segunda-feira, 5 de março de 2012

Poder Sem Limites

Chronicle
(EUA, 2012) De Josh Trank. Com Dane DeHaan, Alex Russell, Michael B. Jordan, Michael Kelly, Anna Woods.

O ser humano sempre foi fascinado em superpoderes, não é à toa sermos bombardeados por histórias em quadrinhos que falam disso desde o início do século XX e histórias que remontam a mitologia grega. Quem não se lembra da lenda de Ícaro, que de tão fascinado por voar, construiu asas de cera para realizar o seu sonho – embora tenha conseguido um trágico final? Os filmes, claro, não poderiam ficar de fora e o gênero sempre foi explorado. Mas sempre nos acostumamos a ver os super-heróis (ou super vilões) de uma forma estereotipada. Daí o sucesso há alguns anos atrás da série “Heroes”, que mostrava pessoas comuns que do nada tinham suas vidas alteradas por conta de uma ‘habilidade’, como era chamado na série. “X-Men”, “Homem-Aranha”, “O Incrível Hulk” e tantos outros filmes da nova safra começaram a fazer sucesso por apostar na humanização de seus personagens. Essa é a premissa de “Poder Sem Limites”. O que adolescentes americanos poderiam fazer se tivessem superpoderes? 

Andrew é o típico adolescente rejeitado e vítima de bullying na escola. Vítima da intolerância do pai, ele decide comprar uma câmera em que filma seu cotidiano, desde as trivialidades da escola à doença terminal da mãe. O único apoio de Andrew é o primo Matt, que o leva para festas e faz o intermédio da socialização do garoto. Andrew é apresentado a Steve, o garoto mais popular do colégio e os três descobrem uma fonte de energia misteriosa vinda de uma parte subterrânea. A partir de então, os três desenvolves poderes telecinéticos, sendo que Andrew se torna o mais ambicioso e habilidoso deles. É quando ele percebe a força que tem e começa a passar um pouco dos limites que Matt impõe algumas regras que eles precisam seguir. Mas as consequências dos superpoderes para alguém tão fragilizado como Andrew podem ser desastrosas.


Filmado todo em estilo subjetivo, quase como um documentário e seguindo a receita de filmes como “Cloverfield” e “A Bruxa de Blair”, este filme se destaca por utilizar vários ângulos disponíveis em todas as câmeras que aparecem no filme. Uma hora vemos o desenrolar da cena pela câmera de Andrew, outra cena é filmada com a câmera da amiga de Matt, Monica, ou então por câmeras de segurança, celulares que curiosos estejam filmando e o que mais estiver disponível. Esse recurso fica ainda mais legal quando empregado no clímax do filme, em que a velocidade das ações é destacada por causa da montagem que se utiliza dessas múltiplas câmeras. 

Os efeitos especiais são legais embora um pouco manjados, mas é o enredo que mais chama a atenção. Não é difícil se identificar com o personagem Andrew e seus amigos, que de repente veem um mundo de possibilidades diante dos seus olhos. Em nenhum momento eles cogitam ser super-heróis, são apenas garotos se divertindo com seu novo brinquedo. Os outros dois o usam com responsabilidade, mas Andrew é o ambicioso ao mesmo tempo em que extravasa toda a sua raiva e revolta contra o sofrimento que sentira até o momento.


De certa forma, “Poder sem Limites” pode ser considerado uma metáfora para os casos de bullying que terminam em vários massacres e atentados a escolas provocados pelos alunos. Toda essa mensagem fica encoberta quando o diretor Josh Trank coloca pitadas de ação digna dos filmes do “Homem de Ferro”. Efeitos não muito espetaculares, mas que cumprem seu papel ao segurar o espectador na trama, especialmente os adolescentes sedentos por mudanças e a necessidade de explodir sua raiva contra tudo e todos.

Nota: 8,0

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