terça-feira, 8 de maio de 2012

Sete Dias com Marilyn


My Week With Marilyn
(EUA, UK/2011). De Simon Curtis. Com Michelle Williams, Kenneth Branagh, Eddie Redmayne, Emma Watson, Julia Ormond, Dominic Cooper e Judi Dench.

Quando Sir Lawrence Olivier finalizou as finlmagens de “O Príncipe Encantado”, primeiro e único filme de Marilyn Monroe fora dos Estados Unidos, ele ficou tão aborrecido com o jeito e a forma de atuar da atriz, que se afastou um bom tempo da direção de filmes. Aparentemente, a forma de trabalhar de um grande deus britânico  da atuação não combinava com a forma suave e provocante de uma estrela hollywoodiana. Pelo sim ou pelo não, a relação dos dois não afetou Lawrence, que não deixou de ser quem é, mas Marilyn cresceu. Cresceu tanto que não cabia em si. Era outra. Uma personagem em tempo real, full time, ativa 24 horas do dia. Tanto que assusta vermos um deslumbre da Marilyn real em “Sete Dias com Marilyn”, que conta como o assistente de direção Colin Clark se envolve com a musa loira durante as filmagens de “O Príncipe Encantado”.


O filme foi o primeiro bancado pela produtora de Marilyn Monroe e, talvez por isso, Lawrence Olivier tenha aguentado toda a pressão. No filme vemos uma pessoa insegura com o modo duro e sem mobilidade do estilo de atuação britânico, alguém que duvida da sua capacidade diante da adversidade imposta por uma grande figura do cinema/teatro. Marilyn Monroe era, antes de tudo, uma pessoa frágil que precisava mostrar todo o vigor necessário para uma estrela de cinema. Seu relacionamento com Colin Clark, o protagonista da história que se vê confuso entre a passageira história de amor com a atriz e a possibilidade real de namorar a figurinista do filme – só denota o quanto ela precisava de atenção exclusiva. Tudo que sentia falta era ser amada pelo que ela era, e não pelo que Marilyn representava.

Da mesma forma, Colin ( e todos os homens ao redor dela, incluindo Olivier) se deixam levar pelo seu encantamento que hipnotizava. Não à toa, Marilyn Monroe se tornou um dos maiores ícones da história do cinema. Toda essa pressão resultou na morte precoce da atriz, aos 33 anos.

O filme de Simon Curtis recria o universo dos sets de filmagens, com toda a austeridade de Olivier e traduz a verdadeira atmosfera da época, desde o fascínio pela indústria ao culto às celebridades. Michelle Williams, mesmo não parecida fisicamente, expõe Marilyn da cabeça aos pés, em uma atuação assombrosa que lhe rendeu a indicação ao Oscar esse ano. Ela consegue transparecer as várias faces da diva, desde a poderosa presença da atriz em um palácio britânico à melancolia profunda por ter sido abandonada pelo marido em um país desconhecido.

Kenneth Brannagh como Sir Lawrence Olivier personifica o verdadeiro lorde inglês em seu desempenho. Sua atuação também lhe rendeu uma indicação ao Oscar na categoria Ator Coadjuvante.  Vale lembrar que os dois atores interpretaram Hamlet no cinema, então já tem traços de atuação em comum, o que facilitou ainda mais a caracterização de Brannagh, que provavelmente cresceu admirando os papeis de Sir Lawrence no cinema.

Após os fatos apresentados em “Sete Dias Com Marilyn”, baseado no livro homônimo escrito pelo próprio Colin Clark, Marilyn Monroe estrelou “Quanto Mais Quente Melhor”, considerada uma das melhores comédias de todos os tempos. Antes disso, ela já era uma estrela completa após os filmes “O Pecado Mora ao Lado” e “Os Homens Preferem as Loiras”. Se pudéssemos resumir o filme (tarefa impossível) em uma frase, uso uma dita no próprio filme. “Lawrence Olivier era um grande ator tentando ser uma estrela de cinema. Marilyn era uma grande estrela de cinema tentando se tornar uma grande atriz”. Porém, ela não precisava treinar, já que era seu charme natural a principal arma de sua atuação.

Nota: 9,5


 

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