21/julho/2009
Harry Potter and the Half-Blood Prince (EUA, UK, 2009)
De David Yates. Com Daniel Radcliffe, Emma Watson, Rupert Grint, Helena Bonham Carter, Alan Rickman, Michal Gambon, Tom Felton, Jim Broadbent, Bonnie Wright, Helen McCroy, Maggie Smith, Robbie Coltrane, Evana Lynch.
Nunca, jamais, um filme da franquia Harry Potter deve ser assistido uma única vez, principalmente se você leu os livros. Ainda mais "Harry Potter e o Enigma do Príncipe". Metade da população está dizendo que não gostou do filme, mais da metade, acho eu. Mas vamos considerar os pontos. Qual a verdadeira verve do livro? O crescimento de Harry e seus amigos? As memórias de Voldemort e as Horcruxes? Rony estar indo pro Quadribol? As desventuras de Harry com o Príncipe Mestiço? O amor e a sorte em líquido?
No sexto ano de Harry na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, tudo parece estar indo bem, pelo menos no mundo da educação. Porque do lado de fora de Hogwarts, mortes e desaparecimentos estão acontecendo, sem falar nos atentados. Enquanto Harry é considerado "O Eleito" por muitos, por conta da profecia envolvendo seu nome e o de Voldemort, ele tem uma série de "aulas particulares" com Dumbledore sobre o passado do seu inimigo. Ele também se vê as voltas com o novo professor de Poções, Horace Slughorn, que fica impressionado com a aptidão de Harry na matéria. Na verdade, ele conta com a ajuda das instruções deixadas em um livro por um antigo dono, que se entitulava O Príncipe Mestiço. Mas nem tudo é Harry em Hogwarts. Seu amigo Rony desperta o interesse de outras garotas, sobretudo Lilá Brown, quando entra para o time de Quadribol da Grifinória, para desespero de Hermione. E Draco Malfoy, mais suspeito do que nunca, andando cabisbaixo com uma missão que foi incumbida a ele pelo próprio Lorde das Trevas, que implica no destino de todo o mundo da magia.
Pensa só. Você é um diretor/roteirista com um livro imenso nas mãos para ser adaptado. Tem uma grande história a ser contada e detalhes que não podem ser ignorados, pois implicam no desfecho de uma trama que dura mais de dez anos. E os próximos filmes vão precisar de tanta atenção, que nunca mais haverão espaços para comédia ou romance de novo. Acho que até mesmo J.K. Rowling pensou nisso quando escreveu o livro. Por isso, acho até meio injusto tanta revolta de fãs sedentos por uma cópia fiel de "O Enigma do Príncipe". Se eu gostaria de mais batalhas, como a memorável batalha final do livro? Sim, mas me diz se, em toda a série, você viu o Quadribol tão legal de assistir. Se eu gostaria que as ameaças de Dumbledore aos Dursley estivessem lá? Claro, mas vê como é legal assistir aos momentos de Harry e Gina. E Draco Malfoy? Não é o melhor momento dele, em toda a saga Harry Potter?
Por esses e outros detalhes, que eu vejo como é legal a sexta parte da franquia. Sem falar que ele é visualmente, o segundo melhor da franquia, depois de "O Cálice de Fogo", na minha opinião. Claro, num ranking, "A Ordem da Fênix" ainda é o melhor. Mas o filme tem tantos elementos que nunca mais irão aparecer no mundo da magia: romance, alegria espontânea, Draco Malfoy, aulas, quadribol e Dumbledore. Tudo isso que apareceu explodindo na tela, em detrimento de outros elementos, nunca mais será visto. A partir de agora, Harry vai ter que seguir seu caminho para cumprir seu destino e sabe lá que terríveis perigos ele corre a partir de agora.
O roteiro não é o melhor de Steven Kloves, que retorna à saga depois de dar um tempinho. Algumas coisas podiam ser um pouco mais fiéis, claro. E Daniel Radcliffe, como ator, é um ótimo Harry Potter. Mas quem segura o filme inteiro com atuações é Alan Rickman, que dá as caras como Snape, o príncipe mestiço, que, como o título brasileiro diz, o enigma é mais importante do que se imagina. Tom Felton tem seu grande momento na pele de Draco Malfoy, assim como foi com David Bradley e seu Neville Longbottom no filme anterior. Ele deixa transparecer o medo e preocupação de Malfoy em ter que cumprir sua tarefa, em parte porque, se não fizer, irá contrariar Voldemort. Se fizer, será condenado a viver com a culpa de ter feito várias atrocidades. E claro, Helena Bohnam Carter nasceu para interpretar Belatriz Lestrange.
O romance, apesar de exagerado, está lá na mesma forma que Rowling pôs no livro: poções do amor, Harry e Gina, Rony e Hermione. Rupert Grint mostra sua veia cômica e a figura de Lilá Brown chega para tornar tudo isso tão enjoativo quanto engraçado. Quanto ao desfecho, acho que o do filme foi até melhor do que o do livro, com exceção do funeral, que não está lá, mas que seria legal de ver.
"Harry Potter e o Enigma do Príncipe" é uma preparação para o que está por vir. Quem leu os livros, sabe o porquê. Ele é mais leve e mais engraçado, ao mesmo tempo em que é mais sombrio. Como é possível rir e se descontrair quando o mal está lá fora, à solta, esperando para matar? Simples, a vida tem que continuar. Mesmo que nossos entes mais queridos nos deixem, mesmo que sejam tempos difíceis, a vida segue. Essa é a maior lição do sexto filme. Porque nos próximos dois, Harry vai estar tão ocupado se transformando no herói do mundo bruxo, que nem sequer vai lembrar dos bons tempos que teve. E assim esperam os fãs de David Yates: que eles tenham dois filmes tão bons, que as coisas ruins da saga inteira sejam esquecidas.
Nota: 8,5
Um comentário:
Um filme eclético e que mostra um grande amadurecimento da franquia. Assim pode-se resumir HARRY POTTER E O ENIGMA DO PRÍNCIPE. A qualidade técnica, aliada às excelentes atuações e um roteiro sábio e harmonioso com as cenas, fez deste o melhor filme desde HARRY POTTER E O PRISIONEIRO DE AZKABAN. E digo mais: este é o melhor filme do bruxinho mais famoso do mundo. O diretor foi muito esperto e genioso ao conciliar suspense, ação, aventura, magia, romance e terror num filme que tem pretensões grandiosas e caminha pra um final maestral.
SORO: SOM; ATUAÇÕES; ROTEIRO; PRODUÇÃO; EFEITOS VISUAIS; DIREÇÂO; FOTOGRAFIA; MAQUIAGEM; FIGURINO.
VENENO: DURAÇÃO.
NOTA (0 a 5): 4,5
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