segunda-feira, 20 de agosto de 2012

O Que Esperar Quando Você Está Esperando

What to expect when you’re expecting
(EUA, 2012) De Kirk Jones. Com Jennifer Lopez, Cameron Diaz, Elizabeth Banks, Anna Kendrick, Matthew Morrison, Rodrigo Santoro, Chace Crowford, Brooklyn Decker, Ben Falcone, Dennis Quaid, Chris Rock e John Manganiello. 

A gravidez é uma das experiências mais maravilhosas da humanidade. Entre dores e agonias, tudo parece ser mágico e lindo durante nove meses em que a mamãe está gerando uma nova vida. Pois bem, “O Que Esperar Quando Você Está Esperando” vem para desmistificar tudo isso. Até por que, a gravidez pode gerar um sem fim de situações engraçadas. O longa metragem se revela uma boa comédia, com doses de drama e muito romance, embora carregue nas tintas algumas vezes para todos os lados. 

O filme acompanha as histórias de mulheres que engravidam (e uma que não consegue engravidar). Holly é uma fotógrafa que está na fila de adoção junto com o marido Alex, mas não tem certeza se o parceiro deseja o mesmo. Para isso, o manda para uma espécie de “clube”, um grupo de homens que aproveita a liberdade enquanto cuidam dos bebês longe das esposas. Wendy se prepara para a magnífica experiência que está prestes a ter, mas irá descobrir que nem tudo são flores, enquanto que sua sogra, uma mulher jovem e atraente, também engravida e aparentemente não sente nada. A vendedora Rosie engravida de um ex-ficante por acaso e a relação dos dois muda da noite para o dia. Enquanto isso, todos eles assistem à gravidez pública de Jules, famosa apresentadora de TV que engravidou de seu parceiro na “Dança dos Famosos”, Evan. 

As histórias se entrelaçam de uma forma muito interessante, em um jogo onde uma história é linkada para outra em várias conexões. Nesse sentido, o roteiro de “O Que Esperar Quando Você Está Esperando” consegue condensar essas múltiplas histórias, dando destaque parecido a todas. O problema é quando se exagera em certos dramas e situações de alguns personagens, ou até mesmo um exagero de ordem escatológica em certas piadas.

Para uma comédia fofa sobre a gravidez, o filme se sai bem e diverte, tendo sido inspirado no famoso livro homônimo que ensina mamães de primeira viagem a se preparar para o parto. As situações poderiam ser mais bem exploradas, mas o longa-metragem diverte e cumpre seu papel.

Nota: 7,0


O Vingador do Futuro

Total Recall
(EUA, 2012) De Len Wiseman. Com Colin Farrell, Kate Beckinsale, Jessica Biel, Brian Cranston e Bill Nighy.

Lembro muito pouco de “O Vingador do Futuro”, filme de 1990 com Arnold Schwarzenegger. Aliás, o título em português se deve ao êxito anterior do ex-governador da Califórnia, “O Exterminador do Futuro”. Para pegar carona no sucesso do filme no Brasil, os distribuidores decidiram associar os títulos, colocando “do Futuro” em ambos. Algo que não faz muito sentido para o remake, mas isso é até irrelevante. O que não é irrelevante é a forma descabida em que a história no filme de 2012 é contada, sem profundidade ou objetivo inicial. “O Vingador do Futuro” é um espetáculo de efeitos especiais, apuros técnicos e artes marciais, mas sem propósito aparente, além da diversão pura e simples. Sim, é um bom entretenimento, mas adivinha qual dos dois filmes você continuará lembrando daqui a um tempo, o de 1990 ou o de 2012?

