terça-feira, 27 de setembro de 2011

Confiar

Trust 
(EUA, 2010) De David Schwimmer. Com Clive Owen, Catherine Keener, Liana Liberato, Chris Henry e Viola Davis.
 
David Schwimmer. Sim, você já ouviu esse nome algumas várias vezes, já que durante dez anos, Schwimmer era mais conhecido por interpretar o Ross, da série “Friends”. Como ator da sitcom, ele sempre foi ótimo. O ruim era quando se transportava para outros papeis no cinema ou na TV. Nenhum tão bom quanto o geek do Central Perk, Ross. Aí o cara vai pra trás das câmeras logo em um assunto tão pesado e delicado como a pedofilia na internet. “Confiar” é um filme intimista, que faz questão de apresentar os fatos polêmicos sem chocar o público, mas com a finalidade de debater a questão com o público em geral.
Annie tem 14 anos e vive num mundo típico dos adolescentes de hoje. Salas de bate papo, internet, smartphone, LoL, XOXO e outras siglas da internet são tão comuns pra ela quanto o ar. Deslocada na escola, o refúgio de Annie é chegar em casa e conversar com Charlie, um amigo virtual adolescente que parece ser o único que a entende. Só que aos poucos Charlie se revela cada vez mais velho. Os dois marcam um encontro em um shopping e só então Annie descobre que Charlie tem, na verdade, 35 anos. Os pais da garota nem desconfiam do que está acontecendo e quando descobrem, é tarde demais. Annie foi estuprada por Charlie, que sumiu sem deixar rastros. A família agora encara dois problemas: colaborar com o FBI nas investigações para prender o criminoso e lidar com todas as feridas que foram abertas na própria Annie, que se torna cada vez mais rebelde, especialmente com o pai, convencida de que Charlie a ama.

Com vários truques visuais que simulam as conversas do chat (e o barulho irritante de mensagens instantâneas no celular), o filme consegue atrair a atenção do espectador, que se envolve no assunto e começa a discutir o tema na própria cabeça. Afinal, pedofilia na internet é uma realidade, mas como fazer para vigiar os filhos sem interferir na confiança da relação pai e filho e sem ocultar a criança de descobrir sozinha as frustrações da vida? Daí o título “Confiar”. Não se trata apenas de confiar no outro, do outro lado da tela do computador, mas uma confiança que vai além dos limites da internet – que já é, por sim mesma, ilimitada – e que chega a vida real, afetando todas as relações.

Um mérito de David Schwimmer por tratar um tema delicado com leveza e ainda deixar um clima de suspense no ar, do tipo “o inimigo pode estar do seu lado e você não sabe”. Por outro lado, ser estreante no cinema viciou o ator/diretor no clichê de inserir múltiplos personagens para encher linguiça, se aprofundando em momentos sem importância. Clive Owen desempenha bem o papel de pai de família preocupado, mas é Liana Liberato quem rouba a cena, na transformação da adolescente equilibrada para a rebelde, que se aliena do mundo quando um estranho cega seus olhos para ele.
Mensagem: aprendam a confiar nos seus filhos, mas com um olho no peixe e outro no gato. Pais devem ser amigos dos filhos, mas ainda assim são pais.

Nota: 8,0

Um comentário:

Cristiano Contreiras disse...

Doido pra conferir esse e teu bom texto e nota me animam! acho que a premissa me interessa, apesar de gerar leve desconforto, vou conferir e depois te digo minhas impressões.