terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Missão Impossível: Protocolo Fantasma


Mission Impossible: Ghost Protocol
(EUA, 2011) De Brad Bird. Com Tom Cruise, Jeremy Renner, Paula Patton, Simon Pegg.

A série “Missão Impossível” deu sinais de que tinha perdido o fôlego. Com o terceiro filme, lançado em 2006 e dirigido por J.J. Abrahams, recém-conhecido por LOST, parecia que Ethan Hunt finalmente tinha se aposentado, assentado no casamento e encerrado a carreira de espião. Então, mas sabe como é Hollywood né, sempre a fim de ganhar uns trocos, mas como a crise criativa afetou de vez a cabeça dos roteiristas, a saída principal é ativar sequências, remakes, prequels e o que mais der para extrair de franquias de sucesso. Tom Cruise, que não é bobo nem nada, voltou para uma quarta parte, agora sob o comando de Brad Bird – sim, a mente por trás de “Os Incríveis”, da Pixar.

Nesta missão, o agente Ethan Hunt é liberto da prisão por alguns dos companheiros da IMF para que, juntos, eles possam impedir o roubo dos códigos que ativam as bombas atômicas da Rússia. Só que algo sai errado e um atentado ao Kremilin, sede do governo russo, recai nas costas de Ethan e seus parceiros, fazendo com que o governo americano feche a IMF. Hunt consegue uma única chance de reverter a situação e consertar os erros, enfrentando obstáculos como uma ladra profissional e toda a máfia russa atrás de Ethan e sua equipe.

 

Clichê? Claro. Mas não dá pra negar que a série não conseguiu perder o fôlego. Aliás, quem perde é o espectador, que vislumbra cenas de ação eletrizantes que, claro, condiz com Ethan Hunt - ou melhor, Tom Cruise. O ator, do alto dos seus 49 anos, não podia estar em melhor forma. Claro que, com o apoio do CGI, dos dublês e de todos os efeitos especiais de hoje em dia, ele conseguiu uma ajudinha. Porém, Tom Cruise é a alma do filme, tanto que não dá pra imaginar um “Missão Impossível” sem ele. 

Curiosamente, é isso mesmo que deve acontecer, já que os planos é passar o bastão a longo prazo para Jeremy Renner, novo queridinho de Hollywood, que mistura boa carga dramática de atuação com bom desempenho na ação, como foi em “Guerra ao Terror” e “Atração Perigosa” e como deve ser em “Os Vingadores”.
Brad Bird se saiu bem na sua primeira película live action, embora o roteiro tenha alguns momentos de morosidade e confusão. A trama fica complexa demais do meio pro final e o espectador pode ficar meio perdido. Mas a emoção de ter visto cada segundo das ações de Hunt por lugares como Dubai, Mumbai e Moscow valem o ingresso. Sobretudo a famigerada sequência em que ele escala o Burj Dubai, o edifício mais alto do mundo. Não recomendado para pessoas que sofrem de taquicardia.

Nota: 8,0

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Tudo Pelo Poder


 The Ides of March
(EUA, 2011) De George Clooney.  Com Ryan Goslin, George Clooney, Evan Rachel Wood, Paul Giamatti, Philip Seymour Hoffman, Marisa Tomei.

The Ides of March foi um dos primeiros a despontar como favorito já nessa iminente corrida de prêmios que assola o nosso dezembro. Diante de tantos novos títulos, perdeu um pouco a força, mas nem de longe pode ser descartado. O novo filme dirigido por George Clooney mostra os bastidores da política americana, justamente na corrida pelas eleições presidenciais americanas, talvez o evento mais importante da humanidade ultimamente. Como são feitas campanhas, estratégias, discursos, ações de marketing, ou seja, como eleger um candidato realçando o que ele tem de melhor. Mas e quando tudo isso vai por água abaixo quando aparecem meios mais fáceis de atingir seu objetivo? Todo mundo tem seu preço mesmo?

