domingo, 19 de abril de 2009

No cinema ou no Divã?

Divã (Brasil, 2008)
De José Alvarenga Jr. Com Lília Cabral, José Mayer, Alexandra Richter, Reynaldo Gianeccini, Cauã Reymond, Eduardo Lago.

Depois de presenciar "Se Eu Fosse Você 2" se tornar a maior bilheteria do cinema nacional, imagina-se que seja difícil um longa superar essas expectativas. Depois de "Cidade de Deus" se tornar o maior filme da história do cinema nacional, imagina-se que o padrão do cinema como um todo seja mudado. Pois é, algumas coisas não se tornam tão verdades assim. "Divã" é um exemplo estranho do que o cinema pode se tornar quando levado a sério ao mesmo tempo que pretende divertir. Uma mistura de "Se Eu Fosse Você" com "Cidade de Deus"? Lógico que não, isso é maluquice! Mas é a resposta de que dá pra fazer cinema inteligente e divertido sem herdar gags de televisão como o primeiro e sem ser pretensioso como o segundo.

O filme conta a história de Mercedes, mulher cansada da vida que leva que procura um analista para saber se o problema é com ela ou com as coisas ao seu redor. Depois de se separar do marido, Gustavo, supostamente por uma traição, ela procura nos mais variados ambientes se reinventar e se apaixonar perdidamente por Téo, um bon-vivant que deixa ela no primeiro piscar de olhos e depois por Murilo, um adolescente baladeiro que só quer saber de viver a vida. Sempre apoiada pela amiga, Monica, ela embarca numa jornada para descoberta de si mesmo e das relações humanas, sem saber que as respostas sempre estiveram nela mesma.

Descrição profunda né? "Divã" é uma comédia altamente divertida e, apesar de alguns momentos extremamente melancólicos, comove a plateia e a faz pensar em qual o rumo que suas vidas estão tomando. Lilia Cabral está em um dos melhores papeis de sua carreira (no cinema, com certeza). A edição rápida permite um ritmo acelerado sem nunca cair no marasmo e é apoiado por uma trilha sonora moderna e bacaninha.

"Divã" é a adaptação da peça que Cabral encenou durante anos com sucesso e, ao contrario de outros exemplos ("Trair e Coçar é só começar", "Irma Vap - O Retorno") é incrivelmente divertido e bem sucedido no seu propósito. Um raro exemplar da indústria nacional, um quebrador de conceitos e, só de não se apoiar em encenações de televisão, já merece destaque. Um longa que merece respeito e admiração. Coisa rara.

Nota: 8,5

2 comentários:

- cleber . disse...

Mais um filme simples do simples Brasil.

Tamyres Matos disse...

Você achou "Cidade de Deus" pretensioso? Conte-me isto!