Em um futuro não muito distante, o simples operário Douglas Quaid mora na Colônia, cidade subterrânea completamente diferente da Federação, rica e abastada. Querendo uma vida com melhores lembranças, ele recorre à empresa Rekall, capaz de implantar memórias novas no cérebro das pessoas, mas algo sai errado e algo de sombrio do seu passado vem à tona. É quando Douglas descobre que teve sua memória apagada por ter sido um agente rebelde do regime de Matthias, um opositor ao governo opressor de Cohaagen. Sendo perseguido por sua própria esposa, ou melhor, uma agente especial que assumiu esse papel após Douglas ter sua memória apagada, ele é ajudado por Melina, também uma rebelde, e juntos tentarão recuperar as lembranças de Quaid e encontrar Matthias, para juntos deterem Conhaagen.


Apesar da direção de arte e dos efeitos visuais serem de muita qualidade, o filme se perde no meio deles, colocando muita ação sem sentido mesclada com cenas mais sem sentido ainda. Imagine que você dorme e acorda ao lado de Kate Beckinsale todos os dias e, de repente, ela se transforma em um personagem maligno, que mantém essa mesma carranca maligna o resto do filme. Agora, imagina que, no meio da perseguição, com a demônia atrás de você, você para tudo o que está fazendo e toca piano. Não, não dá. Tudo bem que a cena se encaixa e tem um propósito (ufa), mas não podiam achar uma solução que se enquadrasse melhor com o ritmo do filme? 
 

Fora isso, o clima de “Corra Lola, Corra” é constante, com muitas explosões e poucas explicações sobre o que é a Federação, porque existe um exército rebelde e contra o quê eles se rebelam e, afinal, quem é o tal Douglas Quaid. Uma das cenas iniciais, com Colin Farrell lutando contra uma dezena de robôs, é mostrada em multi-câmera num plano sequência bem executado, um dos pontos altos do filme. Mérito do próprio Colin Farrell, aliás. Porém, a primazia dos efeitos é sufocada pela falta de razões para que eles aconteçam ou para que, do nada, apareça uma prostituta de três peitos, sem que nenhuma outra bizarrice seja mostrada ou explicada. Junta tudo isso e adiciona um protagonista heroico, porém apático (Colin Farrell com a mesma cara de coitado o filme todo) e uma parceira com cara de nada, além da demônia Kate Beckinsale. Pronto, temos um vingador que diverte, mas em breve será esquecido.

Nota: 6,0

360

360
(UK/França/Brasil, 2012) De Fernando Meirelles. Com Anthony Hopkins, Rachel Weisz, Jude Law, Maria Flor, Juliano Cazarré, Dinara Drukarova, Jammel Debbouze, Vladimir Vdovichenkov, Ben Foster, Marianne-Jean Baptiste e Lucia Siposová.

Fernando Meirelles se tornou internacional de vez. A prova disso é o seu mais novo trabalho, “360”, filmado em diversas partes do mundo, com atores de vários países, entre eles EUA, Inglaterra, França, Rússia e, claro, Brasil. Talvez os brasileiros estranhem a presença da atriz Maria Flor e do até ontem desconhecido Juliano Cazarré ao lado de nomes como Rachel Weisz e Anthony Hopkins. Porém, a discrepância entre os atores mostra justamente um lado cultural de cada país. Se por um lado temos uma pequena introspecção dos parisienses e americanos, por outro lado, os brasileiros mostram mais desenvoltura e os ingleses tentam se manter no mesmo espírito conservador. Em um dado momento do filme, uma psicóloga diz ao paciente que “já viu as pessoas se esconderem nas mais diferentes máscaras, mas conseguem realizar todos os seus desejos secretos”. “360” se mostra uma reflexão sobre a vida, mais do que apenas contar como a vida de várias pessoas é influenciada pelas atitudes de outras. 