Stephen Meyers é um dos responsáveis pela campanha política do governador Mike Morris na corrida para as eleições do candidato democrata à presidência dos Estados Unidos. Ele tenta fazer uma campanha justa e honesta, acreditando nos ideais do seu candidato, mesmo q use das mais variadas estratégias – sempre honestas – para conseguir seu objetivo. Porém, nem tudo é fácil, dada certa resistência dos eleitores a Morris e de alguns jogos políticos que ele tem que enfrentar para conseguir mudar o quadro das intenções de voto. Meyer também acaba se envolvendo com uma das estagiárias do comitê eleitoral e seu talento está na mira do organizador da campanha do concorrente. Além disso, ele tem que lidar com uma insistente jornalista que persiste em publicar os mais inusitados fatos dessa corrida presidencial. Porém, Meyers se vê na linha de tiro quando um fato que pode destruir a campanha de Morris vem à tona. É quando ele precisa decidir até que ponto vai a sua honra para vencer as eleições e atingir uma posição de status sonhada por todos: trabalhar com o presidente dos Estados Unidos. 


A história ajuda os não norte americanos a entender como funciona o processo eleitoral por lá e dá um panorama de toda a situação em que os Estados Unidos se encontram hoje. É um retrato da própria sociedade americana e os bastidores do poder. O cargo mais cobiçado do mundo requer uma corrida eleitoral igualmente cobiçada. Um erro e tudo pode mudar. Essas nuances foram colocadas por George Clooney de forma brilhante no filme, que o coloca como o candidato acima de qualquer suspeita, se apoiando na própria imagem de Clooney que o espectador tem.

 

Apesar de todo o elenco estrelar, que está muito bem e se complementa, o destaque do filme é mesmo Ryan Goslin que se firma como um dos melhores nomes de sua geração, acumulando mais um papel denso em sua carreira. Goslin, que se esquiva de blockbusters e filmes mais clichês, tem se apoiado em uma filmografia digna de grandes astros de Hollywood, porém ainda não é muito reconhecido por seus trabalhos. Este ano tudo pode ser diferente, ainda com mais prova de sua brilhante atuação. 

Nota: 9,0

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Gato de Botas

Puss in Boots
(EUA, 2011) De Chris Miller. Com vozes de Antonio Banderas, Salma Hayek, Zack Galifianakis, Billy Bob Thorton.

Depois que a franquia “Shrek” perdeu um pouco do fôlego, o filme do Gato de Botas, um dos coadjuvantes mais adorados, pareceu ser o caminho natural. Caminho esse que tem sido alardeado desde que o personagem surgiu na série e demorou um pouco para se tornar realidade. No entanto, “Gato de Botas” é um filme um tanto quanto esquisito. A aventura solo do personagem, que é uma espécie de prelúdio para conhecermos sua história, envolve um mix dos contos de fadas que sobraram da franquia Shrek. Muita coisa fica perdida e não se encaixa como deveria. Por isso, acredito que as crianças devem ter se divertido muito – mesmo com alguns toques mais, digamos, picantes da história – mas os adultos devem ter achado um saco ter que ouvir as peripécias do Gato com um ovo falante!

Muitos anos antes de encontrar Shrek e Burro, o adorável mas perspicaz Gato de Botas precisa limpar o seu nome de todas as acusações que fazem dele um fugitivo procurado. Enquanto tenta roubar alguns feijões mágicos dos criminosos Jack e Jill, o herói cruza o caminho da sua equivalente feminina, Kitty Patamansa, que leva o Gato ao seu velho amigo, mas agora inimigo, Humpty Dumpty, um ovo. Lembranças de amizade e traição deixam o Gato em dúvidas, mas eventualmente ele concorda em ajudar o ovo a conseguir os feijões mágicos. Juntos, os três planejam roubar os feijões, chegar até o castelo do Gigante, roubar o ganso dos ovos de ouro e limpar o nome do Gato, embora tudo isso não passe de uma cilada.


“Gato de Botas” não tem a mesma sacada original que fez de “Shrek” (melhor, “Shrek 2”) uma das melhores animações já feitas. Faltam boas piadas mais maduras. “Ah, Marcos, mas o filme é feito para crianças!”. Então se esqueceram de avisar os produtores, porque não adianta subestimar as crianças de hoje em dia com qualquer coisa mais bobinha. Sem falar da fama de mulherengo do Gato e suas ‘arrastadas de pata’ para Kitty. E aquele ovo medonho podia sumir. É um dos personagens mais grotescos ever.

No entanto, apesar da preguiça em escrever um roteiro mais decente para o personagem, “Gato de Botas” diverte. Infelizmente, é um filme esquecível, que se passa no equivalente espanhol de Tão, Tão Distante (embora ainda seja a Espanha :s). Sobra o charme do próprio Gato, que com seus mega super olhos hipnóticos, já tem uma marca registrada e consegue segurar o próprio filme nas costas.



