(UK, 2011)
De Lone Scherfig. Com Anne Hathaway,
Jim Sturges e Patricia Clarkson.
A diretora Lone
Scherfig, responsável pelo filme charmoso “Educação” em 2009, retorna com um
novo trabalho, igualmente charmoso. Se antes o que se via na tela era o frescor
da juventude na Inglaterra dos anos 1950, desta vez é nos dias atuais que vemos
a mesma juventude dando o ar de sua graça. É através da vivência de dois jovens
que “Um Dia” se desenrola, uma história de amor/amizade/relacionamentos que
acompanhamos por alguns anos. O que falta em “Um Dia” é o que sobrava em “Educação”,
um pouco mais de consistência e ousadia. Isso sem contar que foi suficientemente
ousado colocar uma atriz americana (Anne Hathaway) com um sotaque britânico, o
que foi arduamente criticado.
Dexter e Emma se
tornam amigos na madrugada das suas formaturas, em 15 de julho de 1988. Os dois
desenvolvem uma cumplicidade e passam a noite juntos, sem que nada aconteça
entre eles. A partir daí, o filme atravessa os anos, sempre mostrando o dia 15
de julho e o que vai acontecendo com a vida dos personagens. Vemos tanto o seu
crescimento pessoal como a importância que um vai tomando na vida do outro, até
que percebam que não faz sentido que eles fiquem separados.
A atmosfera de Londres e todo o charme que os dois atores
principais emanam contribuem para que “Um Dia” seja um filme que vale a pena
ser apreciado. As várias nuances de sentimentos, expressas, sobretudo no
personagem de Jim Sturges, dão o tom correto, o que, aliás, descreve bem o que
é o filme no todo: correto. Sem apelar para muitas situações esdrúxulas, só
mesmo o cotidiano dos personagens, Lone
Scherfig não acrescentou nenhum molho especial à adaptação do livro de
David Nichols. A ideia de fazer as datas passarem na tela a cada 15 de julho
lembra uma comédia romântica mais comum, algo que não esperamos de um trabalho
da diretora – sem falar que, se o filme não estivesse em ordem cronológica,
seria muito mais interessante, mas aí já é querer dizer pro autor mudar o
formato de seu livro.
Com relação às
atuações, os dois protagonistas fazem o que realmente se espera deles, que
sejam jovens e apaixonados cada um pelo seu estilo de vida e que convençam o
público de sua história de amor. Anne Hathaway, como (quase) sempre, cumpre bem
este papel, apesar de parecer um tanto quanto apática em algumas situações. Sua
personagem é a que mais transparece sua evolução com o passar dos anos, e
podemos também vislumbrar um pouco da moda e do estilo dos anos 1980 e 1990,
copiados com fidelidade na fita. Já o sotaque, bom, ele está lá... não chega a
ser um britânico perfeito, mas convence. Jim Sturges, o galã boa-vida, é o que
mais carrega nas emoções, já que seu personagem tem algum drama a mais, como a
ligação com a mãe que tem câncer (vivida por Patricia Clarkson).
A boa fotografia e
trilha sonora (composta por Rachel Portman, vencedora do Oscar por “Emma” em
1996) completam os itens que fazem do filme uma boa oportunidade de ver uma
história de amor legal, com pingos de comédia e drama. Só que a diretora sofre
de um mal que acomete quase todos os diretores que saem com um trabalho de
mestre e pulam para a aclamação: a expectativa. Essa, Lone Scherfig não soube lidar muito bem.
Nota: 8
2 comentários:
teu texto me deixou mais animado pra ver, já li críticas negativas, verei hoje ele. abraço
O filme tem uma história muito boa mais com certeza a fotografia jutnamente a trilha são uma das coisas que mais agradam.
O fato de tudo se passar sempre no dia 15 de julho, o que num primeiro momento pode ser algo confuso, torna a trama interessante e prende o espectador, mas tudo isso , como vc mesmo disse, sem apelar para muitas situações esdrúxulas.
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