sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Ah, a infância!

Eu nasci em 1987, logo, minha infância foi toda nos anos 1990. E embora eu não soubesse disso naquela época, eu já era vidrado em filmes. Na verdade, o cinema era até mais estimado nos anos 1990, dada a variedade de coisas que passavam na televisão sobre ele. Podem dizer o que quiser, mas o que hoje consideramos como os 'clássicos da Sessão da Tarde' nunca existiriam não fossem as exaustivas exibições da Sessão da Tarde! E quem é que nunca se derreteu quando passava "Dirty Dancing", "Mudança de Hábito", "Ghost" ou até "A Lagoa Azul" pela enésima vez?

Tínhamos a variação da Sessão da Tarde no SBT, chamada Cinema em Casa, tão repetitiva quanto. E alguns dos clássicos da minha infância passaram lá. Vejamos um deles. Quem não se lembra do inventor maluco Wayne Zalinski, que criou um raio encolhedor que foi acidentalmente acionado quando os dois filhos do vizinho jogam uma bola de beisebol pela janela e acertam o aparelho? Quando eles foram buscar a bola, recebidos pelos filhos do próprio Zalinski, todos param no sótão justamente quando a máquina se aciona e TA-DAM! Eles encolhem! Daí eles são vjarridos do sótão junto com os cacos de vidro da janela, vão parar no saco de lixo e dali direto pro quintal, que se revela uma imensa floresta com coisas inimagináveis escondidas ali. Esse é o universo de "Querida, Encolhi as Crianças", filme de 1989 que, vejam vocês, foi dirigido por Joe Johnston em início de carreira. Anos mais tarde, ele integraria o time da Marvel dirigindo "Capitão América - O Primeiro Vingador". O longa com Ricki Moranis rendeu mais de US$ 130 milhões nos Estados Unidos, o que convenhamos, pra época era muito dinheiro, sobretudo para um longa que custou "apenas" U$ 18 milhões. Tanto sucesso fez ele ser repetido trocentas vezes no home video, até chegar na TV aberta e fazer a alegria das crianças. Quem não sentia aquele gostinho na boca quando eles encontram um biscoito recheado gigante no quintal???? Tudo bem, uma nojeira, mas quem liga?


Outro filme que marcou minha infância, só que um pouco mais velho, foi "A Fantástica Fábrica de Chocolate", o clássico de 1971 que mostrava um Willy Wonka meio doidão com tanto açúcar na pele de Gene Wilder. Se compararmos o filme com o remake de Tim Burton - que é bem mais bem feito - ainda assim, aquela aura de magia se perde um pouco, talvez porque a mesma história foi contada em épocas diferentes. O Charlie dos anos 1970 é mais canastrão e Wonka é mais fanfarrão. O filme de Tim Burton mostra um lado mais sombrio do chocolateiro em contraste com o mundo de cores que ele criou, além de um Charlie mais humilde. Nada disso importa, na verdade nem vale a pena fazer comparações. Ainda mais que o que importa era que toda criança queria achar um bilhete dourado numa barra de chocolate pra visitar a fábrica maluca e encher a pança de doces gratuitos. E a canção dos Oompa-Loompas, bem mais legal que as atuais ("oompa, loompa, doompa-di-doo!"). As crianças eram mais irritantes, os cenários eram mais mal feitos, os efeitos não eram lá isso tudo, mas não importava quantas vezes passasse, eu assistia.

Mais um da safra de filmes antigos que reprisavam a rodo nessa época é "Fuga para a Montanha Enfeitiçada", de 1975 (nossa!) que o SBT reprisava sem parar no Cinema em Casa dos idos de 1993 a 1995. A história dos pseudo-aliens Tony e Tia (eu adorava o nome deles), órfãos com incríveis poderes paranormais que estavam sendo caçados por um milionário. Eles fogem, fogem, fogem, encontram uma gangue de moleques de rua que os ajudam a chegar na tal Montanha Enfeitiçada onde uma nave espacial os leva de volta pra casa. Ah, e tem um taxista também, assim como no remake do ano passado da própria Disney, com o Dwayne Johnson. Dá pra ver que eu não lembro muito desse exemplar, mas eu lembro que na época ser paranormal estava na moda, tanto que a Globo até fez uma novela sobre o tema, "Olho no Olho". E eu achava muito legal eles só usarem vermelho e a Tia chorando igual uma louca porque roubaram a bolsa (vermelha) dela. 

Pra fechar minha lista de comentários, vou terminar com o alemão "A História sem Fim", de 1984, dirigido por Wolfgang Petersen. A história - sem fim, claro - trazia o menino Bastian que entrava em um mundo mágico enquanto lia um livro: o nome do livro? A História Sem Fim, claro! Dá uma olhada na viagem que o filme fazia com você. No mundo mágico de Fantasia, a Imperatriz Menina está morrendo e todo o resto irá morrer com ela, se a cura não for encontrada. A esperança do reino está nas mãos do guerreiro Atreyu, que junto com Bastian, irá percorrer toda a Fantasia e encontrar caracóis de corrida, elfos, uma pedra falante e um dragão com cara de cachorro. Isso tudo antes de a Imperatriz morrer e ser engolida pelo grande vilão do filme, o "Nada". Uma viagem sem fim, reprisada sem fim pelo SBT mas que "todos assistia" zilhões de vezes quando chegavam da escola e tomavam aquele lanche da tarde regado a Mirabel.

Bom, esses foram só alguns dos que eu consegui lembrar por agora. Tiveram muito mais como "Uma Cilada Para Roger Rabbitt" , "Curtindo a Vida Adoidado", "Os Goonies" e até aquele filme de terror com a Raquel Welch que eu não lembro o nome agora, mas tinha umas crianças presas num galinheiro e homens de máscaras... Enfim, viagem. Me pergunto se quando as crianças de hoje crescerem lembrarão dos filmes com o mesmo carinho.

E os seus filmes da infância? Conta pra gente, quem sabe não vem uma parte 2 aí?





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