O Brasil está prestes a ser invadido por um furacão de informações sobre a cultura indiana, graças à nossa querida e amada televisão. Através do vídeo, muitos brasileiros vão ter o seu primeiro contato com uma cultura ao mesmo tempo misteriosa mas não totalmente desconhecida. Certamente alguém já acendeu um incenso, usou alguma roupa com estampas indianas, e já ouviu falar de alguma coisa do sistema de castas ou dos deuses indianos com cara de animais - quem nunca ouviu falar que a vaca é sagrada na Índia? Mas um dos principais atrativos indianos do século XXI continua escondido e enclausurado para os brasileiros, mesmo que seja um dos mercados mais lucrativos do país: o cinema indiano.
A Índia começou a produzir filmes em 1913, apenas 18 anos após o primeiro filme da história. A maioria dos filmes produzidos são musicais, com narrativas que misturam a cultura indiana com aqueles velhos termos clichês do cinema (amores impossíveis, a luta do bem contra o mal, etc). Na prática, até meados dos anos 1990, os filmes indianos eram quase todos de baixo orçamento, até o momento em que a televisão e os grandes filmes chegaram ao mercado asiático com maior abertura. A partir daí, a pressão para que os filmes na Índia passassem por uma melhoria técnica aumentou, o que resultou no boom dos filmes de Bollywood por todo o mundo, passando inclusive a sofrer influências ocidentais.
"Bollywood" é o termo usado para definir o cinema "pipoca" indiano, uma mistura de Bombaim - antigo nome da cidade de Mumbai, onde se concentra a indústria desse gênero no país - e Hollywood, a capital mundial do cinema. Os filmes de Bollywood são específicos de apenas uma área e idioma, mas a popularidade desses filmes ao redor do mundo acabou fazendo com que esse termo representasse todo o cinema indiano. Apesar de ser criticado por distorcer alguns valores culturais, o cinema de Bollywood concentra a maior parte dos lucros de todo o cinema indiano. Sua produção é a maior do mundo(cerca de 800 filmes por ano, só em longa-metragem) e é um raro caso onde os filmes nacionais ultrapassam as bilheterias de filmes estrangeiros.
O cinema na índia ainda é ajudado por alguns fatores. O bilhete de cinema é um dos mais baratos do mundo e eles contam com uma vantagem populacional, com mais de 1 bilhão de habitantes. Bollywood é o cinema falado no idioma oficial indiano, o Híndi, o que facilita a difusão desse gênero específico. Os outros moldes de cinema estão também baseados nos outros 21 idiomas e dialetos falados na Índia.
Apesar de estar há tanto tempo em produção (a Universal mantém uma agência de distribuiação de filmes lá desde 1916), o mundo está apenas começando a descobrir o cinema na Índia. Os anos 50 tiveram um significativo reconhecimento com os diretores Satyajit Ray e Mehboob Khan. Mas foi a partir do fim dos anos 80, quando o mundo conheceu Salaam Bombay!(1988), de Mira Nair, que o mercado internacional passou a voltar seus olhos para a Índia. Desde então, Mira Nair fez carreira internacional, dirigindo filmes como Feira das Vaidades (2004) e voltando aos temas indianos como Um Casamento à Indiana (2001) e Nome de Família (2006). Outros nomes conhecidos da Índia são Shekhar Kapur, que dirigiu as duas partes de Elizabeth (1998 e 2007) e M. Night Shayamalan, nascido na Índia, mas criado nos EUA.
A Índia já foi indicada ao Oscar de melhor filme estrangeiro por 3 vezes: Em 1957, com Mother India (de Mehboob Khan), em 1988 com Salaam Bombay! (de Mira Nair) e em 2001 com Lagaan (de Ashutosh Gowariker). Hoje podemos ver sempre um ou outro personagem de características indianas figurando no cinemão ocidental.Sem falar das inúmeras parcerias feitas entre hollywoodianos e bollywoodianos(em outubro de 2008, foi lançado Roadside Romeo, primeiro filme de animação da Índia, feito em parceria com os estúdios Walt Disney). E assim está prestes a ser com o Brasil, mas conhecemos tão pouco do cinema de lá, e olha que temos uma brasileira atuando na Índia, a atriz Bruna Abdalah. A imensidão de títulos indianos ainda está distante de estar disponível no Brasil, mas não é de se admirar que um país de mais de 1 bilhão de habitantes comece a dominar o mundo, mesmo que culturalmente.
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