
Na época, eu não poderia ter ganhado presente melhor. A experiência
de assistir a um filme clássico como esse foi potencializada por estar
vendo em uma sala de cinema. “O Poderoso Chefão” é de 1972, 25 anos
antes do meu nascimento; logo, a experiência seria impossível, não fosse
essa exibição do Festival.
O avanço da tecnologia permitiu que nós assistíssemos aos filmes no
conforto do nosso lar, primeiro com a chegada da televisão, depois do
videocassete e do VHS, passando pela invenção do home theater, do DVD,
do Blu-Ray, culminando com o surgimento do Netflix e a possibilidade de
vermos um filme em qualquer lugar, na tela do celular. Nada disso foi o
suficiente para substituir o prazer que é ver um filme em uma sala de
cinema.
Imagine a cena: em 1960, Alfred Hitchcock exigiu em contrato que nos
cinemas onde o filme “Psicose” fosse exibido, nenhum espectador poderia
entrar depois dos primeiros 15 minutos. Isso para não estragar a
surpresa que o longa-metragem traz logo no seu início, a famosa cena do
chuveiro, com a morte da protagonista. Hoje, falar dessa cena já não é
nenhum spoiler, mas na época, mostrar um assassinato na tela grande era
algo muito chocante para o público. Hitchcock conseguiu exibi-lo com uma
montagem sutil da cena, sem de fato “mostrar” as facadas do assassino.
Mesmo assim, jornais da época relataram o pânico vivido pelas pessoas
nas cadeiras, com desmaios, gritos e correria.

Apesar de ser um filme datado, a sensação de assistir a “Psicose”
pela primeira vez é algo que, obviamente, as gerações atuais não poderão
ter, mas a sensação nostálgica pode ser vivida em mostras especiais.
Recentemente, assisti em um cinema da rede Cinemark ao filme “Um
Corpo que Cai” (1958), também de Hitchcock. Apesar de já conhecer a
história, assisti-la no cinema e ter a mesma experiência dos
espectadores de 57 anos atrás é algo de muito significado, especialmente
para quem é fã da sétima arte.
Essa experiência não está tão longe assim de nós. De vez em quando,
algum festival de cinema promove a exibição de filmes clássicos. No ano
passado, o Festival de Cinema de Brasília trouxe alguns clássicos
brasileiros, como “Macunaíma” e “Bye Bye Brasil”. Mas não é preciso
esperar pelos festivais.
A rede Cinemark está desde o ano passado exibindo filmes antigos
dentro da mostra Clássicos Cinemark, com os longas-metragens em alta
definição. Filmes como “Rocky – Um Lutador”, “Bonequinha de Luxo”, “Mary
Poppins”, “12 Homens e Uma Sentença” e “Taxi Driver” foram alguns dos
exibidos.

A cada mês, a seleção de filmes é renovada. No Rio de Janeiro,
participam da mostra os cinemas dos shoppings Downtown, Village Mall,
Botafogo Praia, Metropolitano Barra e Plaza. Para ver
as datas, horários dos filmes e os demais cinemas participantes, acesse http://www.cinemark.com.br/classicos-cinemark.