sexta-feira, 8 de julho de 2011

Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban

Harry Potter and the Prisoner of Azkaban

(EUA, UK/2004) De Alfonso Cuarón. Com Daniel Radcliffe, Emma Watson, Rupert Grint, Michael Gambom, David Thewlis, Gary Oldman, Alan Rickman, Emma Thompson, Maggie Smith, Julie Christie, Julie Walters, Tom Felton, Robbie Coltrane e Timothy Spall.

O terceiro filme da saga Harry Potter é uma reinvenção, praticamente um reinício. É em “O Prisioneiro de Azkaban” que os personagens saem da infância e entram na adolescência. A comparação é clichê, mas parece que a franquia também atinge certa maturidade no terceiro episódio. Ele é mais sombrio, porém, de certa forma é mais real do que os outros dois primeiros. Repare: os detalhes de Hogwarts estão diferentes, há salas e espaços diferentes, o figurino está diferente, até a fotografia do filme está diferente. Pela primeira vez na saga, saímos de um mundo que antes era apenas mágico mas que, do jeito que foi mostrado, poderia facilmente ser real. Os alunos tem um ar mais despojado e – vejam só – tem até mochilas! Hogwarts parece ao mesmo tempo lar e escola. O lado mais humanos, tanto nos momentos felizes quanto sombrios, é fruto de dedicação de Alfonso Cuarón, diretor contratado para o terceiro filme, considerado por muitos o melhor de todos.

Harry Potter, como sempre, tem um péssimo verão na casa dos tios. Após se irritar e, literalmente, transformar a tia em um balão, Harry foge para o mundo bruxo e descobre que um bruxo muito perigoso fugiu da prisão de Azkaban e está à solta. A suspeita, é claro, é de que o tal fugitivo, Sirius Black, está de volta para matar Harry, já que ele foi partidário de Voldemort no passado. Por causa disso, os guardas de Azkaban, os dementadores, estão à solta em volta do castelo e essas criaturas parecem atingir mais a Harry do que os demais. Alem de ter que fugir de Sirius dentro da própria escola, Harry ainda terá o próprio ano letivo em si, com as aulas de Adivinhação, da Professora Trelawney, de Trato das Criaturas Mágicas, com ninguém menos que Hagrid ensinando e Defesa Contra as Artes das Trevas, cujo professor, Lupin, tem mais a mostrar do que o que parece à primeira vista.

Cada detalhe de “O Prisioneiro de Azkaban” é diferente dos filmes anteriores. Já notamos isso logo nas primeiras cenas, ainda na casa dos Dursley. O estilo de filmar de Alfonso Cuarón, presente em seus outros filmes como “Filhos da Esperança”, dá um tom mais realista e íntimo a tudo o que acontece com Harry, levando a saga a um novo patamar. Antes, tudo não passava de filmes de criança, feitos para agradar multidões no natal com uma história de fantasia. Com o terceiro filme, passamos a enxergar um mundo que vai além da magia, trazendo à tona sentimentos e raciocínio unidos para que possamos compreender melhor a jornada de Harry.

O bom dessa nova visão sobre a saga Harry Potter é que tudo recebeu um trato mais profissional, digamos assim, de cinema de gente grande. A fotografia, antes baseada em tons fortes e coloridos, agora é mais sombria e com muitos tons de verde, destacando a natureza britânica que cerca o castelo de Hogwarts. Esse aspecto continuou presente em todos os filmes posteriores, definindo o visual unificado da série, como se desprezasse os dois primeiros. O figurino também está diferente, com vestes mais despojadas e jovens para os alunos, e mais práticas e convincentes para os adultos.

Quanto aos efeitos especiais, tudo é muito caprichado, novamente de uma forma não vista antes na série. O hipogrifo Bicuço, os dementadores e o lobisomem, todos foram feitos com uma precisão inegáve, assim como a atuação mais natural de todos os atores, mesmo aqueles que chegaram agora na saga como Gary Oldman e David Thewlis. A trilha sonora original (re) composta por John Williams, também dá uma personalidade única a “O Prisioneiro de Azkaban”. Um filme de tirar o fôlego e cheio de surpresas que, não à toa, lhe rende os méritos de melhor filme da saga.

Ponto alto: Quase tudo. Mas acho que a transformação do professor Lupin em lobisomem é um dos grandes feitos, sem falar na parte da viagem no tempo, de uma precisão impecável.

Ponto baixo: Nenhum em especial, mas porque Julie Christie foi tão mal aproveitada? Madame Rosmerta pode até ter passado batida no filme, mas o talento da atriz não podia ser desperdiçado.

Nota: 10

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