 Nota: 7,0
Efeitos 3D: 6,0
*Indicado ao Oscar de Melhor Animação


 

Noite de Ano Novo


New Year’s Eve
(EUA, 2011) De Garry Marshall. Com Ashton Kutcher, Lea Michelle, Sarah Jessica Parker, Josh Duhamel, Zack Efron, Michelle Pfeifer, Jessica Biel, Seth Meyers, Halle Berry, Robert de Niro, Hillary Swank, Ludacris, Abigail Breslin, Sophia Vergara, Carla Gugino, Katherine Heigl e Jon Bon Jovi. 

Já conhecemos esta história. O velho emaranhado de contos que, aparentemente não tem nada a ver, mas se entrelaçam no fim das contas – ou dos contos. A fórmula usada por Garry Marshal em “Idas e Vindas do Amor”, utilizando o Dia dos Namorados como pano de fundo, deu certo por várias razões. Primeiro: o mundo adora comédias românticas. Elas estão em toda parte, de várias formas, tamanhos e histórias. Segundo: juntar várias estrelas no mesmo filme, com o mesmo espaço pra cada uma delas, sem sobressair nenhuma. Terceiro: a sacada de que, no fim, todas aquelas histórias diversas estão interligadas e você, espectador, tem que ir ligando os pontos para descobrir quem tem a ver com o quê. Daí, porque não repetir essa mesma fórmula, em uma noite tão cheia de expectativas quanto a do Ano Novo?

No filme, os vários personagens passam por cada um, uma situação particular: seja a mãe preocupada com o comportamento da filha adolescente na noite de Ano Novo, o casal que espera que o filho seja o primeiro a nascer na noite de Ano Novo, a funcionária cansada do trabalho que pede demissão e que quer completar sua lista de afazeres de 2011 na noite de Ano Novo, um homem no leito de morte que quer apenas ver o globo da Times Square descer pela última vez na noite de Ano Novo, e a programadora de toda a festa do Ano Novo em si, que espera que tudo saia perfeito. Essas e outras histórias se entrelaçam, com cada um desses personagens desenvolvendo seu papel para o filme fechar direitinho... antes do fim da noite de Ano Novo.

As múltiplas histórias se desenrolam direitinho, profundas o suficiente para que saibamos o básico dos personagens, colocando eles como a superfície de todo o clichê existente: a mãe protetora, a adolescente rebelde, o solteirão convicto, a cantora em ascensão que acha que vai ter sua grande chance de estrelato... todos são clichês para facilitar a dinâmica do filme. A presença de nomes como Lea Michele (Glee), Seth Meyers (Saturday Night Live) e Sophia Vergara (Modern Family) vem para provar que o filme está em sintonia com tudo o que é atual, outro recurso para captar mais ainda a atenção dos espectadores. Misturando um elenco novo (Zack Efron, Josh Duhamel) com um mais experiente (De Niro, Michelle Pfeifer), Garry Marshall consegue um meio termo e dá leveza ao longa. Dá pra ver estampado que estão todos se divertindo horrores no filme.

Com eles se divertindo, o público se diverte. Tem até um número musical em conjunto de Bom Jovi com Lea Michelle (claaaaro!), alguns momentos mais dramáticos e todo aquele clima pós-Natal bom que fica nos dias que antecedem o Ano Novo, quando parece ser proibido de se fazer qualquer outra coisa a não ser entrar no clima.

Ps: a repetição do termo "Ano Novo"  no texto é proposital!
Nota: 7,5

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Os Muppets - O Filme


The Muppets
(EUA, 2011) De James Bobin. Com Jason Segel, Amy Adams, Chris Cooper e Rashida Jones. Participações de Emily Blunt, Alan Arkin, Ken Jeong, Selena Gomez, Whoopi Goldberg, Neil Patrick Harris e Jack Black.

