quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

O Impossível


Lo Imposible
(Espanha, 2012) De Juan Antonio Bayona. Com Naomi Watts, Ewan McGregor, Tom Holland, Samuel Joslin, Oaklee Pendergast e Geraldine Chaplin.

Ninguém poderia esperar que, um dia após o Natal de 2004, um tsunami de proporções catastróficas iria atingir a costa da Indonésia, Sri Lanka, Tailândia e outros países banhados pelo Oceano Índico, deixando mais de 230 mil mortos e a lembrança de um dos maiores desastres naturais da humanidade. Oito anos depois, o diretor espanhol Juan Antonio Bayona leva às telas a história de uma família de sobreviventes que, como sugere o título, realizou o que parecia ser impossível e conseguiu se reunir, com vida, após a tragédia. Incrivelmente bem executado, “O Impossível” é um filme triste, por motivos óbvios, transmitindo com precisão a agonia dos personagens e o sentimento de desolação que as vítimas sobreviventes sentiram no fatídico 26 de dezembro.

O casal Maria e Henry, junto com os filhos Lucas, Thomas e Simon, vão passar as férias de Natal na Tailândia, um dos lugares mais paradisíacos do mundo. Após a celebração do Natal, no resort onde estão hospedados, a família se vê no meio do desastre, um tsunami com ondas de mais de 30 metros. Maria e o filho mais velho, Lucas, se separam do restante, mas conseguem sobreviver. Com muitos e graves ferimentos, Maria precisa de socorros médicos e é levada para uma base hospitalar montada de improviso para ajudar no resgate. Enquanto isso, Henry envia os filhos Thomas e Simon para outro abrigo para continuar sua busca pela mulher e pelo filho desaparecidos.



O roteiro escrito por Sergio G. Sanchez traduz a atmosfera do desastre, que é captado pelo drama dos protagonistas na busca pelos seus parentes. Enquanto os acompanhamos, é difícil não pensar em todas as outras vítimas, as sobreviventes e as que não tiveram a mesma chance, em todo o sofrimento e pânico causado pelas ondas. O esforço conjunto do roteiro, da direção de Juan Antonio Bayona (O Orfanato), da equipe de efeitos visuais e direção de arte, e dos atores conduz o filme à maestria.

Naomi Watts entrega um de seus papeis mais corajosos no cinema, com uma atuação impecável e comovente como Maria, uma mulher que, acima de tudo, luta com todas as forças pela sobrevivência do filho Lucas no meio da enchente provocada pelo desastre. O intérprete de Lucas, Tom Holland, também merece destaque, se firmando como uma das melhores atuações juvenis dos últimos anos, segundo alguns críticos.

Completando o time de atores, Ewan McGregor também entrega um desempenho comovente como o pai em busca de sua família, assim como as outras duas crianças do filme, Samuel Joslin e Oaklee Pendergast. A participação de Geraldine Chaplin é curta, mas também marcante. Juntos, o elenco transmite todo o drama real de milhares de pessoas. É neles que vemos refletida a garra, a coragem e a superação quando, na verdade, deveria haver só tristeza.
                                                                                   

“O Impossível” é um ótimo filme, com ótimas atuações. Tem bons efeitos especiais e éum espetáculo visual de, literalmente, tirar o fôlego. Mas é carregado e triste demais para ser assistido sem um aviso. Não há como não se transportar para o lugar daquelas pessoas e imaginar o que faríamos se estivéssemos na mesma situação. Por provocar essas experiências no espectador é que Juan Antonio Bayona acertou na mosca. Sem dúvida alguma, um dos melhores filmes do ano.

Nota: 9,5


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