectador. Talvez por isso acabe prendendo e caindo no gosto di público.

David Lynch é um dos produtores do longa, o que conta muito em se tratando de quem é. Com um ritmo ágil e leve, Sob Controle leva a narrativa do suspense ao limite certo e seu final é surpreendente. No final, uma reviravolta acontece para identificar os verdadeiros assassinos e talvez aí a personalidade dos Lynch apareça mais forte. Mas isso eu não posso contar né, vai ter que assistir ao filme.

Nota: 8,0