Bonecos. É a primeira ideia que se tem que ter ao colocar na cabeça que vai assistir a “Os Muppets” – eles são bonecos. Parece óbvio comentar isso, mas é o elemento chave para se assistir ao filme. Porque se você realiza de que tudo ali é tão bobo, improvável e nada, nada plausível, acaba a diversão do filme toda. Portanto, nada de julgar os bonecos e sim a história. Essa sim, simples e com uma lição de moral ingênua, daquelas que há muito tempo não aparecem no cinema, consegue conquistar os espectadores, sejam crianças ou adultos. O que “Os Muppets” traz de volta é aquela sensação de que alguma coisa ficou perdida no meio do caminho quando se trata de produções para TV ou para cinema. Saudade de um tempo em que não era preciso nada além do que uma boa história contada por bonecos para fazer rir e entreter. 
O garoto Walter e seu irmão Gary crescem assistindo a “The Muppets Show” na televisão. Porém, Walter percebe que tem algo de errado com ele conforme ele cresce. Ou não cresce. Afinal, ele também é um muppet. Gary vira um homem adulto e está prestes a se casar com Mary, quando os dois decidem ir para Los Angeles e convidam Walter para conhecer o estúdio onde o show era gravado. Lá, eles descobrem os estúdios abandonados às moscas e um plano maligno para comprar o antigo teatro dos Muppets, local de um poço de petróleo subterrâneo. Walter decide ir atrás de Kermit, o sapo, e reunir toda a turma dos Muppets para um novo show que deve salvar o teatro e colocar os Muppets de novo como ídolos das pessoas. 


Já viu o elenco estrelar do filme? Nomes de peso fazem milhões de participações especiais, algo que reflete a dinâmica da série de TV, que também conta com essas participações. Em destaque, Emily Blunt faz o papel de secretária da editora-chefe da Vogue francesa, que vem a ser Miss Piggy em pessoa, numa clara alusão a “O Diabo Veste Prada”.  Outra participação surpresa vai deixar os mais atentos de queixo caído, mas não posso revelar quem senão estraga a surpresa. Fora as participações, os fixos dão seu show à parte. Jason Segel e Amy Adams (vejam só) consegue mostrar aquela química ingênua com perfeição na tela. E ambos mostram talento na hora de cantar. Até Chris Cooper, no papel de vilão do filme, solta a voz em um rap, num dos números musicais.


Mas as estrelas são os bonecos, que conseguem ofuscar todos os humanos presentes. Kermit (ex-Caco), Miss Piggy, Gonzo e toda a turma têm tiradas sensacionais que lembram o bom humor dos seriados antigos da TV (assim como os Muppets!). Aliás, vários elementos da série se repetem o tempo todo e a montagem surpreende em uma metalinguagem muito bem aplicada. Um exemplo é a parte onde, para chegarem mais rápido em um lugar, eles simplesmente vão de “seta no mapa” – ou seja, uma seta liga Los Angeles à Europa em um mapa na tela e, bam!, eles estão lá! E esse é só um dos bons momentos do filme, que diverte sem se tornar apelativo e que conjuga inocência com piadas bem amarradas que não irão chatear os adultos. Pelo contrário. Na sessão que eu estava só tinha adultos.

Nota: 8
*Indicado ao Oscar de Canção Original

Um Dia


One Day
(UK, 2011) De Lone Scherfig. Com Anne Hathaway, Jim Sturges e Patricia Clarkson.

A diretora Lone Scherfig, responsável pelo filme charmoso “Educação” em 2009, retorna com um novo trabalho, igualmente charmoso. Se antes o que se via na tela era o frescor da juventude na Inglaterra dos anos 1950, desta vez é nos dias atuais que vemos a mesma juventude dando o ar de sua graça. É através da vivência de dois jovens que “Um Dia” se desenrola, uma história de amor/amizade/relacionamentos que acompanhamos por alguns anos. O que falta em “Um Dia” é o que sobrava em “Educação”, um pouco mais de consistência e ousadia. Isso sem contar que foi suficientemente ousado colocar uma atriz americana (Anne Hathaway) com um sotaque britânico, o que foi arduamente criticado. 

Dexter e Emma se tornam amigos na madrugada das suas formaturas, em 15 de julho de 1988. Os dois desenvolvem uma cumplicidade e passam a noite juntos, sem que nada aconteça entre eles. A partir daí, o filme atravessa os anos, sempre mostrando o dia 15 de julho e o que vai acontecendo com a vida dos personagens. Vemos tanto o seu crescimento pessoal como a importância que um vai tomando na vida do outro, até que percebam que não faz sentido que eles fiquem separados.  

