quarta-feira, 18 de junho de 2008

Sobre a lista das cidades mais cinéfilas...

Esse texto é o resultado da fusão de uma matéria divulgada no jornal "O Globo" com as conversas que tenho com meu amigo José Ronaldo Pinheiro Barreto Júnior, o Zé Ronaldo aqui do CCR.

O site Filme B divulgou no último domingo o ranking das cidades mais cinéfilas do país. E o que se conclui é que as cidades do interior estão levando a melhor no mercado de exibição do que os grandes centros. As cidades que encabeçam a lista das dez mais são Campinas, Santos (ambas de São Paulo) e Niterói (Rio de Janeiro). O que surpreende é a presença do Rio de Janeiro na 14ª.posição e de São Paulo na 27ª. As principais cidades do país, caindo cada vez mais quando se fala em expectadores nos cinemas. Tá certo que Campinas, Santos e Niterói nem são tão interior assim.

O que explica o fenômeno, segundo especialistas, é o espaço que os shopping-centers tem ganhado nessas cidades, que se desenvolvem paralelamente às capitais. No caso de Campinas e Santos, essas sempre foram cidades que cresceram junto com a capital paulista, mas que tem economia voltada para um alvo diferente do que São Paulo. Campinas viu o surgimento de dois novos shoppings com 25 salas de cinema, o que ainda atrai moradores das regiões vizinhas. O mesmo acontece com Niterói, no Rio de Janeiro, que também recebeu maiores instalações do grupo Cinemark nos seus shoppings e em outros pontos. Vale lembrar que a cidade de Niterói tem um dos melhores cursos universitários de cinema do país.

O curioso é as três cidades que encabeçam a lista são do sudeste. E uma coisa que sempre discuto com amigos meus é a concentração de recursos que ficam por aqui. Não falo apenas por ser do Rio de Janeiro. Mas porque será que listas desse tipo não incluem cidades do norte ou do nordeste? Qual será o real motivo? De onde falta o investimento necessário? Porque não é novidade pra ninguém que a grande maioria da população não tem dinheiro para ir ao cinema. E muito mais do que o dinheiro, não tem interesse em ir ao cinema. São raros os moradores de comunidades carentes que se prontificariam a assistir "Piaf - Um hino ao amor", por exemplo. E até no obscuro mercado de DVD pirata, o que vemos nessas bancas são filmes de ação, comédia besteirol ou pornô.

Seja por falta de investimentos do governo nessa área, seja por falta de iniciativa prvada ou por deinteresse público, acaba sobrando para o cinéfilo nato. Os que acompanham o Festiival de Cannes e não veem a hora do filme ganhador da palma de ouro vir ao Brasil. Seja ele de Porto Alegre, Natal, Curitiba, Crato, Patos de Minas ou Nova Iguaçú. A saída seria mais shoppings, mais salas de cinema, diminuição no preço dos ingressos? Essas questões já foram debatidas à exaustão, tanto aqui no CCR quanto em outros lugares. E sabemos que certas coisas, como a cabeça do brasileiro comum, são difíceis de mudar. Esse é o ponto de vista de quem está no Rio de Janeiro, com vários pontos de exibição de filmes em shoppings. O debate pelo Brasil afora está aberto. Enquanto isso a gente aguarda a divulgação das próximas listas...

OBS: A lista foi elaborada através da análise da venda de ingressos per capita, levando-se em conta todos os motivos apresentados acima, número de salas, preço de ingressos, etc.

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