(EUA, 2010) De David Schwimmer. Com Clive Owen, Catherine Keener, Liana Liberato, Chris Henry e Viola Davis.
David Schwimmer. Sim, você já ouviu
esse nome algumas várias vezes, já que durante dez anos, Schwimmer era
mais conhecido por interpretar o Ross, da série “Friends”. Como ator da
sitcom, ele sempre foi ótimo. O ruim era quando se transportava
para outros papeis no cinema ou na TV. Nenhum tão bom quanto o geek do
Central Perk, Ross. Aí o cara vai pra trás das câmeras logo em um
assunto tão pesado e delicado como a pedofilia na internet. “Confiar” é
um filme intimista, que faz questão de apresentar
os fatos polêmicos sem chocar o público, mas com a finalidade de
debater a questão com o público em geral.
Annie tem 14 anos e vive num mundo
típico dos adolescentes de hoje. Salas de bate papo, internet,
smartphone, LoL, XOXO e outras siglas da internet são tão comuns pra ela
quanto o ar. Deslocada na escola, o refúgio de Annie é chegar em
casa e conversar com Charlie, um amigo virtual adolescente que parece
ser o único que a entende. Só que aos poucos Charlie se revela cada vez
mais velho. Os dois marcam um encontro em um shopping e só então Annie
descobre que Charlie tem, na verdade, 35 anos.
Os pais da garota nem desconfiam do que está acontecendo e quando
descobrem, é tarde demais. Annie foi estuprada por Charlie, que sumiu
sem deixar rastros. A família agora encara dois problemas: colaborar com
o FBI nas investigações para prender o criminoso
e lidar com todas as feridas que foram abertas na própria Annie, que se
torna cada vez mais rebelde, especialmente com o pai, convencida de que
Charlie a ama.
Com vários truques visuais que simulam
as conversas do chat (e o barulho irritante de mensagens instantâneas no
celular), o filme consegue atrair a atenção do espectador, que se
envolve no assunto e começa a discutir o tema na própria cabeça.
Afinal, pedofilia na internet é uma realidade, mas como fazer para
vigiar os filhos sem interferir na confiança da relação pai e filho e
sem ocultar a criança de descobrir sozinha as frustrações da vida? Daí o
título “Confiar”. Não se trata apenas de confiar
no outro, do outro lado da tela do computador, mas uma confiança que
vai além dos limites da internet – que já é, por sim mesma, ilimitada – e
que chega a vida real, afetando todas as relações.
Um mérito de David Schwimmer por tratar
um tema delicado com leveza e ainda deixar um clima de suspense no ar,
do tipo “o inimigo pode estar do seu lado e você não sabe”. Por outro
lado, ser estreante no cinema viciou o ator/diretor no
clichê de inserir múltiplos personagens para encher linguiça, se
aprofundando em momentos sem importância. Clive Owen desempenha bem o
papel de pai de família preocupado, mas é Liana Liberato quem rouba a
cena, na transformação da adolescente equilibrada para
a rebelde, que se aliena do mundo quando um estranho cega seus olhos
para ele.
Mensagem: aprendam a confiar nos seus
filhos, mas com um olho no peixe e outro no gato. Pais devem ser amigos
dos filhos, mas ainda assim são pais.
Nota: 8,0
Um comentário:
Doido pra conferir esse e teu bom texto e nota me animam! acho que a premissa me interessa, apesar de gerar leve desconforto, vou conferir e depois te digo minhas impressões.
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