A atmosfera de Londres e todo o charme que os dois atores principais emanam contribuem para que “Um Dia” seja um filme que vale a pena ser apreciado. As várias nuances de sentimentos, expressas, sobretudo no personagem de Jim Sturges, dão o tom correto, o que, aliás, descreve bem o que é o filme no todo: correto. Sem apelar para muitas situações esdrúxulas, só mesmo o cotidiano dos personagens, Lone Scherfig não acrescentou nenhum molho especial à adaptação do livro de David Nichols. A ideia de fazer as datas passarem na tela a cada 15 de julho lembra uma comédia romântica mais comum, algo que não esperamos de um trabalho da diretora – sem falar que, se o filme não estivesse em ordem cronológica, seria muito mais interessante, mas aí já é querer dizer pro autor mudar o formato de seu livro.

Com relação às atuações, os dois protagonistas fazem o que realmente se espera deles, que sejam jovens e apaixonados cada um pelo seu estilo de vida e que convençam o público de sua história de amor. Anne Hathaway, como (quase) sempre, cumpre bem este papel, apesar de parecer um tanto quanto apática em algumas situações. Sua personagem é a que mais transparece sua evolução com o passar dos anos, e podemos também vislumbrar um pouco da moda e do estilo dos anos 1980 e 1990, copiados com fidelidade na fita. Já o sotaque, bom, ele está lá... não chega a ser um britânico perfeito, mas convence. Jim Sturges, o galã boa-vida, é o que mais carrega nas emoções, já que seu personagem tem algum drama a mais, como a ligação com a mãe que tem câncer (vivida por Patricia Clarkson). 

A boa fotografia e trilha sonora (composta por Rachel Portman, vencedora do Oscar por “Emma” em 1996) completam os itens que fazem do filme uma boa oportunidade de ver uma história de amor legal, com pingos de comédia e drama. Só que a diretora sofre de um mal que acomete quase todos os diretores que saem com um trabalho de mestre e pulam para a aclamação: a expectativa.  Essa, Lone Scherfig não soube lidar muito bem. 

Nota: 8

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Os Muppets e filmes de desenho no cinema



Dentre todos os filmes sobre desenhos lançados recentemente, “Os Muppets” é o único que eu devo ir ver. Claro, o filme se baseia no show dos anos 1970 e não no desenho dos Muppets Baby que eu acompanhava na infância, mas mesmo assim fica a pergunta: a fórmula funciona? 

Pergunto isso porque vimos uma enxurrada desse novo gênero ser despejada nas telas, atraindo certa legião de fãs, mas que não satisfaz no roteiro, na produção ou até mesmo na fidelidade da história. Pra citar alguns, tivemos “Os Smurfs”, “Zé Colmeia”, “Marmaduke” e “Alvin e os Esquilos”. Este último parece ter agradado o maior número de pessoas, com piadas novas e adequadas tanto ao público antigo como o novo.

Só que a fórmula se desgasta justamente nessa tentativa de relacionar os públicos. Colocar humanos ao lado dos personagens, sejam eles mais reais, sejam criados em computador, não dá muito certo, porque os humanos – os que deveriam dar um gosto a mais na história toda – sempre saem com cara de bobos. Aí vamos para os desenhos e eles estão completamente mudados. 
 
Só pra citar um exemplo mais antigo, “Scooby-Doo”, embora divertido, colocou a trupe da Mistério S.A. em meio a uma coisa meio colorida/bizarra/tosca que mexeu com muita coisa do desenho original. Desagradou certos fãs, mas conquistou uma molecada que gostou da história, sobretudo o romance de Fred e Daphne, algo que é mais que implícito no desenho. Não à toa conseguiu uma continuação, que enterrou de vez a franquia no limbo. 

“Garfield” tentou também ir pelo mesmo caminho, apostando no carisma do personagem, mas a tentativa de transformar o gato mais preguiçoso do mundo num herói dos filmes de ação foi o que estragou tudo. Isso e as caras de patetas de Breckin Meyer e Jennifer Love-Hewitz. A continuação (“A Tale of Two Kitties” – aargh!) tentou consertar as coisas com um “gêmeo” preguiçoso do gato – Fail! Fail! Fail!

“Os Muppets” deve ir para um caminho diferente e não deve inventar demais. Pelo menos é o que os produtores estão vendendo. Tanto é que colocaram nomes como Amy Adams e Chris Cooper para atuar com os bonecos. Agora é torcer pra tudo não cair na canastrice de tentar apenas ganhar dinheiro com a infância dos outros.

*Vale lembrar que “Os Muppets” já estiveram nos cinemas antes em 1974 e em 1984, ambos clássicos do antigo Cinema em Casa, do SBT.