Atenção, este parágrafo pode conter spoilers!: A eslovena Mirka acaba de ingressar em um mundo de prostituição através de uma rede na internet. Sua irmã Anna desaprova, mas ajuda a irmã a manter a identidade escondida da família. Sendo assim, Mirka assume a identidade de Blanka. Seu primeiro cliente, o britânico Michael Daly desiste do encontro ao pensar na esposa, Rose, que tem um caso com o fotógrafo brasileiro Rui. A namorada de Rui, Laura, foge para o Brasil após descobrir a traição do namorado e encontra John, um senhor que está à procura da filha. John se encanta por Laura, mas a garota está magoada e desiste de um jantar com John no aeroporto quando conhece Tyler, que está sendo transferido para uma casa de reabilitação. Sem saber que Tyler é um maníaco sexual, Laura tenta seduzir o rapaz, enquanto John voa ao que parece ser o encontro com a filha. Do outro lado do mundo, a russa Valentina, que frequenta os AA junto com John, se encanta pelo patrão, um dentista algeriano mulçumano que também se encanta por ela, mas Valentina é casada com Sergei, que trabalha para um mafioso russo, que se torna o próximo cliente de Blanka. 


A história, contada pelo roteirista Peter Morgan (“A Rainha”), dá uma volta ao redor do mundo para mostrar como pessoas diferentes podem ser influenciadas por decisões de desconhecidos. As histórias mostradas comovem o espectador, com uma narrativa soturna e triste, mas que em nenhum momento perde a vivacidade e se torna algo cansativo. Apesar do clima pesado, Fernando Meirelles consegue tornar as histórias leves, mas talvez esse seja o seu maior erro, o de não entrar no íntimo dos personagens o suficiente, deixando-os sempre na superfície. 

 O trabalho fica, então, por conta da interpretação dos atores, que concedem aos seus personagens as características que os cercam. Jude Law, Rachel Weisz e Anthony Hopkins são os perfeitos britânicos, enquanto Maria Flor exala uma brasilidade que os brasileiros conhecem tão bem – sobretudo os cariocas, tão receptivos a qualquer estranho. O elenco internacional varia desde o brilhante francês Jammel Debouze (“O Fabuloso Destino de Amélie Poulain”), interpretando um muçulmano confuso com seus sentimentos, até a tcheca e desconhecida Lucia Siposová, como a aventureira Blanka. 

Meirelles trabalha mais uma vez com Daniel Rezende na montagem e aposta na fotografia do também brasileiro Adriano Goldman, que já trabalhou tanto em filmes nacionais como “O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias” quanto em internacionais como “A Condenação” e “Jane Eyre”. Ambos ajudam a construção da narrativa ágil. Apesar de ser um bom filme, “360” permanece raso em toda a projeção, deixando para o espectador imaginar mais a fundo a alma dos personagens e os dramas vividos. 

Nota: 8,0 



sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Calma que eu tô voltando!


Galera, o blog anda meio parado, as resenhas tão demorando a sair, mas não é que eu abandonei meu filho assim, do nada, não! Apenas estamos nos adaptando a diferentes configurações de horário e blá, blá, blá, ninguém quer saber, né? Acontece que, infelizmente, a falta de tempo é fogo e acabo não dando a devida atenção ao CINEMARCOS.

Mas isso vai acabar e, em breve, voltamos com produção total aqui, com novidades e tudo o mais. Até porque, cinema tá no meu sangue e ele não para nunca de correr! Até lá, vai explorando o blog! Tem a resenha do último Batman, tem vários e vários filmes no Índice, em ordem alfabéitca, você pode ver as produções que mais erraram com a ciência na ficção no Top 10, as curiosidades em torno da produção de "O Mágico de Oz" (sabia que cogitaram usar um leão de verdade nas filmagens?) e, claro, curtir a gente no Facebook pra saber mais do que rola aqui no blog e não perder nenhuma novidade.

Então, é isso, galera, aguarda a gente e continua por perto, que mais filmes vem por aí. ;)


Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge


The Dark Knight Rises
(EUA, 2012) De Christopher Nolan. Com Christian Bale, Tom Hardy, Anne Hathaway, Gary Oldman, Matthew Modine, Joseph Gordon-Levitt, Marion Cotillard, Michael Caine e Morgan Freeman. 

