quarta-feira, 21 de julho de 2010

O Segredo de Seus Olhos

El Secreto de Sus Ojos
(Argentina, 2009) De Juan José Campanella. Com Ricardo Darín, Soledad Villamil, Pablo Rago, Javier Godino e Guillermo Francella.

Demorei, mas eu vi. Também, filmes como "O Segredo de Seus Olhos" passam muito longe dos grandes circuitos e a gente tem que se desdobrar em 25 minutos de ônibus, mais 1 hora de metrô para assistir aos filmes mais artisticos. Mas antes tarde do que nunca.

Ao assistir a "O Segredo dos Seus Olhos" fica notório o quanto o cinema brasileiro (e latino-americano como um todo) fica devendo ao cinema argentino. Essa é uma briga que nós temos que admitir que estamos perdendo. O filme levou o Oscar de melhor filme estrangeiro em 2010 e foi uma escolha surpreendente e merecida (embora, depois de ter assistido ao filme, ainda prefiro "A Fita Branca"). O fato mostra também que a América Latina tem crescido no mundo do cinema, vide a indicação também de "A Teta Assustada", do Peru, ao Oscar e os filmes do novo cinema brasileiro, que está arriscando cada vez mais novos passos, mesmo que esteja muito aquém da Argentina. #prontofalei



Benjamin Espósito é um ex-oficial que se dedica a escrever um livro sobre um antigo caso policial do passado, que mexeu diretamente com a sua vida. A morte de uma jovem e a procura de seu assassino, um ex-amigo de infância da vitima que está com os olhos apaixonados voltados para ela em uma foto antiga. Espósito começa a se lembrar dos fatos e também de como isso impactou em sua vida e na de seus amigos, o também oficial Pablo Sandova, e sua chefe, Irene, por quem manteve uma paixão secreta por 25 anos. Toda essa volta ao passado faz Espósito querer saber mais detalhes sobre o que de fato aconteceu no crime e vai encontrar respostas que ele nem imaginava encontrar, principalmente sobre si mesmo.



"O Segredo de Seus Olhos" passeia por drama, ação, romance e várias doses de comédia de um jeito que um gênero não afeta os demais. A tensão colocada pelo diretor Juan José Campanella (do também aclamado "O Filho da Noiva") faz com que o thriller seja envolvente, sobretudo no clímax daqueles de deixar o espectador boquiaberto. Mas é o romance subentendido dos personagens de Soledad Villamil e do sempre magnífico Ricardo Darín que dá aquele tom de água na boca, a pitada que deixa o filme mais atraente. Saber que um homem ama uma mulher por 25 anos e não fazer nada dá um desespero, o mesmo desespero que leva um outro personagem do filme a matar por amor.

São várias as conexões que o filme faz entre si e várias as lições, desde os arrependimentos de uma vida inteira até as decisões sobre pena de morte, corrupção e o sistema judicial (ainda que argentino). Porém, o que faz desse filme brilhante é a perfeição com que a história é contada, com uma fotografia belíssima que retrara a Buenos Aires dos anos 1970. Assim como a própria cidade, o filme se torna muito envolvente e ganha o espectador desde o príncipio, com peças que casam ao longo do filme. Genial.

*Juan José Campanella já dirigiu episódios de "House M.D.", "Law & Order: Special Victims Unit" e "30 Rock". É o único diretor argentino com dois filmes indicados ao Oscar.

Nota: 9,0

Um comentário:

Anônimo disse...

coMarcos,

Tb adorei o filme, sai do cinema chorando claro, porque a última cena, a do assassino pedindo para que a vítima falasse com ele, não sai da minha cabeça. Permanece viva com todos os detalhes. Realmente o filme mereceu oscar de melhor filme estrangeiro por tudo. Me encantou e me emocionou, o que o amor realmente nos leva a fazer, para uns abdicar e para outros encarcerar...
abraços
Ingridy S Lopes