Começo esse texto da mesma forma como comecei a resenha de “Batman – O Cavaleiro das Trevas”, quatro anos atrás. Nunca fui fã do Batman. Mesmo após três filmes extremamente bem sucedidos, continuo afirmando que não sou fã do Homem-Morcego, por inúmeras razões. Por isso, talvez “Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge”, assim como toda a trilogia, tem um mérito tão grande dentro da história do cinema. A parte final da saga recriada por Christopher Nolan é admirável, impressionante e épica. A atmosfera do filme é tão intensa e contagiante que, por um momento, nos esquecemos de que o filme é sobre um homem que se veste de morcego. “O Cavaleiro das Trevas Ressurge” é um longa carregado de mágoa, dor e raiva. Todas companheiras de Bruce Wayne, protagonista da trama, mas que rodeia praticamente todos os moradores de Gotham City. No mundo real, essa característica também é presente em todos nós, em algum momento da vida. Daí, a identificação popular, fora o apelo do personagem, não é surpresa.

Acusado da morte de Harvey Dent, Batman some das ruas de Gotham City, assim como Bruce Wayne, que decidiu se recolher em luto após a morte de Rachel Dawes. Com isso, uma lei baseada em Harvey Dent reduziu os índices de criminalidade, fazendo a cidade acreditar que não precisa mais do herói – e a própria polícia se acomoda, exceto pelo comandante Gordon, que continua seu trabalho com primazia. A coisa muda de figura com a aparição de um novo vilão, Bane, que planeja um novo caos às ruas de Gotham acionando uma bomba-relógio a partir de um reator nuclear de propriedade da Wayne Enterprises. Para isso, Bane contrata Selina Kyle, exímia ladra de joias que rouba as digitais de Bruce Wayne, fornecendo a deixa que o vilão precisa para colocar as mãos na arma. Quem também se interessa      pelo reator é Miranda Tate, que pretende investigar novas fontes de energia renovável para o planeta. Com tudo isso acontecendo, a volta de Batman se torna inevitável, mas ele deve mesmo ajudar as mesmas pessoas que viraram as costas pra ele?

 Com cenas de ação e efeitos especiais de qualidade, “O Cavaleiro das Trevas Ressurge” demonstra um apuro técnico aprimorado, mais familiarizado com as traquitanas utilizadas por Batman e companhia. Por “traquitanas” leia-se carros ultramodernos, motocicletas futuristas (o BatPod) e uma máquina voadora capaz de fazer inveja ao exército americano. Fotografia e trilha sonora também são alinhadas com a ação que se passa nas telas, ajudando a conduzir a atmosfera de Gotham City ao tom realista da trilogia de Nolan. A montagem deixa a desejar em alguns momentos, criando cortes um tanto estranhos, mas que não prejudicam a trama em momento algum.

O filme preza também por sua conexão com os filmes anteriores, amarrando todas as pontas soltas da trilogia. Apesar de nenhuma menção ao Coringa, estrela do segundo filme, são as ações desencadeadas de “O Cavaleiro das Trevas” as responsáveis por conduzir o início do filme. 



Com um elenco espetacular, fica difícil destacar uma melhor atuação, mas a dedicação de Anne Hathaway à Selina Kyle (que em nenhum momento é chamada de Mulher-Gato no filme) nos leva diretamente a associá-la a um gato. Movimentos, fala, maneira de lutar e, claro, a personalidade da personagem, são fruto de dedicação da atriz. Da mesma forma, o Bane de Tom Hardy está magnífico, e olha que, só vemos os olhos e parte da face do ator sob aquela máscara.

O fim perfeito para a trilogia, que se torna assim a melhor sequência de um super-herói da história do cinema. Christopher Nolan escreveu seu nome na eternidade quando topou recriar o personagem no cinema, dando um tom próprio ao filme. Seu próximo desafio é reinventar (de novo) o Superman, já que é produtor executivo de “O Homem de Aço”. Já o Batman deve ter uma nova história em 2016, com novas pessoas envolvidas. Será uma continuação do trabalho de Nolan, que deixa a cadeira de diretor vitorioso.

Nota: 9,5